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INSCRIÇÃO: | 01136 |
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CATEGORIA: | PT |
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MODALIDADE: | PT04 |
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TÍTULO: | Carne e osso |
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AUTORES: | Matheus Leite Buranelli (Universidade Federal da Bahia); Rodrigo Rossoni (Universidade Federal da Bahia) |
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PALAVRAS-CHAVE: | , , , , |
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RESUMO |
Assim como em outras esferas da vida cotidiana, nossas escolhas alimentares são condicionadas pelo comportamento social. Nossa sociedade é permissiva à exploração de animais não humanos para alimentação, experimentação científica, vestuário, transporte e entretenimento e estes hábitos atravessaram a história da humanidade. Embora seja comum a convicção de que humanos submetem animais não humanos a tais condições porque são mais inteligentes, este poder não oprime humanos com dificuldades cognitivas, por exemplo, apenas membros de outras espécies, em diferentes níveis, medidos a partir do interesse na doma de cada espécie. A essa discriminação de espécies é dado o nome de especismo, como esclarece Sônia Felipe, no texto Acertos Abolicionistas (Editora Ecoânima, 2014). A própria humanidade criou o regime da razão e se coloca numa posição privilegiada quando permite o sacrifício de outros seres sencientes sem necessidade. Se todas as espécies habitam o mesmo planeta, por que só algumas merecem o direito à vida, liberdade e autonomia? Não precisamos da força de trabalho animal, de alimentos de origem animal, tampouco utilizar espécimes animais em experimentações. A ordinariedade da exploração de animais é fruto de uma ideologia baseada no especismo que se retroalimenta a partir das práticas do cotidiano que ratificam que animais não humanos são mercadoria, força de trabalho, máquinas produtoras, cobaias, enfim, passíveis de exploração. Acreditamos ser natural a exploração animal para a alimentação, mesmo sem haver necessidade, pois em tese somos mais fortes. Práticas como o homicídio e o estupro, contudo, são tão antigas quanto o consumo de carne e não menos naturais. Quando falamos de violência, precisamos pensar não só no que é natural, mas no que é justificável. "A crença na superioridade biológica de certos grupos tem sido usada há séculos para justificar a violência: os africanos eram 'naturalmente' adequados à escravidão; os judeus eram 'naturalmente' maus e destruiriam a Alemanha se não fossem erradicados; as mulheres 'naturalmente' destinadas a serem propriedade dos homens; os animais existem 'naturalmente' para serem comidos por humanos", argumenta Melanie Joy, no texto Por que amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas (Editora Cultrix, 2014). