ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXI CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORDESTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #bc1520"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01535</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Videoclipe: Os limites da liberdade do corpo negro mestiço.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Juliano Monteiro Farias Prado Almada (Universidade de Fortaleza); Cintia da Silva Martins (Universidade de Fortaleza); Jari Vieira Silva (Universidade de Fortaleza); Brenda de Menezes da Silva (Universidade de Fortaleza); Jean D' Carlo Silva Junior (Universidade de Fortaleza)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #bc1520"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho foi elaborado durante a disciplina de Fotografia Experimental, que faz parte dos cursos de Comunicação Social - Publicidade & Propagando e Jornalismo da Universidade de Fortaleza, ministrada pelo professor Jari Vieira. A ementa de Fotografia Experimental busca projetar um olhar mais suscetível a experienciar e explorar formas de fotografar, imprimindo novas representações acerca de situações, coisas e/ou pessoas. No decorrer da disciplina as atividades propostas pelo professor nos possibilitou realizar um ensaio fotográfico que busca representar, de forma visual e estética, as experiências sofridas diariamente por mestiços de pele negra, podendo fazer analogias com a transmissão de valores simbólicos a esses acontecimentos que, geralmente, estão ligados a estereótipos presentes na sociedade. A partir do ensaio fotográfico elaborou-se um videoclipe, mantendo a mesma linha conceitual das fotos, resultado também das experiências vividas em sala de aula e da autonomia criativa proporcionada pela disciplina, em que podemos mostrar mais uma vez como o corpo negro é tratado na sociedade brasileira. O produto em questão, ou seja, o vídeo  Os Limites da Liberdade do Corpo Negromestiço , é um complemento melhor abordado do ensaio, que também ajudou na nota avaliativa na época. Espera-se, então, apresentar e explorar, por meio do videoclipe, como os mestiços têm experienciado a presença do corpo negro na sociabilidade brasileira, demonstrando a manipulação cotidiana deste corpo, incubido de estereótipos, que trazem a tona o racismo e a uma possível aversão às características, majoritariamente, ligadas aos negros. Demonstrado na incitação do  embranquecimento pela sociedade e pela mídia um comportamento de modificação do corpo negro por meio de vários fatores: a pouca variedade de tonalidades de maquiagem que encobrem a cor real da pele negra; processos químicos para alisar o cabelo e a não aceitação do uso de dreads e tranças no cabelo afro; e o primeiro e maior fator de exemplificação desse  embranquecimento foi o nosso próprio processo de miscigenação, a fim de instaurar o  branqueamento racial , com base em teorias raciais, como forma de camuflar a cor e os traços negros. Tendo em vista os fatores que direcionaram a produção do videoclipe  Os Limites da Liberdade do Corpo Negromestiço , busca-se demonstrar artisticamente como este corpo é afetado por esse posicionamento social que rechaça ou exclui qualquer característica ligada aos fenótipos mais africanos do povo brasileiro, sendo uma forma de protesto e meio para colocar o assunto em pauta para reflexão no ambiente acadêmico. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As características majoritariamente ligadas aos povos negros, como cabelo crespo, nariz largo e lábios grossos, provocam um comportamento de aversão às vistas dos olhares alheios, enraizado na nossa sociedade, desde as últimas décadas do século XIX. Nesta época, segundo Lilian Schwarcz, em seu livro  O Espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (Companhia das Letras, 1993) ficaram conhecidas as teorias de embranquecimento que negava qualquer miscigenação. Tais teorias, baseadas nos darwinistas sociais, acreditavam que o progresso só completaria sociedades  puras , como abordado por Schwarcz, em seu livro  Nem preto, nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira (Companhia das Letras, 2012, p.61):  livres de um processo de miscigenação, deixando a evolução de ser entendida como obrigatória . Entende-se que era necessário acabar com a raça dita como inferior, o negro não era sinônimo de evolução para a sociedade brasileira da época. O corpo  negromestiço , definição usada por Antônio Risério em seu livro  A Utopia brasileira e os movimentos negros (Editora 34, 2007), é constantemente limitado na sociedade a partir do preconceito racial que faz parte, principalmente, dos estigmas conferidos à eles. De acordo com Goffman, em seu livro  Estigmas: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada (Editora Guanabara S.A, 1988) o termo estigma é um atributo profundamente depreciativo. Segundo o autor, existem três tipos distintos de estigma:  tribais de raça, nação e religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma família . Dessa forma, os povos negromestiços carregam estigmas atribuídos à raça, desde a época colonial, em que tinham sua figura inferiorizada a partir de funções designadas ao trabalho escravo, fazendo com que suas características fossem reconhecidas por aquelas