ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01100</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Olhos de ver </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Maria Laís Ávila Ribeiro Montargil (Universidade Estadual de Santa Cruz); Betânia Maria Vilas Bôas Barreto (Universidade Estadual de Santa Cruz)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Documentário, Educação, EJA, Transformação , Social</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário centra-se na temática sobre a educação de jovens e adultos (EJA) no Brasil atualmente. Discutimos acerca da relação educando-educador, o homem trabalhador e as questões sociais que perpassam a vida desses sujeitos de ensino EJA. Sendo essa modalidade considerada pelo autor Paulo Freire como uma ação reparadora do Estado causada por décadas de descaso com a educação. Além disso, outros autores como Carlos Rodrigues Brandão e Dermeval Saviane tratam da história da educação no Brasil ao longo dos anos. Esse tema tem como objetivo problematizar a educação pública e as práticas pedagógicas, discutir com os sujeitos envolvidos as suas experiências de vida e a educação como transformação social. Olhos de ver é um documentário que representa a vida dos personagens que transitam nessa modalidade, mostrando a importância da educação diante das suas trajetórias de vida. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A educação está em diversos espaços, ela se apresenta como uma forma de saber e se relaciona ao contexto político, social, econômico e cultural de uma determinada sociedade. A educação formal passa a ser responsabilidade da escola e as responsabilidades acerca da aprendizagem são destinadas para educandos e educadores. Diante da institucionalização do saber, modelos educacionais passaram a existir e serem aplicados em diversos contextos escolares. Com o passar do tempo, esses modelos que estruturaram a educação deram espaço a novas práticas e modalidades de ensino. Nesse sentido, discutir sobre a educação de jovens e adultos na atualidade, trazer suas metodologias no ambiente escolar e como elas estão inseridas nas vidas dos estudantes é de suma importância. Essa modalidade se insere em diversos contextos, um deles é o contexto histórico-social que fez com que parte da população fosse excluída da educação formal, sendo negado o acesso a escola na faixa etária considerada correta e por isso precisou de uma medida reparadora como política pública .Por isso, este trabalho centra-se no âmbito escolar e social, na discussão da educação, seus modelos de ensino, a perspectiva freireana de Paulo Freire e seus desdobramentos em salas de EJA. Olhos de ver é um documentário que mostra a educação como transformação social. As políticas públicas da EJA foram pensadas para ampliar as possibilidades de acesso e permanência a essa educação. Pois, de acordo com a LDB 9.394/96, a educação de jovens e adultos deve ter características e modalidades que atendam às suas necessidades, seus interesses e condições de vida. Esses sujeitos buscam superar suas dificuldades sociais, econômicas e culturais para voltar aos estudos e se tornarem sujeitos capazes de problematizar, como defende Paulo Freire, pensar de forma crítica e usar o conhecimento compartilhado em sala no meio em que está inserido.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo geral desse documentário é discutir sobre a educação de jovens e adultos no Brasil, trazer suas metodologias no ambiente escolar e como elas estão inseridas nas vidas dos educandos e educadores. Por isso, a elaboração desse documentário centra-se no âmbito escolar e social, na discussão da educação em geral, seus modelos de ensino e como suas metodologias são colocados em sala de aula para gerar resultados ou interesses dos sujeitos, além de abordar a perspectiva freireana de Paulo Freire e seus desdobramentos em salas de ensino EJA. Ainda assim, objetiva tratar de um ensino voltado para sujeitos representados pelos seus aspectos pessoais; a relação educando-educador e como questões sociais estão presentes nas salas de ensino EJA, no qual, de certo modo, resultam no desenvolvimento pessoal, profissional e educacional de cada sujeito. Entende-se que este documentário pode suscitar discussões pertinentes em espaços, movimentos, escolas, comunidades e locais que estão ativamente ligados a essa temática.