ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00760</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO16</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Noite Suja: um audiovisual sobre a nova geração de Drag Queen da capital paraense.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;ALLYSTER ALLAN LIMA FAGUNDES (ESTÁCIO PARÁ); Viviane Menna Barreto (ESTÁCIO PARÁ)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;documentário, drag queen, gênero, festa Noite Suja, audiovisua</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este projeto foi desenvolvido no 8° semestre durante a construção do trabalho de conclusão de curso, ele tem como objeto de estudo uma festa drag chamada Noite Suja. Por meio de entrevistas montou-se um documentário que mostra como nasceu o projeto Noite Suja, quem são seus idealizadores e como a Noite Suja tornou-se o cenário para o surgimento de uma nova geração de drag queens na capital paraense. O mesmo busca retratar a particularidade das drags, seu discurso político, sua relação com a sexualidade, seu entendimento sobre gênero e a forma como transitam entre o feminino e o masculino. Busca-se também entender a forma de se construir um produto audiovisual documental não ficcional e desenvolver todas as suas etapas de maneira experimental e intuitiva, partindo de um olhar sensível e pessoal.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A cultura drag vem se estabelecendo cada vez mais na cultura de massa devido a programas humanizando os artistas que as fazem. Não é recente que performistas estão introduzidos em programas de televisão, espetáculos teatrais e filmes, todavia, quase sempre são retratados de maneira preconceituosa e superficial. Em Belém esta manifestação cultural ainda não é bem assimilada pela população local, que ainda discrimina os artistas que se montam, os confundindo com pessoas transgênero, garotas de programas, por exemplo. E para que esse pensamento mude é preciso que a sociedade entenda os reais motivos que levam artistas a assumirem características de mulheres (ou de pessoas sem gênero específico) e evidenciar a comunidade como um todo qual a importância de haver festas como a Noite Suja, em uma cidade que ainda não vê drag queens como performances artísticas. O Noite Suja é muito importante para quem é drag, nós temos poucos espaços aqui em Belém e a Noite Suja é um dos poucos espaços de resistência. Pra mim a drag é construção de imagem e comportamento, quebrando com esse padronismo. É uma questão muito política. JONES, Allan / Flores Astrais, entrevistado(a) em 21 de maio de 2016/ festa Noite Suja de Gala) Com a produção de um audiovisual falando sobre drags queens de Belém em um período onde esses personagens são mundialmente enaltecidos, este projeto busca evidenciar como se processa a relação das drag queens e sua identificação com o gênero feminino e masculino, abordando os estereótipos e configuração do sujeito em relação ao personagem drag. Por entender que o audiovisual é uma arte como qualquer outra, que nos possibilitam diversas formas de concepção. Este projeto está sendo desenvolvido em todas as suas etapas de forma experimental e intuitiva, partindo de um olhar sensível e muito pessoal. A partir da relação do idealizador com o seu equipamento busca-se desenvolver uma poética e também evidenciar a transformação das drags e seu processo de montação. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como objetivo geral este projeto visa através da produção audiovisual, mostrar histórias de drag queens que frequentam da Festa Noite Suja, os seus processos de montação do personagem, sempre buscando humanizar o indivíduo, por meio da sua vivência. O resultado final do projeto será utilizado como ferramenta de esclarecimento, conscientização e divulgação da cena artística. O projeto busca também entender e evidenciar a transformação das drags, e seu processo de montação, que faz parte de uma "metamorfose", inicialmente de um corpo masculino para um corpo feminino, seus significados e a importância desse processo como parte da construção e materialização do personagem drag queen. Os objetivos específicos deste trabalho de conclusão de curso são: " Acompanhar o processo de montação do artista e qual a relação dele com a arte drag. " Entrevistar os criadores da festa Noite Suja (saber como surgiu o projeto). " Entrevistar personagens e drags que frequentam a festas Noite Suja, (saber qual visão eles possuem desse movimento artístico) " Entrevistar um pesquisador do assunto. " Utilizar o documentário como material de disseminação da cultura drag e registrar a manifestação cultural. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Documentário intitulado "Noite Suja" surge com a proposta de divulgar e enaltecer a cultura drag da cidade de Belém e, sobretudo, documentar a manifestações para que outras gerações possam usufruir para futuros projetos e também registar como o movimento se desenvolveu na cidade no contexto do século 21. Este projeto também tem como justificativa dar voz aos artistas que são marginalizados e incompreendidos pela sociedade. A razão pela qual foi escolhido produzir um documentário sobre a Noite Suja, parte da percepção de que a festa é um cenário alternativo importante, onde está surgindo uma nova geração de drags em Belém, grade parte delas são envolvidas profissionalmente ou de forma amadora com diferentes segmentos artísticos como teatro, dança, performance e artes visuais. Este referido trabalho surge também como desmistificador quando se propõe a diferenciar o artista que sem caracteriza como mulher ou outro personagem, das pessoas trans. Esta questão ainda é algo que vem sendo bastante discutido pois estes artistas ainda são confundidos com travestis e transexuais. A festa Noite Suja foi criada por Matheus Aguiar e Maruzo Costa, há quase dois anos. E tem como proposta desconstruir, ousar, divertir além de estimular o surgimento de novos performers na cidade de Belém, pregando a liberdade de expressão sem pré-conceitos ou restrições de gênero. O projeto que reúne performers, drag queens, drag kings, artistas, gente criativa e sem normatividade, teve sua primeira edição no dia 12 de dezembro de 2014, e foi realizada na casa de shows Casarão Music, com o tema "baile à montação". A gente criou esse tema "baile à montação" para lembrar algo como "domingo dançante" ou "baile dançante", pois a ideia inicial do Noite Suja, era fazer com que as pessoas fossem produzidas visualmente à festa, do jeito que quisessem e de forma livre, sem definições. (COSTA Maruzo / criador da festa Noite Suja, entrevistado em 28 de setembro de 2016) A ideia de dar o nome "Noite Suja" a festa, surgiu como uma forma de chamar a atenção e ao mesmo tempo provocar as pessoas. Segundo Maruzo Costa, "o significado do nome não está ligado a sujeira ou a lixo". O projeto não tem um período certo para acontecer, suas edições são sempre temáticas e reúne performances de artistas da cidade de diferentes segmentos. Ao logo de suas nove edições, a festa foi ganhando força e aos poucos foi sendo adotado por uma nova geração de drags que se identificavam com a proposta. Segundo Matheus Aguiar, o Noite Suja não foi concebido como um evento direcionada ao público gay, ou mesmo como uma festa drag. A ideia inicial era de propor um ambiente onde às pessoas pudessem se divertir, se entreter e ter a sensação de liberdade ao se expressarem de artisticamente. Hoje em dia a Noite Suja representa uma das faces da nova cena alternativa de Belém, e marca o surgimento de uma nova geração de drags que buscam desconstruir qualquer tipo de padronização de imagem, beleza, inclusive a padronização do que é ser drag. Ao entrevistar algumas das drags do Noite Suja percebeu-se que muitas delas buscam fazer de seu trabalho algo além de um simples manifesto artístico, mas também um manifesto político que busca provocar a sociedade e lutar por direitos e igualdade. "Nós somos resistência, nós somos combatente da homofobia, do machismo, do racismo, nós somos arte", declara a Jornalista e primeira mulher a fazer drag na Noite Suja, Monique Malcher. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A metodologia do projeto inicia com pesquisa na internet, na procura de textos jornalísticos, vídeos e imagens sobre os eventos anteriores, além de materiais sobre a cena drag queen de Belém nos anos 80 e 90. Referências bibliográficas disponibilizadas pelo orientador também foram usadas como suporte para a produção do referido artigo. Para o processo de montagem da estrutura do roteiro foram utilizadas algumas orientações disponível na internet, as mesmas se encontra disponível no blog "Um pouco de tudo". O material disponibilizado no endereço eletrônico, que se encontra anexado no referencial teórico deste projeto, ensina o passo a passo para a construção técnica de um roteiro de cinema, para filme de ficção, ao qual teve que ser adapta para que o mesmo se encaixasse na proposta de um roteiro de filme documental. É importante pontuar que ao se trabalhar com a construção de um roteiro para documentários, deve-se levar em