INSCRIÇÃO: | 00198 |
CATEGORIA: | PT |
MODALIDADE: | PT03 |
TÍTULO: | Remansinho: registro fotográfico de um grupo de pescadores que fazem banguê. |
AUTORES: | TAINAH MENNA BARRETO DE VILHENA (ESTÁCIO FAP); Viviane Menna Barreto (ESTÁCIO FAP) |
PALAVRAS-CHAVE: | banguê, Cametá, cultura popular, fotografia, Remansinho |
RESUMO | |
A criação desse ensaio buscou representar a realidade do Remansinho, um grupo de banguê, residente no rio Tentem, em Cametá. A importância do trabalho reside riqueza cultural do grupo que surgiu em 1981 e possui mais de 60 canções inéditas que fazem uma crônica dos acontecimentos da região Tocantina, do Pará e do Brasil. Unir fotografia, arte, música e comunicação foi o desafio para despertar o interesse de Belém sobre o grupo. O paper mostra o processo de criação, produção e finalização do ensaio que teve início a partir de um trabalho da disciplina comunicação comunitária. | |
INTRODUÇÃO | |
O projeto fotográfico buscou criar um acervo de imagens que mostrasse o grupo de banguê Remansinho em seu contexto. Segundo Salles (2003,p.67) no Pará a palavra banguê significa, entre outras definições, "engenho de açucar, em tempo colonial, e conjunto instrumental típico e dança, espécie de samba." João Tenório dos Santos foi quem fundou o o conjunto musical que se aoresenta no rio Tentem, região do baixo Tocantins, para na festa de Reis e entrada do ano. Utilizando um violão velho, um reco-reco, baldes e latas, realizaram alguns ensaios e saíram de casco a remo visitando a casa dos amigos. Passados 36 anos a tradição permanece com João Tenório como compositor e tocador de violão e seus filhos Adnilson no reco-reco, Gerson Andrey na onça e Jerry Santos na zabumba. A zabumba Segundo Salles (2003,p.256) é o mesmo que bumbo , tambor grande , com duas membranas, percutido na posição vertical com duas vaquetas. Usado na música das milícias, nas fanfarras escolares e em alguns conjuntos populares" Além dos músicos da família outros moradores do Rio Tentem integram a banda: os amigos Marcio e Elizeu que tocam o tamborim e Edinho na sanfona de bambu. Usamos a fotografia como instrumento de registro e compartilhamento de uma experiência tradicional que insere o rio, os barcos, o trapiche, os matapis, os músicos, e seus instrumentos artesanais em um contexto amazônico. O projeto teve início a partir de um trabalho desenvolvido na disciplina comunicação comunitária onde trabalhamos com a comunidade ribeirinha, valorizando diversos aspectos da sua cultura. Nesta região do baixo Tocantins as vilas existentes são originárias de antigos mocambos e quilombos onde afrodescendentes faziam suas danças e cantos. A esse gênero denominamos banguê. | |
OBJETIVO | |
Com base em referências encontradas nas narrativas dos brincantes do cordão de mascarados Última Hora do Carnaval das Águas do rio Tocantins tomamos conhecimento do grupo remansinho. Esse trabalho tem como objetivo mostrar através de uma sequência de fotografias o contexto e a visualidade amazônica existente no ambiente onde o grupo reside.¬¬¬¬¬¬ Com o ensaio Bangue em Quadrinho procuramos retratar elementos da visualidade amazônica , tais como o trapiche, os barcos, o rio, as ilhas, a vegetação e os matapis, índice da profissão dos músicos com uma finalização na edição em aspecto de história em quadrinhos. A região Tocantina, em especial Cametá, é vista como terra de muita cultura, no entanto há muitas manifestações culturais inéditas. Este ensaio tenta de alguma forma colaborar para que o município e o estado reconhecessem este grupo que já tem aproximadamente quatro décadas de existência. Como objetivo secundário, o ensaio busca revelar a rusticidade dos instrumentos musicais e a criatividade dos músicos para suprir a falta de recursos e a ausência de equipamentos adequados. | |
JUSTIFICATIVA | |
