ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01237</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Poética da menstruação</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Amanda Pietra Costa Gomes (Universidade Católica de Pernambuco); Filipe Tavares Falcão Maciel (Universidade Católica de Pernambuco)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Menstruação, Mulher, Feminismo, Videoarte, Dança contemporânea</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A proposta faz parte da série visual Identidade De Cores que investiga sensações de diferentes colorações, abordando a diversidade feminina e suas características. O conteúdo apresentado ao professor Filipe Falcão,da disciplina Captura de Vídeo em HDSLR busca compreender a cor vermelha ressignificando o sangue como símbolo,o trabalho em questão da aluna Amanda Pietra Costa Gomes do Curso Superior de Tecnologia da Universidade Católica de Pernambuco usa a linguagem do audiovisual para construir o videoarte Menstruação, o qual fez roteiro, produção, direção de vídeo e fotografia, captação de imagens e edição, contando com a performance corporal de Pâmela Valença, com quem compartilhou suas experiências e energias para juntas expressarem subjetivamente através da câmera e do corpo um processo natural e sagrado, ritmizado através da música Sur Le Fil de Yann Tiersen.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O projeto está baseado na sensação e permissão do jorrar por completo e sem pudor. A menstruação é trazida ao vídeo como um processo de derramar-se em meio a uma realidade patriarcal opressora, propõe uma experimentação coletiva desse corpo que através de uma hemorragia de três dias todos os meses a mulher permanece viva, carregando no útero a energia da a imortalidade, do gerar e multiplicar. Resiste a colonização de seu corpo, a desigualdade de sua existência como gente, a morte diária. Com o sangue que escorre continuamente durante o vídeo, é proposto uma nova perspectiva sobre esse liquido, instigando a repulsa dos que não querem ver e a conexão dos que se propõem enxergar. Evidencia visualmente a realidade de mulheres que não menstruam apenas pela vagina mas sentem esse sangue de maneira que seu físico e mente se contorçam em um mesmo movimento, na espera do ciclo que acaba e iniciará novamente.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Pretende-se com o projeto dar visibilidade acerca do tema da menstruação em sua totalidade, materializando as emoções experienciadas pelas mulheres em imagens e desmistificando os pudores que circundam o assunto. O vídeo é direcionado para todos os sexos, sendo apresentado aos receptores de maneira subjetiva, o que possibilita uma compreensão menos estigmatizada, provocando sensações inéditas para alguns ou intimamente familiares para outras. Conforme a regeneração da força feminina acontece, nasce a necessidade de expressar o que foi reprimido ao longo do tempo e comungar a liberdade para quebrar paradigmas enrijecidos, sendo intrínseco ao projeto a utilização da arte como um ato estético e político que se transforma em ferramenta de ruptura cultural.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Projeto é pautado no tempo, sendo ele uma sensação decorrente da transição de um movimento, seja ele qual for, pode-se então afirmar que é composto por ciclos que estão ligados a eventos externos ao indivíduo, assim como a lua e suas fases estão vinculadas as estações do ano, a mulher está conectada a esse astro e seus ritmos de modo sagrado e natural. O VideoArte Menstruação, é concebido pelo desejo da expressão livre das movimentações internas e externas do ser fêmea, que transcreve o próprio tempo em seu vigor como um relógio de si mesma, o curta apresenta de maneira sucinta essa passagem temporal e suas etapas de modificação, evidenciadas numa edição composta por inúmeros cortes que hora flui vagarosamente, hora muda sua dinâmica para o frenesi acompanhando a cadência rítmica de altos e baixos presentes no violino de Yann Tiersen intitulado de Sur Le Fil. O trabalho vem por meio de uma performance onde são lançadas situações extremas para despertar sensações e gatilhos para reflexões. A performer expõe através das nuances de seu corpo a construção de uma carga simbólica e sensível sugerindo uma aproximação com sua essência, visto que o distanciamento da mulher do seu ciclo natural fértil, é um fato antigo e há muitos séculos a ignorância e imposição patriarcal castrou a liberdade de sua natureza, tornando invisível a reverberação neurológica, psicológica e sexual dessa força. Tempos depois a revolução tecnológica e trabalhista colocou as mulheres em disputa com os homens por posição e dinheiro, sustentando um sistema que não considera nem respeita os rebuliços e as mudanças