ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00349</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;O mendigo e o Abutre</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Catarina Carvalho Carneiro (Universidade Federal do Amazonas); Kethleen Guerreiro Rebelo (Universidade Federal do Amazonas)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp; Fotografia, Situação de rua, Exclusão social, Moldura, Recorte do real.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A imagem intitulada "Retrato dos excluídos" é resultado de aulas práticas, na disciplina de Introdução à Fotografia, acerca dos problemas sociais, culturais e históricos da cidade de Parintins. Tendo como objetivo buscar a discussão sobre o alto índice de pessoas em situação de rua, levando por meio de uma imagem artefatos que remetem a essa visão social no município, buscando uma forma de se chamar a atenção do poder público em torno da exclusão social desses indivíduos. O conceito desse trabalho relaciona o formato de enquadramento, onde se utilizou de moldura, que é a materialização de uma pirâmide visual particular, em que se chega a uma imagem que contém determinado campo, visto sob determinado ângulo e com limites exatos, que compõem um arranjo visual dos elementos, resultando na construção de uma ponte entre fotografia e realidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia surgiu como um novo meio de conhecimento do mundo, pois desde a revolução industrial ela instigou um meio inovador de se levar informação detalhadamente. De acordo com Kossoy (2001) ela seria o ápice inovador de informação e conhecimento, além de ser apoio à pesquisa de diferentes aspectos da ciência e da expressão artística. Uma de suas características é de lançar por meio de uma imagem um acúmulo de pensamentos, que remetem a distintas interpretações, na relação observador e realidade. Esse pensamento vem ser fundamentado por Aumant (1993) ao falar no "reconhecimento" na imagem, referente às visões de cada observador, pois segundo ele são as diversas interpretações que fazem a imagem existir. Reconhecer alguma coisa em uma imagem é identificar, pelo menos em parte, o que nela é visto com alguma coisa que se vê ou se pode ver no real. É pois um processo, um trabalho, que emprega as propriedades do sistema visual. (AUMANT, 1993, p. 82) Desta forma, quando se fala em fotografia artística vem ser algo além de só dar um "click", mas é a composição de sensibilidade, registrando um momento singular. O pensamento de Cotton (2010), ao falar sobre a fotografia como arte contemporânea, ressalta como o fotojornalismo influenciou na criação de fotografias levadas ao lado artístico. O estilo do fotojornalismo de meados do século XX  a reação instantânea e exuberante, em imagens feitas em condições desfavoráveis durante o transcorrer dos próprios acontecimentos  foi frequentemente adotado para revestir a imagem da sensação de um ato fotográfico não premeditado, contrabalançado o teor de preconceituação da ideia ou do ato que aparentemente era representado de modo informal pela fotografia. (COTTON, 2010, p. 22) A fotografia "Retrato dos excluídos" tenta, portanto, apresentar por meio de uma composição intensa o quanto é crescente o número de pessoas em situação de rua na cidade de Parintins, mostrando que a fotografia faz uma ponte entre a vida e sociedade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Procura-se, não apenas com a foto, mas com o conjunto no qual ela está inserida, à discussão acerca do alto índice de pessoas em situação de rua, levando por meio de uma imagem artefatos que remetem a essa visão social no município, buscando por meio de uma imagem uma forma de se chamar a atenção do poder público em torno da exclusão social desses indivíduos. Derramando emoções e expressões próprias na imagem, criando algo além do convencional que transmita uma mensagem pela sua riqueza de detalhes. A proposta é justamente provocar, por meio de uma fotografia, a intensa reflexão quanto aos inúmeros moradores em situação de rua. A imagem é representada por um único morador, mas transmite vasta informação acerca da invisibilidade diante da sociedade e do poder público, gerando a importância do olhar fotográfico na composição fotográfica, para que ela tenha uma estética única. Por meio da moldura, um elemento artístico, o intuito era de destacar a figura do homem, sendo observado pela ave negra, que é vista em todos os cantos da ilha: o urubu.