ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #01779f"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00387</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Documentário  A carta : a saúde mental de estudantes e profissionais em debate</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Graziela dos Santos Ferreira (Universidade Federal do Pará); Everton Pereira dos Santos (Universidade Federal do Pará); Erlane Pereira dos Santos (Universidade Federal do Pará); Adriane Jackson de Vasconcelos (Universidade Federal do Pará); Célia Regina Trindade Chagas Amorim (Universidade Federal do Pará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #01779f"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Carta, Documentário, Encenação, Entrevista, Saúde Mental</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com a finalidade de provocar reflexões e dar visibilidade a um tema pouco debatido nas universidades brasileiras, o documentário  A carta tem como argumento a história de vida de jovens estudantes e profissionais, que estão fragilizados em sua saúde mental. Muitos enfrentam bipolaridade, depressão, ansiedade e até tentativas de suicídio. Por outro lado lutam cotidianamente para superar tais transtornos. Com duração de pouco mais de 19 minutos, o documentário foi construído com recursos de narração, entrevistas e encenações - as quais foram baseadas em uma carta escrita, de próprio punho, por um estudante que vive o desafio real de lidar com os transtornos mentais no seu cotidiano. O produto audiovisual foi lançado em um cinema alternativo em Belém, e o público pôde fazer a discussão necessária sobre os estigmas que ainda prevalecem na sociedade, sobre o assunto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário  A carta surge com a proposta de ajudar na discussão sobre a saúde mental dos estudantes universitários, a partir dos próprios relatos de estudantes e ex-estudantes, além de refletir sobre como a Universidade Federal do Pará, enquanto instituição, vem tratando o tema. A escolha pela temática não foi aleatória. Ela nasce da própria experiência e convívio dos alunos integrantes da equipe na instituição. Apesar da complexidade em tratar um tema que ainda é muito estigmatizado na sociedade, o desafio foi assumido pelo grupo. Diversas pesquisas têm sido feitas sobre esta relação entre os universitários, a saúde mental e o meio acadêmico. Padovani et al (2014, p.1), por exemplo, explica: Considerando as elevadas expectativas, as demandas inerentes ao mercado de trabalho e as aspirações pelo seu futuro profissional e pessoal, comumente se encontra como resultante uma alta prevalência de problemas psicoafetivos, por vezes desconhecidos. Tal desconhecimento pode levar à desvalorização de determinados sintomas ou mesmo a tratamento equivocado. Padovani et al (2014) realizaram um estudo que tinha o objetivo de identificar indicadores de vulnerabilidade e bem estar psicológicos em estudantes de seis universidades brasileiras, três públicas e três particulares, dos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, e de diferentes cursos. Fizeram parte da pesquisa 3.597 estudantes, de ambos os sexos, matriculados em seis instituições de ensino superior distintas. Diferentes aspectos foram analisados em uma determinada quantidade de alunos. Um dos fatores analisados foi o de sofrimento psicológico avaliado em 1.403 graduandos, que revelou que 39,97% desses alunos apresentam um quadro significativo de sofrimento psicológico. Este estudo concluiu que a vulnerabilidade psicológica dos universitários é evidente, e que existe a necessidade de ampliar a discussão sobre a saúde mental, bem como desenvolver programas de prevenção e intervenção. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao abordar tais problemas psicoafetivos, o documentário tenta se aproximar de um tema real que não é desconhecido, mas que precisa da devida atenção por parte da comunidade acadêmica. Esta relação com a realidade é destacada por Soares (2007, p.39) ao afirmar que  o discurso do filme documentário tem por característica o de ser um discurso sustentado por ocorrências do real . Mesmo contando, em parte, com o recurso da encenação realizada pelo aluno Everton Santos, o documentário se assenta em histórias de vida de estudantes, cujas vozes são garantidas em toda a narrativa, por meio de depoimentos e entrevistas. Com isso,  A carta tem como objetivo provocar reflexões a respeito da realidade de estudantes universitários, que convivem com transtornos psicológicos, como depressão, ansiedade, bipolaridade e outros, ao mesmo tempo que lidam com a rotina acadêmica e sua vida pessoal. Frente ao exposto, a