ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #01779f"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00383</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Roteiro A Carta: a saúde mental na universidade</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Erlane Pereira dos Santos (Universidade Federal do Pará); Adriane Vasconcelos Jackson (Universidade Federal do Pará); Everton Pereira dos Santos (Universidade Federal do Pará); Graziela dos Santos Ferreira (Universidade Federal do Pará); Larissa Pereira Santos (Universidade Federal do Pará); Célia Regina Trindade Chagas Amorim (Universidade Federal do Pará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Documentário, Roteiro, Saúde mental, Universidade, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho apresenta o processo de construção de roteiro para o documentário "A Carta", que mostra a realidade de jovens universitários e profissionais com depressão, bipolaridade e outros transtornos. O aumento no número de pessoas que enfrentam problemas relacionados à saúde mental, dentro das universidades brasileiras, preocupa e provoca o debate sobre o papel da sociedade diante da situação. O roteiro foi elaborado para abordar o tema com sensibilidade e provocar a reflexão crítica. Para alcançar os resultados, a proposta baseou-se na combinação de encenações e depoimentos. Os autores que ajudaram na elaboração do roteiro foram Campos (2011), Saraiva e Cannito (2009), dentre outros. O documentário "A carta" foi apresentado na mostra universitária Vida em Doc, organizada para exibição dos documentários resultados da disciplina "Documentário em Vídeo Publicitário e Jornalístico".</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Debater a saúde mental de universitários e suas implicações na vida em sociedade, além de analisar a postura da Universidade Federal do Pará frente ao problema, é a proposta do documentário  A carta . O tema surge da preocupação com os estudantes que enfrentam os transtornos no âmbito acadêmico. Pesquisas revelam a proximidade entre os distúrbios e o cotidiano no meio acadêmico. Diversos são os fatores que explicam a relação. Nos últimos anos, a saúde mental do universitário tornou-se foco de atenção não só dos especialistas da área da saúde, mas da sociedade em geral. O estudante universitário está constantemente exposto a situações de estresse, como cobrança dos pais, medo do fracasso e imposições do mercado de trabalho, nas quais a atuação de fatores patogênicos sobre disposições preexistentes, ou não, pode resultar em quadros de neuroses e depressões. (REZENDE et al, 2008, p.316) Padovani et al (2014) estudaram os indicadores de vulnerabilidade e bem estar psicológicos de acadêmicos de vários cursos, de seis universidades brasileiras nos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. Os níveis de sofrimento psicológico, estresse, ansiedade e depressão foram quantificados. Para a depressão, por exemplo, de um universo de 689 graduandos, 7,26% dos estudantes se encontravam nas faixas de gravidade moderada e grave. A amostra foi composta por 3.597 alunos, acima de 16 anos, de ambos os sexos. Retratar este cenário por meio de um roteiro de documentário apresentou-se como um desafio na disciplina Documentário em Vídeo Publicitário e Jornalístico. A complexidade e relevância do tema exigiram um olhar cuidadoso para a construção do trabalho. De acordo com Saraiva e Cannito (2009, p.41),  no início, um roteiro é uma intuição, uma  convicção audaz de que há algo a ser expresso . Esta  convicção audaz de que falar de saúde mental dentro da universidade é necessário, acompanhou a equipe durante todo o trabalho, desde a pesquisa de campo até o produto final.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> O roteiro de  A carta visa provocar a reflexão sobre a saúde mental dentro do espaço acadêmico, de modo particular, na Universidade Federal do Pará. Com ênfase no cotidiano dos estudantes que apresentam os transtornos mentais, bem como nas políticas de assistência aos universitários, oferecidas pela própria instituição. Outro objetivo é sensibilizar a sociedade a repensar o modo como enxerga as pessoas em sofrimento psicológico. Esta mudança de visão não se limita ao espaço acadêmico, uma vez que muitos alunos entram na instituição com vulnerabilidade psicológica. Logo, esta conscientização deve-se expandir para outros espaços fundamentais à vida do ser humano, como o seio familiar e os círculos de amizade. O roteiro visa também despertar a atenção para as possibilidades de prevenção e tratamento oferecidas à população de forma geral, independentemente de estar ou não matriculados regularmente em uma instituição de ensino superior. Há a premissa, também, de incentivar as pessoas a buscar ajuda especializada. Isto é fundamental para garantir uma melhor qualidade de vida a quem sofre com os transtornos, e também é necessário para os amigos e familiares de pessoas vítimas dessas doenças. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> A abordagem a saúde mental é de grande relevância, pois o tema é visto por muitos como um tabu e ainda se apresenta como forte estigma social. O ambiente acadêmico não está livre deste quadro preocupante. Muitos estudantes, na tentativa de amenizar a dor, cogitam o suicídio, e casos como esse estão se tornando frequentes. Em 2017, seis estudantes do curso de Medicina, da USP, tentaram se suicidar. Por conta disso, a entrevista com uma especialista no assunto se fez necessária. No documentário, a psicóloga da Superintendência de Assistência Estudantil da UFPA, Adriana Nascimento, afirma que já houve casos de estudantes da instituição, com problemas psicológicos, que tentaram se matar. De acordo com Victoria et al (2013), no Brasil há uma escassez de estudos epidemiológicos sobre a morbidade psiquiátrica, mas o número estimado de estudantes que sofrem algum transtorno é de 15 a 25%. Victoria et al (2013) realizaram um estudo com os graduandos da UERJ, para verificar se existem diferenças nos escores de ansiedade e depressão segundo aspectos como curso, gênero e área de conhecimento, além de analisar a relação entre as variáveis ansiedade e depressão. Os resultados mostraram que todos os cursos analisados (medicina, odontologia, nutrição, serviço social, história, direito, pedagogia, letras, educação física, engenharias, física, oceanografia apresentaram escores médios abaixo do nível moderado e grave na ansiedade e depressão. Odontologia e Letras lideraram os índices de ansiedade e depressão, respectivamente. Em relação ao gênero, as mulheres apresentaram índices de depressão e ansiedade maiores que os homens. Quando se considera a área de conhecimento, o estudo revela que os índices de depressão e ansiedade seguem a ordem no ranking: área de Educação e Humanidades, Biomédicas, Ciências sociais e Tecnologia e Ciência. Em sua pesquisa, Victoria et tal (2013) aponta outros estudos relacionados ao tema que apresentam resultados similares aos seus. Desta forma, observa-se que o tema já está sendo discutido há algum tempo, no entanto, ainda é necessário ganhar mais visibilidade, não só com estatísticas, embora conhecer esses números seja vital para o sucesso das políticas de assistência social. No entanto, é necessário encontrar formas eficazes de comunicar a realidade e a importância do debate sobre saúde mental. O roteiro foi pensado com esta proposta, a de visibilizar a saúde mental e perpassar por assuntos delicados, como o suicídio no espaço acadêmico e na sociedade. Por isso, o roteiro apresenta histórias de vida de pessoas que lutam para levar uma vida normal e com qualidade, apesar dos transtornos que apresentam. As participações desses personagens são essenciais no documentário, pois além de humanizar a produção, eles trazem representatividade à proposta. O produto também apresenta os caminhos possíveis para quem necessita de auxílio, tanto para quem está dentro da universidade, quanto fora. Por isso, se apresentam os espaços da instituição que realizam atendimento à comunidade acadêmica e externa, como a Clínica de Psicologia e os Hospitais Universitários Bettina Ferro e João de Barros Barreto. No caso dos graduandos, além dos três já mencionados, ainda há opção de uma psicóloga terceirizada e o Serviço de Assistência Psicossocial (SAPS). Na entrevista, a psicóloga declara que a UFPA desenvolve parcerias com a rede pública de saúde para casos que necessitem de longo tratamento e/ou emergências psiquiátricas. Mostrar toda esta rede de apoio e atendimento é muito importante porque muitas vezes as pessoas não tem ideia das possibilidades de atendimento próximas de si.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Com a escolha do tema, após diversos debates em sala de aula, pensou-se de que forma seria possível dar vida a um documentário sobre saúde mental na universidade, de acordo com os objetivos já definidos. Nesta fase, além dos debates, foram determinantes para a construção do roteiro: leituras de apoio tanto sobre o tema quanto textos técnicos sobre documentários; entrevistas exploratórias com a assistente social da Clínica de Psicologia da UFPA, um psicólogo particular, e alunos com depressão que não participaram do documentário; e, também, assistir filmes em busca de referências audiovisuais. A principal referência foi o documentário Elena, de Petra Costa, que aborda a relação de Petra com sua irmã Elena que cometeu suicídio. O documentário fala de forma muito sensível sobre os impactos do sofrimento psicológico na vida de uma