ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXI CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #bc1520"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00832</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO11</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;A cerca: uma viagem pela história do campo de concentração de Senador Pompeu</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Fabrício Paiva da Silva Pinheiro Júnior (Universidade Federal do Ceará); Edgard Patrício de Almeida Filho (Universidade Federal do Ceará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A seca, no Ceará, é um problema atemporal. Os sertanejos  castigados e calejados por múltiplas estiagens  sofreram, sofrem e, possivelmente, sofrerão por longos anos com graves problemas de má qualidade da água armazenada, carestia e demais complicações oriundas da falta da substância. Para tentar fugir desta realidade, no passado, o êxodo era entendido como a única opção possível para garantir a sobrevivência e, consequentemente, era feito de maneira sistemática no Estado. Durante a seca de 1877-1879, mais de 100 mil sertanejos saíram de vez das próprias casas no sertão e se fixaram nos mais variados pontos da Capital. Os retirantes caminhavam em contramão à morte, afinal. Conforme o obituário de Fortaleza, descrito por Rodolfo Teófilo em sua obra  A Seca de 15 , nestes três anos morreram mais de 66 mil pessoas na Capital. Segundo Wlodarsk, no texto  Desigualdade social e pobreza como consequências do desenvolvimento da sociedade (Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2005), a desigualdade social e a pobreza fazem parte de todo o processo histórico do país, estando presentes muitas vezes, nas principais pautas de discussão, porém, não como objetos de efetivas ações que buscassem o enfrentamento da problemática. Partindo desta compreensão, é possível apontar que, assim como em outras situações enfrentadas no País, houve prioridade na consumação de instrumentos de segregação em relação ao problema em vez de serem desenvolvidas políticas assistencialistas vigorosas. Para conter o avanço social rumo à Capital, foram criados os modelos dos primeiros abarracamentos na Capital (ainda entre 1877 e 1879), que se transformaram, na seca subsequente, em 1915, no primeiro campo de concentração, localizado em Fortaleza. Em 1932, no entanto, a política ganha consistência e sete campos foram instalados no Ceará, sendo dois em Fortaleza e os demais em Ipu, Quixeramobim, São Mateus, Crato e Senador Pompeu. O último município citado foi o objeto de estudo central do livro-reportagem. Em Senador Pompeu, a história se diferencia dos demais campos por dois fatores determinantes: as estruturas físicas  inicialmente edificadas para abrigar funcionários ingleses responsáveis pela criação do Açude Patú em 1919 e que depois serviram como base operacional para os funcionários da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS, atual DNOCS) comandarem a concentração  permanecem erguidas no município até os dias atuais. Além disso, há um entendimento por parte da população que as almas que morreram na concentração são divinas, formando um santo coletivo referenciado como  Santas Almas da Barragem . Na visão de Andrade na obra  A religiosidade católica e a santidade do mártir (Projeto História, 2008),  a relação sofrimento/santidade é utilizada há muito tempo para justificar a ideia de purificação, presente no sofrimento. A ideia de que o sofrimento purifica vem desde as religiões pagãs e foi absolvido pelo cristianismo . Seguindo dentro do mesmo raciocínio, Candau em  Memória e identidade (Contexto, 2012) aponta que a memória do sofrimento é forte, pois é histórica. Para ele,  a identidade historicizada se constrói em boa parte se apoiando sobre a memória das tragédias coletivas. Seguindo as premissas supracitadas, a produção toma os seguintes pontos como objetivos prioritários: explorar de que forma o campo de concentração de Senador Pompeu funcionava, em termos de organização, recursos, administração, atribuições e violações de direitos dos concentrados; contextualizar de que forma a ausência ou aplicação incorreta de políticas administrativas culminaram na experiência dos campos; analisar de que modo os rituais religiosos se manifestam no município na atualidade; discutir o processo de tombamento do sítio arquitetônico da cidade; e propor uma análise sobre de que forma as políticas de convivência com o semiárido são executadas em Senador Pompeu na atualidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A pesquisa de orientação etnográfica e o uso da metodologia da história oral, em conjunto com a análise de documentos históricos, foram os elementos que tangenciam a construção do presente trabalho. Além das entrevistas qualitativas em profundidade  com base em roteiros individuais construídos exclusivamente para cada personagem  também se fez necessário a permanência de dez dias no município de Senador Pompeu, com o objetivo de compreender de que modo esta história permanece vinculada com a população do município e os modos que os dilemas do passado dialogam com os problemas da atualidade. Tal percepção seria improvável sem o diálogo cotidiano com os atores sociais e o trânsito constante pelo espaço configurado como concentração, no passado, e suas adjacências. Conforme apontado por Segalen no texto  Ritos e rituais contemporâneos (FGV Editora, 2000),  um rito ou um acto social não tem valor nem sentido intrínsecos constantes; muda de valor e de sentido de acordo com os actos que o precedem e com os que o seguem; de onde se conclui que para compreender um rito, uma instituição ou uma técnica, não devemos extraí-lo arbitrariamente do conjunto cerimonial, jurídico ou tecnológico em que está inserido; mas, pelo contrário, é sempre necessário considerar cada elemento deste conjunto nas suas relações com todos os outros elementos . Visto isso, para validar a proposta de aprofundamento na apuração e lançar luz sobre os acontecimentos que conduziram a execução da política de campos de concentração, fez-se necessário a realização de uma análise e contextualização de parte dos