ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00695</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO16</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Outro Dia: uma reflexão sobre a Reforma da Previdência</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Adnes Brena da Silva sousa (universidade federal do pará); Edielson Vidal Shinohara (universidade federal do pará); Victória Ribeiro de Oliveira (universidade federal do pará); Ronaldo Palheta da Silva (universidade federal do pará); Célia Regina Trindade Chagas Amorim (universidade federal do pará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Documentário, Reforma da Previdência, Periferia, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O curta-metragem Outro Dia, produzido como trabalho final da disciplina Documentário em Telejornalismo, da Universidade Federal do Pará, foi desenvolvido com o objetivo de fazer uma reflexão sobre a Proposta de Emenda Constitucional nº 287/2016, apresentada pelo governo de Michel Temer. Para isso, toma-se o contexto social de dois trabalhadores residentes na periferia de Belém do Pará, um estudante de 15 anos; e uma mulher de 49 anos, esta sempre atuou no mercado informal. O produto destaca em sua narrativa os prejuízos causados a ambos, caso a  PEC 287 seja aprovada. A obra contribui com a difusão de ideais de preservação dos direitos trabalhistas da população brasileira, especialmente de pessoas que vivem em áreas periféricas do país. Como referencial teórico destacam-se os estudos sobre documentário de Bill Nichols (2005), Sérgio Puccini (2009) e Robert Musbuger (2008), etc.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A proposta de Emenda Constitucional (PEC nº287/2016), proposta pelo Governo Federal, no mandato de Michel Temer, apresenta a justificativa de reformar a previdência pública vigente para equilibrar financeiramente o País. Não obstante, as alterações sugeridas no documento prejudicam grande parte da população brasileira, restringindo-a de direitos já conquistados por várias gerações. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE, 2017), além de reduzir significativamente o valor das aposentadorias, a proposta prorroga o início do recebimento do benefício.  A imposição combinada de idade mínima de 65 anos e de tempo mínimo de contribuição de 25 anos coloca um obstáculo significativo ao direito social básico de gozar a aposentadoria. Com a grande flexibilidade do mercado de trabalho brasileiro, em que prevalece a alta rotatividade de trabalhadores, e com o elevado grau de  informalidade e nível e duração de desemprego, é muito difícil acumular 25 anos de contribuição, o que deixará grandes contingentes de trabalhadores desprotegidos no fim da vida laboral, assim como a suas famílias . (DIEESE, jan. 2017, p. 25) Embora a referida PEC prejudique diversos setores trabalhistas do Brasil, o Outro Dia aprofunda a discussão sobre o tema retratando as perspectivas específicas, de dois trabalhadores belenenses. Criado pela CYN Produções, coletivo independente de produção audiovisual, fundado por estudantes de Comunicação Social da UFPA e desenvolvido para a disciplina Documentário em Telejornalismo, ministrada pela professora Célia Trindade Amorim, no segundo semestre de 2016, a obra conta a história de Rosimeire da Luz, 49 anos, atendente em uma lan house e Cyber Café e seu filho, Ulisses da Luz, 15 anos, inserido no mercado de trabalho, por meio do programa Jovem Aprendiz, contribuinte da Previdência Social há, aproximadamente, um ano. Ambos são moradores do bairro do Benguí, localizado em região periférica de Belém-PA. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">2.1 Objetivos geral - Promover o debate e fomentar o pensamento crítico acerca da PEC 287, retratando na sua centralidade histórias de dois belenenses que serão prejudicados pelas propostas impostas pelo governo federal caso a PEC venha a ser aprovada. Ademais, o documentário objetiva também colocar em pauta a Reforma da Previdência, proporcionando ao espectador um estado de reflexão sobre seus direitos trabalhistas, evidenciando histórias de luta, sob o olhar de personagens que vivenciam as realidades da periferia belenense. 