Cametá é uma região muito rica em cultura popular, as práticas tradicionais mantem ainda preservadas saberes, fazeres e regras que regem e integram a maior parte da comunidade. Muitas destas práticas ainda permanecem desconhecidas da maior parte da população. O grupo de banguê Remansinho faz uma espécie de jornalismo popular ao incluir no seu repertorio temas que narram os acontecimentos da sua região, do estado e do pais. Em Cametá segundo Coelho(2012,p.95) há poucos grupos de banguê registrados nas memórias da cidade. Entre os quais estão o Grupo de Bangue Cinco de Ouro, Grupo de Bangue Ramo Verde, Grupo de Bangue Ramansinho, Grupo de Bangue Uniãozinho de Patauateua e Bangue do Castelo, mas na ocasião não conseguimos nem obter fotografias desses outros grupos e nem mesmo manter contato com seus integrantes Assim decidimos fazer um ensaio sobre esse grupo em uma paisagem tranquila em alusão aos significado da palavra Remanso que segundo Geiger (2011) descreve em seu dicionário trata-se de um trecho de rio onde, por ausência de correnteza, a água é calma e fica quase parada. Assim há uma alusão a tranquilidade paz é isso que buscamos enfatizar neste ensaio | |
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS | |
Por meio de uma pesquisa qualitativa, desenhamos esse projeto. Segundo Duarte (2002 p.3) De um modo geral, pesquisas de cunho qualitativo exigem a realização de entrevistas, quase sempre longas e semi-estruturadas. Nesses casos, a definição de critérios segundo os quais serão selecionados os sujeitos que vão compor o universo de investigação é algo primordial, pois interfere diretamente na qualidade das informações a partir das quais será possível construir a análise e chegar à compreensão mais ampla do problema delineado Anteriormente em pesquisas de campo junto ao cordão de mascarados Última Hora, que brinca o carnaval das aguas pelo afluentes do rio Tocantins, tivemos conhecimento do grupo Remansinho Utilizamos a técnica de pesquisa online para entender o que era o bangue e sobre a realidade ribeirinha e por meio da entrevista em profundidade descobrimos as memorias do grupo. Para Mendes (2009, p.3) apud Freitas et al. (2004), a pesquisa online Oferece uma série de vantagens sobre as demais pesquisas qualitativas. Segundo os autores, o pesquisador tem a possibilidade de utilizar recursos que, em um processo normal de pesquisa, não seriam possíveis. Além disso, o respondente, por sua vez, recebe estímulos de várias ordens, podendo ser visuais, sonoros etc., que o incentivam a participar. Também pesa a favor do pesquisador a facilidade com que tudo isso é feito e, a favor do respondente, a liberdade de participar quando lhe for mais conveniente. Além desta aproximação fizemos a coleta de documentos e resgatamos algumas letras das canções compostas e apresentadas pelo grupo no passado. A pesquisa de campo foi crucial para definir a locação da foto, a composição e o equipamento utilizado. Para a realização do trabalho, foi feita uma primeira reunião para entender a realidade do grupo, depois buscamos signos de seu universo. Definido o recorte para a incursão, nos deslocamos para o local em sua casa onde ficavam reunidos os matapis, o trapiche e montamos a cena. Durante o ensaio fotográfico houve um trabalho de realocação de objetos e realizamos as fotos. Colocamos os tambores sobre os matapis, pedimos para os músicos ensaiarem várias poses. Nessas imagens captadas privilegiaram-se diversos planos e enquadramentos, com a predominância de plano geral para incluir os músicos nas paisagens de rio e de ilhas e plano médio para identificar os objetos tais como matapis, caixa de som, instrumentos musicais, etc. O trabalho fotográfico buscou evidenciar a realidade amazônica do caboclo pescador e extrativista, uma vez que isso é representado nas letras de suas músicas. Na região os pescadores usam várias técnicas de pesca, entre as quais podemos citar a rede, anzol e o espinhel. Mas o que mais se destaca na paisagem da casa situada na beira do rio são duas dezenas de matapis empilhados sobre uma mesa tosca. Apesar da pesca estar cada vez mais difícil e o tucunaré, a pescada, a acaratinga e o camarão estarem quase desaparecendo as armadilhas de camarão são colocadas e retiradas do rio cotidianamente. Mas não é só a pesca que está cada vez mais rara nas ilhas do rio Tocantins manifestações culturais como o samba de cacete e bangue também estão desaparecendo. Por isso a importância desse ensaio fotográfico. Com a identidade amazônica bem definida nos registros, procuramos no processo da edição uma forma de tornar aquele material lúdico e diferenciado aos olhos dos outros. Com o Aplicativo prisma, buscamos usar o filtro Comic que tem em sua base efeito de obras de artes em quadrinhos. As técnicas utilizadas para realizar o ensaio foram fotografia digital com câmera Canon T5i com lente 18-55 MM. E na edição o aplicativo Prisma com o filtro Comic. | |