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Sabe-se que historicamente a educação no Brasil sofreu algumas lacunas, desde a falta de políticas públicas a poucas condições de estrutura escolar. Esses aspectos interferem na vida escolar dos sujeitos. Com isso, os personagens deste documentário representam essa parcela, adultos que não tiveram oportunidade de estudo por questões sociais e pessoais, com falta de oportunidade no mercado de trabalho, de conseguir acesso a determinados espaços porque não tem a qualificação formal e a partir disso retornam ao estudo em busca de melhores condições de vida. É importante, contudo, trazer discussões como essas para que haja debates acerca do ensino público, colocado como direito para todos, garantido por lei. Além disso, discutir o contingente excluído da educação formal por uma questão socio-econômica gerada ao longo da história educacional brasileira e questionar o porque dessa exclusão. Tratar do problema educacional e o modelo tradicional de ensino, no qual, segundo Paulo Freire (2005), a educação  se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante . Desta maneira, o autor defende e traz a concepção bancária da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los. Para isso, o documentário justificasse em apresentar, a partir dos personagens e ambiente, outras propostas de modelos para que essa concepção e seus métodos sejam transformados e, a partir daí, não haja mais depósitos. É importante trazer esses aspectos representados nas falas dos personagens e mostrar suas vivências educacionais, profissionais e pessoais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Diante da perspectiva metodológica discutimos acerca do gênero documentário, as etapas de produção, a linguagem audiovisual, a construção narrativa e o ponto de vista do documentarista, sob os conceitos de autores como Bil Nichols (2005, )Sérgio Puccini (2009), Fernão Pessoa Ramos (2008), Luiz Carlos Lucena (2012). Nichols (2005) traz a ideia de que há diversos modos de se narrar uma história por meio de um documentário e a forma escolhida é que vai transmitir a sensação do que se pretende contar. Por isso, o documentário Olhos de ver é participativo porque tem na entrevista o seu elemento principal, o que o autor expõe como uma variação do modo participativo, uma vez que as entrevistas serão a principal via de acesso do público ao tema. Além disso, tem alguns tons de performático, pois os personagens trazem seus sonhos, desejos, subjetividades, dilemas, sensibilidades. Abrindo espaço para um tom mais subjetivo e intimista do documentário. Para a concepção de um produto audiovisual é necessário que algumas etapas sejam realizadas. Elas estão englobadas dentro das fases da produção videográfica: pré-produção, produção e pós-produção. Na etapa de pré-produção realizamos um amadurecimento do conceito e uma pesquisa aprofundada do assunto tratado. Para Puccini (2012) o período de pesquisa se bem conduzido ajuda o documentarista ter a noção precisa da importância do seu projeto. Em Olhos de Ver realizamos a pesquisa a partir de leituras de livros, artigos e textos do tema. Além da relevância da pesquisa teórica, houve também a observação participante, na qual frequentamos durante três meses o local que foi o disparador para encontrar os personagens para as gravações. Escolhemos um Colégio Estadual da cidade para realizar a observação todas as noites e definir os possíveis personagens. Para isso, fizemos um pré-roteiro de entrevistas, para que conseguíssemos coletar mais informações sobre os personagens, aspectos da sua vida pessoal, seu trabalho, sua rotina e sua relação com a educação de jovens e adultos. Para Puccini (2012) as  pré-entrevistas marcam o primeiro contato entre documentarista, ou sua equipe de pesquisadores, e os possíveis participantes do documentário. São úteis tanto para fornecer informações, ou aprofundar outras já coletadas, quanto para servir de teste para avaliar os depoentes como possíveis personagens do filme no que tange ao comportamento de cada um diante da câmera. Nesse sentido, essa conversa que antecedeu a entrevista nos trouxe novas possibilidades de abordagem da temática, como também serviu para vermos como o personagem se posicionava diante a um entrevistador, além de ajudar na elaboração do roteiro final de perguntas. Definimos os 6 personagens a partir de suas histórias pessoais correlacionadas com as educacionais. Escolhemos 2 educadores e 4 educandos, permitindo que todos os envolvidos pudessem contribuir com sua relação com a escola, expondo seu cotidiano em sala de aula e em suas atividades profissionais. Após isso, foi realizado o roteiro final de perguntas focando na relação pessoal, profissional e educacional. Ainda contamos com a ordem de gravação e a escolha da equipe.Todos pensados com cuidado para que o processo de produção fosse realizado conforme planejado. Definidos os personagens, organizamos os dias de gravação, a equipe e os equipamentos. As câmeras para a gravação, assim como lentes, iluminação e equipamento de som, pertenciam aos próprios participantes. Todo o suporte técnico e equipamentos de produção foram providenciados pela equipe, conseguidos através de empréstimos. Gravamos durante 3 dias no turno matutino e vespertino as entrevistas dos personagens e sua rotina diária. Elas aconteceram nas casas e trabalhos dos personagens. As cenas no ambiente escolar foram gravadas durante 4 dias no turno noturno, respeitando a disponibilidade da escola. A equipe contou com 8 profissionais e estudantes de comunicação com cada um exercendo uma função. Tivemos direção geral, diretor de fotografia, assistentes de fotografia, produção, diretor de som e diretor de trilha musical. Os elementos técnicos são representados pelos equipamentos citados acima, que servem para dar uma melhor qualidade na imagem e som com suas possibilidades de ajustes. Esses ajustes mostram que por mais que exista uma ideia central, é necessário que haja a parte técnica para viabilizar uma melhor qualidade em termos de estética do vídeo. Puccini (2009) defende que esse processo é como  escrever com a câmera . Logo, esses aspectos envolvem escolhas imagéticas do diretor de fotografia, que vai decidir, junto com o diretor geral, a movimentação de câmera e a estética do documentário. A proposta do documentário Olhos de ver era utilizar o máximo de luz natural, trabalhando uma estética que não houvesse muita iluminação artificial. Por este motivo, a equipe se atentou não apenas a luz, mas ao cenário, figurino e objetos em cena, pois tudo isso implica na composição da imagem, dando uma coerência visual. Os momentos que foram necessárias as luzes artificiais, foram de preenchimento, que trabalhou com a luz natural. Após isso, aconteceu o processo de pós-produção, no qual aconteceu a decupagem de todo o material bruto (entrevistas e imagens de cobertura), a transcrição das entrevistas para fazer a escolha das falas para compor o documentário. Esse processo requer tempo, pois é quando os realizadores escrevem tudo que o personagem falou (PUCCINI, 2012). Optamos por fazer a transcrição dessa forma para que facilitasse no processo de montagem da ficha de edição. Todo esse trabalho foi mais significativo quando começou a criação da ficha de edição. Com as falas em mãos, iniciamos o processo de construção da narrativa do documentário. Analisamos e ajustamos a narrativa, para que os trechos da fala trouxessem clareza e coerência com o tema principal: a EJA. As falas foram divididas em blocos temáticos específicos, formando um texto, compreendido por Lucena (2012), como o  esqueleto do documentário. Após isso, iniciou-se o processo de edição, o momento que o controlamos o universo de representação do filme, unindo imagem, som, trazendo sentido ao filme. Optamos por escolher imagens de cobertura que fizessem ligação com as falas apresentadas, mostrando o ambiente escolar, a presença dos personagens em sala, afirmando a importância da educação em suas vidas. Para contribuir esteticamente para o documentário, pensamos em uma identidade visual que contempla-se a temática. Portanto, ela foi criada pensando nas letras cursivas dos personagens, que escreveram seus próprios nomes e passaram para a designer gráfico tratar como animação. Pensamos Olhos de ver de forma simples, por isso, é possível perceber poucos momentos de inserção. Apenas no início com a frase de Paulo Freire, na apresentação dos personagens identificando-os, na entrada do título e no fim com outra frase de Paulo Freire. Em Olhos de ver a trilha musical foi pensada em ritmo crescente, acompanhando as ações dos personagens, assim como a narrativa do vídeo. Para isso houve conversas com o diretor musical para que ele entendesse a proposta, as referências e os instrumentos musicais para a composição da trilha. Com isso, escolhemos músicas com o violão e guitarra como instrumentos em destaque, o dedilhar das notas de um violão traz a carga agitada para o documentário, ao mesmo tempo em que remete a esperança. Além disso, houve um cuidado com o som ambiente que esteve presente durante todo o documentário. Como muitas cenas foram gravadas em sala de aula há a presença de muitos ruídos, assumimos esse ruído da sala, dos ventiladores e optamos preservá-los para ambientar o local, uma vez que, nossa estética pretende trazer as ações como elas realmente acontecem. Após isso, chegamos a etapa de finalização. Nela aconteceu a correção de cor, afinação do corte, das falas, modulação do áudio. Foi um momento de atenção e realizado com paciência, respeitando a estética escolhida para o documentário.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário Olhos de ver está estruturado com uma narrativa que segue uma proposta cronológica dos fatos. Iniciamos com a discussão sobre a vida pessoal de cada personagem e já envolvendo as suas participações na educação, como se deu o processo de estudo antigamente e o que acarretou a presença na modalidade educação de jovens e adultos. Isso porque nossa escolha narrativa era de trazer a educação inserida nas vidas pessoais e profissionais, para que o públio se aproximasse desde o primeiro momento no dia a dia dos personagens. Mesmo mostrando a vida dos personagens sem encenação, nossas escolhas e olhares enquanto realizadores estão presentes. Salles (2005) afirma que: A compreensão do tema impõe suas prioridades e a estrutura conduz a narrativa