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram abatidos no Brasil 31.901.239 bovinos, 43.185.385 suínos e 5.842.721.214 frangos apenas em 2018, tendo como unidade de coleta estabelecimentos que efetuam o abate sob fiscalização sanitária. Não há como calcular o número de seres marinhos mortos. Embora seja chocante pensar que estes índices com bilhões de mortos são zerados e reiniciados anualmente, o crescimento do movimento em defesa de animais legitima a busca por uma sociedade mais igualitária também para seres filiados a outras espécies. Segundo pesquisa do IBOPE Inteligência realizada em abril de 2018, 14% da população brasileira concorda parcial (6%) ou totalmente (8%) com a afirmação "sou vegetariano" - ou seja, cerca de 22 milhões de brasileiros são vegetarianos(as) ou estão em transição para o vegetarianismo. A permissividade acerca da exploração de animais não humanos pela indústria alimentícia é um fenômeno cultural e se auto-reproduz, visto que os valores compartilhados podem ser convencionados e naturalizados. Por essa razão o veganismo se apresenta principalmente como uma postura política que entra em disputa com a cultura hegemônica. A exploração animal está no vestuário, na ciência, no entretenimento e principalmente na comida, por isso a adoção de uma dieta vegetariana estrita é também um exercício político. Para quem opta por uma dieta abolicionista, "esse tipo de alimentação está relacionada à saúde, ética e uma forma de posicionamento contra a cultura predominante", defende Anderson Rodrigrues, no texto A construção da identidade social por meio do consumo vegetariano (UFLA, 2012). |
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INTRODUÇÃO |
Para construir esse discurso, a linguagem fotográfica é valiosa pelo seu uso enquanto testemunho, capaz representar nossa percepção da realidade, e pelo seu poder expressivo, dotado de valor simbólico capaz de criar outras realidades. Influenciado pelo regime fotografia-expressão, como define André Rouillé, no texto A fotografia entre documento e arte contemporânea (Editora Senac, 2005), este projeto explora o potencial expressivo da imagem, que admite a autoria na construção de sentido através da escrita fotográfica. Enquanto o programa da fotografia-documento busca constatar as verdades do mundo através da materialidade, a