consideração algumas questões relevantes, que o difere de um filme de ficção, como o fato de que o mesmo não é uma versão definitiva ainda na etapa de pré-produção, pois ao se trabalhar com atores sociais e fatos que serão mostrados como um recorte da realidade, não se pode pré-definir o que será dito ou relatado com exatidão em depoimentos. Sérgio J. Puccini Soares, pontua essa questão em sua pesquisa, como podemos analisar na citação a seguir. O processo de maturação de um roteiro de documentário pode ser bem mais longo que o de ficção e envolver todas as etapas de produção do filme. Essa peculiaridade é consequência da maior dificuldade de apreensão e controle do universo de representação, universo aberto e sujeito a transformações, oposto ao universo fechado e controlado da ficção. Trata-se de um gênero em que o imprevisto pode desempenhar papel tão importante quanto aquilo que é cuidadosamente planejado. (SOARES, 2007, p ,18) Na produção do documentário não se pode pré-definir como será o produto final do vídeo apenas com a criação do roteiro, o mesmo serve como um norteador e se modifica algumas vezes no decorrer do processo. Ao final se mostra diferente devido as alterações necessárias para se chagar ao resultado almejado. Em relação ao roteiro utilizado durante a festa, produziu-se um roteiro base que esteve sujeito a algumas mudanças que surgiram durante as gravações. A ideia foi deixar o responsável por captar as imagens livre para registrar as cenas da forma que o andamento da festa e os seus frequentadores assim permitissem. Esse procedimento foi pensando de acordo com o que aborda Soares, onde afirma que "Documentário é também resultado de um processo criativo do cineasta marcado por várias etapas de seleção, comandadas por escolhas subjetivas desse realizador. Essas escolhas orientam uma série de recortes, entre concepção da ideia e a edição final do filme, que marcam a apropriação do real por uma consciência subjetiva". Soares (2007). Para a produção do projeto foram realizadas reuniões com os organizadores do evento, contato prévio com os possíveis personagens que participariam do documentário e a definição de quem auxiliária no dia da gravação, na casa do personagem, no deslocamento para o Noite Suja, e durante o evento. A primeira gravação foi feita na tarde do dia 21 de maio de 2016, no apartamento do Leonardo Botelho, estudante de direito da Universidade Federal do Para, que começou a se montar no Noite Suja, e atualmente da vida a uma personagem drag conhecida como Condessa. Primeiramente foi gravado o depoimento do Botelho na sala do seu apartamento, onde o mesmo foi questionado sobre sua relação com a arte drag, como ele conheceu o Noite Suja, e a forma como isso se reflete na relação dele com seus familiares. Depois foi acompanhado o processo de montação, que é o momento que marca a transição do corpo masculino para o corpo feminino. Onde o mesmo utilizou artifícios como maquiagem, peruca, e enchimento de esponja para modificar sua imagem e dar vida ao seu personagem drag. Posteriormente foi gravado o deslocamento do personagem para a festa, e sua chegada na boate Urbano, onde estava acontecendo a 7º edição do Noite Suja, "Noite Suja de Gala" que tinha como tema, uma noite de premiações. Algumas entrevistas foram feitas em frente ao evento, com os idealizadores do Noite Suja, Mazuzo costa e Matheus Aguiar. E com as drags Sid Manequim, Sarita de Gzuis, Cílios de Nazaré, Ravenna, Flores Astrais e Mandy Roxey. Durante a festas foram feitas várias imagens de apresentações, performances e da movimentação do público dentro da boate, que serviram como imagens de apoio para a montagem do documentário. No dia seguinte foram feitas imagens da cidade de Belém, para serem usadas no vídeo como uma forma de contextualizar e localizar o espectador, sobre a região onde se passa a história. Depois desse dia de gravação foi feita a seleção de imagens e montada da pré-edição do vídeo, com as entrevistas das drags Mandy Roxey, Cílios de Nazaré, Sid Manequim e o depoimento do personagem Leonardo Botelho. Durante a decupagem (seleção de imagens), percebeu-se que os depoimentos do Maruzo costa e Matheus Aguiar, não haviam ficado com a qualidade desejada, os mesmos foram regravados no estúdio de TV da faculdade Estácio do Pará. A proposta de regravar os depoimentos em estúdio, foi pensado como uma forma de dar ao documentário maior diversidade de ambientes nas imagens. Para a gravação em estúdio foi elaborado um planejamento que envolveu a criação de um cenário e um roteiro de perguntas. O