XXI CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE


INSCRIÇÃO:	01219

CATEGORIA:	CA

MODALIDADE:	CA04

TÍTULO:	CIJAY-AQUELE SALVE

AUTORES:	Mateus de Albuquerque Ferreira (Universidade Estadual de Santa Cruz); Rodrigo Bomfim Oliveira (Universidade Estadual de Santa Cruz)

PALAVRAS-CHAVE:	, , , ,

RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade demonstrar o processo de criação e produção do videoclipe "Aquele Salve" realizado em parceria com o artista sul-baiano Cristian de Jesus, o Cijay, autor da música título. Aqui, pretende-se apresentar e defender as escolhas e etapas realizadas para a produção deste produto audiovisual, que tem como objetivo geral dar visibilidade ao discurso de um jovem negro periférico que utiliza o gênero musical rap como forma de denúncia e de conscientização a respeito dos problemas sociais. O videoclipe foi desenvolvido por Mateus Albuquerque (roteiro, direção geral, direção de fotografia e de arte, edição) com apoio da Aldeia Norte (nos equipamentos) e da Rádio Uesc (cartazes e divulgação), para a disciplina de "Projetos Experimentais em Rádio e TV", na UESC, em Ilhéus, sob a orientação do Professor Dr. Rodrigo Bomfim Oliveira, durante o segundo semestre de 2018.

INTRODUÇÃO
Como jovem sul baiano, ilheense e descendente de africanos e indígenas, sempre me interessei e busquei saber mais sobre a trajetória desses povos que passaram por um violento processo de escravidão. Entretanto, a versão reproduzida pelas escolas tradicionais não me convencia. Buscando outras referências comprometidas com a luta popular, como Clóvis Moura (1992) e Abdias Nascimento (2016), pude entender que esta região foi banhada com sangue dos que resistiram e até hoje batalham por justiça social e por espaços de representação. Jovens negros do sul da Bahia, principalmente em periferias desta região, lidam diariamente com a violência. Atualmente, a cidade de Itabuna, vizinha de Ilhéus, está no topo do ranking brasileiro de assassinato de jovens. Vivemos em um país onde os negros têm chances 23,5% maiores de serem assassinados que os brancos. A juventude negra tem usado de diversos artifícios e linguagens para fazer suas mensagens serem ouvidas, afinal, após centenas de anos de escravidão e exploração dos nossos antepassados e um processo de genocídio em curso, temos muito a dizer. Acredito no potencial do audiovisual para educação, então busquei dar visibilidade à música produzida por Cijay com a produção de um videoclipe que reforça o discurso antirracista enquanto reconta parte da nossa história com atuação do próprio artista citado, como personagem principal e um elenco de pessoas negras da região. Para embasar a produção, fiz levantamento de dados sobre a situação social de pessoas negras no Brasil, como o Atlas da Violência do IPEA (2017) e o Índice de Homicídios na Adolescência da UNICEF (2016; 2017; 2018). No que diz respeito ao videoclipe, me referenciei em Doc Comparato (2000) para conceituar roteiro e Ken Dancynger (2003) para definir etapas de produção, dentre outros. Também mergulhei em uma pesquisa filmográfica em busca de referências visuais e discursivas, como o videoclipe "Eu Só Peço a Deus" de Inquérito e "Boa Esperança" de Emicida. Em sintonia com Cijay desenvolvi uma pesquisa participativa que me permitiu roteirizar e ilustrar algumas situações vividas por jovens negros em épocas distintas, buscando através do videoclipe reafirmar a cultura africana no cotidiano de jovens afro-brasileiros.

OBJETIVO
O videoclipe "Aquele Salve" começou a ser imaginado após a realização do 2º Festival Universitário de Música da Rádio UESC, quando a composição foi classificada em primeiro logar. Estava no final o ano de 2017 e, em início de 2018, decidi por fazer o clipe como meu produto de Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. O produto é composto por vinte cenas que decorrem em 04'47'' e que são resultado da seleção em mais de 600 tomadas. O processo de produção, composto por três etapas ( pré-produção, produção e pós-produção) se iniciou com a escolha da música e a concepção de uma ideia inicial que se desdobrou em pesquisa para criação do roteiro. Após a criação do roteiro, relacionando as cenas com cada trecho da letra, pesquisei e defini referências visuais e discursivas que enriquecessem o trabalho filmográfico. Então montei uma equipe e fizemos as anotações específicas no que diz respeito à execução das filmagens criando um roteiro técnico que detalha planos de iluminação, paleta de cores, enquadramentos, figurino, locação, cenário e personagens. Ainda nessa parte de pré-produção, foram elaborados os figurinos e escolhidos os adereços e decorações capazes de dar maior significado aos cenários, como tochas de fogo, facões, correntes, entre outros capazes de dar maior realismo às cenas. A execução das filmagens foi feita baseada em um cronograma de gravações que durou onze dias em dezesseis locações, onde atuaram vinte e um atores, além de figurantes voluntários. A pós-produção durou um mês, onde foram executadas a decupagem, montagem e edição do material, iluminação, tratamento de cor e computação gráfica. O produto foi lançado também na internet, onde permanece disponível na plataforma Youtube. Referências citadas: MOURA, Clóvis. História do Negro Brasileiro. 2. Ed. São Paulo, Ática: Série Princípios, 1992. NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: Processos de um racismo mascarado. 1. Ed. São Paulo, Perspectivas, 2016. COMPARATO, Doc. Da Criação ao roteiro. Rio de Janeiro. Rocco, 2000. DANCYNGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo: História, teoria e prática. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Referências filmográficas citadas: BOA Esperança. Direção de Katia Lund e João Wainer. Intérprete: Emicida. Brasil: Laboratório Fantasma, 2015, 7 min. EU só peço a Deus. Direção de Levi Riera. Intérprete: Inquérito. Brasil: Dogs can fly. 2015, 4,48 min.

JUSTIFICATIVA


MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS


DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO


CONSIDERAÇÕES


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS

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