INSCRIÇÃO: 00131
 
CATEGORIA: PT
 
MODALIDADE: PT06
 
TÍTULO: O Poder de Manipulação da Mídia no Brasil
 
AUTORES: RAYANNA SIMOES E SOUZA (Universidade Federal do Amazonas); Jéssica Barbosa Salomão (Universidade Federal do Amazonas); Déborah karoline Arruda da Silva (Universidade Federal do Amazonas); Clara Toledo Serafini (Universidade Federal do Amazonas); Thayná de Albuquerque Cavalcante (Universidade Federal do Amazonas); Nicoly Nogueira Ribeiro (Universidade Federal do Amazonas); João Felipe Serrão Ferreira (Universidade Federal do Amazonas); Grace Soares da Costa (Universidade Federal do Amazonas)
 
PALAVRAS-CHAVE:  charge, jornalismo , manipulação, mídia , poder
 
RESUMO
A manipulação da informação é algo extremamente poderoso pois pode transfigurar pessoas e cenários, mudar mentes, comportamentos e causar impactos positivos ou negativos, dependendo de quem irá se favorecer, na opinião pública. Por meio da charge, será apresentada uma situação que demonstra esse controle exercido pela mídia e as maneiras de como pode-se utilizar a charge para ilustrar esse cenário constantemente vivido no cotidiano brasileiro.
 
INTRODUÇÃO
A manipulação feita pela mídia é algo que pode acontecer em qualquer lugar do mundo. As grandes potências midiáticas comandam um cenário onde as informações direcionadas à população são, em sua maioria, informações distorcidas e adaptadas para que favoreçam determinado grupo. Segundo Abramo (2003), a imprensa age como se apresentasse um fato real com o objetivo de criar uma realidade fictícia: Tudo se passa como se a imprensa se referisse à realidade apenas para apresentar outra realidade, irreal, que é a contrafação da realidade real. (ABRAMO, 2003, p.23)
 
OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo trazer à tona uma reflexão a partir do preposto acima, mostrando uma situação que ocorre com frequência, que é a manipulação midiática, através de uma charge. É apresentada neste trabalho a forma como ocorre o processo de manipulação através dos padrões de ocultação e de indução, ambos presentes na charge, que mostra o problema enfrentado no cotidiano de todos que é distrair a população de um problema com alguma notícia irrelevante que, por estar sendo transmitida em um jornal, passa a ser considerada importante. Com o objetivo de fazer com que o leitor possa refletir sobre o poder midiático, uma série de fenômenos é analisados usando o método indutivo de pesquisa, que consiste em analisar os fatos para chegar a uma conclusão.
 
