ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00517</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Fronteiras</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Bryan chrystian da costa Araujo (Universidade Federal de Roraima); Herbert Jessé de Almeida Rosas (Universidade Federal de Roraima); Kendria de Sousa Cavalcante (Universidade Federal de Roraima); Thalyta Cristina Almeida Andrade (Universidade Federal de Roraima); Luis Francisco Munaro (Universidade Federal de Roraima)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Blog, Diversidade, Migração, Roraima, Jornalismo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este paper apresenta o blog denominado "Fronteiras", realizado em 2017 na Universidade Federal de Roraima como produto da disciplina Teorias do Jornalismo. O grupo produziu o blog com a finalidade de ressaltar as questões relacionadas ao fluxo migratório em Roraima, com enfoque nas diferentes culturas no âmbito local e na dinâmica de convivência entre os nativos e imigrantes, enfatizando aspectos multiculturais e sociais gerados a partir disso. Para a produção do blog, o grupo realizou análises de textos sobre a utilização da internet, os processos de novas e velhas mídias, as práticas jornalísticas, e os processos sócio-históricos de migração interna e externa em Roraima.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os processos migratórios em Roraima proporcionaram uma reflexão acerca da diversidade cultural presente no estado e dos modos de convivência entre os nativos e imigrantes. Nesse sentido, ambos os tipos de migração, interna e externa, são relevantes na construção de uma identidade multifacetada da região. As migrações internas entre os anos de 1970 e 1980 criaram uma imagem multicultural da região, proporcionadas das relações interpessoais entre os nativos e imigrantes, possibilitando assim, um avanço social na consolidação mestiça dos povos presentes atualmente no estado. O estado de Roraima, atualmente, lida com uma migração mais intensa, do que apresentada anteriormente, a imigração externa. Nesse caso, os imigrantes venezuelanos representam uma proporção considerável, em virtude da grave crise política no país vizinho. Apesar disso, é possível encontrar também entre os migrantes uma série de outras nacionalidades: Haitianos, Guianenses, Angolanos e tanto outros povos. Aproveitando os recursos disponíveis no Ciberespaço, a equipe criou o blog denominado "Fronteiras", plataforma digital que permite a participação do internauta com as notícias publicadas, além da interação com as redes sociais. Evidentemente, não se pode renegar o uso das novas mídias, muito menos da Internet. Suas plataformas estão no ápice dos conteúdos informativos imediatos e, por meio delas, os usuários apresentam o maior público com notícias compartilhadas e seus interesses estão unicamente em receber a notícia e não em buscá-la. Evidentemente, o uso da internet no jornalismo exige uma postura pautada por critérios éticos voltados ao interesse público, o bem comum. Na perspectiva segundo a qual "ao reportar o mundo, o jornalista cria e recria o conhecimento". (MEDITSCH, 1992, p. 81). As questões migratórias e todos os seus fatores sociais atuais, necessitam ser explorados, a fim de que se construam a realidade atual do estado.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O blog "Fronteiras" tem como objetivo geral mostrar a diversidade cultural e social encontrada no estado de Roraima assim como suas consequências, proveniente da estadia de imigrantes de diversos países, mas acentuando os que fazem fronteira com o Estado, Venezuela e Guiana, além dos migrantes de outros estados brasileiros que representam cerca de 50% da população do Estado. Com caráter informativo, a equipe responsável pelo blog transcreve os aspectos mais evidentes das relações entre nativos e imigrantes, buscando um olhar diferenciado do conteúdo já abordado pelos veículos de comunicação. O blog se diferencia nos assuntos abordados pelo fato de abranger um público que anteriormente parecia oculto ou marginalizado, tratando assuntos como música, culinária, costumes, aceitação, argumentação com as pessoas que escolheram Roraima para viver, mostrando as qualidades que a localidade tem a oferecer àqueles que ainda virão e discorrendo de outros temas que permeiam os atributos multiculturais da região.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Roraima, estado possuidor do menor número de habitantes do país (514.665 segundo dados do IBGE/2015), também é aquele que, ao lado do Distrito Federal, apresenta o maior número de moradores migrantes de outros estados, cerca de 50% dos residentes (Segundo dados da PNAD/2013). Marcadamente caracterizado por essa elevada população imigrante, sobretudo nordestinos, é possível considerar Roraima como detentor de um cenário cultural multifacetado, onde podem ser encontradas diversas manifestações artísticas e sociais originárias do agrupamento desses imigrantes. Não é a primeira vez que a temática é discutida e abordada na imprensa, porém o grupo levou em consideração a inexistência no cenário local de plataformas digitais como blogs e redes sociais que discutam o tema em um formato jornalístico e de forma contínua, interagindo mais ativamente com os próprios leitores e mesmo levando em conta suas sugestões e necessidades de leitura. Como sugere Eduardo Meditsch, "enfrentar o jornalismo conservador com a mesma eficiência dele passa por compreender corretamente o que é jornalismo" (MEDITSCH, 1992, p.33). Assim, é possível utilizar o blog para tornar evidentes as peculiaridades oriundas de relações mantidas entre nativos da região e imigrantes. Além da inexistência da discussão do tema em espaços digitais na região, também foi levado em consideração a capacidade fomentadora de laços proporcionada por ambientes online, oportunizando com maior praticidade a interação entre leitores e usuários do blog "Fronteiras" e suas redes sociais. Portanto o blog possibilita, assim, a expansão e nascimento de novas atividades ciberculturais no estado, enriquecendo experiências já existentes em ambientes reais entre nativos e imigrantes. É preciso considerar, nesse sentido, que "os sistemas de processamento da informação efetuam a mediação prática de nossas interações com o universo. Tanto óculos como espetáculo, nova pele que rege nossas relações com o ambiente, a vasta rede de processamento e circulação da informação que brota e se ramifica a cada dia esboça pouco a pouco a figura de um real sem precedente. É essa a dimensão transcendental da informática" (LÉVY, 1998, p.16). Entre as finalidades citadas anteriormente, que justificam este produto, o blog apresenta de formas variadas diversas características do estado, funcionando, assim, como um ponto de convergência para quem pretende ter um panorama mais completo acerca dos diferentes contextos culturais e sociais de Roraima. Dessa forma, ele se torna uma importante ferramenta para todos aqueles que desejam explorar e intercambiar dados sobre a região, pela via do aspecto migratório. Esses conteúdos informativos possibilitam o reconhecimento não apenas da região roraimense, mas ainda permitem que se crie, a partir das bases empíricas fornecidas pelos entrevistados, o reconhecimento superficial de outras regiões. O Ciberespaço permite explorar estes fragmentos de culturas e de línguas. Cabe ao jornalismo se apresentar como um mediador adequado e potencializar aos leitores a fuga do universo da "bolha de opinião". Quanto ao blog, é um espaço que pode ser utilizado como um diário ou enciclopédia online, já que o conteúdo publicado e compartilhado na página continua disponível para acesso independentemente da sua data de postagem, o que o torna uma ferramenta de pesquisa e referência para quem deseja se aprofundar em histórias de diversidade cultural e social, assim como na própria História do estado que se desenvolveu através da chegada e criação de laços entre migrantes.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A disciplina "Teorias do Jornalismo" trouxe como proposta a aplicação de teorias jornalísticas apreendidas em sala de aula na construção de um produto jornalístico. Num primeiro momento, a ideia dizia respeito à produção de um jornal chamado "Fronteiras", jornal que seria capaz de abordar principalmente as questões referentes à imigração venezuelana e guianense, devido à grande dimensão que ela assumiu na pauta dos jornais locais. Entretanto, quando o jornal começou a ser problematizado, percebeu-se a necessidade de desenvolver um produto de maior alcance e maior capacidade de envolvimento com a questão, capaz de abordar não somente questões de imigração externa, mas também os processos migratórios internos, atingindo potenciais leitores muito distantes da esfera tradicional de circulação dos jornais. A partir, assim, de uma proposta mais dinâmica, seria possível dialogar com o público reconstruindo mais ativamente