ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #37a603"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00012</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO11</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Dias de Maria. Memórias do Cristo Rei</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Maria Victória Ferreira Silva (Fundação Universidade Federal de Rondônia); Allysson Viana Martins (Fundação Universidade Federal de Rondônia)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Rondônia possui dois grandes ciclos responsáveis pela chegada dos imigrantes no estado, um no final do século XIX e no início do século XX, com predominância de nordestinos vindos para trabalhar nos ciclos da borracha, e o outro a partir da década de 1970, com as campanhas do governo militar brasileiro, que buscava ocupar a Amazônia atraindo migrantes principalmente do Sul e Sudeste do país (Colferai, 2010). Foi neste segundo fluxo migratório, em 1997, que surgiu Vilhena, no interior de Rondônia. Atualmente, ocupa o posto de quarto município mais populoso do estado, com cerca de 100 mil habitantes, segundo censo de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade se localiza na entrada da região Amazônica Ocidental, possui o segundo melhor IDH de Rondônia, com expansão nos setores de indústria, comércio e serviços, além de ser considerada importante pólo agrícola da região. Com a promessa de criação de mil indústrias na cidade, o Cristo Rei nasceu em meados de 1993. O fato não chegou a acontecer, mas foi o suficiente para que a população crescesse na região. Em 1995, aconteceu a reintegração de posse na fazenda Santa Elina, que ficou conhecida como Massacre de Corumbiara, e as pessoas oriundas do campo viram em Vilhena a oportunidade de estabelecer residência. Na cidade, esses migrantes encontraram pouco apoio, mas foi assim que começou a história do bairro. A ocupação, que se deu sem incentivo do município, de forma desordenada e sem infraestrutura, contou apenas com a vontade daqueles que precisavam das terras. A história de alguns empreendimentos públicos e privados se encontram com a do bairro. Estigmatizado socialmente na cidade como violento, o livro aqui descrito buscou dar voz a outras histórias e facetas do bairro.  Dias de Maira. Memórias do Cristo Rei , de modo geral, conta memórias do bairro e da própria autora, refletindo sobre elas e registrando os fatos que ainda não foram abordados. Dessa forma, foi possível evitar os estigmas que formaram o imaginário da população de Vilhena, apresentando uma nova representação para o Cristo Rei, a partir da autorreflexão da autora, cuja história se cruza com a do próprio bairro. O livro de memórias apresentado busca preencher uma lacuna ainda existente em relação à história da própria cidade, cuja fundação se deu há quarenta anos, e que ainda não possui materiais desse tipo produzidos localmente. O trabalho traz uma reflexão sobre o bairro, alcançando fatores que a imprensa local não pôde, ou não quis, abordar, possibilitando a apresentação de uma diversidade ainda não creditada à Vilhena, a partir da sua história política, econômica e cultura, ao enfatizar personagens e ao possibilitar uma percepção subjetiva e artística, resultados da autorreflexão da autora. O registro se mostra inovador devido à falta de matérias e reportagens mais completas sobre o bairro, tendo os veículos de comunicação locais se limitado a produzir conteúdos factuais que, quase em sua totalidade, apenas alcançam a editoria de polícia dos jornais, não chegando a trabalhar com outras abordagens jornalísticas. Desta maneira, a produção aqui apresentada, por meio do aprofundamento próprio de um livro-reportagem, demonstra outras representações do bairro, contando uma história que, de outra forma, talvez nunca chegasse a ser conhecida por aqueles que não são moradores do bairro. Trata-se, por fim, de memórias que precisam ser contadas para ampliar os olhares a respeito do Cristo Rei e da própria Vilhena, mostrando outras faces do bairro e da cidade, alcançando sua complexidade e buscando evitar o estigma que há tempos se formou sobre ele e sobre a cidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como as demais cidades do estado, Vilhena foi fruto das estratégias militares de ocupação da Amazônia. Com terra arenosa, não era adequada para as propostas de reforma agrária que norteavam a ação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Rondônia. O solo desfavorável à pequena agricultura e agricultura familiar, fez as terras, destinadas a partir de licitações públicas nacionais, atraírem produtores rurais capitalizados e financeiramente capazes de investir em empreendimentos agrícolas. Com quase 1,6 milhão de hectares distribuídos entre cerca de 1.100 licitantes, a região recebeu um público diferente, o empresário rural, com dinheiro e capacidade de realizar investimentos no agronegócio (Fiori, 2012). Esses fatores, somados ao intenso fluxo migratório  que garantia a mão de obra barata  , o clima ameno, as riquezas vegetais e o acesso pela BR9-364, fizeram com que a cidade desse um salto ainda na década de 1990. Em 1995, uma promessa política de que em Vilhena existiriam mil indústrias fez com que a população, vinda principalmente da área rural de cidades do Cone Sul de Rondônia, se agrupasse e aumentasse a ocupação do espaço onde hoje se situa o bairro Cristo Rei. No mesmo ano, aconteceu o conflito agrário na fazenda Santa Elina, que ficou conhecida como Massacre de Corumbiara. Os migrantes, sem terra nos campos da região, viram em Vilhena a oportunidade de estabelecer residência. Com formato de livro-reportagem-retrato, que focaliza uma região geográfica, um setor da sociedade, a obra buscou a liberdade narrativa e o aprofundamento ao tratar das memórias dos moradores do bairro e da autora, entrelaçando memória individual e coletiva, sob uma perspectiva subjetiva e artística. Ao refletir sobre o estigma por trás do bairro, o livro teve como enfoque as personagens que não se enquadram nas representações midiáticas locais sobre o Cristo Rei e os seus