primeiro visando um apelo estético no vídeo e uma melhora na fotografia, e o segundo como um meio de direcionar e dinamizar as entrevistas. Partindo de uma pesquisa na internet por referencias de fundos cenográficos que tivessem a cor dourado, buscou-se criar um fundo brilhoso que remetesse ao ambiente de festa. O modelo que serviu de inspiração para a montagem do cenário, foi encontrado no site Pinterest, com fotos ilustrativas do DIY (Do It Yourself) "Faça Você Mesmo". Algumas folhas de papel laminado, papel kraft e tubos de cola, foram a base para construir o cenário que demorou três dias para ser feito. Fotos do item citado anteriormente estão como forma de anexo deste artigo. As entrevistas em estúdio foram feitas no dia 28 de setembro, duas semanas antes do último dia de gravação do documentário, que aconteceu na noite do dia 15 de outubro, durante a edição "Noite Suja Animalia", no Centro Histórico, localizado no bairro da cidade velha. Durante o evento foram entrevistadas as drags heroína, Ravenna, Lily Deverô, Black Jambú, Nina Marrakech, Fabritney AkaDella, Flores Astrais e Tyffany Boo. Além das gravações em vídeo, foram feitas algumas fotografias de drags que estavam presentes no evento. No momento da decupagem foi selecionada uma foto para a criação do cartaz do documentário. A imagem escolhida, um close de rosto da drag Ravenna, passou por tratamento de imagem e efeitos gráficos no editor Photoshop. O resultado final do cartaz se encontra como anexo deste artigo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O período de gravação deste projeto, teve início no dia no dia 21 de maio e se estendeu até o dia 15 de outubro de 2016, dividido em 4 dias. As gravações renderam ao documentário a cobertura de duas edições do Noite Suja. Entrevista e acompanhamento do processo de montação, gravado no apartamento do personagem Leonardo Botelho. Entrevistas em estúdio com os idealizadores da festa. E cenas externas da cidade de Belém. Entre as etapas que envolveram a construção do documentário as mais prazerosas e também trabalhosas, foram sem dúvida, a seleção das imagens e montagem do vídeo. A priori o projeto seria editado por um amigo, que cursa o 7º semestre de publicidade, e que trabalha com filmagem e edição de vídeos, porem durante o processo percebeu-se que o vídeo não ficaria da forma desejada se não houvesse uma apropriação da função de editor. Isso parte da necessidade que surgiu de imprimir um olhar particular e pessoal no projeto. Por esse motivo foi de suma importância manter-se envolvido em todas as etapas do documentário. Devido à falta de experiência com edição de vídeo, buscou-se na internet o apoio necessário para tornar real a possibilidade de editar o material. Durante o processo de pesquisa, foi utilizado o site youtube como ferramenta de aprendizado e esclarecimento de todas as dúvidas relacionadas a edição de vídeo. O documentário foi editado no programa Adobe Premiere, que atendeu as necessidades que o projeto demandou. Como trilha sonora foram utilizadas as músicas Amazônia bag bag da banda paraense Strobo e a melodia da canção Avenue da cantora dinamarquesa Agnes Obel. A ideia inicial era utilizar apenas músicas de artistas regionais que tivessem um som experimental e marcante, proposta que se encaixou perfeitamente com som de Amazônia bag bag, que mistura elementos eletrônicos e sintetizadores com ritmos regionais como carimbó. Porém o fato de inserir o instrumental da canção Avenue no vídeo, aconteceu como um processo natural, pois as músicas da Agnes Obel, foram fortes indutores no momento da criação do roteiro e concepção de ideias que foram usadas no documentário. Colocar a música no vídeo foi uma forma de preserva uma memória emotiva que se criou durante o processo. Na etapa de tratamento de imagem foram utilizados os recursos de ajuste de brilho, contraste e redução de ruídos, nas gravações feitas em ambientes com pouca luz. Para a redução de ruídos foi usado o Neat vídeo, que é um módulo de extensão pago, compatível com os programas Sony Vegas e Adobe Premiere. O mesmo foi baixado e usado conforme orientações de vídeos tutoriais do youtube, que serviram como auxílio no uso do módulo de extensão. Os únicos efeitos gráficos usados no documentário foram caracteres alfabéticos que formam palavras e sinalizam situações durante o vídeo, e ao final do mesmo definem os créditos. Enquanto recursos técnicos foram utilizados câmeras de entrada (cânon T5i e a T3i), microfones e lentes 50mm e 18-55mm. Para a parte da edição do vídeo foi usado um computador