pautas e reportagens e assim evidenciar traços sociais únicos da região. Julgamos, a partir destas discussões entabuladas em sala de aula, o blog como a melhor opção para a reconstrução de experiências culturais estrangeiras em Roraima. Sua abrangência pode ser superior à do jornal e seu conteúdo é mais dinâmico e de simples acesso, já que "o conteúdo de um blog não se limita aos posts, mas abrange também os comentários e assim permite a interação direta, dialógica entre blogueiros e leitores" (AQUINO apud MONTARDO, 2009, p. 243). O blog foi hospedado de forma gratuita no site Wordpress em razão de ser um site que permite a criação de domínio próprio, ser intuitivo e de fácil manejo. A equipe considerou a internet o meio mais adequado para veiculação do conteúdo abordado levando em consideração sua maior proximidade com públicos dinâmicos, sobretudo aqueles mais jovens. É possível, dessa forma, reforçar a ideia de Jenkins segundo a qual a "na cultura da convergência as velhas e as novas mídias colidem, nela a mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis" (JENKINS, 2009. p. 29). Essa tendência cibernética de fusão de conteúdos na forma de multimídia, interação com textos e imagens, criação de espaços e acervos pessoais transformou profundamente também o universo jornalístico. A partir da observação destas estratégias e do seu confronto com a forma de abordagem da mídia impressa tradicional, identificou-se a possibilidade de reconstruir e dinamizar conteúdos explorando de forma interativa a situação de migração que transforma continuamente a fisionomia cultural de Roraima. A primeira matéria produzida no blog reflete a tentativa de lobrigar essa dinâmica, enfocando a xenofobia enfrentada pelos imigrantes venezuelanos em Boa Vista. A segunda delas destaca a relação dos imigrantes venezuelanos com o sistema de saúde de Roraima. Ambas buscam compreender a inter-relação da migração com a vida cotidiana da capital Boa Vista e sua transformação cultural. A partir destas pautas iniciais, foram identificadas e construídas outras pautas num processo de interação com os leitores e com os próprios imigrantes. Com a adoção da plataforma "blog" surgiu também a necessidade de ajustar as pautas e personagens utilizados. O blog precisava ser alimentado com maior frequência que a edição de um jornal e o conteúdo pautado precisava conversar com as redes sociais, apresentando muito mais dinamismo na forma de publicação. Evidentemente, como em todo o blog, este é um processo em construção. Foram lançadas as primeiras pedras, seus alicerces fundacionais, a partir do qual serão esboçados conteúdos que dizem respeito à migração contínua de indivíduos de outros países e outros estados. A escolha das primeiras pautas que receberiam um tratamento jornalístico dentro do blog foi feita a partir da observação das matérias publicadas pelos grandes veículos de imprensa e intentaram produzir um novo enfoque sobre a migração. Este novo enfoque permitiria construir relações mais abrangentes com os migrantes e os leitores e impulsionar, assim, a formação de novas pautas. As matérias já construídas, no que diz respeito ao planejamento e execução do conteúdo, encontraram problemas em virtude dos ruídos na comunicação com os estrangeiros e a sua resistência e receio em se manifestar. Aos poucos, através da insistência no diálogo, esta situação foi contornada e todos os integrantes do grupo, postando na forma de rodízio, conseguiram depositar ao menos uma matéria no espaço do blog. Quanto às abordagens jornalísticas usadas na construção da primeira matéria, serviram para que os próprios receios e preconceitos dos integrantes do grupo pudessem ser colocados em suspensão e refletidos mais ativamente. Este é, aliás, o primeiro postulado no exercício jornalístico: a fuga do preconceito através do diálogo com aquele que constantemente não é ouvido. É o Outro, a experiência de alteridade, que permite uma reconstrução de nossa própria individualidade, inclusive aquela que é embutida na matéria jornalística. Mesmo com essa tentativa de abrir-se ao diálogo e ouvir o Outro, os entrevistados constantemente fugiam de determinados temas receando que isso pudesse prejudicar as suas imagens. Várias ações policiais, inclusive abordadas pelas matérias do blog, intentaram deportar venezuelanos ou impedi-los de trabalhar em alguns locais da cidade. Aqueles que passaram pela peneira, constantemente são explorados na forma de subemprego ou sofrem o preconceito diário comum àqueles que são apátridas. Todos estes são temas profícuos explorados pelo blog através de pautas jornalísticas. Apesar da complexidade da construção destas pautas e da interação com grupos bastante diversificados entre si, a produção jornalística buscou seguir tanto quanto possível a adoção de linguagem de fácil compreensão e a interação ativa com todos os grupos potenciais de leitores. Isso feito sem nunca se afastar dos postulados éticos profissionais do jornalismo, sobretudo no que diz respeito a fornecer voz a quem não se pode fazer ouvir.