ideia é avançar para as possíveis soluções ou alternativas para melhorar a qualidade de vida dos acadêmicos, principalmente aquelas oferecidas pela instituição de ensino. Sendo assim, a linguagem documental se mostra importante: Por ser um formato aberto, que está sempre sujeito a interferências advindas do ambiente externo, o documentário é um gênero que exige bastante preparo para sua realização. Ao iniciar um projeto, o documentarista deve ter em mente todas as possíveis reviravoltas do filme que ocorrem no período de filmagem e se preparar para isso. O período de pesquisa, se bem conduzido e aprofundado, ajuda ao documentarista a ter noção precisa da validade de seu projeto (SOARES, 2007, p. 189) </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A realização de um trabalho com esta proposta está no número elevado de relatos de pessoas que afirmam enfrentar transtornos psicológicos na universidade, e no seu descontentamento com a falta de empatia e sensibilidade de pessoas que ainda não compreendem a complexidade dos transtornos e seus impactos. Alguns expõem suas vidas nas redes sociais ou em conversas privadas com amigos, mas nem sempre buscam ou conseguem atendimento especializado para tratamentos, devido à falta de compreensão e, às vezes, informação. Alguns estudos já comprovam essa realidade, como é o caso da Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA). De acordo com o site Conectando Universitários (2017), dos 785 pós-graduandos entrevistados da Universidade de Berkeley, 47% dos doutorandos e 37% dos mestrandos podem ser classificados como depressivos. Esse estudo complementou uma estatística de 10 anos antes, quando a Universidade concluiu que 10% dos pós-graduandos e pós-doutorandos já haviam considerado cometer suicídio. O quadro preocupante da saúde mental no meio acadêmico não é exclusividade desta instituição. Na mesma reportagem, é citado que os distúrbios mentais atingem 53% dos acadêmicos no Reino Unido, enquanto na Austrália a taxa foi considerada de 3 a 4 vezes maior na Academia do que na população em geral. No Brasil, o cenário de saúde mental dos estudantes do ensino superior ainda é investigado. O tema preocupa ainda mais quando aparece associado aos suicídios. No mês de abril de 2017, uma reportagem da Folha de São Paulo revelou que um surto de suicídios no quarto ano do curso de medicina na Universidade de São Paulo (USP) teria relação com problemas psicológicos vividos pelos estudantes. A reportagem aponta que tais casos poderiam ter sido evitados com prevenção e tratamento adequados aos estudantes. Partindo dessas observações, para retratar o tema com sensibilidade e com a profundidade que ele merecia, foi lançada a proposta de um produto audiovisual para a disciplina de Documentário em Vídeo Jornalístico e Publicitário. O próprio formato escolhido - uma carta audiovisual - permite que se explore uma das principais características de um documentário: sua subjetividade. Sobre esta importante característica do gênero, Melo (2002, p.7) afirma: Enquanto o jornalismo busca um efeito de objetividade ao transmitir as informações, no documentário predomina um efeito de subjetividade, evidenciado por uma maneira particular do autor/diretor contar a sua história. Este gênero é fortemente marcado pelo  olhar do diretor sobre seu objeto. O documentarista não precisa camuflar a sua própria subjetividade ao narrar um fato. Ele pode opinar, tomar partido, se expor, deixando claro para o espectador qual o ponto de vista que defende. Com todo os resultados observados após os processos de produção, o documentário A Carta apresenta uma forte vocação extensionista. Foi lançado ao público em um cinema de Belém, o Cine Líbero Luxardo, no último dia 9 de março de 2018, com a presença dos entrevistados que ajudaram a construir a narrativa do produto. Na oportunidade houve debate sobre a saúde dos estudantes entre professoras, alunos e público que foram prestigiar a mostra universitária. A força da narrativa e a seriedade com que foi tratado o tema levaram à Pró-Reitoria de Extensão da UFPA a solicitar dos alunos e professoras envolvidas com o projeto, uma cópia do produto com a finalidade de exibí-lo fora da sede de Belém do Pará. Neste caso, a primeira exibição ocorreu no campi de Abaetetuba, cidade a 120 quilômetros de distância da capital, de Belém, no dia 14 de março de 2018. Além disso, foi solicitado ao grupo uma nova exibição, dessa vez na cidade de Castanhal, a 60 quilômetros de distância do campus Belém, que ocorreu no dia 10 de abril de 2018, e em Soure, localizada na Ilha do Marajó, sem data definida ainda. