ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXI CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #bc1520"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00577</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO11</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Mulheres que amam mulheres: narrativas lésbicas no interior da Bahia</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Sarah Ryanne Sukerman Sanches (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia); Maria de Fátima Ferreira (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Lésbicas, mulheres que amam e se relacionam exclusivamente com outras mulheres, compõem uma classe específica dentre as próprias mulheres e dentro da estrutura social, existindo às margens da sociedade heterossexual, onde a heterossexualidade é apresentada como a única possibilidade de existência para todas as mulheres. Historicamente, lésbicas tem sido apagadas ou, quando não, apresentadas de forma estigmatizada nas narrativas históricas, literárias e jornalísticas. A história, aquela hegemonicamente produzida e difundida, tem demonstrado pouco interesse no resgate das existências lésbicas ou ainda apresentam de forma equivocada as relações apaixonadas entre mulheres, ignorando sua eroticidade, e considerando-as apenas relações amigáveis ou exemplos de solidariedade e irmandade entre mulheres (NAVARRO-SWAIN, 2004). Pouco da história lésbica foi documentada, além dos registros existentes terem sido destruídos em diferentes momentos, tornando difícil a reconstrução da existência lésbica no passado, salvo por fragmentos, indícios, rumores e registros modestos vindos das cortes, conventos, igrejas e estados (NORTON, 1997; NAVARRO-SWAIN, 2004; VAINFAS, 2006). Na contemporaneidade, principalmente nas culturas ocidentais, movimentos lésbicos têm atuado de forma ativa e visível desde pelo menos a década de 1970 (PINAFI, 2015), quando relações lésbicas acontecem de forma visível e diferentes figuras públicas e importantes têm-se assumido enquanto lésbicas (NAVARRO-SWAIN, 2014), ainda assim as representações da existência, do ativismo e das relações lésbicas ainda é estigmatizada e superficial, reforçando o lugar de invisibilidade ao qual lésbicas tem sido relegadas. Como relembra Tânia Navarro-Swain (2004), apenas no início da década de 1970, tanto a Associação Americana de Psiquiatria quanto a Associação Americana de Psicologia passaram a designar a homossexualidade como orientação sexual e não mais transtorno e/ou distúrbio; e em 1991, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou o comportamento homossexual do escopo de doenças mentais, o que não apagou do imaginário coletivo os signos com os quais o discurso científico marcou os corpos lésbicos por séculos. Enquanto um grupo socialmente discriminado, lésbicas têm encontrado diferentes estratégias para sua sobrevivência física, emocional e política no mundo, seja escondendo suas vidas pessoais e tratando suas sexualidades como algo privado, seja negociando a sua visibilidade  se assumindo ou não a depender dos espaços em que estão inseridas -, seja se tornando ativistas, seja criando subculturas particulares (CLARKE, 1988). Desse modo, lésbicas não têm sua sexualidade resumida às suas relações romântico-sexuais, mas a compreendem como parte de sua subjetividade, como um dos elementos definidores da sua existência no mundo e em todos os espaços. Lesbianidade diz respeito também à signos, vestimentas, uma diversidade de teorias, produções artísticas e culturais, comunidades, espaços de socialização e assim por diante. Nos discursos jornalísticos contemporâneos, a lesbianidade, tema deste trabalho, tem aparecido como parte da sigla guarda-chuva LGBT, como uma curiosidade sobre a vida de artistas ou ainda, mesmo que de forma precária, nos noticiários sobre violência e morte. Considerando os processos de marginalização e invisibilidade ao qual as lésbicas, esse grupo inteiro e diverso de mulheres tem sido submetido, e considerando que o papel do jornalismo na sociedade contemporânea deve ser à nível ideal de colaborar para a construção de um imaginário coletivo humanamente qualificado e crítico é que se objetivou no presente trabalho, através das narrativas de diferentes lésbicas, apresentar essas sujeitas em suas complexidades e vivências, rompendo com os estigmas comumente reproduzidos pelo jornalismo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">De natureza qualitativa, a história oral trabalha com valores, representações, crenças, sentidos, signos, emoções, trajetórias, opiniões, onde a subjetividade da entrevistada é o elemento precioso do seu testemunho ou relato (PAULILO, 1999). À história oral interessa o resgate, registro e compreensão das memórias, modos de vida e experiências de determinado grupo social ou a análise de fenômenos sociais tendo como ponto de partida narrativas individuais de agentes sociais compõem o grupo ou que vivenciaram o fenômeno. A história de vida é um dos gêneros da história oral e se trata de um relato autobiográfico no qual a trajetória, de sua infância à vida adulta ou velhice, é reconstituída oralmente, com ou sem a condução da pesquisadora, podendo ser acompanhada de observação participante. Enquanto método, a história oral alia diferentes técnicas e procedimentos com a finalidade de registrar narrativas humanas e produz, consequentemente, fontes documentais através das quais se constrói conhecimento, reunindo um conjunto de questões práticas quanto aos seus procedimentos e questões éticas no que diz respeito ao recolhimento e uso das entrevistas (FREITAS, 2002). Suas etapas incluem: definição e delineamento do objeto de pesquisa; pesquisa bibliográfica; elaboração de roteiros de entrevista; mapeamento das possíveis