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A equipe escolheu utilizar como identidade visual do blog Fronteiras uma arte desenhada e renderizada no programa CorelDRAW X5 pelo artista Raphael Michels, aluno do curso de Letras da Universidade Federal de Roraima  UFRR. A imagem é composta pela imagem do mapa de Roraima e rodeada de diversos símbolos que representam as culturas estrangeiras que convergiram para formar a identidade multiétnica da região. A paleta de cores utilizada tem como intenção principal trazer leveza para o blog. Essa construção facilita a navegação do internauta, partindo do pressuposto de que ele dificilmente detém sua atenção em cores extravagantes e chamativas que destoem da forma como os temas são apresentados. Além disso, a paleta de cores também enfatiza características predominantes do território roraimense, como a rica vegetação amazônica representada pela cor verde que cobre a figura do mapa do estado. O acesso à plataforma é dinâmico e de fácil navegação. Com o blog aberto, o leitor encontra na parte superior o menu principal com abas que podem direcioná-lo para diferentes páginas do blog. A primeira aba é denominada "Início" e nos dá acesso à página inicial, onde estão publicados os posts mais recentes. A segunda aba "Sobre", direciona o leitor para a página onde estão fixadas as informações com o objetivo do blog e o conceito do nome. Por sua vez, a terceira aba "Contato" possibilita que o leitor do site possa enviar mensagens com sugestões para a equipe do blog. Nesta aba o leitor deve preencher suas informações básicas como nome e e-mail antes de inscrever o conteúdo da mensagem que deseja enviar. As mensagens enviadas nesta aba são direcionadas ao endereço de e-mail gerenciado pela equipe do "Fronteiras". Por fim, a quarta e última aba "Facebook" é responsável por direcionar o usuário ao perfil de Facebook do blog Fronteiras, onde são encontrados posts que fazem alusão àqueles inseridos no blog. O menu lateral é composto por uma ferramenta fixada denominada "pesquisa". Nessa barra o usuário do blog pode realizar pesquisas por conteúdos que foram publicados no "Fronteiras". Nesse menu também podem ser encontrados widgets ( interface gráfica do usuário que inclui janelas, botões, menus, ícones, barras de rolagem, etc) de um calendário e uma ferramenta que disponibiliza os posts mais recentes, denominada "Tópicos recentes". Também fixada na barra lateral, existem dois widgets responsáveis pelas redes sociais, um desses "Siga-me no Twitter" mostra uma caixa com os últimos tweets do perfil do Twitter do blog e o último reúne as redes sociais (Facebook e Twitter) da equipe do "Fronteiras", designada como "Social". O site conta ainda com redes sociais oficiais onde são compartilhados conteúdos que dialogam com as publicações do blog. De acordo com uma pesquisa realizada durante todo o ano de 2015 pela organização We Are Social, o Brasil é o país que mais passa tempo na internet e o segundo que mais acessa redes sociais. Isso significa que um brasileiro gasta em média três horas e 20 minutos por dia navegando. Por esse motivo optou-se por utilizar as redes sociais como plataforma de divulgação do conteúdo publicado no blog, ajudando a multiplicar os acessos ao site de uma forma gratuita e muito mais interativa. Como sugere, nesse sentido, Pollyana Ferrari: "A fidelidade do provedor de acesso, que por muito tempo garantiu seus usuários no portal, também virou coisa do passado. Hoje, o provedor não importa, o que importa é achar o que procuro e ser achado nas redes sociais" (FERRARI, 2015, p. 21). As postagens nas redes sociais incluem chamadas com links para os posts do "Fronteiras", compartilhamento de assuntos que se assemelham ao publicado no blog, fotos de divulgação e interação em tempo real com o público usuário do blog. Entre os conteúdos publicados, dois ganham destaque: na primeira matéria a equipe se depara com