É notório que os movimentos sociais vêm crescendo e ganhando novas causas; grupos quase que diariamente, e consequentemente, a demanda por espaço na mídia, a mobilização das pessoas e a busca por relacionamentos e engajamento aumentam consideravelmente. À vista disso, o profissional de Relações Públicas consegue desenvolver seu trabalho na comunicação comunitária pautado na criação de estratégias comunicacionais, no gerenciamento de relacionamentos, na integração e administração dos fluxos de informação e entre outras tantas atividades desenvolvidas pelas relações públicas, para com seu público – a comunidade. Tendo em vista que [...] inserida na conjuntura socioeconômica, política e cultural, ou seja, àquela comunicação de ‘resistência’ às condições concretas de existência, ligada aos movimentos e organizações populares de setores das classes subalternas, vinculadas a lutas pela melhoria das condições de existência, numa palavra, em defesa da vida (PERUZZO, 1995, p. 30). Portanto, a prática de relações públicas no cenário da comunicação comunitária consiste em um trabalho conjunto, uma vez que o profissional faz uso das técnicas e teorias cabíveis para a comunidade, e a comunidade traz a vivência e conhecimento das deficiências daquela realidade como instrumento para se construir um trabalho adequado àquela condição. Em outras palavras, e de maneira direta, pode-se dizer que relações públicas comunitárias se desenvolve através de profissionais que se integram nos grupos e trabalham diretamente com a comunidade, em função dela e dentro dela, uma espécie de ação coletiva, já que os indivíduos pertencentes à ela, agora são atores sociais e participam ativamente no planejamento e execução das ações. Nessa perspectiva, o Batucando a Esperança foi escolhido como objeto de estudo, dado que oferta o ensino de música as crianças – em situação de vulnerabilidade social – do bairro da Vila Palmeira, bem como viabilizar algumas ações sociais para a comunidade. Assim, o projeto de assessoria de comunicação comunitária, aqui desenvolvido, objetivou engajar mais a comunidade da Vila Palmeira ao Projeto Batucando a Esperança, tendo em vista os entraves encontrados na relação Projeto-Comunidade, levando em consideração, principalmente, a incompatibilidade entre os impactos positivos que o Batucando a Esperança causa na vida dos seus participantes e a falta de conhecimento da própria comunidade acerca da existência do Projeto, bem como as consequências benéficas dele. Dessa forma, foram sugeridas atividades mobilizadoras e aproximativas, com o intuito de contribuir para a concepção de cidadania daquela população, promover maior visibilidade ao projeto e auxiliar as crianças e a comunidade em geral na construção de seu protagonismo através dos processos de relações públicas comunitárias, mediante as demandas da comunidade local. |
A atuação do profissional de relações públicas no âmbito da comunicação comunitária, é pautada em uma ação coletiva, pois, devido a relação dialógica entre existente entre as partes, o RP coloca em prática metodologias, adaptando-as, para que estas atendam às necessidades daquela comunidade, a qual interage à luz da sua vivência. Pois, desse modo, se desenvolve em função dela e dentro dela, sendo imprescindível a participação de todos da comunidade no planejamento e execução de cada ação proposta pelo RP, a partir de algumas noções acerca dos conceitos de, por exemplo, cidadania e processos mobilizadores. Assim, para desenvolver o presente trabalho, elaborado para a cadeira de “Relações Públicas Comunitárias” do curso de RP, ministrada pela professora Éllida Neiva Guedes, basicamente, a pesquisa deu-se a partir de duas etapas metodológicas complementares: reuniões com os fundadores do projeto e levantamento de dados sobre ele. A primeira equivale à fase exploratória, portanto, a priori almejou-se compreender como se deu o surgimento do Projeto, sua principal proposta, as atividades desenvolvidas, bem como, as dificuldades enfrentadas diariamente pelos membros. Quanto ao levantamento de dados, procurou-se, com muita qualidade e precisão, coletar todas as informações sobre o projeto que iriam amparar a construção do briefing. Como resultado desse cenário, algumas das principais informações elencadas foram: data de fundação, nome dos fundadores, atividades desenvolvidas, o público-alvo e a causa defendida, com a finalidade de conceber o perfil do projeto, obtendo, maior sucesso e assertividade a partir das ações propostas no projeto. Durante o colhimento de todas as informações necessárias, fez-se o uso de fichas de inscrições dos alunos, registros de ações já realizadas, visitas constantes à sede na qual se realizam as aulas de música, e até uma certa vivência do projeto, das aulas e com as crianças e professores para que tudo fosse pensado com base no que foi visto, sentido e atestado, caracterizando então a pesquisa de campo como uma pesquisa participante, devido a interação dos pesquisados com o seu objeto de estudo, por vezes, se tornando parte/membro dele. Como corrobora Gil (1991), “A pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.” Através dessa experiência prática foi possível observar um distanciamento entre os pais dos alunos e o projeto, justificado por conta das atribulações do dia a dia e também pelas falhas encontradas no fluxo de comunicação entre os membros do “Batucando a Esperança” e os pais, ou até mesmo com a própria comunidade. Não havia um planejamento de comunicação, com isso, foi constatada como insuficiente tanto a comunicação externa, quanto a interna, pois não era trabalhada entre os membros, não havendo nem mesmo canais de diálogo entre eles. A pesquisa bibliográfica também foi utilizada e muito importante para o alcance dos objetivos propostos, uma vez que a fundamentação teórica-metodológica, foi obtida por meio dos livros, artigos científicos, e textos em geral sobre o tema do trabalho. Por se tratar também de um estudo dirigido acerca de um projeto específico, demandando uma análise particular, adotou-se a ideia do plano como oriundo de um estudo de caso, muito útil nas pesquisas de caráter exploratórios como essa, frente à realização de uma avaliação qualitativa de um caso em particular, sendo este o estudo da realidade do "Projeto Batucando", tencionando constatar as problemáticas do projeto social e de que modo a comunicação comunitária pode contribuir para a transformação do contexto. Por fim, são insuficientes as ações de comunicação voltadas para a comunidade para gerar engajamento. E, diante disso, o projeto de assessoria se concretiza, com sugestões para amenizá-las ou eliminá-las. A ação final deste deu-se na elaboração do projeto de assessoria de comunicação para o “Batucando a Esperança”. |