XXI CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE


INSCRIÇÃO:	00811

CATEGORIA:	PT

MODALIDADE:	PT07

TÍTULO:	“Histórias Contadas, Bode Ioiô”: A Embalagem de Audiolivros e a Responsabilidade Social a Favor das Famílias do Instituto da Primeira Infância (Iprede)

AUTORES:	Lucas Bruno de Morais Sales (Universidade de Fortaleza); Rayla Santos de Oliveira (Universidade de Fortaleza); João Victor Bessa Barreira (Universidade de Fortaleza); Wilker Felipe da Silva Meireles (Universidade de Fortaleza); Saulo Bazílio de Alencar (Universidade de Fortaleza); Kátia Regina Azevedo Patrocínio (Universidade de Fortaleza)

PALAVRAS-CHAVE:	, , , ,

RESUMO
O Iprede - Instituto da Primeira Infância, foi fundado em 1986 no Estado do Ceará com o objetivo de combater o cenário da desnutrição infantil pelo qual o país passava na época, onde em cada 100 mil crianças nascidas, 58 morriam desnutridas. Atualmente, o Iprede continua oferecendo auxílio à crianças por meio da promoção a nutrição e do desenvolvimento psíquico e físico, mas juntamente a isso conta com ações que envolvem diretamente os familiares, buscando resultados mais amplos no que diz respeito aos cuidados que os responsáveis devem ter com as crianças e o impacto que isso possui na formação das mesmas. Assim, a instituição realiza diversas atividades que buscam aprimorar o desenvolvimento pessoal e coletivo da criança, como a contação de histórias, que trabalha diretamente com a ludicidade e a criatividade, e que por sua vez serviu como principal inspiração para esse trabalho. Após a realização de uma visita guiada ao Iprede, que nos permitiu entender as reais necessidades e objetivos desse cliente, nos foi proposta a gravação de um audiolivro a partir de uma obra de literatura infantil, que pudesse ser utilizado como ferramenta para a construção de um ambiente mais divertido e eficiente nos momentos de contação de histórias dentro e fora do Instituto. Desse modo, o produto final contribuiria para as aprendizagens múltiplas adquiridas em decorrência da atividade de contar histórias, oferecendo uma nova metodologia que se alinha à missão e aos valores da instituição. "A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real." (RODRIGUES, 2005, p. 4). Pensando nisso, criamos o "Histórias Contadas", iniciativa que consiste em uma coletânea de audiolivros com dois CDs cada: o primeiro conta com a história interpretada de forma teatral, junto à músicas e demais efeitos sonoros que ajudam a ambientar e acrescentar emoção à trama, e o segundo apresenta uma faixa somente com os já mencionados sons de fundo, que servem como "guia" para proporcionar à mãe, demais membros familiares e também aos próprios educadores uma experiência mais rica e interativa ao contar a história para as crianças, assim contribuindo para seu crescimento cognitivo e fortalecendo laços interpessoais variados. Além disso, para deixar o resultado ainda mais lúdico e imersivo, desenvolvemos também um projeto gráfico para a capa-embalagem do set de CDs, contendo ilustrações que retratam os personagens e o cenário da obra, juntamente com a identidade visual da coletânea em si. Neste trabalho especificamente, tomamos como base a embalagem desenvolvida para um dos volumes da coleção, intitulado "O Bode Ioiô".

INTRODUÇÃO
O Bode Ioiô foi um bode trazido por imigrantes sertanejos que costumava perambular pelas ruas da cidade de Fortaleza em meados dos anos 1920, acompanhando escritores, artistas e boêmios pelo centro cultural da capital. Os cidadãos fortalezenses se afeiçoaram por ele: frequentemente davam-lhe cachaça para beber e chegaram a elegê-lo vereador do Ceará como forma de protesto à política local. Recebeu o nome "Ioiô" devido ao trajeto que fazia todos os dias, da Praia de Iracema até a Praça do Ferreira e vice-versa. Logo após sua morte em 1931, ele foi empalhado e doado ao acervo do Museu do Ceará, onde permanece imortalizado até hoje. O Bode se consagrou como figura folclórica e um marco da cultura popular cearense, tornando-se uma espécie de mascote para a cidade de Fortaleza e servindo de tema para diversos documentários, histórias de cordel e livros infantis. Sendo assim, sua história foi a escolhida por nós para dar início ao projeto da coletânea, pois além de refletir aspectos culturais importantes do Ceará, é uma história capaz de ressoar entre diferentes gerações e gerar uma identificação única em cada uma delas, o que vai de encontro aos nossos objetivos de fortalecer vínculos e de estimular a comunicação e a imaginação nas crianças. Como pudemos observar na nossa visita ao Iprede e consequentes interações com membros da equipe da instituição, a contação de histórias é uma habilidade de fundamental importância para o processo de maturação da criança. A ideia para a coletânea "Histórias Contadas" surgiu, então, do entendimento de que quanto mais imersivo e dinâmico fosse o ambiente e o processo de contação de histórias, mais enriquecedores seriam os resultados à curto e a longo prazo tanto para as crianças quanto para os educadores e familiares envolvidos. "Além disso, a história permite o contato das crianças com o uso real da escrita, levando-as a conhecerem novas palavras, a discutirem valores como o amor, família, moral e trabalho, e a usarem a imaginação, desenvolver a oralidade, a criatividade e o pensamento crítico, auxiliam na construção de identidade do educando, seja esta pessoal ou cultural, melhoram seus relacionamentos afetivos interpessoais e abrem espaço para novas aprendizagens nas diversas disciplinas escolares, pelo caráter motivador da criança." (CARDOSO, 2016, p. 08). Devido à proximidade teórica e técnica com o conteúdo abordado na disciplina Mídias Sonoras, o produto escolhido para ser desenvolvido foi um audiolivro, que é uma forma alternativa e inovadora de acesso à literatura que pode e deve ser utilizado como recurso pedagógico, devido à sua capacidade de despertar interesses, aprimorar o vocabulário e melhorar a proficiência literária, além de resgatar o valor da oralidade de forma convidativa. "Para que a história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar a sua curiosidade. Contudo, para enriquecer a sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar em harmonia com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam." (BETTELHEIM, 2009, p.11). Esse processo de contação de histórias é muito recorrente dentro das escolas e outras instituições educativas, como o Iprede, onde as crianças interagem entre si e com o mundo, recebendo vários aspectos socioculturais importantes para o seu desenvolvimento e enriquecendo a sua comunicação, interpretação e expressão.