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O município de Parintins é conhecido mundialmente pelo Festival Folclórico, bem como pela comunidade hospitaleira e atrativa para o turismo, principalmente durante a época do festival, sendo chamada carinhosamente como a 'ilha encantada'. Porém a realidade dos parintinense é bem distante de ser encantada, pois apresenta muitos problemas sociais, na educação, saúde, e aqui se destaca a questão das pessoas que vivem em situação de rua. De acordo com Chauí (2015), no ponto de vista político, a consciência é o cidadão, que é situado no tecido das relações pessoais como portador de direitos e deveres definidos na esfera pública, relacionando-se com o poder político e as leis. Desta forma, ao olhar para a fotografia "Retrato dos excluídos" em que, o indivíduo deitado é considerado um cidadão? É essa e outras perguntas que devemos nos fazer enquanto observadores desta fotografia. A fotografia surgiu de modo inesperado, não pautável. Ao observar um indivíduo na calçada, apenas com uma peça de roupa para cobri-lo me veio na mente o quanto uma parcela de seres humanos sofrem todos os dias nas ruas do mundo todo, passando fome, sem emprego, vivendo na miséria. "Diante de uma realidade social muito problemática, incômoda e, ás vezes, explosiva, uma parte do pensamento social prefere 'naturalizá-la', considerá-la como 'fatalidade' ou apenas herança arcaica pretérita" (IANNI, 1991). Partindo dessa afirmação é abrangente o descaso com esta parcela da população que fica desassistida pelo governo e sociedade, se tornando algo natural a seu ver. Apesar do grande número de pessoas nesta situação é pouco o debate ao seu respeito. A sociedade e o próprio poder público parecem não os reconhecer como um indivíduo de direitos e deveres. Logo, poderia mostrar um olhar do avesso sobre a "ilha encantada". Uma Parintins onde falta maior interesse do poder público na criação de programas e políticas públicas para atender essa demanda de pessoas em situação de rua, trazendo uma perspectiva de melhoria, passando a viver dignamente. O público-alvo desta fotografia seria a sociedade de um modo geral e o poder público, causando uma reflexão acerca da não inclusão dessas pessoas no contexto social e, do quanto uma fotografia pode retratar o invisível aos olhos da sociedade. Deste modo, a fotografia "Retrato dos excluídos" pode ser definida como um recorte do real, especulando variadas interpretações de seus observadores, partindo dos pensamentos de Santaella e Noth (1997) ao citar que graças a uma máquina, com seu sistema ótico, efeitos físicos e reações químicas nos proporciona pedaços do mundo, sendo essa câmera capaz de aprisionar, congelar, multiplicar ao infinito e guardar para sempre, tornando um milagre da captação do mundo, como se fosse a realidade mesma, o próprio mundo capturado em fatias. Noções de imagem fotográfica e realidade são inseparáveis e complementares. Sendo assim, poderia mostrar esse recorte do real moldurado por um pneu que faria parte do cenário de abandono, tornando a fotografia artística.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia trata de uma temática de enquadramento, onde se utilizou de moldura, que é a materialização de uma pirâmide visual particular, em que se chega a uma imagem que contém determinado campo, visto sob determinado ângulo e com limites exatos, deste modo  todo enquadramento estabelece uma relação entre um olho fictício - o do pintor, da câmera, da máquina fotográfica  e um conjunto organizado de objetos no cenário. (AUMONT, 1993, p. 159). Sendo também uma maneira de ajudar a criar uma sensação de profundidade na imagem. Para realização da produção proposta, se utilizou um pneu de moto como moldura (que estava pendurado em uma árvore da praça) para controlar a localização do foco e também a quantidade de elementos que ficariam nítidos, dentro do formato da moldura. Dando ao retrato um efeito mais artístico. Alcançando um efeito emocional, passando um clima estável, mas o mesmo tempo perturbador e quebrando a monotonia. Precisou-se de um domínio fotográfico e um olhar atento aos objetos presentes para usar não só como moldura, mas na composição fotográfica, que consiste na ordem dos elementos e na qualidade estética que inclui textura, equilíbrio de cores e formas entre outras variáveis. Ou seja, é a organização dos elementos de forma harmoniosa dentro da área a ser fotografada (enquadramento) que combinadas formam uma imagem comunicativa