JUSTIFICATIVA
Há diversas formas de manipulação usadas para distorcer determinados fatos. É importante citar que não é sempre que ocorre manipulação de um conteúdo na mídia. Porém, o uso dessas táticas de manipulação é uma realidade, tanto no impresso quanto em outros meios de comunicação. Na construção e desenvolvimento da charge, foi notado dois padrões que se encaixam na ideia que a mesma deseja transmitir. O primeiro é identificado como "Padrão de Ocultação". Segundo Abramo (2003), esse procedimento se refere à ausência e à presença dos fatos reais produzidos na imprensa. Não se tratando diretamente com o desconhecimento ou da omissão do material, mas pode ser conceituado como o total silêncio de um fato. Esse padrão ocorre no momento das decisões de uma pauta. A ocultação do real está ligada ao que é chamado de fato jornalístico. Empregados de um órgão de comunicação e empresários discutem sobre um tema, e a partir disso, utilizam a definição se o tema é um fato jornalístico ou não-jornalístico. A imprensa tem a função de escolher entre cobrir ou expor o fato jornalístico, e deixar de lado o não jornalístico. Porém, em casos como esse, a atenção não está direcionada para um objeto de observação, e sim em um sujeito observador e sua relação na qual é estabelecida com aquele. Portanto, não há como o leitor tomar conhecimento da existência de tal padrão por meio da imprensa, já que a mesma consegue fazer um fato real ser eliminado da realidade ou transforma um fato real em algo ficcional para atrair os olhares do público. O segundo padrão identificado é chamado de "Padrão de Indução". Abramo (2003) diz que é uma tática utilizada para distorcer a realidade e faz com que a população à condição excluída da possibilidade de ver e compreender a realidade real e a induza a ver outra realidade, uma ficcional. Essa estratégia não consegue se estruturar sozinha, precisa do apoio de outros órgãos de comunicação dos quais tem contato, a partir disso, é perceptível os planos de produção jornalística como parte da indústria cultural e do empreendimento empresarial-capitalista. A indução também pode se apresentar pelo reordenamento ou por um contexto reestruturado de elementos da realidade, por aquilo que é dito sem ser falado, como a diagramação de manchetes, notícias, comentários, pela ausência e presença de temas. Depois que a realidade é distorcida e recriada ficcionalmente, a mesma é dividida em dois lados, sendo uma realidade do Bem ou realidade do Mal, e o leitor é induzido a acreditar naquela realidade mantida artificialmente pelo veículo de comunicação.
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Com o objetivo de fazer com que o leitor possa refletir sobre o poder midiático, uma série de fenômenos e analisados usando o método indutivo de pesquisa, que consiste em analisar os fatos para chegar a uma conclusão. A natureza deste trabalho tem por intuito analisar o processo de manipulação midiática, através de pesquisa qualitativa, que objetiva expor a qualificação dos dados coletados. Isso porque a pesquisa qualitativa é um método de investigação científica que se foca no caráter subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e experiências individuais, por exemplo. A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento, etc. (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 269)
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Nada mais contemporâneo do que a ocultação de fatos pela mídia comercial-burguesa em benefício de pequenas parcelas da população. A mídia de fato é o quarto poder, mas ela não é uma força independente e diversas vezes foge do seu papel social, de informar a todos a verdade, por conta disso. Quem controla a mídia tem praticamente todo o poder aquisitivo em mãos, uma vez que por mais que a realidade seja uma, o que passa na televisão, o que está sendo noticiado nos jornais e o que está na internet é o que compõe a realidade na qual o povo acredita. Entre as diversas formas de manipulação manobradas pela grande mídia, a mais comum no jornalismo brasileiro é a manipulação da informação, como explica Perseu Abramo. Em meio a realidade construída pela mídia, aos poucos o leitor deixa de existir em uma realidade real, para existir em uma realidade irreal, onde os fatos têm apenas uma relação vaga com a realidade e então, a maior parte dos indivíduos vive inconscientemente em um mundo inexistente. Por exemplo, a mídia consegue ser racista em muitos aspectos mas ao mesmo tempo, consegue afirmar que o Brasil não é um país racista. Se os fatos não forem transmitidos ou ainda, se eles forem transmitidos apenas parcialmente, a realidade passa a não corresponder com o real, mas as pessoas agem como se o fosse, logo a mídia modifica a realidade, criando uma realidade fictícia. Esse tipo de manipulação também está presente na charge, ainda que o tipo predominante seja o padrão da ocultação, definida por Abramo (1988) como: É o padrão que se refere à ausência e à presença dos fatos reais na produção da imprensa (...) é um deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade. Esse é um padrão que opera nos antecedentes, nas preliminares da busca pela informação (...) Esse tipo de padrão é movido pelas, principalmente, pelas relações entre jornalistas e empresários, a fim de separar fatos jornalísticos, de fatos não-jornalísticos. No entanto, um fato jornalístico não está no fato, e sim na relação do sujeito com ele. Portanto, se o fato jornalístico depende da relação do sujeito com ele, a realidade passa a ser moldada de acordo com a linha editorial dos jornais e meios de comunicação. Por exemplo, na charge é possível ver no primeiro quadrinho que algo está acontecendo com as pessoas e tem relação com a empresa Golden Juice. Em seguida, no segundo quadrinho um esboço de uma produção de um jornal e alguém de maior poder impedindo o jornalista de publicar o fato. Se o jornal tem como grande patrocinador a empresa e decide não publicar a notícia, existe um padrão de ocultação. E logo no quadrinho seguinte, o que passa na televisão da família não é o grande caos causado pela empresa, mas sim uma notícia totalmente irrelevante frente aos fatos do momento. Na charge também vemos o padrão de indução, em que o leitor é "levado a ver não o mundo como ele é, mas como querem que o veja" (ABRAMO, p. 33) e isso fica claro, no pequeno machucado na mão do homem sentado à esquerda e da serenidade da família frente ao apocalipse que está acontecendo bem ao lado da televisão deles, mostrando o contraste de realidades O fato real ausente deixa de ser real para se transformar em imaginário. E o fato presente na produção jornalística, real ou ficcional, passa a tomar lugar do fato real e a compor uma realidade diferente da real, artificial, criada pela imprensa (ABRAMO, 2003, p.) Como já citado por Manuel Carlos Chaparro (1988), toda notícia veiculada pela mídia tem uma intenção, seja ela de chamar a atenção do espectador para determinado assunto ou desviá-la. Por isso, tudo que sai na mídia deve ser analisado, pois o quarto poder não é composto apenas por jornalistas bem intencionados, mas também por empresários e políticos, que tem interesses e intenções com o que sai. Então, a pergunta a se fazer para se compreender a realidade deve ser "por que os empresários da comunicação manipulam e distorcem a realidade?", e a partir deste ponto surgem as discussões acerca do jornalismo que é feito hoje no Brasil e as formas de nos libertarmos desses ciclos de manipulação.
 