fotografia-expressão compreende que as verdades são plurais e não estão contidas nas formas, uma vez que "o projeto contemporâneo pretende desprender-se desse real, afirmando justamente sua vocação para transformá-lo", como defende Ronaldo Entler, no artigo Fotografia contemporânea: entre olhares diretos e pensamentos obtusos (Unicamp, 2009). Desapegadas do referente, na contemporaneidade as imagens se dedicam a representar simbolicamente sem a pretensão de capturar fielmente as qualidades que pertencem ao fenômeno. A verdade se permite ser forjada a partir de elementos intrínsecos à linguagem. O regime da fotografia-expressão compreende o escoamento das subjetividades, reinventado-se poética e esteticamente para construir um discurso. "A fotografia não representa o real e nem deve fazê-lo. Ela fabrica o mundo", sintetiza Rouillé (2005). No trabalho "The real story of the Superheroes" (2012), por exemplo, a fotógrafa mexicana Dulce Pinzón se apropria das figuras de personagens icônicos dos quadrinhos para refletir a condição dos imigrantes mexicanos em Nova Iorque. Seguindo as tendências da fotografia contemporânea, Pinzón encena uma jornada de trabalho na qual os trabalhadores imigrantes são super-heróis norte-americanos, valorizando a importância dessas pessoas na economia estadunidense. O trabalho subverte a lógica documental moderna em que a fotografia abre uma janela para uma realidade vivida e se permite criar sua própria verdade baseada numa percepção pessoal e subjetiva, mas não menos verídica. Num mundo multicultural, a reinvenção da fotografia propõe que a imagem comporte múltiplas verdades e seja apropriada enquanto canal expressivo, portanto a concepção e construção da fotografia não estaria de modo algum dissociada do pensamento ideológico-político da fotógrafa. Na performance o corpo do(a) artista é convocado para atuar diretamente numa ação efêmera direcionada para o público presente, como explica Luciano Vinhosa no artigo Fotoperformance: Passos titubeantes de uma linguagem em emancipação (UFF, 2014). Justamente pelo caráter efêmero da performance, ela sempre esteve acompanhada da fotografia, que cumpria o papel de documentar o acontecimento sem se colocar enquanto produção criativa e autônoma. Embora tenha servido bem como memória da ação, a fotografia se mostrou eficaz em construir sentido juntamente com a performance, combinando linguagens que em constante diálogo conceberam um novo fazer artístico: a fotoperformance. "Pensadas particularmente para a câmera, elas (as ações) são trabalhadas de forma a resultar em uma imagem expressiva e visualmente potente. Neste