agradável. Além disso, optei por uma composição diagonal, onde tracei mentalmente uma linha de um canto ao outro da cena, deixando minha foto mais dinâmica, como se estivesse puxando o observador para dentro dela ou guiando os olhos do espectador ao ponto principal. A intenção era fazer com que a foto ganhasse profundidade e o observador passasse mais tempo apreciando a imagem e relacionando os elementos uns com os outros. No mundo da arte, a pintura e a fotografia são usadas como elemento de expressão, reflexão e transmissão de mensagens, geradas como a soma da necessidade de comunicação dos indivíduos, conseguindo converter a objetividade em subjetividade. Alguns conceitos que utilizei na fotografia foram à simplicidade, para transmitir a mensagem de forma simples e objetiva; e o formato, sendo no modo paisagem. Usando uma linguagem convencionada em ação, espaço e tempo. A foto apresenta uma divisão de planos: um focado e outro não. Temos a contraposição de dois extremos, um plano rico em detalhes e nitidez e outro em situação oposta. Com efetivação dessas ações o espectador fixa a sua atenção nos pontos de interesse do assunto. Sendo o primeiro plano, no caso, a moldura (pneu) e o segundo plano onde se encontra a figura do morador de rua e o urubu. Porém, optei em desfocar o pneu, de modo a concentrar a atenção nos elementos principais da fotografia: morador e urubu. . A fotografia foi capturada em plano geral, onde o ambiente ocupa uma maior parte do quadro, dividindo o espaço com o sujeito. Focalizando os personagens em ação, identificando aonde essa ação transcorre. Facilitando a visualização na nossa imagem, que se caracteriza de forma tridimensional, apresentando uma relação entre objetos longe e próximo. As cores realçam esses elementos por serem cores quentes, dando nitidez à fotografia. Ao utilizar as cores estamos trazendo uma proximidade da realidade, limitando a imaginação do observador. Ressaltando a importância das cores em uma imagem, Guimarães (2000) diz que a imagem mais iluminada possibilita uma melhor profundidade de campo, valorizando, além do objeto principal, todos os elementos do campo visual, afirmando que a imagem mais cômoda para os olhos também possibilita melhor qualidade da imagem. Todo o processo de composição do cenário foi elaborado pela fotógrafa, na praça da antiga prefeitura de Parintins, no dia 2 de agosto de 2016, por volta das 15h. Para obter melhores resultados na fotografia, se utilizou a regra dos terços, que de acordo com Ramalho (2004) consiste em dividir a cena em três partes, utilizando duas linhas verticais e horizontais, posicionando assim, a foto em um dos terços da cena, localizados próximos ou nos cruzamentos entre as linhas imaginárias. No caso, os elementos da referida fotografia se concentraram próximos desses pontos, sem deixá-los descentralizados para apresentar esse resultado, do urubu observando o morador de rua. A técnica utilizada foi a digital, usando uma câmera Canon EOS DIGTAL REBEL 1000D com lente sigma zoom 24-200mm, produzida em ISO 400, para uma maior clareza e nitidez, deixando a fotografia bem exposta; abertura do diafragma 8, pois o ambiente estava com boa iluminação, não necessitando de muita luz; tempo de exposição de 1/250 e uma distância focal de 106,00mm, o flash estava desativado, sendo finalizada no programa de edição de fotos digitais Adobe Photoshop versão CS6. No tratamento da imagem foram utilizados alguns recursos do Photoshop, como o curves e vibração como meio de ressaltar a cor e dar contraste na fotografia. A fotografia exposta nesse trabalho é espelho, ou até mesmo inspiração dos trabalhos do pioneiro da fotografia abstrata e do modernismo no Brasil, o pintor Geraldo de Barros (1923-1998) também considerado um dos mais importantes artistas do movimento concretista brasileiro. Sendo que em seus trabalhos estão sempre presentes as questões sociais e urbanas, além da inquietude diante da relação entre arte e sociedade. Coerente em sua trajetória, seus trabalhos também estão conectados ao contexto histórico, político e artístico do período em que foram desenvolvidos. Deste modo, ao observar suas imagens e a temática de seu trabalho podemos incluir parentescos com a abordagem da fotografia  Retrato dos excluídos , que consiste nesse âmbito social. Para o aprofundamento do assunto fotográfico foi necessária uma pesquisa minuciosa a respeito das pessoas em situações de rua em todo o país, para fazermos um debate com embasamento acerca dessa problemática atual. Além de pesquisas que transcendem a arte, comunicação, as técnicas de fotografia e fotografia como recorte do real. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No mundo da arte, a pintura e a fotografia são usadas como elemento de expressão, reflexão e transmissão de mensagens, geradas como a soma da necessidade de comunicação dos indivíduos. Portanto, a  fotografia representa o detalhe, a minúcia, a perspectiva, a luz, o momento fugaz, a espontaneidade, e a velocidade que muitos procuravam, mas não conseguiam por outros meios. (HARRELL, 2002, p.1). Partindo desses pressupostos tentei trabalhar a fotografia no campo das emoções, tentando captar as diversas realidades e dimensões da vida urbana: a sua humanidade ou desumanidade. Explorando de fato a condição humana, seja através da desilusão, ansiedade, desespero, solidão, abandono. Pois querendo ou não o ser humano é o centro de atenção dos artistas. A imagem produzida é mais que uma simples imagem, é abordagem visual de uma temática que é realidade em todas as cidades brasileiras, em que a fotografia  Retrato dos excluídos exibe e, pode-se ver e logo nos remeter a pensamentos perturbantes. A pessoa em situação de rua é uma problemática que passa despercebida aos olhos do poder público e da sociedade civil. A fotografia intitulada  Retrato dos excluídos faz parte de aulas práticas do curso de Comunicação Social- Jornalismo, da Universidade Federal do Amazonas, Campus Parintins. Deu-se a partir da disciplina Introdução à Fotografia, quarto período, ministrada pela professora Kethleen Guerreiro. O objetivo era expor um olhar sobre Parintins, acerca das problemáticas sociais, culturais e históricas do município. A fotografia mostra dois seres e seus mundos totalmente controversos. De um lado a racionalidade do ser humano e do outro a irracionalidade dos animais. A liberdade que ambos possuem é que torna a realidade dos fatos diferentes uma da outra. De uma forma comparativa, elucidamos a existência da liberdade que o homem possui a vasta escolha de formas de vida na sociedade que o faz alçar voos altos e baixos, tornando-o racional. Assim como o homem, o animal (urubu), literalmente, também pode alçar voos altos e baixos, tendo uma bela visão de cima, mas sem saber o que significa, é embaixo que ele vai desempenhar um papel sujo, embora importante, pois faz parte de sua natureza, tornando-o irracional. A controvérsia se dá pelo fato do homem um ser pensante, dotado de inteligência, possuidor de razões, se sujeitar a viver como um animal irracional, vivendo às margens, talvez por ignorar as circunstâncias impostas pela vida, seja a perda do emprego, o rompimento de algum laço afetivo, ou por não acreditar que possui o poder de mudar a sua própria natureza, ao contrário do animal (urubu) que viverá e morrerá fazendo uma única tarefa para o qual foi criado. Enfim, o homem aos poucos perde a perspectiva de projeto de vida, passando a utilizar o espaço da rua como sobrevivência e moradia. Deste modo, a ideia foi trazer à tona problemáticas sociais, culturais e históricos da cidade de Parintins. Ao observar as inúmeras pessoas em situação de rua na cidade, especificadamente na praça da antiga prefeitura, deitadas em meio a caixas de papelão e panos velhos ou jogados nas calçadas, optei em registrar um pouco daquele cenário de invisibilidade social, abandono e principalmente de exclusão, que seria na verdade uma inclusão dessas pessoas na situação de desigualdade e pobreza. De acordo com o Jornal Repórter Parintins o número de andarilhos e pedintes dobrou em 2017 no município. Nos últimos anos o aumento do desemprego e o crescimento populacional fez crescer também o número de problemas sociais, especialmente quanto ao número de famílias com renda abaixo de um salário mínimo. Vivemos em um mundo de muita desigualdade, pautada na acumulação de capital, em que, enquanto muitos desfrutam de uma vida cheia de privilégios e riqueza, há aquela parcela da população que luta para ter o que comer a cada dia. Segundo Costa (2005) a população em situação de rua pode ser definida como um grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza absoluta e a falta de pertencimento à sociedade formal. São homens, mulheres, jovens, famílias inteiras, grupos, que têm em sua trajetória a referência de ter realizado alguma atividade laboral, que foi importante na constituição de suas identidades sociais. A realidade da população em situação de rua se mostra na falta de habitação, na pobreza extrema, na precarização, na falta de vestimentas, no abandono por parte do poder público que pouco faz por estes.  