doméstico da marca hp. O projeto deste referido artigo foi pensando para ser produzido em formato de documentário, onde o cinegrafista teve a liberdade para adaptar o roteiro pré-estabelecido durante a pré-produção. Para as cenas onde foram entrevistadas as drag queens, foi produzido um roteiro de entrevistas com perguntas previamente pensadas com o intuito de auxiliar o repórter na otimização dos diálogos e também para que as perguntas não afetassem a obtenção de imagens. Também é importante destacar que este projeto foi idealizado em ser produzir por meio de audiovisual pelo fato de não haver muitos registros visuais das performances das drag queens de Belém, portanto, a intenção deste projeto é incentivar e promover a produção de documentários a respeito dos artistas da cidade de Belém. Muito do que se vê a respeito das manifestações artísticas voltadas para as drags queens da cidade são pequenos textos convidando pessoas para a festa, vídeos gravados pelo celular e hospedados no youtube e diversos artigos produzidos por blogs de Belém, como o Reduto Cult (www.redutocult.com.br) e blog Outros 400 (www.outros400.com.br). Durante a edição final do documentário, algumas partes dessas performances que estão no youtube foram utilizadas para compor o documentário, que tem 37 minutos de duração, onde mostrada a vida de um artista drag, como o mesmo começou a se montar e compor a sua persona. O documentário também pontua a importância desse movimento, que é político, social, cultural, comportamental e legitima a arte e livre expressão artística-política. O documentário foi dividido nas seguintes etapas, pesquisa, criação do roteiro, elaboração do cronograma, captação de imagens, decupagem (seleção das imagens), edição, tratamento da imagem e efeitos gráficos. O projeto foi pensado para ser produzido por meio do audiovisual por se tratar de um tema extremamente visual e também por não haver muitos registros da festa, como fotos, textos e vídeos. Durante a planejamento do projeto foi pensado o produto final como documentário pelo falo do meio possibilitar a união dos vários recursos que a festa não dispõe. Com base no estudo de Ramos (2008), Dias alerta sobre a importância de se estabelecer uma diferenciação entre o documentário e a ficção, apenas de muitas vezes os dois gêneros andarem lado a lado. "O autor reconhece que o cinema de ficção também estabelece asserções sobre o mundo, mas deixa bem claro que, "[...] ao contrário da ficção, o documentário estabelece asserções ou proposições sobre o mundo histórico", isto é, um documentário versa a respeito de fatos históricos efetivamente localizáveis na linha do tempo da história, ao passo que a ficção geralmente narra fatos que pertencem exclusivamente ao campo da imaginação" (RAMOS, 2008, p. 22 apud DIAS 2009,p.03). É importante pontuar que o documentário possui diversas formas de concepção, para a construção deste projeto foi necessário entender os seis gêneros de documentários apresentados por Bill Richols. Sendo eles classificados em poético, expositivos, participativo, observativo, reflexivo e performático. A partir do entendimento sobre os diferentes tipos de documentários, percebeu-se que estre projeto, por se tratar de um vídeo experimental, não precisaria necessariamente se limitar aos modelos apresentados por Bill Richols. Se torna importante pontuar que este projeto se dá a partir de uma linha de construção experimental e intuitiva sobre o que seria a concepção de uma narrativa documental, partindo da relação de descoberta do indivíduo com seu equipamento. Portanto neste processo de criação, mais importante do que buscar uma definição ou um modelo preestabelecido em que possa ser encaixado o projeto, busca-se aqui valorizar o processo de descoberta e de criação intuitiva e experimental. O Documentário já finalizado será disponibilizado na plataforma de vídeos YouTube (youtube.com) em 2017, sem restrições de visualizações, além disso, também será disponibilizado o link para quem desejar compartilhar em mídias sociais ou fazer downloads para futuras divulgações, apresentações, mostras relacionadas à temática. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A construção deste projeto permitiu perceber a importância do documentário como uma arte de fato, onde precisou-se partir de um olhar sensível e muito pessoal. Durante a elaboração do referido projeto ficou clara a importância de se produzir conteúdo a respeito da cena drag, sobretudo na cidade Belém, onde ainda há poucos registros circulando pela internet e muito menos documentados em forma de artigos científicos ou livros. Portanto, este produto se torna indispensável para o uso de novas gerações que virão a estudar a cena artística no contexto do século 21, com a reinserção da drag na cultura de massa, porém, de forma mais consistente e politizada. Belém vem convivendo com expressões artísticas onde as drag queens estão inseridas, um exemplo é festa profana "Chiquita", que sucede a procissão de transladação de Círio de Nossa Senhora de Nazaré e o Auto do Círio, manifestação artística realizada por artistas da cidade em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Ou seja, Belém está inserida em um contexto em que as drags estão presentes, porém de uma forma diferente do que é visto durante a Noite Suja, não as mesmas se apresentam de forma mais teatral e cômica e sim, com um cunho político e questionador. Olhando pela ótica de protesto, foi observado que ser drag é ser trangressor, é quebrar paradigmas e, sobretudo, é questionar o modo que se vive e que se enxerga o mundo. Pois as drags estão inseridas no meio do que se entente por feminino e masculino e, muitas vezes até distante do binarismo imposto pela sociedade em sua maioria heteronormativa. Ao final da execução do produto fica claro que a Festa Noite Suja não se trata de simples festa, mas se trata de um local onde pessoas podem se manifestar da forma que se sentem à vontade, sem que sejam questionadas sobre suas orientações sexuais e seus respectivos gêneros. Trata-se de um ambiente democrático onde pessoas comuns podem se o que bem entender e, assim, expressar sua arte. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALMEIDA, Juliano Nogueira de. Isto não é um filme de ficção: Bill Nichols e a introdução ao documentário. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais CEFET  MG. Revista Interdisciplinar Internacional de Artes Visuais. 2014  Vol.01 | N.02. Disponível em: < http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/sensorium/article/view/233/266> Acesso em 25 de novembro de 2016.<br><br>BELMIRO, Daniele. Reality show americano inspira nova geração de drag queens no Brasil. BBC Brasil. Disponível em: < http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160202_drag_queens_db_ab> Acesso em 29 de novembro de 2016. <br><br>COLLING, Leandro. Teoria Queer. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/0B2a3UynNKV2CNjFwOE1td3VENUU/edit> Acesso em 28 de maio de 2016. <br><br>CHIDIAC, Maria; OLTRAMARI, Leandro. Ser e estar drag queen: um estudo sobre a configuração da identidade queer. Estudos de Psicologia. Universidade Sul de Santa Catarina, Santa Catarina 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n3/a09v09n3.pdf> Acesso em: 16 de abril de 2016.<br><br>DIAS, Rodrigo. Em busca da definição: mas afinal... O que é mesmo documentário? De fernão pessoa ramos. Revista de Histórias e Estudos Culturais  Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, 2009. Disponível em: <http://www.revistafenix.pro.br/PDF19/Resenha_1_Rodrigo_Francisco_Dias.pdf> acesso em 17 de agosto, 2016.<br><br>GADELHA, José Juliano Barbosa. Performance drag queen e devir artista. XXVII Reunião Brasileira de Antropologia, Belém, 2010. Disponível em <http://abant.org.br/conteudo/ANAIS/CD_Virtual_27_RBA/arquivos/grupos_trabalho/gt15/jjbg.pdf> Acesso em 15 de abril, 2016.<br><br>JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos Brasília, 2012. Disponível em: <https://issuu.com/jaquelinejesus/docs/orienta__es_popula__o_trans> acesso em 16 de abril, 2016.<br><br>SENKEVICS, Adriano. Ensaio Sobre Gênero. O conceito de gênero por Judith Butler: questão da performatividade. Publicação online. <https://ensaiosdegenero.wordpress.com/2012/05/01/o-conceito-de-genero-por-judith-butler-a-questao-da-performatividade/> Acesso em 12 de abril, 2016. <br><br>SOARES, Sérgio José Puccini. Documentário e Roteiro de Cinema: da pré-produção à pós-produção. Tese (Doutorado)  Instituto de Artes, Universidade Federal de Campinas, Campinas, SP [s.n.], 2007. Disponível em: <file:///C:/Users/Aluno/Downloads/SoaresSergioJosePuccini_D.pdf> Acessado em 16 de abril, 2016. <br><br>SOUZA, Alberto Carneiro Barbosa de.  Se ele é artilheiro, eu também quero sair do banco: um estudo sobre a coparentalidade homossexual . Dissertação (Mestrado em Psicologia)  Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.<br><br>Um Pouco de Tudo. Como Fazer um Roteiro de Cinema. < http://aprendapoucodetudo.blogspot.com.br/2011/07/como-fazer-um-roteiro-de-cinema.html. > Acesso em junho de 2016. <br><br> </td></tr></table></body></html>