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Após escolhido o tema, foram realizados debates em sala de aula, entre a equipe de alunos, a professora responsável pela disciplina, Célia Trindade Amorim, e a discente do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM), Larissa Santos, que estava realizando estágio-docência na turma. As discussões eram centralizadas nas estratégias a serem usadas para a execução do documentário. O Projeto, o argumento, o roteiro, a linguagem, as entrevistas, os planos, e todos os detalhes para a produção do filme eram debatidos exaustivamente. Por ser um tema difícil de ser trabalhado, uma vez que nem sempre é fácil encontrar pessoas que aceitem expor os problemas que enfrentam relacionados à saúde mental, optou-se inicialmente por não identificar os entrevistados. Por isso, um dos recursos escolhidos pela equipe foi o uso da encenação, a partir das entrevistas com os personagens. Também foram realizadas entrevistas de caráter exploratório com psicólogos e pessoas que apresentam as doenças (que não participaram do documentário) como uma forma de entender melhor o assunto para depois retratá-lo no formato audiovisual. A partir de um mapeamento feito pela equipe, buscou-se pessoas que tivessem depressão, ansiedade e outros transtornos. A partir deste mapeamento, definiu-se os dois personagens principais. Além de definirmos também a participação da psicóloga da Superintendência de Assistência Estudantil da Universidade Federal do Pará (Saest-UFPA), que é responsável pelo acolhimento dos estudantes que procuram o espaço em busca de ajuda psicológica para os mais diversos problemas. A equipe entendeu que abrir este espaço para a Instituição era importante como uma forma de mostrar caminhos e possibilidades para a comunidade acadêmica. A princípio, seria preservada a identidade dos entrevistados. No entanto, no próprio contato com os personagens, eles optaram por  mostrar a cara porque isto era importante para o próprio processo de empoderamento dos que enfrentam as doenças mentais. Assim, diante da própria vontade deles, os depoimentos fariam parte do produto e as encenações poderiam ilustrar a carta. Logo, o documentário em questão apresenta características que podem enquadrá-lo como um documentário contemporâneo. Sobre este tipo de documentário, Silva (2012, p. 21) declara: O documentário contemporâneo coloca seus personagens em foco, pronto para escutar suas histórias, sejam elas reais ou inventadas. Invade o ambiente natural dos sujeitos filmados, cria uma cena e provoca uma reação. Ao assumir a utilização de encenações e sua representação subjetiva de mundo, esses filmes diluem as fronteiras entre ficção e documentário e abalam a crença do espectador diante da imagem audiovisual, deixando dúvidas a respeito da construção documental e da pureza do cinema. Com estas definições iniciais, e com a entrega da carta do primeiro personagem, a equipe começou a escrever o roteiro, ao mesmo tempo que definiu os locais de gravação e providenciou as autorizações de imagem dos entrevistados e dos locais de gravação. Ressalta-se que todas as entrevistas foram realizadas com autorização prévia dos entrevistados, e a devida explicação sobre a finalidade do projeto. Os termos de autorização foram assinados e, no final de cada gravação, também solicitava-se o registro em vídeo da autorização. Os equipamentos utilizados para gravação pertencem à Faculdade de Comunicação da UFPA e consistiram em duas câmeras Nikon 5300, e gravadores Zoom. Para as entrevistas foram utilizados microfones lapelas acoplados nos gravadores e depois sincronizados na edição. As gravações começaram no dia 02 de Dezembro de 2017, na Estação das Docas, ponto turístico de Belém, com o segundo personagem do documentário. Gravamos com ele em um segundo momento em seu local de trabalho no dia 14 de Dezembro. Nos dias 09 e 16 de Dezembro, gravamos as encenações na residência cedida por familiares de um dos membros da equipe. Esta residência foi o cenário da casa do personagem interpretado também por um dos membros do grupo. Por fim, as demais gravações foram realizadas na UFPA em diferentes lugares como o Espaço de Ensino Mirante do Rio, a Biblioteca Central, a Beira do Rio, e os bosques da instituição, no período que foi do dia 18 de Dezembro de 2017 ao dia 15 de Janeiro de 2018, dentro do período letivo de 2017, que se estendeu até o ano seguinte. Sobre a encenação, deve-se destacar que tal escolha exigiu todo um trabalho de preparação de cenário, escolha de figurino e construção do personagem. Ressalta-se que o integrante da equipe responsável pela atuação, o estudante Everton Santos, não é ator profissional ou estudante de teatro. Portanto, teve que dedicar tempo para