pessoa. Com auxílio e orientação da professora Célia Trindade Amorim, da mestranda que realizava estágio docência, Larissa Santos e da turma, concluímos que o uso de encenações poderia ser um recurso interessante para o roteiro e passamos a construí-lo com base nesta premissa. Campos (2011, p.330) afirma que,  narrativas em geral e roteiros em particular têm por foco as pessoas, as formas como as pessoas vivem, percebem e expressam a vida, reagem à vida e às pessoas . Certamente, esta concepção de roteiro norteou todo o trabalho, pois acima de tudo, falar de saúde mental é falar sobre o modo como as pessoas interagem com a vida, com a sociedade e consigo mesmo. A escolha dos personagens surgiu da indicação da equipe e das orientadoras. No caso de Rômulo Cardoso foi indicação da equipe, e o Tiago Martins foi indicado pelas orientadoras que já conheciam sua história, por ele ter sido aluno da Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Pará. A psicóloga Adriana Martins, na época, havia participado do programa UFPA Debate, da Rádio Web UFPA, sobre saúde mental. Deste modo, sua participação se mostrou fundamental com base no que abordou no programa. As primeiras tentativas em se escrever o roteiro não foram fáceis. O processo foi árduo e exigiu muito cuidado. Desse modo o processo de escrita do roteiro  A carta levou em consideração a exploração da memória e da dramaticidade, mas sem apelar para o sensacionalismo. O roteirista busca algo que ele não sabe de antemão o que é; como uma lembrança bem remota, algum episódio de nossa vida, algum episódio da nossa vida que  sabemos (sentimos na memória)  como muito dramático, forte, mas de imediato, não conseguimos descrever em detalhes. Escrever o roteiro é  desenvolver essa intuição , esse sentimento sobre o  ponto na memória; desdobrá-lo em seus detalhes e dramaticidade. (SARAIVA e CANNITO, 2009, p.42). Apesar de termos algumas ideias sobre o que poderíamos mostrar com as encenações, não sabíamos exatamente o que e como fazê-lo, sem cair no lugar comum de encenações demasiadamente forçadas ou sensacionalistas. A própria complexidade do tema gerou muito receio em relação a que imagens mostrar e como mostrá-las. Afinal de contas, então, o que e como encenar? A resposta veio do personagem do documentário Rômulo Cardoso, que se prontificou a escrever um relato sobre sua convivência com depressão, na forma de uma carta. Desta forma, as encenações poderiam ilustrar a carta. Não houve interferência da equipe na construção do relato. No entanto, o viés poético, escolhido pelo autor do relato, cumpriu o segundo objetivo, relacionado à abordagem do tema com sensibilidade e arte, uma vez que seu relato é subjetivo e com forte teor literário. Com a carta em mãos, o conteúdo abordava aspectos de rotina e da convivência com família, amigos e com a própria depressão, sem demarcar lugares ou pessoas. A partir daí, a equipe assumiu o compromisso de pensar criteriosamente nas imagens de apoio à carta, nas entrevistas e, assim, detalhar o roteiro. Em relação aos espaços para ilustração da carta, optamos basicamente por dois lugares: uma residência (cenário das encenações que faziam referência à casa do estudante), e a própria UFPA (nos espaços mais característicos da vida acadêmica, como a Biblioteca Central, os bosques, o Espaço Mirante do Rio e a beira do rio). A escolha dos espaços na construção do roteiro é fundamental, pois reafirma visualmente a proposta de discutir a saúde mental dentro da Universidade, mas que não está restrita e limitada à ela, por isso a importância também de fazer referência à moradia do estudante. O único cenário que foge à esta regra, foi na entrevista com o jornalista Tiago Martins, realizada em um ponto turístico da cidade de Belém (PA), a Estação das Docas. Por ser um aspecto relevante do roteiro, a narração da carta marca a opção pela voz over. No entanto, o roteiro não limita-se à esta característica apenas, pois ao mesmo tempo em que pensávamos nas imagens de apoio para a carta, vimos a necessidade de depoimentos. Além de mais um relato, desta vez de um jovem jornalista que possui bipolaridade, era fundamental também falar das políticas de assistência dentro da universidade aos estudantes com transtornos. Por isso, a entrevista com uma psicóloga da assistência estudantil foi muito importante. Assim, optamos pelos depoimentos e entrevistas, de forma que eles se cruzam no roteiro, isto é, temos a narração em voz over e diálogos imbricados. Sobre esta característica, Gaudrealt e Jost (2009, p. 98) consideram que  passar da voz over do narrador à voz in dos personagens, muitas vezes, corresponde a passar como em literatura, do discurso indireto ao discurso direto, da narrativa ao diálogo . Em  A carta , esta mudança também é acompanhada