ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #37a603"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00030</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT03</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Podcasting Macunaíma: construção de um podcast antropofágico </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luan Correia Cunha Santos (Universidade Federal de Roraima); Eduardo Henrique Fredi Parente (Universidade Federal de Roraima); Lisiane Machado Aguiar (Universidade Federal de Roraima)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O projeto Podcasting Macunaíma: construção de um podcast antropofágico, é uma produção resultante do trabalho de pesquisa realizado por acadêmicos do 6º período do Curso de Comunicação Social - Jornalismo, da Universidade Federal de Roraima na disciplina de Metodologia da Pesquisa em Comunicação. A proposta é adaptar a obra literária de Mário de Andrade  Macunaíma: Herói Sem Caráter para uma série no formato podcast. Além disso, sendo Macunaíma uma das obras que melhor sintetizam o movimento antropofágico, buscamos experimentar metodologias alternativas para a criação de produções comunicacionais em áudio a partir dos próprios traços do movimento antropofágico. Mário de Andrade quando escreveu o livro Macunaíma em seis dias, talvez não imaginasse que estaria criando uma das obras modernistas pilares da cultura brasileira (LOPEZ, 2001). A partir do mito de Makunaima e de seus estudos antropológicos de diversas etnias brasileiras, baseados nos textos do etnógrafo Theodor Koch-Grünberg, deu vida a um personagem que se tornou referência para a compreensão do próprio brasileiro e do pensamento modernista no ínicio do século XX. Com deslocamentos geográficos constantes, temporalidade não cronológica e evidente hibridismo cultural encontramos um herói que dizia sim a tudo, conhecia, aproximava-se, digeria e engolia culturas, estilos, caráteres, culminando em seu fracasso pessoal.  Macunaíma é um romance sobre as origens de um povo que poderia ser e sobre o colapso de um povo que não conseguiu ser (MELO, 2010, p. 206). Em 1928, as vésperas de lançar a obra, Mário de Andrade reclama a coincidência temporal entre  Macunaíma e o  Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade. O movimento antropofágico, em síntese, trata de igualar a cultura brasileira às demais, não apenas rejeitando o que se origina de fora, mas retirando da arte estrangeira o que lhe fortalece. Além disso, assim como Macunaíma, trata a identidade brasileira e latino-americana enquanto um  entre-lugar , esse que não se expressa a partir de noções de pureza e unidade, como nos moldes europeus, e sim como um espaço de ressignificação e recriação (MELO, 2010). O podcast, no formato que conhecemos hoje, é uma criação estadunidense. O acesso a arquivos de áudio na internet não foi a novidade trazida pela nova mídia, mas sim o desenvolvimento da tecnologia Really Simple Syndication (RSS) aplicada aos arquivos de áudio, permitindo que usuários pudessem se cadastrar e receber conteúdos de sua preferência a cada nova atualização, em seus computadores pessoais e dispositivos móveis sem precisar buscá-los e conectá-los um por um (SAMPAIO; COSTA; MONTEIRO, 2015). Transformar a obra Macunaíma em um podcast além de ser uma forma inédita de adaptação, também garante que esta esteja presente em uma linguagem que possibilite a multiplicidade de seu alcance, chegando a pessoas com deficiência visual e permitindo que os ouvintes, a partir da implementação de elementos sensoriais e, neste caso específico, antropofágicos, tenham múltiplas possibilidades de sentir dar sentido a produção. A escolha do podcast como meio para a execução da adaptação é devido a sua facilidade de acesso e consumo. A partir do modelo RSS, o  horário nobre quem faz é o usuário, assim como as condições e o tempo de consumo. Aspecto que reforça a autonomia e especificidade do ouvinte em seu processo singular de criação sentidos a partir das sensorialidades. O projeto traz também como benefício à realização de um amplo estudo sobre Macunaíma e a antropofagia, bem como técnicas que auxiliarão futuras produções em suas aplicações para um cenário comunicacional ainda pouco explorado, significando um valioso ganho no campo da comunicação. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Ao tentarmos definir o que seria o podcast, podemos caracterizá-lo como um conteúdo de mídia, geralmente em áudio transmitido através do modelo RSS (SAMPAIO; COSTA; MONTEIRO, 2015). No entanto, a tecnologia tem suas características, especialmente considerando a produção e distribuição de áudio. Diferente do rádio, o podcast geralmente possui uma temática muito específica para cada produção. A aproximação com a temática e com a estética do formato é fundamental, uma vez que com um público de nicho e não massivo, é necessário entregar ao ouvinte um conteúdo que agregue valor, e para isso, não é somente a mensagem narrada que importa, mas toda sua construção. Tal cuidado com a forma sonora pode ser justificado na busca pela originalidade. Aquilo que é oralizado e apresentado em podcasts constitui em grande valor no processo comunicacional, mas a mágica do meio ocorre na liberdade de explorar novas formas de tratar a linguagem sonora (MOLES, 1978). Para alcançar a inovação neste âmbito, recorremos a metáfora da antropofagia como repensar uma estética sonora na construção de podcast. . Trata-se da capacidade das produções sonoras despertarem "diálogos mentais" a partir de reflexões mobilizadoras acionadas através do conteúdo auditivo, como o caso da rádio e do podcast (ORTRIWANO, 1985). Um podcast antropofágico pode ser encarado como uma metacrítica, sendo esta uma prática midiática alternativa que surge com uma perspectiva crítica autônoma em relação às estruturas de uma indústria, de forma que suas próprias construções se caracterizam como uma crítica. Para isto deve adotar formatos e conteúdos alternativos, como o caso de macunaíma, a história de um mito amazônico; criticar os limites impostos