estudar as cenas e a construção do personagem. Os quatro integrantes fizeram todas as filmagens do documentário. E durante essas gravações, especialmente nas cenas encenadas, buscamos diversidade de planos e movimentos de câmera. Optamos por planos gerais, médios e fechados. Sobre os planos, Pizani (2016, p. 13) afirma que: O plano é a  unidade básica da linguagem da imagem em movimento . Ao registrar um movimento é preciso definir a relação espaço-tempo: o que vai ser mostrado e quando vai durar esta exposição. Os planos gerais têm caráter informativo e servem para descrever a ação ou localizar o contexto geral de uma situação. Os planos médios são bons para cenas com diálogos. Os planos mais fechados acentuam as emoções do personagem Em relação ao movimento de câmera, buscamos fazer imagens com a câmera fora de um suporte fixo em busca de maior dinamismo, uma vez que, de acordo com Pizani (2016, p.12),  o movimento de câmera transmite as emoções, comunica as ideias e, em sintonia com a música, forma uma narrativa expressiva, que evoca emoções e reações . Já, nas entrevistas, optamos por imagens estáticas e por planos que captavam o personagem do peito para cima. Em raros momentos usamos plano detalhe nas entrevistas. Sobre as dificuldades nas gravações, é importante destacar o controle da luz e do ruído em ambientes externos, especialmente nas cenas de entrevista com os personagens, nas quais escolhemos filmar ao ar livre. Destaca-se que alguns efeitos como o  desfoque já estavam previamente definido e presente no roteiro. Em relação à trilha sonora, seu papel é fundamental na construção da narrativa. De acordo com Alves (2012, p. 90),  o termo trilha sonora não é sinônimo apenas da música do filme. No universo cinematográfico vários são os componentes sônicos que amplificam as possibilidades criativas de realização audiovisual . Desta forma, buscou-se uma diversidade de elementos que pudessem possibilitar experiências para quem assiste o produto, desde narração em off, um conjunto de músicas instrumentais disponíveis gratuitamente na plataforma youtube, o som ambiente das entrevistas, e o próprio silêncio. O off da carta foi gravado no estúdio do laboratório de rádio da Faculdade de Comunicação, e editado posteriormente no programa Sony Sound Forge. A edição do documentário foi realizada por meio do programa Adobe Première e contou com a participação da equipe e dos técnicos Carlos Roosevelt e Igor Gurjão, pertencentes ao quadro funcional da Faculdade de Comunicação. Em conjunto, a edição foi realizada no período de 19 a 31 de Janeiro. A identidade visual do documentário, feita pela aluna-integrante Adriane Jackson, foi construída no software Adobe Illustrator, usando tipografia que se assemelha a escrita e fundo que remete a uma carta. As tituleiras usadas no documentário foram criadas também para remeter à escrita e a um pedaço de folha de papel.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O modo como tratar o tema foi um dos principais desafios enfrentados. De imediato, viu-se a necessidade e o desafio em explorar o assunto com sensibilidade. O recurso que mostrou-se adequado a esta finalidade foi a carta audiovisual. O primeiro personagem, o estudante Rômulo Cardoso, aceitou participar do documentário e prontificou-se a escrever a carta em um formato livre, retratando como é conviver com os seus transtornos. Esta carta é a base do documentário, e narra de forma poética como ele enxerga e convive com a depressão: Essas palavras que digo fazem sentido? Achas que tenho orgulho disso? Pensa que só quero que você me olhe? Foi numa tarde dessas que as coisas mudaram... Eu ainda lembro, como não lembrar. Abra a mente por um momento e imagine Solitário na multidão A pincelada errada no quadro E a dor... A dor de não saber se é dor! De não saber que o que é real Eu era real naquela hora? Quando vi, estava preso nos meus sonhos Balançava e não caía nunca Por favor acredite em mim! Eu sei que posso ser uma pessoa normal Eu só não consigo levantar da cama agora Só não consigo dizer que preciso de ajuda. Acredite em mim. Já estive no mesmo lugar Já estive aqui e não quero mais voltar Mas sempre volto Sempre estou lá Eu não fui contigo, não me entenda mal Só não consegui compreender um bom motivo pra isso Eu não estou aqui. Eu não estou lá. Eu já estou aqui Eu ainda vou estar lá. É como dormir entende? É como acordar também Eu sei que ainda estamos assim Mas não se preocupe, Amanhã pode melhorar A cor que caiu do céu É a mesma que volta quando fecho os olhos Mas com eles abertos, não vejo nada Dissolvendo nos transcorrer dos dias Mudando somente se necessário Não vejo onde estamos Mas vejo onde já estivemos