CONSIDERAÇÕES
Diante do exposto, conclui-se que a mídia exerce um poder enorme na formação da opinião pública, mas não exerce seu papel fundamental, que é de informar os fatos relevantes e que tenham algum impacto real na vida do cidadão comum. Ao invés disso, os jornais se preocupam mais em reportar notícias fúteis, para distrair a atenção do que realmente importa. O linguista e sociólogo Noam Chomsky listou 10 técnicas utilizadas pela mídia para manipular o público e a primeira citada é a "Estratégia da distração". Essa técnica consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e decisões tomadas, normalmente, por grandes elites políticas e econômicas. Notícias policiais sensacionalistas e dramatizadas, notícias de famosos e programas banais de TV fazem parte da manipulação e mostram a degradação da mídia. Todo esse processo funciona para beneficiar os interesses de poderosos grupos, como exemplifica a charge. Essa forma de manipulação é só mais uma das diversas estratégias utilizadas pelos meios midiáticos para moldar a opinião pública. A reflexão que se faz é a respeito do poder da mídia como uma poderosa arma que está nas mãos de pessoas mal intencionadas que podem fazer o que bem entender com a informação em mãos. A princípio, o jornalismo tinha o nobre papel de deixar a população informada a respeito de assuntos relevantes que rondavam a sociedade, hoje é usado como entretenimento negativo, fazendo com que o público feche os olhos para problemas importantes e abra espaço para que grupos políticos e econômicos ajam de acordo com seus interesses, que na maioria das vezes não visam o bem da população.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS
ABRAMO, Perseu. Padrões de Manipulação na Grande Imprensa. 2º ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.

CHOMSKY, Noam. Mídia: Propaganda Política e Manipulação. 1° ed. WMF Martins Fontes, 2013. ਀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䠀䔀刀一䄀一䐀䔀匀Ⰰ 一椀氀琀漀渀⸀ 䄀 䴀搀椀愀 攀 匀攀甀猀 吀爀甀焀甀攀猀⸀ ㄀뀀 攀搀⸀ 䌀漀渀琀攀砀琀漀Ⰰ ㈀  㘀⸀

MARCONI; LAKATOS. Metodologia Científica. 6° ed. Atlas, 2011.਀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