OBJETIVO
Segundo afirma Romani (2011, p. 19), "quando uma criança lê um livro, ela aprende não apenas com o significado das palavras, mas incorpora os valores estéticos." O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos audiolivros. Incorporando esse pensamento à realidade do nosso projeto, a concepção da nossa embalagem se deu de modo a melhor contextualizar a obra e ajudar a transportá-la do âmbito imaginário para o real, traduzindo e correlacionando os aspectos sonoros do audiolivro com elementos visuais igualmente instigantes e estimulantes. Partindo do pressuposto de que "o formato, a capa e a embalagem criam uma expectativa no leitor, uma prévia do que ele encontrará na narrativa" (ROMANI, 2011, p. 28), procuramos desenvolver um projeto gráfico que dialogasse com o tempo e o espaço da narrativa da obra e uma embalagem que proporcionasse personalidade e um senso de completude ao projeto. Em concordância ao que aponta Fábio Mestriner (2008, apud ZUKOWSKI, 2012, p. 46): "Os designers precisam evoluir cada vez mais para uma visão abrangente do processo, indo além das questões relacionadas exclusivamente com o desenho, como a forma, as cores, imagens e letras que são sua especialidade para, no caso do design de embalagem, atuarem também como geradores de ideias, sentimentos e percepções que se incorporem ao produto, constituindo ao mesmo tempo expressão e atributo de seu conteúdo." A embalagem em questão consiste em um set de dois CDs revestidos por uma capa ilustrada e personalizada, que possui uma abertura dupla cujo movimento é semelhante à virada de páginas de um livro convencional. Como afirma Mestriner (2002), a embalagem deve ser uma expressão do produto e conseguir estabelecer uma comunicação efetiva entre esse e o consumidor que irá usufruir dele. Além disso, deve-se conhecer o mercado, pois o produto deve obedecer características próprias como história, dimensões e perspectivas, visto que a embalagem, além de uma ferramenta de comunicação, é também uma peça chave para as estratégias de venda e marketing. À luz disso, procuramos deixar o nosso produto dentro dos padrões seguidos pelos segmentos musical e literário, mas também aproximando-o do público que iria, efetivamente, apropriar-se dele. Para decidirmos qual estética utilizar na embalagem, nosso ponto de partida foi o livro "Yoiô - O Bode Celebridade", adaptação infantil de autoria de Arlene Holanda, que também serviu como base para a gravação do nosso audiolivro. A escolha de uma paleta com cores quentes, remetendo ao sertão cearense, juntamente a riscos e emaranhados que lembram elementos da vegetação da caatinga, deu-se de modo a reforçar a temática regionalista tão presente na história. Já a silhueta do icônico relógio da Praça do Ferreira situa a narrativa em um dos seus ambientes centrais, e o lettering utilizado no título foi feito a partir de inspirações nas clássicas xilogravuras. A figura do Bode Ioiô, que ilustra a capa do produto, foi repensada utilizando traços mais amigáveis e harmônicos, com pincéis que simulam um lápis para que a aparência desejada fosse mais próxima de um desenho a mão e mais distante de uma pintura digital, tudo isso para trazer uma experiência lúdica capaz de atrair e engajar melhor o público infantil. "O lúdico desperta interesse crescente na criança, pois suscita emoções, estimula os sentidos e mobiliza a energia da criança na manipulação do objeto, ajudando-a no seu desenvolvimento. A manipulação do livro pode acalmar e, ao mesmo tempo, prender a atenção da criança." (PERROT, 1987 apud ROMANI, 2011, p. 21). Observou-se que a embalagem consegue comunicar, não apenas pela aparência, mas por todos os seus elementos de composição: material, forma e cor.

JUSTIFICATIVA


MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS


DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO


CONSIDERAÇÕES


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS

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