2.1 Objetivos específico - Narrar histórias de vida de Rosimeire Luz e seu filho Ulisses Luz, abordando o cotidiano trabalhista desses sujeitos e a relação com o atual período de reforma previdenciária. A proposta é reverberar suas vozes, para que compartilhem suas realidades e a forma como são vivenciadas, especificamente Rosimeire Luz, que trabalha desde muito cedo e cria os filhos sozinha, representando, nesta obra, o perfil de relevante parcela da população feminina e periférica dos grandes centros urbanos, com o intuito de aproximar o espectador do tema, proporcionando o reconhecimento ou seu oposto, diante das situações apresentadas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A personagem Rosimeire da Luz representa um perfil social que tem crescido nos últimos anos no país. De acordo com o último levantamento do Instituto de pesquisa Econômica Aplicada, realizado em 2015, 29,1% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres entre 49 e 59 anos. Esses dados podem ser ainda mais interessantes quando percebe-se a classe social de grande parte dessas mulheres e os trabalhos que elas desempenham. Muitas vezes, elas são a única fonte de renda da família. É válido lembrar que em países como o Brasil, há diversas formas de preconceito vigentes que atacam de forma física e simbólica várias pessoas, como as mulheres todos os dias e, dependendo de outros fatores, pobres, negras e moradoras de periferia. Nesse contexto, as relações sociais tornam-se muito complexas, do ponto de vista de igualdade de direitos que resultam em má distribuição de renda e falta de oportunidades, como corrobora o economista Cláudio Putty, entrevistado do Outro Dia.  Se parte do pressuposto que as mulheres são formalmente iguais aos homens, quando nós sabemos que a vida das mulheres no mercado de trabalho, além do machismo, além do assédio, além de tudo, pelas responsabilidades adicionais que a mulher tem na sociedade, ela não pode ser equiparada, principalmente em um país como o Brasil, sob as mesmas regras previdenciárias. (PUTY, Cláudio. OUTRO DIA: depoimento, 2017. Entrevista concedida à equipe do trabalho.) A questão da idade, como é citado pela personagem Rosimeire Luz no documentário, também deve ser levada em consideração. Isso porque muitas mulheres que já passaram dos quarenta anos de idade, mesmo tendo experiência em qualquer atividade profissional, são preteridas por mulheres mais novas, um peso a mais na luta diária por condições de vida melhores. E como abordado na produção audiovisual, o filho dela, Ulisses Luz também trabalha no sistema de jovem aprendiz, o que ajuda na complementação de renda. O sistema de estágio nessa categoria começou no ano de 2005 e insere esses jovens cada vez mais cedo no mercado de trabalho, amparado pela lei 10.097, de 19 de dezembro de 2000, esta lei determina que empresas de médio e grande porte contratem jovens com idade entre 14 e 24 anos, por um período de 6 a 24 meses. Se por um lado, projetos como esse ajudam os jovens, principalmente de classes sociais mais desfavorecidas, a complementar a renda familiar, por outro é questionável o fato de as empresas conseguirem uma mão de obra mais barata para o desempenho de determinadas funções. Além disso, retiram horas de estudo de adolescentes que deveriam se dedicar mais à educação. Desta maneira, o documentário Outro Dia revela como pessoas nessas situações trabalhistas estão se sentindo com a iminência da aprovação da PEC 287, reverberando suas perspectivas, como protagonistas desse processo social. Por outro lado, também é papel do documentário, em oposição ao conceito de imparcialidade jornalística, posicionar-se sobre o assunto e promover informações sobre como a reforma pode ser negativa aos espectadores, contribuindo para a preservação dos direitos trabalhistas dos trabalhadores brasileiros. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">4.1 Pré-produção e roteiro Previamente ao início das gravações, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a linguagem documental que seria utilizada para nortear seu processo de estruturação, que abrange desde a escolha do tipo de roteiro até o período de montagem, entre as obras estudadas estão:  Introdução ao Documentário , de Bill Nichols (2005); "Filme documentário, leitura documentarizante", de Roger Odin (2012);  Introdução ao Roteiro de Documentário , de Sérgio Puccini (2009) e  Roteiro Para Mídia Eletrônica , de Robert B. Musburger (2008). Como técnica de abordagem e narrativização, utilizou-se o conceito participativo, proposto por Bill Nichols (2005).  