por trilhas sonoras. Campos (2011), ao escrever sobre roteiros para cinema e TV, apresenta três tipos de roteiro: dramático, épico e lírico. Com base nesta classificação, observamos que o roteiro de A carta apresenta características dos três. Em relação ao roteiro dramático, Campos (2011, p. 330) afirma que: A sequência de um roteiro dramático canônico é: apresentação de um mundo e de seus personagens centrais, surgimento do problema dramático, começo dos jogos de ações dos personagens contra e a favor do problema, complicação do problema e intensificação dos jogos de ações, confronto final, ou seja, clímax dos jogos das ações entre uns e outros personagens, seguido do desfecho, ou seja, da solução do problema e do que decorre daí (CAMPOS, 2011, p.330). Todas as sequências acima descritas estão presentes na narração do documentário, desde a tentativa de explicar o surgimento da depressão na vida do estudante, as implicações da doença em sua rotina, incluindo a convivência social, e a esperança de que seu quadro melhore com o tempo. Sobre o roteiro épico, presente em  A carta , especialmente quando os personagens Tiago Martins e Rômulo Cardoso narram suas histórias de vida, Campos (2011, p. 333) afirma que  você compõe um roteiro épico a partir da fatia de vida que pinçou, de dentro de uma massa de estória, como o principal ponto de foco do seu narrador . Sobre o roteiro lírico, Campos (2011, p.337) considera que: Num roteiro lírico, o narrador centra o seu foco não em fatias de vida nem em jogos de ações, mas na percepção, cerebração ou expressão que ele ou um personagem realizam diante de fatias de vida, jogos de ações, incidentes ou o elemento de estória que seja. Como a percepção é antecedida pelo objeto da percepção, muitas vezes o narrador começa por narrar um elemento objetivo para, em seguida, entrar na subjetividade ou na do personagem e narrar como aquele momento é percebido (CAMPOS, 2011, p.337). Em  A carta o roteiro lírico está presente na narração do relato escrito pelo estudante e narrado em voz over. Nos trechos mais abstratos, em que o estudante usa metáforas para falar da dor ou da esperança, o roteiro lírico é mais evidente justamente devido a este mergulho na subjetividade do personagem. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Saraiva e Cannito (2009, p.169) afirmam que  se o roteiro fosse uma construção, as cenas seriam os tijolos . Usando a metáfora dos autores, A carta possui 40 tijolos, que geram um documentário de aproximadamente 19 minutos. Em relação ao nome escolhido para o documentário, justifica-se que  A carta é uma referência clara àquilo que é o documentário: uma carta escrita por um universitário com depressão. Uma carta que foi escrita para a sociedade, da mesma forma como foi construído o roteiro. Essas palavras que digo fazem sentido? Achas que tenho orgulho disso? Pensa que só quero que você me olhe? Foi numa tarde dessas que as coisas mudaram. Eu ainda lembro, como não lembrar? Abra a mente por um momento e imagine: solitário na multidão. A pincelada errada no quadro e a dor... A dor de não saber se é dor! De não saber o que é real. Eu era real naquela hora? Quando vi, estava preso nos meus sonhos. Balançava e não caía nunca. Por favor acredite em mim! Eu sei que posso ser uma pessoa normal (Cardoso, 2017). O documentário começa com cenas e ambientes do cotidiano de um estudante universitário, como o seu quarto, o sair de casa, o estar no ônibus e na Universidade. Todas essas cenas são acompanhadas por uma trilha sonora. Ao fim delas, inicia a narração da carta escrita por um dos personagens do documentário. Ressalta-se que a carta tem viés poético e que ambos os personagens do documentário são escritores. A carta é ilustrada com imagens do personagem em diversos ambientes. Depois da narração do primeiro trecho da carta, iniciam os depoimentos de Tiago Martins e Rômulo Cardoso, personagens do documentário que sofrem com transtornos mentais. A partir daí, a narração da carta se intercala com os depoimentos dos personagens. Os depoimentos se voltam para a apresentação, a descoberta das doenças, o tratamento, as relações sociais, as perspectivas de futuro, e uma mensagem especial para a sociedade. Além dos jovens já citados, o roteiro apresenta também a participação da psicóloga da Superintendência de Assistência Estudantil da UFPA Adriana Nascimento, responsável pelo acolhimento dos estudantes que estão em busca de apoio psicológico. O documentário encerra com o depoimento do escritor da carta sobre a produção do relato, como uma espécie de bastidores.  