Acredite Podemos conseguir Encontrar a cor novamente (CARDOSO, Rômulo, 2017) O documentário  A Carta tem duração de 19 minutos. O nome é uma clara referência à carta escrita por Rômulo Cardoso, e também a forma como escolhemos retratar o tema, adotando uma linguagem mais poética e subjetiva. Para a concepção da identidade visual do documentário realizamos um estudo de fontes e a confeccionamos no software Adobe Illustrator. Na identidade visual utilizamos a fonte  Journal devido à sua semelhança com letras manuscritas e pelo filme ser baseado em uma carta. Desta forma, ela dialoga com a temática. A cor da fonte é preta (CMYK: 58%; 45%; 45%; 38%) em referência a uma caneta dessa cor. Usamos como fundo uma textura de carta em referência a um dos materiais base do documentário, no caso, a carta. Na tituleira usamos, além da fonte da identidade visual, a  Courier (CMYK: 58%; 45%; 45%; 38%) para o nome e descrição dos entrevistados. Nos créditos optamos pela fonte  Arial . Por estar baseado na carta em forma de poesia escrita por um dos personagens, intercalou-se a narração da carta com os depoimentos dos entrevistados. Esta alternância respeitou a própria divisão da carta escrita que continha 4 partes. A narrativa do documentário foi construída de forma que as entrevistas dessem sustentação à interpretação da carta e pudessem abordar questões fundamentais sobre os transtornos mentais que ainda são vistos com muito estigma na sociedade. A descoberta e a conscientização sobre as doenças, bem como o tratamento, e o próprio suicídio são abordados de forma clara e direta pelos entrevistados. Destaca-se também que a importância da empatia é ressaltada pelos entrevistados com exemplos concretos no que diz respeito ao papel de amigos, familiares e professores. Os serviços utilizados por eles no tratamento e os que estão disponíveis para quem deles precisar também têm destaque no documentário. O documentário inicia com encenações da rotina de um universitário, com cenas que percorrem o cotidiano de um estudante, da sua residência até a universidade. Nessa primeira parte é mostrada a convivência com os amigos e como o personagem lida com os transtornos. Após as encenações iniciais, os entrevistados principais são apresentados ao público. Duas pessoas que tem na escrita, um refúgio do mundo. Nos relatos iniciais dos personagens, eles apresentam um pouco sobre o modo como convivem com transtornos, que foram acentuados com a rotina acadêmica e/ou o mercado de trabalho, que assusta muitos estudantes que ainda estão na Academia. A partir disso, podemos conhecer os dois entrevistados e nos identificar com os seus relatos, que muitas vezes soam familiar, devido a naturalidade como eles apresentam a sua vida. Sem amarras e sem inseguranças em falar. Na segunda parte da carta, as encenações mostram como o personagem lida com o sofrimento que a rotina acadêmica pode causar, visto que a pressão por um rendimento melhor e a falta de flexibilização do cotidiano podem resultar em mais problemas. Além disso, a relação com os amigos se mostra complicada por causa da solidão que o personagem passa. Um inimigo que chega de repente e toma o controle da mentalidade de quem sofre com os transtornos mentais. Nas entrevistas seguintes, os personagens tratam da relação com a família e os amigos, e relatam o quão difícil pode ser a compreensão das partes. Os amigos, muitas vezes, não tem a empatia necessária e acabam se afastando de quem sofre com esses problemas. Por outro lado, a família é importante na convivência com os transtornos, é desse elo proporcionado pela família que Rômulo Cardoso e Tiago Martins afirmam que o tratamento pode ser mais fácil. Para eles, a família e os amigos são essenciais na busca pela melhora dos transtornos. A terceira parte da carta utiliza paradoxos para explicar como a mente pode ficar confusa ao conviver com tantos problemas e ainda enfrentando os empecilhos do cotidiano. No entanto, o vislumbrar de tempos melhores é observado. E, a partir disso, Rômulo e Tiago falam das possibilidades existentes para enfrentar os desafios da depressão e da bipolaridade. Além disso, como uma das premissas do documentário, eles também falam em como as pessoas que sofrem com os transtornos podem fazer para que a rede de apoio seja efetiva. Ademais, a informação sobre os problemas e o diagnóstico das doenças são duas partes importantes para se enfrentar os desafios. A Universidade também é um importante elo de enfrentamento do problema. Para isso, uma psicóloga da Superintendência de Assistência Estudantil concedeu uma entrevista que foi esclarecedora sobre o papel da instituição como aliada no combate ao problema. Entretanto, até