Quando assistimos a documentários participativos, esperamos testemunhar o mundo histórico, a maneira pela qual ele é representado por alguém que nele se engaja ativamente, e não por alguém que observa discretamente, reconfigura poeticamente ou monta argumentativamente esse mundo. (NICHOLS, 2005, p.154). As entrevistas, realizadas no decorrer do processo de filmagem, são a característica mais relevantes deste modo, presente no curta, embora também seja recorrente sua aplicação, por meio da construção narrativa e argumentativa do grupo no processo de montagem. Nesta perspectiva, não há intervenção presencial, em vídeo, do diretor, consoante ao pensamento de Nichols (2005, p.159)  Nem todos os documentários participativos enfatizam a experiência ativa e aberta do cineasta ou a interação de cineasta e participantes do filme [...] . Foram realizadas várias análises de filmes, dentre ela, o média-metragem Tant Pis de Bruna Rodrigues, como uma das referências em audiovisual para a realização da obra. O documentário mostra a vida de três estudantes de Letras da UFPA, que viajaram em intercâmbio para Paris. O acesso ao vídeo se deu a partir de Maia Voleau, uma das protagonistas, que concedeu acesso ao documentário, disponível somente na plataforma privada de vídeo do Vimeo. O filme utiliza uma linguagem que cria a sensação de proximidade com os personagens, por meio da relação estabelecida entre entrevistador e personagem, revelando histórias marcantes, igualmente proposto pelo Outro dia. Ademais, realizou-se pesquisas sobre o que é a PEC 287, quais são as regras que a norteiam, e como afetará a vida das pessoas se aprovada, enfatizando as singularidades nas quais os participantes do documentário se aproximavam: Ulisses Luz que foi inserido no mercado de trabalho aos 14 anos, e no entanto só terá direito ao benefício caso venha a contribuir ininterruptamente por 49 anos e obtenha 65 anos de idade; e sua mãe Rosimeire Luz, que embora tenha começado a trabalhar aos 17 anos, possui apenas seis anos de contribuição previdenciária, em consequência das escassas oportunidades de trabalho formal da realidade brasileira, especialmente de regiões periféricas, segundo seu próprio relato.  Dificilmente eu trabalhei de carteira assinada, nesse muito tempo de vida que eu tenho [...] sendo que eu sempre trabalhei fora. Dificilmente você trabalha registrado, principalmente em bairros de periferia, como é o meu caso que moro no Bengui, é muito difícil. Aqui nas redondezas existem muitas lojas, mas é muito difícil eles possuírem um funcionário registrado. (LUZ, Rosimeire da. OUTRO DIA: depoimento, 2017. Entrevista concedida à equipe.) As pesquisas foram embasadas por estudos realizados pela nota técnica  PEC 287: A minimização da Previdência pública , do DIEESE e o texto da PEC 287. Após a finalização das pesquisas, o grupo optou pela criação de um roteiro aberto, norteando-se apenas por um cronograma de pré-entrevistas, entrevistas e captação de imagens dos personagens e imagens de apoio. Como corrobora Musburger (2008), na fase de pré-entrevistas, realizou-se um mapeamento de cada personagem, no qual foi avaliado o cotidiano, suas relações familiares, de trabalho e possíveis locações para as gravações. Segundo Puccini (2009), as pré-entrevistas também serviram para estabelecer uma relação de confiança com os participantes do documentário.  Essa estratégia cria dois momentos de entrevista envolvendo documentarista e entrevistado: a entrevista da pesquisa e a entrevista da filmagem. Muitos dos assuntos abordados na entrevista da pesquisa acabam sendo repetidos na entrevista da filmagem que pode induzir uma espécie de entrevista encenada, conduzida por um script elaborado na primeira entrevista. (PUCCINI, Sérgio, 2009, p.182) Além disso, foram formuladas perguntas básicas sobre a Reforma para o especialista em Economia, Cláudio Puty, a fim de embasar também a narrativa do filme. 4.2 Gravações e Montagem Embora o modo participativo seja predominante na linguagem estrutural do documentário, características de outros modos foram usadas para compor a obra, como o Observativo, proposto igualmente por Nichols (2005, p.148), o qual  [...] propõe uma série de considerações éticas que incluem o ato de observar os outros ocupando-se de seus afazeres  , e o Dramático, apresentado por Musburger (2008, p.125), o qual  enfatiza a realidade das pessoas ou a ação do assunto. Quanto mais o microfone e a câmera mostram o que está acontecendo sem narração, maior o impacto dramático . A dramatização proposta surge por meio do recorte das falas dos personagens atribuído às suas referentes seleções de imagens, que engloba tanto suas reações físicas durante as entrevistas, quanto momentos específicos de interação entre mãe e filho, como na cena em que os dois cantam juntos, com o intuito de lhes atribuir empatia, realizado durante o processo de edição. A montagem e finalização do documentário foi realizada pela própria equipe, a qual obteve facilidade, pois realizou imagens precisas, idealizadas ainda no processo de pré-produção.  [...] a organização inicial, feita sob a forma textual do argumento e do tratamento, permite ao realizador melhor uso de seu estoque de filme ou vídeo ao definir seu foco de interesse principal. Saber antecipadamente o que interessa filmar e como filmar impede que o documentarista desperdice tempo de filmagem com tomadas aleatórias de eventos que mais tarde durante a montagem, se revelarão de nenhum interesse para o filme. (PUCCINI, Sérgio, 2009, p.189) Efetuaram-se transcrições dos conteúdos dos áudios captados e seleções das imagens que deveriam ser utilizadas. As imagens foram captadas por uma câmera Nikon D7000 e aparatos para captação de áudio externo e iluminação. Para editar o material, utilizou-se o programa Adobe Premiere Pro CS6, o qual dispõe de recursos profissionais para a construção das narrativas da obra. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A realização do documentário se deu a partir da necessidade de discussão sobre os impactos da Reforma proposta pelo Governo. Optou-se por fazer um recorte de duas partes afetadas caso a PEC 287 seja aprovada, trabalhamos com mãe e filho, cujas realidades de trabalho são divergentes, o que acarretará em uma aposentadoria diferenciada. Composto por quatro estudantes, o grupo estabeleceu o período de filmagens, que iniciou-se em janeiro de 2017 e se estendeu até a primeira semana de março, durante dias alternados. Optou-se por utilizar como cenários os locais que fazem parte da rotina dos entrevistados. As gravações com Rosimeire da Luz foram feitas em sua casa, na feira do bairro onde mora, no momento em que comprava comida para o almoço e no seu local de trabalho, com o objetivo de retratar parte da realidade vivenciada pela personagem. Tal recurso pode ser comprovado ao longo do processo narrativo da obra, pois foi decidido contemplar inclusive a fala de Rosimeire interrompida por um atendimento ao cliente no ato do seu trabalho, para enfatizar essa realidade. Como uma parte das gravações foi realizada em área externa, devido a insegurança presente no bairro, contou-se com o apoio de segurança, efetuada por amigos dos entrevistados, para garantir o resguardo de todos os envolvidos na produção, assim como dos equipamentos que eram da faculdade e que estavam sob responsabilidade da equipe. Com Ulisses, as imagens foram realizadas em sua casa, nas ruas do Bengui, no ônibus e na empresa Docas do Pará, localizada no centro de Belém, local onde exerce o estágio como menor aprendiz. No local de trabalho de Rosimeire e do Ulisses, durante as etapas de gravação, todos se mostraram receptivos em atender a equipe, sem apresentar nenhum tipo de restrição, autorizando por escrito o uso de suas imagens. A exposição da vida dos personagens durante o documentário, possui a intenção de exemplificar a rotina que eles seguem, como desenvolvem seu trabalho e todo o percurso que precisam seguir diariamente. Para enfatizar as dificuldades que enfrentam, e como a PEC 287 tornará essa trajetória ainda mais difícil. A ideia de iniciar o vídeo com a apresentação dos personagens é criar empatia e afinidade, com uma realidade presente em diversos lugares, principalmente de pessoas que moram na periferia ou em cidades distantes do seu local de estudo e trabalho, como é o caso do Ulisses. E de alguém que possui uma rotina desgastante e não é recompensado com os devidos direitos, como Rosimeire, que não trabalha com a carteira de trabalho assinada. No documentário foi utilizado ainda, por meio da explicação sobre a Reforma da Previdência, com ênfase nas peculiaridades do caso de Rosimeire, do economista Cláudio Puty, aspectos de filmes pedagógicos, o qual, segundo Roger Odin, possui sua realização embasada pelos conceitos de um especialista.  [...] a responsabilidade do discurso é do professor, do pesquisador ou do especialista que se exprime no filme. Este personagem é responsável pela contextualização política do tema, relacionado às histórias apresentadas pelos personagens principais . (ODIN, 2012, p.20). Embora a obra possua 14 minutos e 45 segundos, existem aproximadamente 10 horas de gravações, entre entrevistas e imagens de apoio. Após a finalização da obra realizou-se uma apresentação em formato de debate em sala de aula para apresentar o produto aos estudantes da disciplina. Já está sendo organizado parcerias com instituições de ensino e associações de moradores, com o intuito de fazer exibições da obra nos próximos meses, promovendo um retorno do trabalho produzido à sociedade. 