caso, a imagem deve ser dotada de eficácia emblemática. Quer dizer, a ênfase deve recair na força de sua unicidade: uma só imagem impactante e sintética conceitualmente", esclarece Vinhosa (2014). A artista plástica e perita criminal Berna Reale, por exemplo, está constantemente em contato com a violência por conta do seu trabalho e em suas performances costuma protagonizar situações que levantam essa questão. Na obra "Limite zero" (2011), Reale tem seu corpo amarrado e retirado de um caminhão frigorífico como um animal. A ação, realizada no Rio de Janeiro, se transforma e dilata as discussões sobre sexismo e especismo através da produção e circulação do registro fotográfico. |
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OBJETIVO |
“Carne e osso” propõe uma mudança de perspectiva acerca dos animais que morrem para saciar os desejos da nossa espécie. Levando em conta que entre nós e os demais animais não há grandes diferenças, busquei estreitar as semelhanças entre seres humanos e demais espécies animais. A imagem performa a realidade a que são submetidas determinadas espécies de animais da indústria de alimentos, mas não se propõe a expor violência e testemunhar o sofrimento animal. A performatividade é um recurso discursivo que expressa uma perspectiva pessoal e subjetiva do fenômeno.䄀漀 挀漀洀瀀漀爀 甀洀愀 洀椀猀攀ⴀ攀渀ⴀ猀挀渀攀 攀砀攀挀甀琀愀搀愀 搀椀爀攀琀愀洀攀渀琀攀 瀀愀爀愀 愀 挀洀攀爀愀Ⰰ 攀洀 昀爀愀渀挀愀 栀椀戀爀椀搀椀稀愀漀 攀渀琀爀攀 瀀攀爀昀漀爀洀愀渀挀攀 攀 昀漀琀漀最爀愀昀椀愀Ⰰ 愀 椀洀愀最攀洀 搀椀猀猀漀氀瘀攀 昀爀漀渀琀攀椀爀愀猀 攀渀琀爀攀 爀攀愀氀 攀 昀椀挀挀椀漀渀愀氀 攀 瀀爀漀搀甀稀 猀攀渀琀椀搀漀 愀 瀀愀爀琀椀爀 搀攀猀猀攀 挀爀甀稀愀洀攀渀琀漀⸀ 倀愀爀愀 攀猀琀愀 昀漀琀漀最爀愀昀椀愀 攀猀挀漀氀栀椀 挀漀洀漀 氀漀挀愀漀 甀洀 洀愀琀愀搀漀甀爀漀 愀戀愀渀搀漀渀愀搀漀 氀漀挀愀氀椀稀愀搀漀 攀洀 儀甀椀樀椀渀最甀攀 ⠀䈀䄀⤀⸀ 伀 瀀爀搀椀漀 搀漀 洀愀琀愀搀漀甀爀漀 愀琀甀愀氀洀攀渀琀攀 爀攀猀瀀漀渀猀愀戀椀氀椀搀愀搀攀 搀愀 䄀猀猀漀挀椀愀漀 搀攀 嘀愀焀甀攀椀爀漀猀 搀攀 儀甀椀樀椀渀最甀攀Ⰰ 攀渀琀漀 瀀攀搀椀 愀甀琀漀爀椀稀愀漀 瀀爀攀瘀椀愀洀攀渀琀攀 瀀愀爀愀 瘀椀猀椀琀愀爀 漀 攀猀瀀愀漀 攀 瀀攀猀焀甀椀猀愀爀 瀀漀猀猀椀戀椀氀椀搀愀搀攀猀 瀀愀爀愀 愀 椀洀愀最攀洀⸀ 伀 氀甀最愀爀 攀猀琀愀瘀愀 爀攀瀀氀攀琀漀 搀攀 漀猀猀漀猀 攀 愀 攀砀瀀攀爀椀渀挀椀愀 搀攀 挀愀洀椀渀栀愀爀 瀀攀氀漀猀 爀攀猀琀漀猀 搀漀猀 愀渀椀洀愀椀猀 洀攀 琀爀愀渀猀瀀漀爀琀漀甀 渀漀 琀攀洀瀀漀⸀ 䌀漀洀攀挀攀椀 愀 椀洀愀最椀渀愀爀 愀 搀椀渀洀椀挀愀 搀漀 攀猀瀀愀漀Ⰰ 愀 爀漀琀椀渀愀 搀攀 琀爀愀戀愀氀栀漀Ⰰ 挀愀洀椀渀栀攀椀 瀀攀氀漀 挀漀爀爀攀搀漀爀 搀愀 洀漀爀琀攀 搀漀 氀愀搀漀 搀攀 昀漀爀愀 搀漀 洀愀琀愀搀漀甀爀漀Ⰰ 攀渀琀爀攀椀 渀漀 瀀爀搀椀漀Ⰰ 瀀愀爀攀椀 瀀漀爀 愀氀最甀渀猀 猀攀最甀渀搀漀猀 渀愀 猀愀渀最爀椀愀 攀 愀琀爀愀瘀攀猀猀攀椀 漀 愀洀戀椀攀渀琀攀 瀀爀椀渀挀椀瀀愀氀 瘀椀猀甀愀氀椀稀愀渀搀漀 挀愀搀愀 愀漀⸀ 䄀漀 昀椀渀愀氀 搀漀 琀爀愀樀攀琀漀Ⰰ 挀漀渀猀椀搀攀爀攀椀 焀甀攀 愀 洀攀氀栀漀爀 瀀爀漀瀀漀猀琀愀 攀爀愀 瀀攀渀搀甀爀愀爀 甀洀 挀漀爀瀀漀 栀甀洀愀渀漀 漀渀搀攀 攀爀愀洀 瀀攀渀搀甀爀愀搀愀猀 愀猀 挀愀爀挀愀愀猀 搀攀 戀漀椀 瀀愀爀愀 氀攀洀戀爀愀爀 焀甀攀 攀猀琀攀猀 愀渀椀洀愀椀猀Ⰰ 愀猀猀椀洀 挀漀洀漀 渀猀Ⰰ 猀漀 猀攀渀猀挀椀攀渀琀攀猀 攀 猀椀渀最甀氀愀爀攀猀⸀