por caminhos determinados, nos quais certos desvios se revelam impraticáveis. (SALLES, 2005, p 68). Diante disso, o documentário se estruturou a partir de nosso olhar e entendimento acerca do tema, os aspectos presentes na modalidade EJA e a discussão em sala de aula que estão diretamente ligadas em suas vidas, com isso, notamos quais abordagens são pertinentes. Além disso, é importante definir  onde começa a história, onde termina e como a informação se distribui ao longo do caminho (BERNARD, 2008, p. 62). Seguindo essa ideia, a montagem se organizou e a estrutura do documentário se dividiu em blocos temáticos específicos. Na abertura a frase de Paulo Freire  Meu sonho de sociedade ultrapassa os limites do sonhar que aí estão surge para levantar pensamentos e questionamentos referentes a vida social, não colocando nesse primeiro momento a educação como assunto principal, porque queríamos mostrar a vida pessoal, apresentar o personagem, sua trajetória de vida e interesses, antes de trazer os aspectos educacionais. Percebemos que as relações existem, mesmo com suas diferenças. Notamos por meio dos discursos de todos os personagens como a vida escolar está presente. Entretanto, nesse primeiro momento as pessoas são identificadas por meio de suas histórias e não como educandos e educadores. O segundo bloco se relaciona com o anterior, pois passa a apresentar outro aspecto da vida dos personagens. Sai da vida pessoal para se concentrar na vida escolar, tanto das professoras quanto estudantes. Nele encontramos histórias pessoais que levaram os estudantes a interromperem sua vida escolar por vários motivos, observamos questões sociais presentes nessas escolhas. O terceiro bloco faz a ligação com o anterior quando passa a entrar no âmbito escolar, mostrando o perfil do aluno, o retorno à escola, as dificuldades que o levaram a se afastar dos estudos e como isso reflete em seu processo educacional. Outro questionamento presente nesse bloco é como a educação torna-se dialogada, porque a educação é valorizada e incentivada na EJA e quais são as reais transformações do sujeito. Essas respostas são vistas nas falas das educadoras, nas quais encontramos os parâmetros usados, a perspectiva freireana, e como esse trabalho é aplicado em sala de aula. Ainda neste bloco, como subitem, trazemos as melhorias que os personagens sentem com o estudo, como isso contribui em suas vidas. Cleviton em sua fala mostra como sua escrita melhorou depois de suas aulas de português,  Não tinha estudo então eu falava muito errado, escrevia muitas letras erradas. Então através do estudo também, né, de português, de língua português, eu to aprendendo a consertar a minha escritura . O quarto bloco se interliga com o anterior porque trata da relação educador e educando e como esse compartilhar de conhecimento contribui para o crescimento educacional de ambos, além disso, perceber como problemas pessoais afetam no processo de ensino e buscar alternativas para mudar essa situação. Nesse trecho, Cláudia traz como tenta, em sua fala de educadora, desconstruir alguns pensamentos, valores preconceituosos, discriminatórios e excludentes. Além disso, ela fala da importância do educando se reconhecer como protagonista da sua história e transformar sua comunidade. Neste bloco mostramos também as redes de apoio, trazendo como exemplo Jeferson e seu amigo que o acompanha diariamente no trajeto escolar. Falamos também do comportamento em sala e as diferenças geracionais, entre os personagens Adriana, Cleviton com seus colegas adolescentes. Além disso, como consequentemente isso causa incômodo para eles, quando encontram em suas salas colegas que conversam demais e atrapalham a aula. Abordar essa questão na narrativa, foi necessária pois mostramos como o número de jovens tem crescido nessa modalidade e que esse crescimento gera conflitos entre os mais velhos e mais jovens, pois eles acreditam que possuem pensamentos e necessidades diferentes. O quinto bloco, seguido de questões sociais anteriores, foi destinado para mostrar críticas sociais e a falta de oportunidade no mercado de trabalho regional para pessoas que não possuem o diploma do ensino médio. Esse assunto foi abordado, pois todos os personagens se manifestaram acerca dessa situação. O bloco inicia com os questionamentos das educadoras, trazendo noções sobre a concepção de educação para os educandos e qual motivo para seu retorno, em busca de uma melhoria de vida. Nele podemos identificar a consciência do próprio saber, que não é formal vindo de conteúdos curriculares, mas o saber do mundo, defendido por Paulo Freire, saberes conquistados no decorrer da vida. Esse argumento está fortemente presente na fala de Adriana que mostra ter muita experiência de vida, mas sabe que isso não é valorizado por não ter uma formalização do ensino. Nela encontramos uma crítica social. Nathalia complementa o discurso de Adriana, mostrando como a educação multiplica, empodera