5.1 Título da obra O nome é inspirado na música Apesar de Você, composta por Chico Buarque, em 1978, período o qual diversos artistas, assim como os meios de comunicação e outros setores, tiveram sua liberdade de expressão censurada pelo poder militar instaurado no país a partir de 1964.  Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão (BUARQUE, 1970). A canção retrata a angústia vivida por diversos brasileiros durante este período, assim como a esperança da revolução popular e do fim da censura e opressão militar, como no trecho:  [...] Apesar de você, amanhã há de ser, outro dia. Inda pago pra ver, o jardim florescer, qual você não queria [...] (BUARQUE, Chico. 1970). Esta canção, escolhida pela própria personagem, Rosimeire Luz, nos aproxima de um passado não tão distante e nos obriga a refletir o atual momento do país. Durante o processo de produção do documentário o grupo possuía o objetivo de utilizar a canção para integrar a trilha sonora do projeto, no entanto até o momento de submissão do trabalho não foi possível contatar a gravadora Wrasse Records, a qual possui os direitos autorais da música. Sem a permissão expressa do Chico Buarque que interpreta a canção, não se pode utilizar a música, pois cometer-se-ia uma infração de direitos autorais, um crime previsto na Lei Nº 10.695, artigo 184, parágrafo primeiro, que pode resultar em pena ou multa contra os autores do trabalho. Além disso, inviabiliza a inscrição em festivais audiovisuais.  § 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: Pena  reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (BRASIL, 2003) Por este motivo optou-se por utilizar a música  Cambraia , de A República Imperial, com a qual o grupo manteve contato e recebeu autorização direta do uso da canção no projeto audiovisual, por meio do autor e intérprete da canção Alex de Castro.  Tenho chorado de medo, Mas faça o favor Não conte a ninguém, Tá bem? Tem gente que não vê porque Prefere não enxergar, Mas reclamar& Venho levando Vivendo a relevar Problema todo mundo tem, Mas quem tem algo a ver com isso? (IMPERIAL, A República, 2014). A escolha da canção deu-se em virtude do seu caráter igualmente contestador, no qual o autor expõe a angústia vivenciada, motivada por juras falsas, algo que se assemelha ao contexto apresentado no projeto. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A realização do Outro Dia promove reflexões a respeito da Reforma Previdenciária, proposta pelo governo vigente. Caso venha a ser aprovada no país, os trabalhadores serão duramente atingidos, dentre eles as mulheres que possuem características semelhantes às vivenciadas pela personagem Rosimeire Luz do curta-metragem. A partir dessa experiência, a equipe concretizou aquilo que se propôs a fazer: um documentário com capacidade para reverberar vozes, que são protagonistas de um processo social que atingirá uma parcela considerável da população e principalmente aquelas que mais necessitam das ações do poder público, como Rosimeire Luz; mulher e chefe de família. Construir este documentário foi de extrema importância, pois mostrou a verdadeira missão da comunicação como mediadora social, fomentando debates relevantes junto à sociedade para contribuiu relevantemente para a formação dos membros da equipe que, como profissionais da área, estarão mais sensíveis à temáticas que são invisibilizadas pelos canais oficiais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BRASIL, Lei Nº 10.695, de 1º de julho de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.695.htm>. Acesso em: 01/04/2017.<br><br>BUARQUE, Chico. Chico Buarque - Apesar de Você. Rio de Janeiro: Cara Nova Editora Musical Ltd, 1970. Disco compacto.<br><br>DIEESE. A minimização da Previdência Pública. São Paulo: DIEESE, jan. 2017. (Nota Técnica, 168) Disponível em: <https://www.dieese.org.br/notatecnica/2017/notaTec168Pec.pdf>. Acesso em: 01/04/2017.<br><br>IPEA. Retratos das desigualdades de gênero e raça. Brasília, 2004. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/retrato/apresentacao.html>. Acesso em: 01/04/2017.<br><br>LUZ, Rosimeire da. Outro dia: depoimento, 2017. Entrevista concedida à equipe.<br><br>MUSBURGER, Robert B. Roteiro para Mídia Eletrônica. Tradução de Natalie Gerhardt. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.<br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2005.<br><br>ODIN, Roger. Filme documentário, leitura documentarizante. Significação - revista de cultura audiovisual, nº 37, 2012, p. 10-30.<br><br>PUCCINI, Sérgio. Introdução ao Roteiro de Documentário - Revista digital de cinema documentário, nº 06, 2009, p. 173-190.<br><br>PUTTY, Cláudio. Outro dia: depoimento, 2017. Entrevista concedida à equipe. <br><br> </td></tr></table></body></html>