a Universidade tem seus limites no papel de diagnóstico e tratamento, onde podemos perceber que a falta de estrutura para atender aos milhares de alunos da UFPA ainda é um desafio a ser superado. Além disso, a psicóloga ressalta que o tratamento e o apoio da família, dos amigos e dos professores é importante para aqueles que enfrentem os transtornos. Por fim, na última parte da carta, o personagem mostra que conviver com os transtornos não é nada fácil. A tristeza pode vir e tomar conta quando menos se espera. Entretanto, dias melhores podem vir, e a empatia é fundamental para isso. A partir disso, assim como a tristeza pode contagiar, da mesma forma a alegria pode ser o diferencial no tratamento. Após as encenações é revelado ao público o escritor da carta: Rômulo Cardoso. E isso proporciona uma identificação mais efetiva ao conteúdo das palavras. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A complexidade em falar de saúde mental ainda envolve uma série de estigmas na sociedade. No entanto, percebe-se que está ocorrendo uma mudança gradativa, e hoje, há um incentivo maior para se falar claramente sobre o assunto, mesmo sobre temas difíceis como o suicídio. Um movimento nacional chamado de Setembro Amarelo, por exemplo, a cada ano ganha mais espaço na mídia tradicional e fortalece ainda mais sua presença nas redes sociais. Em Belém, no mês de Janeiro, uma equipe de voluntários organizou o Janeiro Branco, também destinado à discussão sobre a saúde mental. Assim, este documentário é mais uma ação que se propõe a discutir o assunto, oferecendo protagonismo e representatividade às pessoas que enfrentam os mais diversos transtornos. Mais que contar suas histórias, o documentário mostra caminhos e possibilidades a quem pode estar passando por situações semelhantes e precisa de ajuda, ou para quem está disposto a ajudar um amigo ou familiar. De forma especial esses caminhos estão voltados àqueles que usufruem do espaço acadêmico, daí a importância da presença da psicóloga responsável pela assistência estudantil. No entanto, os entrevistados não se limitam a este espaço e oferecem uma visão ampla e geral das possibilidades em pedir ajuda. Nenhum dos integrantes tinha experiência em produção documental. E apesar dessa pouca experiência, o resultado final foi muito importante para todos os envolvidos no processo. E, a partir disso, o documentário cumpriu uma das suas premissas: mostrar às pessoas que a saúde mental é importante, sobretudo para os estudantes, e que a empatia pode fazer a diferença no tratamento de quem convive com esses problemas. Por fim, como uma ação extensionista, exibições do documentário estão sendo feitas no âmbito acadêmico e em cidades paraenses, à pedido da instituição, como Abaetetuba, Castanhal e Soure, a fim de visibilizar esse problema social, que é de interesse de todos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #01779f"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALVES, Bernardo Marquez. Trilha Sonora: o Cinema e seus sons. Revista Novos Olhares. Vol 1. n 2. 2012. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/novosolhares/article/viewFile/55404/59008. Acesso em 30 de Janeiro de 2018.<br><br>MELO, Cristina Teixeira Vieira. O Documentário como gênero audiovisual. XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação  Salvador/BA  1 a 5 Set 2002. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/45804366738191169013150690906956806443.pdf. Acesso em 15 de Janeiro de 2018.<br><br>PADOVANI, ET AL. Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. vol.10 no.1 Rio de Janeiro jun. 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872014000100002. Acesso em 30 de Janeiro de 2018.<br><br>PIZANI, Marília Mello. Movimento de Câmera, Enquadramento e Planos. Curso de Produção de Vídeo (apostila digital). 2016. Universidade Aberta do Brasil. Disponível em: http://nte.ufabc.edu.br/cursos-internos/producao-de-video/wp-content/uploads/2016/03/05a-MovimentoDECameraPlanosEnqua.pdf. Acesso em 20 de fevereiro de 2018. <br><br>SILVA, Mariana Gil Carneiro e. A Encenação no Cinema Documentário: construção de personagem no filme Santiago. Trabalho de Conclusão de Curso. Porto Alegre. 2012. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/67208. Acesso em 29 de Janeiro de 2018. <br><br>SOARES, Sérgio José Puccini. Documentário e Roteiro de Cinema: da pré-produção à pós-produção. Tese de Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Multimeios. Universidade Estadual de Campinas. - Campinas - São Paulo. s.n; Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp141999.pdf. Acesso em 27 de novembro de 2017. <br><br> </td></tr></table></body></html>