moldadas pela sociedade. A partir disso, Schwarcz (2012) aborda a mestiçagem no Brasil como testamento da própria falência da nação, contudo a mesma mestiçagem que levaria o país a falência também seria sua salvação, como é demonstrado no I Congresso Brasileiro de Eugenia, em 1929, em que foram levantadas as teorias racialistas do século XIX. Segundo a autora, no congresso foi previsto que em 2012 o Brasil seria composto por 80% brancos e 20% mestiços; nenhum negro, nenhum índio. Porém, em pesquisa divulgada em 2017 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), comprova esta previsão errônea: em 2012 existiam 46,6% brancos, 45,3% pardos e 7,4% pretos; em 2016 eram 44,2% brancos, 46,7% pardos e 8,2% pretos. Somos maioria pretos e mestiços, porém esses dados são referentes a autodeclaração, podendo, portanto, a quantidade de pessoas brancas ser menor que a calculada, visto o enorme processo de miscigenação e interligação de culturas divergentes. A negação de parte da população em autodeclarar-se preto ou pardo está diretamente ligado ao racismo velado que assola a nossa sociedade, trazido por Risério (2007) como  racismo à brasileira . O autor acredita que a crença na  democracia racial abordada por Gilberto Freyre, no livro  Casa Grande & Senzala (Global, 2003) inexiste em nossas terras, e que o fato de ser um racismo dissimulado e mascarado torna-se pior que o racismo ianque. Essa realidade de negação da autodeclaração vem mudando com o aumento de ações afirmativas, o que fez crescer o número de pessoas que se identificam como negras. Como aborda o jornalista Daniel Silveira na matéria  População que se declara preta cresce 14,9% no Brasil em 4 anos, aponta IBGE (Portal do G1, 2017), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) apontam os seguintes dados:  Entre 2012 e 2016, o número de brasileiros que se autodeclaram pretos aumentou 14,9% no país. No mesmo período, também cresceu a quantidade dos que se consideram pardos, enquanto diminuiu o percentual de brancos na população (SILVEIRA, 2017). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> É a partir desta crescente do empoderamento negro que objetivou-se criar um produto que contesta esse racismo que impede a população mestiça de pele escura a ter equidade dentro do corpo social. De acordo com as teorias racialistas anteriormente abordadas, tentaram por meio da mestiçagem clarear nossas origens e continuam tentando através da manipulação do nosso corpo, nos ensinando diariamente que o cabelo liso é que é o bonito, que a pele mais clara é a mais aceitável, e que ser preto no Brasil é sinônimo de características marginais. Os estigmas que nos foram impostos estão dia a dia sendo ressignificados. O videoclipe intitulado como  Os Limites da Liberdade do Corpo Negro com duração de três minutos e 18 segundos, contou com a participação de 10 pessoas (incluindo os autores do trabalho), tendo como assunto principal a manipulação do corpo negro ainda pautada na antiga teoria do  branqueamento racial , situação representada com os participantes se pintando de tinta branca. A música  Boa Esperança , composta e interpretada pelo rapper Emicida, foi usada como trilha sonora para produção das imagens, a fim de conectar com toda a complexidade das ações em cena e com o assunto pautado referente aos estigmas atribuídos às pessoas de pele negra. Optamos por um enquadramento que permitia ter uma mensagem de cunho mais psicológico, conversando com o espectador direto com o olhar, mas também sem que perdesse as ações do participante em quadro, dialogando com a letra da música, por isso, um plano entre fechado e médio. Para a captura de imagem, utilizando-se da câmera Nikon D610 e a lente Nikkor 24-55mm/f3.5-5.6mm, e para os ajustes de fotometria o diafragma ficou configurado em f5.6 e obturador a 1/60s. Ainda utilizou-se dois softboxes no set de gravação com iluminação artificial, para facilitar a correção de cor a fim de destacar os tons de pele, mantendo a unidade do videoclipe com o título e tema do próprio trabalho em questão. Com a câmera posicionada em um tripé, de frente e em foco para o assunto foram registrados as ações no qual o integrante em cena interpretou à sua maneira, a partir da roda de conversa tida antes da sessão com o intuito de imersão acerca do tema abordado, das suas experiências pessoais e conforme a mensagem da música e tom agressivo que ela contém. Assim, durante a edição foi utilizado o software Adobe Premiere. A música ditava o ritmo no qual os cortes foram feitos, obedecendo a letra. Na ilha de edição, foram adicionados mais contraste e feito as devidas correções de cor e exposição, ou seja, trazendo uma aura escura para imagem intencionalmente. O fundo preto por trás dos integrantes foi um ponto com a finalidade de pôr somente um assunto em destaque e o vazio dramático atrás. Após as cenas em vídeo dos integrantes interpretando seus momentos conforme a canção, foram mencionados alguns nomes de pessoas negras que foram e são importantes para a história da negritude, e do país no geral, desde Zumbi dos Palmares à Marielle Franco, como forma de lembrança e orgulho pelo povo preto que virou símbolo de resistência. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #bc1520"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>