A carta possui uma trilha sonora que também auxilia nas demarcações entre a narração da carta e os depoimentos. As encenações do trabalho contam com essas trilhas. Elas fazem parte de uma coleção de músicas gratuitas disponibilizadas pela plataforma digital Youtube. No decorrer do documentário são utilizadas quatro músicas: Little Drunk Quiet Floats de Puddle of Infinity (na abertura do documentário e parte I das encenações); Evenet Departure de Silent Partners (na parte II das encenações); Wind Marching for Rain de Puddle of Infinity (na parte III das encenações) e In Albany New York de The 126ers (na parte IV das encenações e cena de créditos do documentário). O documentário foi exibido pela primeira em uma mostra universitária organizada pelos alunos que participaram da disciplina Documentário em Vídeo Publicitário e Jornalístico. O evento, denominado  Vida em Doc aconteceu no dia 09 de Março de 2018, no Cine Líbero Luxardo. Atualmente, a Superintendência de Assistência Estudantil (SAEST) da UFPA tem exibido o documentário em palestras e debates sobre saúde mental com os universitários. Até o momento, já ocorreu a exibição na semana do calouro do campus de Abaetetuba. No campus de Belém, o documentário foi exibido durante a programação da Semana do Calouro do curso de Comunicação Social. Em Castanhal, a 60 quilômetros de Belém, o documentário foi exibido em uma programação importante que contou com a participação de professores, técnicos e estudantes universitários. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"> A experiência de escrever um roteiro, independente do assunto, é por si só instigante e complexa. Ela exige disciplina, pesquisa, reflexão e técnica. Quando se pensa um roteiro para o formato audiovisual, a tarefa ganha mais complexidade ainda, uma vez que, para o sucesso de um projeto de cinema ou TV, o planejamento é indispensável. E o roteiro tem o objetivo de nortear toda a produção. Exatamente, por isto, ao fazer este roteiro foi possível consolidar diversos conhecimentos fundamentais adquiridos em outros períodos do curso de comunicação social, como o ato de escrever - indispensável a jornalistas e publicitários. E ainda foi possível explorar novos conhecimentos. Outro ponto a destacar é o aspecto experimental do roteiro. A liberdade de criação, presente na mistura de encenações e depoimentos, é importante para o processo de aprendizagem e para futuras produções. A construção de um roteiro focado na saúde mental dentro da Universidade se apresentou também como um grande desafio na trajetória acadêmica dos envolvidos. Devido à complexidade do tema, e ao zelo desde o início do processo, a elaboração do roteiro foi uma das etapas mais demoradas da produção do documentário. No entanto, contou com um diferencial, talvez o maior diferencial no processo: o roteiro foi construído coletivamente. Destaca-se esta coletividade pois cada cena foi debatida exaustivamente entre a equipe, turma, monitora e professora. Sem este cuidado, de certo, o roteiro poderia apresentar graves falhas e prejudicar o entendimento de um assunto tão importante como saúde mental. Após a finalização, o roteiro foi apresentado à pessoas que trabalham com saúde mental, àquelas que têm transtornos e à comunidade universitária. A recepção positiva trouxe à equipe a sensação de dever cumprido e recompensa pela dedicação à este trabalho. Certamente, este roteiro pode contribuir com o debate e ajudar a sociedade a romper com estigmas e preconceitos que há muito deveriam estar ultrapassados.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CAMPOS, Flávio de. Roteiro de Cinema e Televisão: a arte e a técnica de imaginar, perceber e narrar uma estória. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 3ª Ed. <br><br>CARDOSO, Rômulo. [A carta]. 19 nov. 2017, Belém [para] JACKSON, Adriane; SANTOS, Erlane; SANTOS, Everton; FERREIRA, Graziela. Belém, 4 f. <br><br>GAUDREAULT, André. JOST, François. A narrativa cinematográfica. Brasília: Editora Universidade de Brasília. 2009. 228 p.<br><br>PADOVANI, ET AL. Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. vol.10 no.1 Rio de Janeiro jun. 2014. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872014000100002>. Acesso em 30 de Janeiro de 2018.<br><br>REZENDE, Carlos Henrique Alves de. ABRÃO, Carolina Borges. COELHO, Ediane Palma. PASSOS, Liliane Barbosa. Prevalência de sintomas depressivos entre estudantes de medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Revista Brasileira de Educação Médica. Vol. 32, n.3. p. 315  328. 2008.<br><br>SARAIVA, Leandro. CANNITO, Newton. Manual de Roteiro, ou Manuel, o primo pobre dos manuais de cinema e TV. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2009. <br><br>VICTORIA, Mara Sizino da et al. Níveis de ansiedade e depressão em graduandos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Encontro, Revista de Psicologia. Vol. 16, n. 25. 2013. p. 163-175. <br><br> </td></tr></table></body></html>