Este trabalho utilizou como método de pesquisa o estudo de caso, que tem como objeto uma unidade que se analisa profundamente, visa o detalhamento de um ambiente, de um sujeito ou uma situação específica. Segundo Yin (2010), "o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes.".

  O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida dos pesquisadores, pois este responde a questões "como" e "porque", quando há pouco controle sobre o que é estudado e que só podem ser analisados no contexto de vida real, como é o exemplo da família Martins. Com uma abordagem de cunho qualitativo, as entrevistas foram realizadas sempre com o método semi-estruturado com uma lista das principais informações que se desejava saber de cada entrevistado, contudo a forma e a ordem que foram perguntadas variaram a depender do entrevistado e a qualidade das informações por ele. Duarte destaca que:

  "[...] Numa metodologia de base qualitativa o número de sujeitos que virão a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser determinado a priori tudo depende da qualidade das informações obtidas em cada depoimento, assim como da profundidade e do grau de recorrência e divergência destas informações. Enquanto estiverem aparecendo "dados" originais ou pistas que possam indicar novas perspectivas à investigação em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas [...]" (DUARTE, 2002, p.143)

  Utilizei como estratégia a observação in loco do objeto de estudo, onde o pesquisador se insere no grupo pesquisado, participa das atividades na condição de observador, acompanha as situações de vida do ambiente investigado, mas mantendo certa distancia para não ser confundido como membro da família, exceto em condições especiais. Tendo ainda como característica a observação "revelada", onde o grupo a ser estudado, tem conhecimento de que está sendo investigado. Por isso, apliquei também o método de "observação participante".

Segundo Peruzzo (2015), a observação participante serve para compreender o comportamento, estilo de vida, religiões, culturas, consumo de conteúdo midiático, tribos humanas e não humanas. Ainda segundo a autora, para ter sentido, "A pesquisa participante consiste numa investigação a partir da inserção e na interação da pesquisadora no grupo, comunidade ou instituição a ser investigado".    Foram três meses de permanência em campo, com os atores pesquisados para as gravações, contudo eu já estava em contato direto com este tema há quase um ano pesquisando sobre a vida e a relação entre os surdos e a sociedade. Peruzzo revela que:

"[...] Não existe um tempo ideal que possa ser pré-fixado. Depende do tipo de objeto, de quão rápida ou demoradamente ele se revela ao investigador, das condições em que os mecanismos internos do "objeto" se dão a conhecer ao pesquisador e da capacidade deste em captar suas manifestações explícitas e implícitas. Mas, é óbvio que o tempo não pode ser curto demais. Poderão ser meses, um ano ou mais. Depende dos propósitos e estratégias metodológicas. [...]". (PERUZZO, 2015, p.187).

  Dessa forma a metodologia aqui aplicada favoreceu o desenvolvimento da pesquisa, nos dando uma radiografia das relações socioculturais dos envolvidos no estudo.