ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XIX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #000000"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01294</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT01</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Passageiras do Matadouro</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luís Matheus Brito Meneses (Universidade Federal de Sergipe)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #000000"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Fotolivro, Ensaio fotográfico, Periferia, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho é um fotolivro digital sobre três famílias da Avenida Matadouro, em Aracaju (SE). Idealizado para ser uma  paleta de cores da periferia, os retratos que compõem a publicação possuem três cores predominantes: azul, laranja e verde. O projeto, pensando no fotolivro como forma de comunicar (FERNÁNDEZ, 2011) e na periferia urbana como um espaço de ricas e complexas relações sociais (ZIBECHI, 2015), é resultado de uma pesquisa fotográfica iniciada na disciplina Fotojornalismo II, do curso de Comunicação Social/ Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe (UFS). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Quem visita ou mora em alguns bairros da zona norte de Aracaju, atravessa a Avenida Matadouro. As pessoas que passam por lá podem notar a precariedade do espaço. Dividida por uma linha de trem com pouca atividade, as casas de alvenaria se confundem com os barracos, bodegas, bares e creches. Assim como outras periferias urbanas, a Matadouro pode ser enxergada como um espaço infértil em vários aspectos (ZIBECHI, 2015). O ensaio fotográfico sobre as famílias que moram na avenida se transformou no fotolivro digital  Passageiras da Matadouro . Escolhas estéticas foram decisivas para aderir ao formato, que tem uma tradição latino-americana voltada para causas sociais, políticas e históricas (FERNÁNDEZ, 2011). Nas primeiros dias de produção, foram realizados testes de fotografias das fachadas das casas com ou sem a presença humana a fim de reconhecer uma possível diversidade estética que há na paisagem urbana, a exemplo da cor das próprias fachadas, do grafita e da pichação, refletindo sobre quais texturas iam compor o ensaio. Optou-se por registrar essas cores em retratos de pessoas. Isso foi uma forma de individualizar quem mora na Matadouro, já que, de acordo com Zibechi (2015), moradores de periferias urbanas e esses espaços passam por processo de homogeneização. Os grupos sociais que vivenciam zonas marginalizadas podem ter uma relação espacial diferente de grupos considerados hegemônicos, uma vez que enfrentam problemáticas materiais e, consequentemente, subjetivas mais complexas (SILVA, 2008) Todos os participantes do projeto foram entrevistados antes dos ensaios. Nenhuma parte de cada entrevista compõe o fotolivro porque foi decidido que o projeto ia possuir também o caráter de ensaio fotográfico, que, segundo Freeman (2012), caracteriza-se pela predominância de imagens em detrimento de textos. Mesmo assim, o nome do fotolivro foi pensado após esses diálogos quando todas as famílias informaram que não iam permanecer na avenida por mais de um mês. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Pensado para ser uma  paleta de cores da periferia, o projeto é uma tentativa de construir uma narrativa individualizada de famílias marginalizadas da Avenida Matadouro, em Aracaju, e construir uma imagem positiva dessas personagens. Isso também foi realizado como uma forma de desfazer o imaginário negativo que paira sobre periferias urbanas e refletir sobre os recortes de classe e raça num território que pode ser entendido como de  resistência (ZIBECHI, 2015).  Passageiras da Matadouro se tornou uma tentativa de desmanchar o imaginário imagético negativo de áreas marginalizadas, que tem respaldo, por exemplo, na cobertura da imprensa que criminaliza a pobreza e o abandono do Estado, desenvolvendo uma narrativa que pode representar a diversidade estética da periferia por meio das cores nas casas - fachadas ou ambientes internos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As relações entre fotografia e narrativa iniciaram no século XIX, mas se aprimoraram na década de 1930, com o avanço de revistas ilustradas. É desse período que vem a primeira referência ao termo  ensaio fotográfico , segundo Freeman (2014). Isso ocorreu graças aos avanços em empresas de serviços gráficos na impressão de fotos. Antes da última década do século XIX, as gravuras predominavam nos jornais. As revistas ilustradas da época perderam credibilidade porque a imaginação dos jornalistas levava a imprecisões e idealizações da realidade (FREEMAN, 2014). Por isso, os editores viram na fotografia a oportunidade de representar com mais precisão a realidade. Criado num anúncio para a Revista Life, o  ensaio fotográfico sugeriu uma evolução em comparação às narrativas com fotografia que existiam nos primeiros anos do século XX. Isso ocorreu por causa de dois motivos: desenvolvimento da câmeras fotográficas e sucesso das revistas ilustradas européias, especialmente alemãs. Naquela época, o uso do "ensaio fotográfico" se generalizou porque ele era entendido como uma sequência de imagens com mais eficácia editorial que fotografias isoladas. Havia mais intervenção dos responsáveis pela edição. Quando pesquisamos  periferia no Google, a maioria dos resultados nos apresenta aglomerados de construções irregulares com predominância da cor marrom e cinza. As imagens que lembramos de espaços não-hegemônicos são geralmente únicas e reproduzidas nos grandes meios de comunicação e na Internet. A individualidade se perde nesse emaranhado