moradores. Para apresentar uma miscelânea de memórias individuais que formam a memória coletiva do bairro e criam a identidade de quem mora no local. Para a realização do trabalho, foram utilizadas técnicas jornalísticas de seleção de fontes, escrita de perfil, princípios de reportagem, entrevista, entre outros. Com os conceitos teóricos de memória, a partir das leituras de Halbwachs (1950), Le Goff (1988), Nora (1984) e Pollak (1989); e os fluxos migratórios que compõem a cidade de Vilhena, Colferai (2010) e Fiori (2012), foi possível realizar o proposto ao livro. A história do bairro Cristo Rei não possui muitos documentos que permitam conhecer a fundo e por outro ângulo como iniciou-se a ocupação do espaço. Essa lacuna na história da cidade reflete a realidade de tantos outros vazios que ainda não foram preenchidos. As falas daqueles que chegaram primeiro ao bairro tornam-se, nesse caso, a principal fonte pela qual foi possível contar parte da história do local e das memórias desses personagens, articulando memórias individuais e coletivas, através de memórias individuais da autora e dos entrevistados que, juntas, representam e compõem a memória coletiva dos moradores do bairro. As individualidades dos personagens apresentados são sempre atravessadas pelos fatores sociais que a região onde moram suscita nos demais moradores da cidade, por isso, diversas vezes prefere-se o silêncio à exposição, sendo o livro uma forma de se expressar, conforme Lima (1993), Maciel e Heitor (2013) e Pessa (2009). Os conceitos jornalísticos, critérios e técnicas auxiliaram nos processos de captação, produção e edição, evitando excessos, priorizando informações e construindo o tom do texto. Com estética livre das fórmulas prontas do jornalismo cotidiano e espaço para as perspectivas dos personagens, a partir das técnicas de Medina (1995), Sodré e Ferrari (1986) e Lage (2001), o produto final difere das produções jornalísticas da cidade sobre o bairro, uma vez que permitiu aos próprios moradores contarem suas histórias.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O livro de memórias  Dias de Maria. Memórias do Cristo Rei , tem 14 x 21 cm, com 101 páginas, diagramado no software de edição de livros, Adobe Indesign2015, pela própria autora. As fontes, tamanhos e cores buscaram compor uma estética agradável, dando prioridade à fluidez da leitura. No corpo do texto, utilizou-se a fonte Georgia, tamanho 12; nos intertítulos, citações e identificação dos entrevistados, foi utilizada a fonte Antonio, tamanho 14, variando apenas as tonalidades de preto. Nas primeiras páginas de cada capítulo e introdução, foi usada a fonte Chiller, tamanho 36, na cor branca sobre fundo preto. Na capa temos uma ilustração da autora, representando uma menina negra chegando ao bairro. Ela passa por um cemitério e uma casa com panelas e remédios à mostra, caminha por uma avenida e avista ao longe a feira e uma igreja. O desenho busca mostrar ao leitor a necessidade de se percorrer um caminho para de fato conhecer o bairro, em suas nuances e faces ainda escondidas do público em geral. As páginas ímpares do livro trazem o nome do capítulo no rodapé junto ao número da página. Na introdução, são apresentadas informações sobre a infância e adolescência da autora, além dos assuntos abordados no livro. Iniciamos com um capítulo sobre a história do Cristo Rei, como história em quadrinho, para contextualizar o leitor com as informações obtidas com todos os entrevistados dos capítulos posteriores. No segundo capítulo, são apresentados locais conhecidos do bairro, escolhidos por sua relevância nas memórias da autora, seja pela quantidade de tempo que passou neles, pela época em que foram criados, ou pelo que representam para a identidade do bairro. As ilustrações que compõem essa parte do livro são coloridas, pintadas em aquarela, com tons predominantes de azul, preto e roxo, a exceção de uma das ilustrações que tem predominância da tonalidade laranja. Já o capítulo 3 traz perfis de personagens importantes do bairro, seja por suas peculiaridades ou por terem chegado ao local no início da formação do Cristo Rei, todos tiveram contato anterior com a autora. Já o último capítulo apresenta a perspectiva daqueles que moram no bairro sobre variados temas, como: estigmatização; polícia; educação; emprego; finalizando com a esperança de um morador do Cristo Rei. As ilustrações foram feitas ao longo do processo de escrita. As imagens antigas serviram para basear as ilustrações, porém, a maior parte dos desenhos partiu das informações passadas pelos entrevistados. Parte dos desenhos é em preto e branco, ou em negativo, e a parte colorida foi feita em aquarela. Foram utilizados diversos estilos de desenho, como técnicas de história em quadrinho, Mangá e desenho realista, com cores variadas, para compor o que parecia se encaixar melhor em cada parte do texto. Todas as ilustrações foram feitas à mão e em seguida escaneadas e apenas quatro imagens tiveram edições, no programa Paint, utilizando o efeito em negativo, além da imagem que compõe a capa do livro, editada no aplicativo de celular LightX. O último capítulo surgiu na disciplina de Comunicação Comunitária, com um podcast, nele foram lançados temas, como polícia, educação, política e emprego, a partir dos quais os moradores podiam expor suas opiniões sobre como esses assuntos são refletidos no bairro. Parte do material foi aproveitado, sendo realizada mais uma tarde de enquete para compor a miscelânea de comentários. Foram selecionadas aquelas com visões mais vezes citadas pelos entrevistados, além de falas que traziam acontecimentos distintos e únicos. Todas as entrevistas foram realizadas a partir do diálogo e gravadas para posterior transcrição. Os entrevistados cederam fotografias para ilustrar a história; destas, escolhemos as que melhor retratavam o assunto e, em segundo lugar, que possuíam melhor enquadramento, iluminação e aspectos técnicos que facilitassem a compreensão do leitor. Optou-se pela utilização de fotos atuais apenas ao final dos perfis.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>