pelas representações midiáticas tradicionais, como este projeto faz em sua construção estética; e adotar novas propostas de linguagem e formatos que comumente não encontrariam espaço nos meios tradicionais, o que justifica a escolha do podcast (PAGANOTTI; SOARES, 2015). Em busca de criar conexões entre a produção sonora e o Movimento Antropofágico tomamos como base os seguintes traços característicos da antropofagia, defendidos por Melo (2010) : a) adesão ao primitivismo; b) constante consumo de identidades; c) o entre-lugar da América Latina e; d) exaltação do nacional. Tais características foram os elementos conectores do processo de atualização para a linguagem sonora e serão analisados a partir da linguagem sonora composta de três elementos: música, efeito sonoro e voz. Estes correspondem a três categorias semióticas: não-representativo, figurativo e representativo (SANTAELLA, 1989). O não-representativo tem como predominância a música e suas propriedades. O figurativo é onde encontram-se os efeitos sonoros e tem como objetivo construir signos referentes a um objeto concreto. O representativo é o espaço da voz, que estão inseridas em um universo híbrido composto pela linguagem oral e verbal. São formas representativas convencionadas através da língua (CARVALHO, 2007). A adesão ao primitivismo em uma construção sonora antropofágica se desenvolve a partir da primeiridade do ouvir, aquela que remete sensações, possibilita múltiplas interpretações para além do óbvio e do coeso, estando mais focada na plasticidade de sua presença do que na referência original. O constante consumo de identidades refere-se a utilização de elementos musicais estrangeiros na composição do produto e se relaciona com o entre-lugar brasileiro, visto que este consumo não se dá de forma pacífica e sim antropofágica, exaltando a criação de algo novo. Em paralelo, as produções nacionais são evidenciadas, divulgadas e colocadas em níveis de igualdade na produção de um podcast antropofágico. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O processo de construção do Podcasting Macunaíma começou com os estudos sobre o podcast, o movimento antropofágico e do livro Macunaíma. Desta forma foi possível compreender as lógicas envolvidas em diferentes processos de construção de podcast e suas veiculações na internet. Estudos sobre o movimento antropofágico possibilitaram que seus traços fossem identificados e assim, repensados para a linguagem sonora. Por fim, realizamos diversas fases de leitura de Macunaíma, visando conhecer a obra, se aprofundar nela e roteirizar a adaptação, já a partir das perspectivas antropofágicas, fazendo com que o todo o processo posterior de gravação de vozes e efeitos fossem sincronizados a esta. A etapa seguinte foram as gravações, em que os diálogos presentes no livro e adaptados ao podcast foram registrados por diversos atores, alunos da Universidade Federal de Roraima. A narração do podcast foi feita pelo aluno Luan Correia e alguns efeitos sonoros e sons ambientes foram gravados diretamente da comunidade indígena Truaru, próxima a capital Boa Vista. Este aspecto reforça algumas características antropofágicas do produto, como o primitivismo sonoro e uma exaltação local. No processo de edição, executado no laboratório de áudio do curso de comunicação, outros elementos antropofágicos podem ser descritos e ajudam a compreender a concepção de um podcast antropofágico. Elencamos alguns desses exemplos presentes no primeiro episódio da série. A abertura tem como BG (background) som de tambores cuja a intenção é relacionar com a narrativa de apresentação do personagem, que nasceu no fundo do mato-virgem e tem em sua sonoridade a intenção de dar a sensação de imersão local para o ouvinte. Essa busca se caracteriza na adesão ao primitivismo, visto que esse uso não faz nenhuma referência com a realidade do cenário, mas é utilizado para construir sensações na audiência e não representar uma realidade. A exaltação de produções nacionais pode ser exemplificada na aplicação da ópera de Camargo Guarnieri  Dança brasileira na passagem em que são narradas as aventuras da infância de Macunaíma. A construção sonora traz uma atmosfera alegre faz alusão a uma passagem rápida e divertida. A obra de Camargo Guarnieri é contemporânea a Mário de Andrade e sua utilização se dá, não somente em um ganho para a produção do podcast, mas também se converte em uma forma de divulgação de seu trabalho. O uso de uma ópera brasileira, composta por um brasileiro, mas que ainda tem influência em sua composição na tradição musical européia reforça outra característica presente na adaptação: o espaço da América Latina como zona de entre-lugar. Perde-se uma noção nortista de pureza e unidade, para se constituir uma nova lógica que transfigura elementos e nos possibilita novas compreensões e adaptações da cultura estrangeira. O nacional é pensado aqui a partir da deglutição do que vem de fora e aqui se modifica, criando algo novo. Está presente nesta análise também o constante consumo de identidades, uma vez que influências externas são utilizadas em sua construção. Não se nega o estrangeiro na composição estética do podcast, porém o foco é em como este é incorporado a narrativa. Como é utilizado para reforçar elementos sensoriais de primeiridade e como estes estão a serviço de uma valorização do nacional e de sua produção, quando se analisa o conjunto da adaptação. Pensando a característica foi utilizado o instrumental de uma música da cantora estrangeira, Rihanna, intitulada  Drunk on Love , suas batidas fazem referência a paixão e sensualidade ligadas ao contexto da história em que Sofará e Macunaíma começam a se relacionar às escondidas. Com o trabalho, conseguimos adaptar de forma inédita uma importante obra da literatura brasileira, fazendo com que esta se tornasse mais acessível, além de atualizar traços do movimento antropofágico para outra linguagem que não a literária, o que nos permite pensar alternativas para produções comunicacionais. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>