internas femininas, tendo elas que adequar seu organismo ao tempo do mercado, sendo impedidas de vivenciar seus processos mais íntimos. No vídeo a composição cênica aparece longe de uma realidade natural e escancarando esse distanciamento em contraste com o caos urbano, onde a figura feminina se enclausura no âmago de seu apartamento para sentir-se. Esse processo criativo que deu-se na fermentação de anseios femininos tanto na visceralidade da performer Pâmella Valença, que doa para a câmera reflexos de sua própria experiência, quanto para a diretora Amanda Pietra, que busca em seu trabalho se reconhecer e desconstruir o que sente em si como um corpo estranho, assim faz de suas lentes a ferramenta necessária para ressignificar pontos de vistas, como a propagação do nojo que nos dias atuais é vendida através da cultura midiática, tornando a higienização um repudio ao sangue, obrigando-as a mudar seus hormônios através de inúmeros medicamentos, permanecendo-as assim continuadamente a esconder e camuflar sua verdadeira natureza criadora, construindo pudores e barreiras que impedem o seu autoconhecimento, fonte que nasce e renasce, câmara cósmica e berço de tudo que veio e está por vir.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A partir do estudo sobre os vídeos das diretoras Sônia Andrade e Maya Deren, tornou-se evidente que a inquietação tem forma feminina. Com vídeos de conteúdos fortes e questionadores, retratam a realidade feminina e feminista da arte, um ato político a partir do momento que é gerado. Possibilitando uma forma de comunicar sem ser necessário o desgaste de palavras tantas vezes ditas, repetidas e muitas vezes óbvias. No videoarte Menstruação é utilizado a sinestesia de forma a despertar uma inquietação e também o desconforto dos que repudiam o processo. Dá a menstruação, tantas vezes tida como criminosa, o posto de realeza da qual ela é dona. A menstruação é sinônimo de vida, porém procria uma sociedade que escarra nesse útero que os geram. A produção foi feita após um ritual de conexão entre a performer e a diretora, no dia me que ambas se encontravam no período da menstruação, demandando força e energia. Utilização de uma câmera DSLR, a lente escolhida para o processo foi a 50mm, possibilitando uma sensação de aproximação e intimidade durante a gravação, parindo cenas com muita conexão e fluidez. Não foi utilizado tripé, pois os movimentos entre a performer e a diretora eram ritmados, onde elas se encontravam dançando no apartamento com luz de abajur. A edição demandou uma especial atenção aos acordes da música Sur Le Fil, do Yann Tiersen, pois foi imprescindível para evidenciar o real significado de inconstância, dor e caos que se instala durante a menstruação, a música em si ressignificou de forma muito evidente para a autora essa sensação de transbordamento e a repetição fez o sentido de cíclico. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O vídeo Menstruação tem o tempo de duração de 5 minutos e 27 segundos. Se inicia com um super close no rosto de uma mulher cujo os olhos fechados se abrem no momento em que a boca escorre sangue, dando início a clara evidência do que é esse transbordamento. A boca é uma analogia a vagina, mas que também retrata uma sensação de morte em contradição com o tema de fertilidade. Em sequência as cenas começam a serem postas de acordo com a cadência da música, gerando as movimentações e uma verdadeira sensação de estar em montanha russa, que causa uma ideia de caos e desconforto. A ideia do vídeo é trazer uma movimentação caótica mas ao mesmo tempo fluída com os movimentos. Expõe uma nova perspectiva sobre aquele corpo e aquele sangue, uma apropriação. O movimentos de câmera, a dança, edição e a música fazem do processo uma arte sinestésica e inquietante, alcançando diversos sentidos mas no principal objetivo de apropriar todas as mulheres de seu néctar sagrado. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O vídeo Menstruação torna a subjetividade muito clara. Trata-se da necessidade de inquietar a todos os que se encontram deitados na rede do machismo e apropriar a todas as que se desconhecem em seus próprios corpos. A arte é política mas a política não é uma arte, é necessário questionar e bater de frente com o patriarcado tão incubado e cruel, ocupando o lugar de direito e dando lugar as que ainda estão por vir. A importância do vídeo é ampliar, esclarecer e possibilitar uma nova forma de sentir.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AUMONT, J; MARIE, M. Dicionário teórico e crítico de cinema. Campinas: Papirus, 2003.<br><br>MASCELLI, J. Os cinco Cs da cinematografia. São Paulo: Summus, 2010. PUCCINI, S. Roteiro de documentário: Da pré-produção à pós-produção. São Paulo: Papirus, 2009.<br><br> </td></tr></table></body></html>