e potencializa essas ações e como os ensinamentos do mundo contribuem para a construção do ser humano em seus aspectos de vida: social e educacional. O ponto fundamental desse bloco está na criticidade do mundo, no qual encontramos educandos conscientes com a percepção clara de como os governantes lidam e pouco investem na educação pública do país. Percebemos uma provocação nas falas de Cleviton e Jeferson, quando dizem que o governo não quer oferecer o ensino de qualidade porque eles sabem da força que uma pessoa de pensamento formado e crítico tem. Colocamos um espaço maior para esse bloco, pois temos o processo de conhecimento, reconhecimento, valorização de cada um, a humanização do projeto, os questionamentos de cada personagem sendo mostrados em suas falas e ações. Cláudia fala da atual situação educacional, Cleviton quer melhorar a sua vida e buscam essas mudanças por meio dos seus trabalhos, estudos, a vida em geral. O encerramento vem para reforçar a temática e trazer a educação como transformação e mudança de pontos de vistas. O professor professa o conhecimento, argumento presente na fala de Ana, mostra a crença do educador e a mudança do educando por meio do ensino. Essa colocação de Ana mostra como ela se transformou e transforma, sintetizando a ideia do sujeito oprimido que se transforma e transforma o outro (FREIRE, 2010). Nem sempre o final de um documentário precisa apresentar resultados, mas sim alternativas e possibilidades das colocações apresentadas inicialmente. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Realizar este documentário nos proporcionou uma experiência transformadora, na qual despertou o olhar de documentaristas, ampliou os horizontes e contribuiu para nosso amadurecimento pessoal e educacional. Por tratarmos de Educação de Jovens e Adultos, o desafio maior foi realizar este projeto em cima de um tema que é pouco discutido, logo, queríamos trazer essa discussão de forma clara e necessária, na qual o espectador entendesse os pontos de vistas de cada personagem, representado em suas falas, nas quais podemos encontrar a dinâmica da concepção freireana como uma proposta viável, pois observamos como a educação é colocada pelos educadores e educandos como problematizadora, na qual homens se educam em comunhão, se libertam da dominação e crescem juntos no processo. Isso pode ser percebido na trajetória de vida deles, como seus argumentos e experiências representam pessoas conscientes, preparadas, críticas. Nesse sentido, essa consciência e transformação do homem são sentidas ao longo do tempo, no decorrer de seu processo de aprender a pensar de forma crítica, usando o que foi ensinado e compartilhado em sala para perceber o meio em que está inserido e reconhecer como a educação age como transformadora social, contribuindo para seu contexto de vida. Além disso, notamos com a observação participante o diálogo existente, o espaço para perguntar, opinar. Essa relação em que o educador não é o que apenas educa, mas o que é educado, em diálogo com o educando, que também educa. Acreditamos que todos os trabalhos ao longo do processo tornaram o Olhos de ver um documentário educativo e transformador, mas acima de tudo, um produto que possibilita levantar questões relevantes na sociedade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BERNARD, Sheila Curran. Documentário: técnicas para uma produção de alto impacto. Tradução: Saulo Krieger. 2ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008<br><br>BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1981. (Coleção primeiros passos). <br><br>FREIRE, Paulo. A alfabetização de adultos: crítica de sua visão ingênua; compreensão de sua visão crítica. In: Ação cultural para a liberdade: e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003. <br><br>FREIRE, Paulo. Conscientização e libertação: uma conversa com Paulo Freire. In: Ação cultural para a liberdade: e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.<br><br>FREIRE. Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.<br><br>GADOTTI, Moacir. Educação e Ordem Classista. In: FREIRE, Paulo. Educação e mudança.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013. <br><br>LUCENA, Luiz Carlos. Como fazer documentários: conceito, linguagem e prática de produção. São Paulo: Summus Editorial, 2012.<br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Tradução: Mônica Saddy Martins. Campinas, SP: Papirus, 2005. <br><br>PUCCINI, Sérgio. Roteiro de documentário: da pré-produção à pós-produção. Campinas, SP: Papirus, 2009.<br><br>RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... O que é mesmo documentário? São Paulo: Senac, 2008<br><br>SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: história e teoria. 13. ed. Campinas, SP: Editora Autores Associados LTDA, 2007.<br><br>ZETTL, Herbert. Manual de produção de televisão. São Paulo: Cengage Learning, 2011. <br><br> </td></tr></table></body></html>