acontecimentos sociopolíticos regionais e nacionais, entre o final do século XIX e início do século XX. Para a obtenção de dados sobre os campos de concentração do Ceará e o período que os precederam, foram realizadas pesquisas em arquivos disponíveis em bibliotecas públicas, hemerotecas e demais acervos públicos e particulares localizadas na cidade de Fortaleza e Senador Pompeu. O recorte priorizou a análise dos materiais publicados nos períodos que são abordados os principais acontecimentos narrados na produção. Foram realizadas as leituras das edições dos seguintes jornais: A Ordem, A Razão: Independente, Político e Noticioso, Correio do Ceará, Excelsior, O Jornal, O Paiz e O Povo. Parte substancial destes arquivos estão situados na Hemeroteca Digital Nacional. Além dos jornais, a consulta de relatórios - destaque para o Relatório do Ministério da Viação e Obras Públicas (RJ) - 1910 a 1927 e Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Presidente da República pelo Interventor Roberto Carneiro de Mendonça, 22/09/31 a 05/09/34. - serviram para subsidiar as referências. Também foram analisadas leituras teóricas que auxiliaram na construção textual voltada ao formato livro-reportagem e, também, a consulta de materiais que colaborassem na compreensão de assuntos pertinentes à história narrada, como documentários, revistas, artigos acadêmicos, especiais multimídias, entre outros. Após a viagem para Senador Pompeu, foi realizada a curadoria do material apurado com os moradores da cidade e a coleta de informações adicionais que passaram despercebidas durante as entrevistas. Devido a distância geográfica, o deslocamento tinha certo grau de complexidade e detalhes poderiam ser resolvidos a distância. Para facilitar o processo, contatos telefônicos das fontes entrevistas, familiares ou amigos próximos foram coletados para facilitar a comunicação e obter as novas informações. Além dos moradores da cidade e descendentes dos concentrados, foram entrevistados fontes institucionais  historiadores, memorialistas, representantes da Secretaria de Cultura do Ceará, bem como envio de demandas para o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH). Todo o material das entrevistas foi captado em áudio e foram registradas fotografias dos personagens. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Apesar de produções sobre o tema terem sido construídas por diversos veículos de relevância nacional, ao longo dos últimos anos, foi possível observar que as produções acabavam esbarrando com as limitações inerentes a lógica vigente de produção, que exigem celeridade na concepção do produto, abdicando de um maior aprofundamento e relegando as novas publicações a um um ciclo de reprodução de narrativas anteriores. Visto isso, a escolha do suporte livro-reportagem foi imprescindível para a construção desta narrativa com maior densidade. Na visão de Lima, no texto "Páginas ampliadas: livro-reportagem como extensão do jornalismo" (Editora Manole, 2009), parte dos jornalistas buscam este formato na intenção de  utilizar todo o seu potencial de construtores de narrativas da realidade , bem como apoiar-se em  numerosas possibilidades de tratamento sensível e inteligente do texto, enriquecendo-o com recursos provenientes não só do jornalismo, mas também da literatura e do cinema . Em termos gerais, o produto possui quinze capítulos, divididos em três partes, que fazem analogia aos principais percursos de uma caminhada:  a ida , que contextualiza a seca antes de 1932 e a história do Açude Patú;  a chegada , que promove uma imersão dentro da estrutura e do cotidiano do campo de concentração; e  a volta , que trata sobre o período pós-concentração, as políticas de convivência com o semiárido empreendidas na cidade e detalhes sobre a preservação do sítio arquitetônico. Após as observações iniciais sobre o desenvolvimento do produto e coleta de dados básicos, foi iniciada a pesquisa descritiva às vésperas da 35ª Caminhada da Seca, um dos principais motes factuais da reportagem. O termo refere-se, na concepção de Prodanov e Freitas no texto  Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico (Ed. Novo Hamburgo, 2013), ao momento em que  o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles. Visa a descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. [...] Procura descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações com outros fatos. Assim, para coletar tais dados, utiliza-se de técnicas específicas, dentre as quais se destacam a entrevista, o formulário, o questionário, o teste e a observação . Por se tratar de uma cidade de extensão relativamente curta, com cerca de 20 mil habitantes, foi possível o deslocamento para os locais definidos pelos próprios entrevistados. No total, 19 pessoas foram entrevistadas formalmente para a produção do material (apenas uma solicitou off, por questões de foro íntimo). Para a construção da narrativa, foi estabelecido uma alternância entre a escrita em caráter mais objetivo  na descrição nas informações de viés histórico e dos capítulos que trazem dados, como a prestação de contas, por exemplo  e técnicas que valorizam a subjetividade literária dos depoimentos, no intuito de humanizar as histórias abordadas. Entretanto, todos se atêm diretamente com a responsabilidade de manter a verossimilhança com os depoimentos concedidos e dados coletados. Na visão de Ferreira e Grossi em  A narrativa na trama da subjetividade: perspectivas e desafios (História Oral, 7, 2002), com base no texto de Caldas intitulado  A noção de cápsula narrativa: a entrevista, o texto e o outro na hermenêutica do presente (Caderno de Criação, PORTO VELHO-RO, 2001),  o sentido não é reproduzir o acontecido e sim construir o vivido através de palavras, imagens, discursos. Confere-se ao sujeito o poder de dizer, dizer-se, dizer-nos, o poder de resistir em sua singularidade, procurando apenas uma abertura dialógica. A atitude não é a de domesticar o sujeito transformando-o em depoimento ou dado  mas dar mais nitidez aos horizontes e eixos da narrativa para se compreender como o mundo incita transformações".</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>