Retrato dos excluídos foi uma fotografia inesperada. Diante de um olhar atento encontrei a primeira técnica da fotografia digital: a composição fotográfica. Ou seja, encontrei os elementos que fariam parte da minha fotografia: O homem deitado na calçada, aparentemente com frio por se cobrir apenas com uma peça de roupa, com expressões de dor e sofrimento e o urubu que o observava atentamente, ambos ocupando o mesmo espaço. Todo esse cenário foi moldurado por um pneu, que se encontrava em uma das árvores da praça, e para dar um toque de delicadeza optei em colocar umas flores. A intenção era despertar alguma sensação no observador. Relacionei essa imagem com a de Kevin Carter, fotógrafo sul-africano, ao registrar uma criança faminta sendo observada por um abutre, quando foi fotografar a imensa tragédia da fome causada pela guerra civil, no Sudão. A escolha do nome  Retrato dos excluídos se deu após perceber que muitas dessas pessoas que vivem em situação de rua perderam seus empregos, romperam seus laços familiares, passaram a ser dependentes químicos, resultando em uma baixa qualidade de vida. Sem amparo da sociedade e do poder público se tornam excluídos do contexto social, tornando-se seres humanos humilhados, miseráveis, pobres, famintos, magros, indesejáveis, vulneráveis a tudo. Enfim, captar o  momento certo, na hora certa , e encontrar o enquadramento perfeito é, sem dúvida, o maior anseio do fotógrafo no ramo artístico. O intuito era registrar uma problemática local, que ocasionou em um resultado rico em detalhes e sentimentos de mudança.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Com a fotografia  Retrato dos excluídos pude perceber que para uma fotografia despertar interesse deve apresentar um novo olhar sobre algo que já é conhecido, buscando uma intenção que vai além do simples registro do momento. Assim, mesmo com o frequente debate sobre as pessoas em situação de rua uma simples e singular fotografia pode despertar soluções para tais pessoas, pois o observador ao olhar pode perceber o abandono e a invisibilidade existente. A proposta dessa imagem é justamente essa: despertar soluções através de uma imagem intensa. Por meio de um estudo sobre pessoas em situação de rua, concluí que o governo deve buscar a efetivação das políticas públicas que atendam a demanda, para que estas possam ter seus direitos reconhecidos e assegurados na sociedade, através de programas que possam reinseri-los no âmbito mercado de trabalho para que passem a ter uma vida digna, com melhores condições, moradia, alimentação, segurança que assegurem o seu bem estar, que há muito tempo não têm. Como a fotografia tem um poder plausível diante da sociedade, tentei expressar um sentimento de mudança ao que se refere a essas pessoas esquecidas e excluídas. Mostrando um outro lado da  ilha encantada que almeja por mudanças no contexto social. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">AUMONT, Jacques; Tradução: Estela dos Santos Abreu e Cláudio C Santoro. A Imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993.  (Coleção Ofício de arte e forma)<br><br>CARDOSO, Fernando. Repórter Parintins, Parintins, 11 abr. 2017. Disponível em: <http://www.reporterparintins.com.br>. Acesso em: 11 abr. 2017. <br><br>CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia.14ª ed. São Paulo: Ática, 2015. <br><br>COSTA, Ana Paula Motta. População em situação de rua: contextualização e caracterização. Revista Virtual Textos & Contextos, nº 4, dez., 2005. <br><br>COTTON, Charlotte. A fotografia como arte contemporânea. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.  (Coleção Arte&fotografia) <br><br>GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das cores. São Paulo: Annsblume, 2000. <br><br>HARREL, W.M. Thomaz (2002). Da pintura rupestre à fotografia. Manual de Fotografia. Disponível em: <http://www.tharrell.prof.ufu.br/pdfs/A%20Fotografia%20Cap.%20I.pdf>. Consultado em 1º de abril de 2017. <br><br>IANNI, Octavio. A Questão Social. São Paulo em Perspectiva. Janeiro-março, 1991. Libertas, Juiz de Fora, v.4, n.1, p. 179 - 205, jul-dez / 2009. <br><br>KOSSOY, Boris. Fotografia & História. 2.ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. <br><br>RAMALHO, José Antônio. Fotografia digital. Rio de Janeiro: Elservier, 2004.<br><br> </td></tr></table></body></html>