casos de xenofobia enfrentados pelos imigrantes venezuelanos. O delineamento e execução desta pauta tomou como ponto de partida o silêncio da mídia tradicional local sobre a xenofobia. Assim, procurou utilizar uma "suspensão do cotidiano" para alcançar temas e argumentos ignorados pelo trabalho cotidiano da mídia de pedigree (MORETZSCHON, 2007). Durante a produção desta reportagem foi possível entrar em contato com a dor dos personagens durante o relato de diversos casos de preconceito, além da dor daqueles que são amigos ou próximos dos estrangeiros e que compartilham, de alguma forma, os danos causados pela discriminação. Na segunda matéria, buscou-se destacar como o Sistema Único de Saúde, disponível só no Brasil e "gratuito", salvou a vida de muitos venezuelanos, levando em consideração que as unidades hospitalares da Venezuela são pagas, não possuem insumos hospitalares, nem instalações dignas. Esse conflito evidenciou um segundo problema, a carestia de leitos hospitalares para os indivíduos nascidos no Brasil, em virtude da maior urgência dos problemas de saúde dos venezuelanos. As reportagens foram concebidas de maneira empática, buscando ouvir sem se limitar a um roteiro prefixado ou a uma pauta imóvel. A partir destas primeiras pautas, exploradas sempre de forma jornalística, foram se desdobrando inúmeras outras possibilidades de construção noticiosa, tanto na forma de comentários de leitores, de leitura de conteúdos presentes na mídia tradicional e da interação com os próprios imigrantes. As pautas se dinamizaram e abrangeram um enorme universo de matérias que, por motivos óbvios, não puderam ser exploradas até o término e depósito deste paper. Elas envolvem o preconceito contra praticantes de umbanda que descendem de migrantes da Guiana, a sobrecarga dos hospitais locais devida ao fluxo de venezuelanos com graves problemas de saúde, as formas de exclusão e depreciação dos migrantes pobres de ambos Venezuela e Guiana, as artes de rua de grupos de migrantes, a aclimatação dos médicos cubanos radicados no estado, os indígenas estrangeiros ou de outras regiões de Roraima que mendigam na cidade ou se alimentam no lixão de Boa Vista e, enfim, todas as estratégias de sobrevivência, interação e, sobretudo, recriação da cultura em local estrangeiro. A compreensão teórica destes processos, para nós, equivale ao que Stuart Hall sugeriu sobre o estrangeiro: o indivíduo que está em processo de constante conflito com uma cultura no bojo da qual não nasceu, que é afastado, desenraizado, e sua falta de raiz é aquilo que demarca um estigma (2006).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O blog Fronteiras pretende ser um espaço para suprir lacuna na produção jornalística em Roraima: a questão migratória e a composição multiétnica da cultura local. Muito embora sejam comuns os movimentos e programas que busquem dar visibilidade à cultura de Roraima, é pouco frequente a ênfase nos movimentos migratórios para a composição e dinamização dessa cultura, ou mesmo a íntima dependência dessa cultura com relação à migração. A opção pelo blog tem como intuito apresentar um espaço de interação mais dinâmico com os leitores e mesmo com os indivíduos abordados nas pautas, fornecendo, ao mesmo tempo, um arquivo para a compreensão do problema migratório que tenha abrangência historiográfica. O blog Fronteiras tem, a partir disso, como escopo principal fornecer um espaço de fala para aqueles estrangeiros que são negligenciados, ou então são vistos de forma bastante pejorativa e discriminatória pela população local e, ao mesmo tempo, evidenciar o caráter mestiço e mutante da identidade amazônica no extremo norte do país.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">MORETZSCHON, Sylvia. "Jornalismo e esclarecimento: um cotidiano exercício de suspensão". IN Revista Unisinos, 2007. Disponível em revistas.unisinos.br/index.php/versoereverso/article/view/7234<br><br>HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidade e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003.<br><br>MEDITSCH, Eduardo. O Conhecimento do Jornalismo. Florianópolis: Editora da UFSC, 1992.<br><br>FERRARI, Pollyana. A Força da Mídia Social. 2 ed. São Paulo: Editora Estação das Letras e Cores, 2015.<br><br>FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. 3 ed. São Paulo: Editora Contexto, 2006<br><br>JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2 ed. São Paulo: Editora Aleph, 2009.<br><br> </td></tr></table></body></html>