Adquiri dois metros de malha para o sangue que escorre no corpo e mais alguns metros de TNT para o escoamento do sangue no chão. Encontrar um modelo foi um desafio pois (1) a foto carrega um discurso que nem todos desejam assumir; (2) como a ideia é remeter aos animais, e eles não usam roupas, a pessoa posaria nua; e (3) ficar pendurado(a) de cabeça para baixo envolvia um risco à segurança do(a) modelo. Por esses motivos, no dia marcado fui para o matadouro com uma amiga e posei para foto eu mesmo. Expliquei como deveria ser o ângulo de tomada e me pendurei de cabeça para baixo sucessivas vezes até conseguir o resultado esperado.䄀 瀀爀椀渀挀瀀椀漀 渀漀 琀椀渀栀愀 攀洀 洀攀渀琀攀 甀猀愀爀 洀攀甀 瀀爀瀀爀椀漀 挀漀爀瀀漀Ⰰ 洀愀猀Ⰰ 愀氀洀 搀愀猀 焀甀攀猀琀攀猀 瀀爀琀椀挀愀猀 焀甀攀 昀漀爀愀洀 昀愀挀椀氀椀琀愀搀愀猀 焀甀愀渀搀漀 洀攀 挀漀氀漀焀甀攀椀 挀漀洀漀 洀漀搀攀氀漀Ⰰ 洀攀 猀攀渀琀椀 挀漀洀瀀氀攀琀愀洀攀渀琀攀 瘀漀渀琀愀搀攀 攀洀 瀀漀猀愀爀 瀀愀爀愀 愀 昀漀琀漀⸀ 䄀 瘀椀漀氀渀挀椀愀 猀 焀甀愀椀猀 漀猀 愀渀椀洀愀椀猀 猀漀 猀甀戀洀攀琀椀搀漀猀 猀漀 瘀椀漀氀愀攀猀 挀漀渀琀爀愀 挀漀爀瀀漀猀 挀漀渀搀攀渀愀搀漀猀 愀瀀攀渀愀猀 瀀漀爀 琀攀爀攀洀 甀洀 搀攀猀椀最渀 搀椀昀攀爀攀渀琀攀 搀漀 渀漀猀猀漀 攀 漀 甀猀漀 搀漀 挀漀爀瀀漀 攀洀 挀愀甀猀愀猀 瀀漀氀琀椀挀愀猀 爀攀洀攀琀攀 攀砀椀猀琀渀挀椀愀 搀漀猀 椀渀搀椀瘀搀甀漀猀 焀甀攀 渀漀 琀洀 攀猀挀漀氀栀愀 猀攀渀漀 爀攀猀椀猀琀椀爀 攀洀 猀甀愀猀 昀漀爀洀愀猀⸀ 䴀甀椀琀愀猀 瘀攀稀攀猀 攀渀砀攀爀最愀洀漀猀 漀猀 愀渀椀洀愀椀猀 渀漀 栀甀洀愀渀漀猀 挀漀洀漀 猀攀 琀漀搀漀猀 昀漀猀猀攀洀 椀最甀愀椀猀Ⰰ 挀漀椀猀愀猀ⴀ瘀椀瘀愀猀 猀攀洀 椀渀搀椀瘀椀搀甀愀氀椀搀愀搀攀 攀 愀 挀漀渀猀琀爀甀漀 搀愀 昀漀琀漀 瀀爀漀瀀攀 甀洀愀 洀攀琀昀漀爀愀 瘀椀猀甀愀氀 瀀愀爀愀 愀 攀洀瀀愀琀椀愀 挀漀洀 愀猀 搀攀洀愀椀猀 攀猀瀀挀椀攀猀⸀
A fotografia é um discurso político em prol da libertação animal que constrói a partir do simbólico a noção igualdade entre os animais. Produzida para projeto fotográfico Manifesto Animal, apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação - Jornalismo, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, em 2018, a imagem em questão tem como principal meta fazer o público refletir sobre o especismo enraizado na sociedade e sugere o deslocamento para a perspectiva do animal explorado.䘀漀爀愀洀 甀琀椀氀椀稀愀搀愀猀 甀洀愀 䌀愀渀漀渀 䔀伀匀 刀攀戀攀氀 吀㔀椀 攀 甀洀愀 氀攀渀琀攀 㠀洀洀ⴀ㔀㔀洀洀Ⰰ 挀漀洀 愀戀攀爀琀甀爀愀 搀攀 昀⼀㌀⸀㔀Ⰰ 猀攀渀猀椀戀椀氀椀搀愀搀攀 搀攀 䤀匀伀 ㈀ Ⰰ 搀椀猀琀渀挀椀愀 昀漀挀愀氀 搀攀 㠀洀洀 攀 ⼀㈀㔀 搀攀 瘀攀氀漀挀椀搀愀搀攀 搀漀 漀戀琀甀爀愀搀漀爀⸀ 䄀 昀漀琀漀最爀愀昀椀愀 昀漀椀 最爀愀瘀愀搀愀 攀洀 爀愀眀Ⰰ 琀爀愀琀愀搀愀 渀漀 䄀搀漀戀攀 倀栀漀琀漀猀栀漀瀀 䰀椀最栀琀爀漀漀洀 攀 攀砀瀀漀爀琀愀搀愀 挀漀洀 爀攀猀漀氀甀漀 搀攀 ㌀ 搀瀀椀⸀ 䄀 椀洀愀最攀洀 昀漀椀 攀猀挀漀氀栀椀搀愀 瀀愀爀愀 愀 挀愀瀀愀 搀漀 䴀愀渀椀昀攀猀琀漀 䄀渀椀洀愀氀 焀甀攀Ⰰ 瀀漀爀 琀攀爀 猀椀搀漀 瀀爀漀搀甀稀椀搀漀 攀洀 瀀愀瀀攀氀 爀攀挀椀挀氀愀搀漀Ⰰ 瀀愀猀猀漀甀 瀀漀爀 琀攀猀琀攀猀 搀攀 椀洀瀀爀攀猀猀漀⸀ 䄀瀀猀 漀 琀攀猀琀攀Ⰰ 漀 琀爀愀琀愀洀攀渀琀漀 搀愀 昀漀琀漀 昀漀椀 愀氀琀攀爀愀搀漀Ⰰ 瀀漀椀猀 渀漀琀漀甀ⴀ猀攀 焀甀攀 漀 瀀愀瀀攀氀 攀猀挀甀爀攀挀椀愀 愀 椀洀愀最攀洀⸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀戀挀㔀㈀ ∀㸀㰀戀㸀䨀唀匀吀䤀䘀䤀䌀䄀吀䤀嘀䄀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀戀挀㔀㈀ ∀㸀㰀戀㸀䴀준吀伀䐀伀匀 䔀 吀준䌀一䤀䌀䄀匀 唀吀䤀䰀䤀娀䄀䐀伀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀ऀ㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀戀挀㔀㈀ ∀㸀㰀戀㸀䐀䔀匀䌀刀䤀윀쌀伀 䐀伀 倀刀伀䐀唀吀伀 伀唀 倀刀伀䌀䔀匀匀伀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀戀挀㔀㈀ ∀㸀㰀戀㸀䌀伀一匀䤀䐀䔀刀䄀윀픀䔀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀ऀ㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀戀挀㔀㈀ ∀㸀㰀戀㸀刀䔀䘀䔀刀쨀一䌀䤀䄀匀 䈀䤀䈀䰀䤀伀䜀刀섀䤀䌀䄀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀
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