fontes orais; a aproximação com estas; o uso da técnica da entrevista onde depoimentos pessoais são obtidos através de diferentes estratégias e dinâmicas, com o uso de um gravador enquanto recurso principal de captação; a transcrição das entrevistas; entre outros procedimentos possíveis, como a análise das narrativas, o arquivamento e a catalogação (BRANDÃO, 2007; FREITAS, 2002; PERAZZO, 2015). Destes, a revisão bibliográfica foi realizada tanto no que se refere ao jornalismo literário e à história oral quanto ao objeto de pesquisa, no caso, as lésbicas. O roteiro elaborado serviu de guia para a realização das entrevistas e foi marcado por três principais pontos de investigação: o processo de perceber a si mesma enquanto lésbica em diferentes etapas da vida - infância, adolescência e vida adulta -, como a lesbianidade foi subjetivada por cada entrevistada e o existir enquanto lésbica em diferentes âmbitos  social, familiar, escolar, do trabalho -. Como lésbicas constituem um grupo socialmente marginalizado e se associam geralmente à pequenos grupos que se conhecem entre si, e sendo eu, a entrevistadora-narradora, também uma lésbica, já havia uma noção de quais lésbicas convidaria para participar do livro, além de terem sido solicitadas indicações de outras lésbicas. Nesse sentido, foi elaborada uma lista de dezoito lésbicas. Como primeiro critério, foi decidido entrevistar apenas lésbicas que houvessem crescido no interior da Bahia e que ainda se mantivessem residindo no interior, mesmo que em cidades diferentes, considerando que a vivência lésbica nas cidades do interior se dá de forma distinta das metrópoles. Das dezoito lésbicas listadas inicialmente, ficaram nove lésbicas e, das que cabiam no critério anterior, mais uma foi indicada. No total, das dez lésbicas, oito foram entrevistadas, sendo quatro lésbicas negras, quatro lésbicas brancas, dentre as oito, duas são de origem rural, e, novamente dentre elas, quatro lésbicas pobres, quatro classe média. Foi considerada também a cidade em que cresceram, evitando incluir mais de uma lésbica da mesma cidade, cuja exceção se deu no caso de Feira de Santana, por conter narrativas que foram consideradas indispensáveis para o produto final, visto que no produto final foi priorizada a categoria idade/geração e ambas as lésbicas mais velhas que foram entrevistadas são da mesma cidade. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As histórias de vida utilizadas como fonte foram recolhidas no mês de julho de 2018, nas cidades de Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas e Cachoeira, e foram gravadas em áudio através do gravador de voz digital Sony Px333. Algumas foram realizadas nas casas da entrevistadas e outras em espaços públicos, conforme por elas solicitado, com duração média de 150 minutos cada e gravadas em áudio através do gravador de voz digital Sony Px333. A metodologia adotada na entrevista foi a de compreensão ou profundidade, conforme classificada por Edgar Morin e trazida por Cremilda Medina (1995): Este diálogo é mais que uma conversação mundana. É uma busca em comum. O entrevistador e o entrevistado colaboram no sentido de trazer à tona uma verdade que pode dizer respeito à pessoa do entrevistado ou a um problema (p.15). Assim, através dos estímulos e trocas com a entrevistadora, evitando-se perguntas fechadas, a entrevistada narrou a sua trajetória particular enquanto o tema central da entrevista, o eixo condutor, neste caso, a lesbianidade, foi aprofundado. As entrevistas foram transcritas integralmente e conferida, garantindo a maior fidedignidade possível à gravação, suprimindo-se apenas algumas expressões fáticas e repetições, mantendo as características pessoais da fala. Dentre as classificações trazidas por Edvaldo Pereira Lima (2009), foi elaborado um livro-reportagem-perfil, que seria aquele que busca a elaboração de uma análise aprofundada de um setor da sociedade, nesse caso, um grupo social específico, as lésbicas, através do perfil humanizado de personagens que compõem esse segmento social, demonstrando através de suas características e circunstâncias de vida, questões que dizem respeito à realidade coletiva das lésbicas, sendo estas um grupo social marginalizado e que tem sido historicamente representado de forma estigmatizada. As entrevistas foram transcritas servindo de suporte para a produção dos textos, cuja metodologia de interpretação do conteúdo é aquela proposta pela história oral, onde a sujeita é pensada como parte de uma estrutura social. Ainda que oito entrevistas tenham sido realizadas, apenas quatro narrativas compõem o produto. No processo de escrita e organização do livro-reportagem, foi decidido priorizar o elemento geracional, sem perder de vista as demais questões pensadas no processo de seleção das entrevistadas ou encontradas ao longo do processo de entrevista, assim questões de raça, classe e religião estão também presentes nas narrativas mesmo que não sejam elementos centrais. Cada narrativa trazida é de uma lésbica de geração diferente, cujas idades variam de 68 a 22 anos. Destas, duas lésbicas são negras, duas brancas. A ilustração da capa foi produzida sob encomenda pela artista visual Ana Coruja, lésbica e residente da cidade de São Félix. Por ser sob encomenda foi concedida a licença de uso comercial e não-comercial. Demais elementos gráficos, bem como diagramação foram produzidos por mim. A diagramação foi realizada no software de edição Adobe InDesign, com grid retangular de formato simétrico com margens da mesma proporção do formato do livro. O produto final é composto por quatro capítulos, onde consta o perfil de cada entrevistada, além da apresentação, introdução e do capítulo final, totalizando 96 páginas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>