elementos que associa, na maioria das vezes, moradores de zonas marginalizadas ao tráfico de drogas ou delitos. Esses processos contribuem para reforçar a imagem criminalizada da periferia e das pessoas que moram nela (ZIBECHI, 2015). Como forma de ir de encontro a essas narrativas,  Passageiras da Matadouro é um fotolivro que conta a história de três famílias por meio da cor predominante na fachada ou sala de estar das casas em que vivem, pensando em captar o que há de singular em cada experiência desse espaço. O fotolivro foi o formato de produto mais adequado para abarcar o ensaio fotográfico. Por isso que gêneros e formatos mais tradicionais do Jornalismo - notícia, reportagem, telejornal - não contemplariam a proposta que, desde o início, mostrou-se imagética. Para Fernández (2011), o fotolivro é  um eficaz meio de apresentação, comunicação e leitura de conjuntos fotográficos . Na América Latina, há uma tradição de fotolivros que se iniciou no século XX (FERNÁNDEZ, 2011). Os primeiros se dedicaram a retratar momentos políticos e históricos de países que formam o continente, processos de imigração e o cotidiano de comunidades, alguns exemplos são:  Podrías vivir como um tarahumara? , de Don Burgess;  La casa en la tierra", de Mariana Yampolsky e Elena Poniatowska;  Democracia vigilada: fotógrafos argentinos , de Miguel Bonasso. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Uma pesquisa bibliográfica foi fundamental para dar vida ao projeto. O livro  Territórios em Resistência: Cartografia política das periferias urbanas latino-americanas , de Raúl Zibechi, deu o respaldo conceitual para o ensaio fotográfico. Na obra, o autor apresenta um histórico das lutas pelas quais lideranças de movimentos sociais ligados à terra e à moradia enfrentaram na América Latina e os ataques que sofreram. Logo após a pesquisa bibliográfica, foi iniciada a produção do ensaio em agosto de 2017. As visitas às casas da Avenida Matadouro aconteciam uma ou duas vezes por semana naquele mês. Era uma forma de fazer uma triagem de quem participaria. O projeto tinha duas perspectivas: (a) fazer fotos apenas das fachadas; (b) fazer fotos dos moradores. As duas opções foram testadas. No entanto, o projeto enveredou para os retratos, nos quais foram utilizadas lentes 50mm e 18-55mm. Por meio dos retratos, buscou-se particularizar a experiência das pessoas com o espaço. Durante as visitas, também foram realizadas entrevistas com os moradores. Elas não foram utilizadas para dar o caráter de ensaio fotográfico ao trabalho. Os últimos encontros aconteceram no mês de setembro. Nas duas últimas semanas do mês setembro, foi realizado o processo de edição do fotolivro, formato que também foi escolhido nesse período. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao todo, 18 retratos formam  Passageiras da Matadouro . As fontes selecionadas foram (em ordem de aparição): Cida Soares, Andrei Soares, Kauane Santos, Carol Santos, Fernanda Barbosa Moura, Fernandes Moura, Bianca Moura e Rodrigo Moura. As fotografias estão distribuídas em 28 páginas, nas quais foram separadas, no mínimo, seis páginas para cada seção/família/cor. Para diagramar o fotolivro, foi selecionada uma dimensão em formato paisagem: 21cm x 28 cm. Em todas as páginas, as fotografias  sangram , ou seja, chegam às margens da publicação, mas sem comprometer o conteúdo. A dimensão e o formato da fotografias foi pensado para dar uma noção de expansão e demonstrar detalhes das texturas. A sequência das fotos foi pensada em três blocos. Cada família e cada cor ocupam páginas específicas. Assim, a sequência se tornou a seguinte: laranja, azul e verde. Por isso que o projeto não possui uma narrativa com início, meio e fim.  A aparência de que sejam as fotografias que arquivo com todo peso do discurso pode conduzir ao equívoco (FERNÁNDEZ, 2011). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Passageiras da Matadouro é um fotolivro digital que pretende individualizar pessoas que moram numa região periférica de Aracaju: a Avenida Matadouro, no bairro Olaria. O trabalho foi pensado para ser uma  paleta de cores que demonstra outra perspectiva imagética e estética das pessoas que vivem em condições marginalizadas e com acesso restrito aos próprios direitos. O formato de fotolivro por comunicar de uma forma não-tradicional. Construído com retratos, o estudante quis criar uma narrativa positiva para pessoas que possuem identidades criminalizadas e vivências menosprezadas por parte dos meios de comunicação e dos agentes do Estado. A princípio, o trabalho se baseou em questões abstratas - uma busca por uma representação diversificada da periferia por meio de cores. Aos poucos, o projeto ganhou forma e identificou personagens que poderiam dar vida à narrativa. Depois de concluir  Passageiras da Matadouro , o aluno compreendeu que a tarefa foi ínfima, mas espera ter, no mínimo, modificado a percepção do que é viver e vivenciar a periferia das pessoas que alcançou. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #000000"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">FERNÁNDEZ, Horacio. Fotolivros latino-americanos. São Paulo: Cosac Naify, 2011.<br><br>FREEMAN, Michael. A Narrativa Fotográfica: A arte de criar ensaios e reportagens visuais. Porto Alegre: Bookman, 2014. <br><br>SILVA, Joseli Maria.  A cidade dos corpos transgressores da heteronormatividade . In: GeoUERJ, 2008, vol. 18, p. 1-18. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/download/1343/1132> Acesso em: 22 de maio de 2018. <br><br>ZIBECHI, Raúl. Territórios em resistência: Cartografia política das periferias urbanas latino-americanas. Rio de Janeiro: Consequência Editora, 2015.<br><br> </td></tr></table></body></html>