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO | |
O ensaio fotográfico contém 6 (seis) fotografias que podem ser visualizadas em mídia ou impressas, no qual retrata o grupo de bangue remansinho em seu meio com uma identidade em quadrinhos. O trabalho aconteceu nos dias, 12 e 13 de março de 2016, das 15h às 16h. Foram utilizadas 01 (uma) câmera fotográficas da marca Canon T5i com lente 18-55 MM com uso do flash da câmera em uma fotografia. O programa de edição usado foi o Prisma com o efeito Comic. As fotos selecionadas buscaram conter o maior número de elementos representasse a realidade do grupo e o objetivo das canções. Com a presença do rio, instrumentos, vegetação, bordas das ilhas vizinhas, barcos, trapiche, matapis, vestimentas caracterizadas para apresentações e o céu. Após uma pesquisa online pude conhecer melhor a região do baixo Tocantins e sua riqueza cultural no qual as margens e o rio guardava. A pesquisa de campo fez perceber a singularidade e atenção que foi destinada cada instrumento, melodia e letras. Mesmo com o objetivo de receber e comemorar a entrada do ano e comemorar, João Tenório percebeu que possuía uma forte arma em suas mãos e boca, a música, como instrumento de conscientização e educação. As palafitas são sistemas construtivos usados em regiões alagadiças, cuja função é evitar que as casas sejam arrastadas pela correnteza dos rios. Em todos os registros alguma relação com a natureza e realidade ribeirinha se estabelece. O ensaio foi feito no final da tarde, com luz natural, e com utilização de flash da própria câmera. Foto 1: A força é uma espécie de amplificador de som construído com uma bateria de carro reciclada. A pintura revela as cores da bandeira do brasil. Foto 2: Trapiche em frente a casa de João Tenório, fundador do grupo. Ao fundo os barcos da família atracados, uma ilha e a vegetação peculiar da região iluminada pelos reflexos do sol e pela agua do rio Tentem Foto 3: Grupo Remansinho com a vestimenta e adereços utilizados em suas apresentações reunidos no trapiche. Foto 4: Grupo de Banguê em pé segurando seus instrumentos em um ângulo Contra - plongée Foto 5: Tambor sobre matapís, instrumentos utilizados pelo Remansinho. Foto 6: Integrantes do grupo Remansinho na frente de um conjunto de matapis. | |
CONSIDERAÇÕES | |
Esse trabalho trouxe para a fotografia o contexto e a visualidade amazônica, apresentou uma prática cultural inédita e colaborou para que o município e o estado reconhecessem um pouco mais a arte deste grupo que já tem aproximadamente quatro décadas de existência. Como objetivo secundário, o ensaio busca revelar a rusticidade dos instrumentos musicais e a criatividade dos músicos para suprir a falta de recursos e a ausência de equipamentos adequados. A fotografia como instrumento de registro e compartilhamento de uma experiência tradicional associa arte, música e resistência. Levando um toque lúdico com sua essência de quadrinhos nas fotografias. | |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS | |
COELHO, Raimundo. Patrimônio Cultural Cametaense: Estudo sobre o Patrimônio Cultural de Cametá e sua Importância no Contexto Escolar do Município. Cametá: Ntc Produtora e Editora, 2012.
DUARTE, Rosália. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de pesquisa, v. 115, n. 1, p. 139-54, 2002. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/cp/n115/a05n115>. Acesso em: 7 abril 2017. 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀 MENDES, Conrado Moreira. A PESQUISA ONLINE: potencialidades da pesquisa qualitativa no ambiente virtual. Revista Hipertextus, n. 2, 2009. Disponível em: < http://www.hipertextus.net/volume2/Conrado-Moreira-MENDES.pdf>. Acesso em: 9 abril 2017.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀匀䄀䰀䰀䔀匀Ⰰ 嘀椀挀攀渀琀攀⸀ 嘀漀挀愀戀甀氀爀椀漀 䌀爀椀漀甀氀漀㨀 䌀漀渀琀爀椀戀甀椀漀 搀漀 渀攀最爀漀 愀漀 昀愀氀愀爀 爀攀最椀漀渀愀氀 愀洀愀稀渀椀挀漀⸀ 䈀攀氀洀㨀 䤀䄀倀Ⰰ ㈀ ㌀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䐀䔀 匀伀唀娀䄀Ⰰ 䐀愀渀椀攀氀 刀漀搀爀椀最漀 䴀攀椀爀椀渀栀漀⸀ 䄀 䘀漀琀漀最爀愀昀椀愀 䔀渀焀甀愀渀琀漀 刀攀瀀爀攀猀攀渀琀愀漀 搀漀 刀攀愀氀㨀 䄀 椀搀攀渀琀椀搀愀搀攀 瘀椀猀甀愀氀 挀爀椀愀搀愀 瀀攀氀愀猀 椀洀愀最攀渀猀 搀漀猀 瀀漀瘀漀猀 搀漀 䴀搀椀漀ⴀ伀爀椀攀渀琀攀 瀀甀戀氀椀挀愀搀愀猀 渀愀 一愀琀椀漀渀愀氀 䜀攀漀最爀愀瀀栀椀挀⸀ 䄀挀攀猀猀漀 攀洀Ⰰ 瘀⸀ ㈀Ⰰ ㈀ ⸀ 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䬀伀匀匀伀夀Ⰰ 䈀漀爀椀猀⸀ 刀攀愀氀椀搀愀搀攀猀 攀 昀椀挀攀猀 渀愀 琀爀愀洀愀 昀漀琀漀最爀昀椀挀愀⸀ 䄀琀攀氀椀 䔀搀椀琀漀爀椀愀氀Ⰰ 㤀㤀㤀⸀ 㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀 |