ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO NORTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #37a603"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00410</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Documentário  Chamando os ventos: por uma cartografia dos assobios</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;MARCELO RODRIGUES SILVA (FACULDADE ESTÁCIO DO PARÁ); Matheus Almeida do Nascimento (Faculdade Estácio do Pará); Enderson Geraldo de Souza Oliveira (Faculdade Estácio do Pará)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #37a603"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em décadas passadas, nas rodas de  empinar papagaio (o termo designa uma brincadeira muito comum na região norte e em outras áreas; recebe a denominação de  soltar pipa em outros lugares do país), nos trabalhos agrícolas, nas atividades domésticas, nas reuniões e conversas de família, era comum ouvir alguém assobiar para chamar os ventos. Os motivos eram da ordem das necessidades e estavam relacionados, por exemplo, ao cotidiano de populações ribeirinhas que habitam as margens dos rios na Amazônia e que acreditam poder, intermediados pelos assobios, chamar os ventos para diminuir o calor;  empinar rabiolas e papagaios ; auxiliar na queima do roçado; indicar a presença de animais silvestres; secar as roupas no varal; realizar rituais de magia; trazer e afastar as nuvens de chuva; inflar as velas das embarcações; derrubar as frutas das árvores; relembrar algo que marcou um determinado momento da vida ou estabelecer conexão com o divino que habita a natureza. Quando e onde tem início essa atividade não é possível saber ao certo. Provavelmente, sua origem tenha ocorrido na África, berço das humanidades e matriz cultural para inúmeras civilizações. Contudo, essa assertiva não pode ser validada, em decorrência da inexistência de pesquisas anteriores tratando sobre o tema. Algumas dessas práticas são apresentadas no documentário  Chamando os ventos: por uma cartografia dos assobios . Como se nota, a prática de chamar os ventos está presente no imaginário de sujeitos que praticam esse saber de forma individual e/ ou coletiva, e diretamente relacionado ao ato de assobiar para atingir um estado de imanência com as energias da natureza. Tal atividade não é datada, conquanto, sua utilização se encontra registrada em diversas linhas de publicações: poemas, músicas, dramaturgias, artigos, dissertações, produções cinematográficas, são apenas alguns dos espaços onde o tema é tratado, ainda que como uma breve citação. Contudo, o assobiar chamando os ventos sempre é mencionado sem que sejam analisadas as culturas que deram origem a essas práticas. Sua importância na maioria das fontes analisadas está circunscrita às produções como a poesia e em músicas que conseguem penetrar esse imaginário com maior liberdade descrevendo-o como um ritual mágico capaz de abrir um canal de comunicação com as energias da natureza. As primeiras incursões sobre o tema de minha pesquisa ocorreram em períodos bastante distintos. No ano de 2007, eu, Marcelo, em uma conversa com o artista paraense Armando Queiroz, discuti sobre a possibilidade de realizar um trabalho com esses assobios. A consequência desse encontro foi que após onze anos, estando eu cursando o sétimo semestre de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda iniciei a produção de um artigo, em parceria com Matheus Nascimento e Nayara Amaral, propondo pesquisar os assobios chamando os ventos. Vale ressaltar que, em mais de uma década, nada foi produzido sobre na região Amazônica ou mesmo no Brasil. Durante as pesquisas inferimos que o tema precisava ser aprofundado, por seu caráter de ineditismo. O documentário reúne oralidades e sons de assobios; registros obtidos em fontes de pesquisa do Brasil e de outros países. Manaus (AM), Cuiabá (MT), Belém (PA), Ananindeua (PA) Salvaterra (PA), Barcarena (PA), Rio de Janeiro (RJ), Praia de Salgueiros (Portugal), foram algumas das localidades de onde partiram os ventos que vieram compor essa cartografia traçada pelos sons dos assobios, como discuto a seguir.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Assobiar chamando os ventos é um psiquismo que ocorre no campo da imaginação individual e/ ou coletiva em práticas como soltar pipas, derrubar frutas, afastar ou provocar tempestades, realizar rituais de magia e representa a expressão de identidade e o sentimento de pertencimento junto a sujeitos que praticam e vivenciam esses conhecimentos. Tal ligação mágica com os ventos é, via de regra, transmitida oralmente entre diferentes culturas. Bachelard, no livro  O ar e os sonhos (Editora Martins Fontes, 1990), faz referência à relação cósmica por meio da qual  os canacas assobiam ou não assobiam conforme a época do ano em que os alísios devem ser chamados ou temidos (SCHAEFFNER apud BACHELARD, 1990, p. 234). A experiência profissional como cinegrafista permitiu-me assumir as funções de diretor geral, diretor de fotografia e editor do documentário; também contei com a ajuda de outros profissionais e é daí que surge a parceria para a produção deste trabalho. Para construir a fundamentação teórica que norteia o produto em questão, foi preciso trabalhar com conceitos de alguns campos de conhecimento científico, como a Comunicação, a Antropologia e a Filosofia. Travar esses diálogos ajudou-me, tomando aqui como premissa o texto  Etnografia virtual, netnografia ou apenas etnografia? Implicações dos conceitos (Revista ESFERAS, 2013), de Beatriz Polivanov, na  percepção da rede como um elemento da cultura e não como uma identidade à parte (FRAGOSO, RECUERO e AMARAL, apud POLIVANOV, 2013). Foi justamente abordando essas discussões que escrevi o TCC apresentado em dezembro de 2018, com o título  Chamando os ventos: por uma cartografia dos assobios , resultando na produção do documentário. Um outro aspecto a ser avaliado diz respeito ao(s) motivo(s) que por ventura estaria(m) causando o desaparecimento dos sons desses assobios presentes no campo da imaginação de diferentes culturas. As hipóteses para explicar esse fenômeno talvez estejam relacionadas ao fato de que práticas comunicacionais como as narrativas orais, utilizadas também para repassar e perpetuar entre seus ouvintes conhecimentos e saberes populares, ocorram com menor regularidade nos tempos atuais ou ainda a possibilidade de uma amplificação desses imaginários para outros universos além dos espaços físicos. Pesquisando sobre as possíveis ocorrências do tema em ambientes virtuais, cheguei aos registros de relatos envolvendo a atividade de assobiar para chamar os ventos e com esse resultado foi possível identificar sujeitos e grupos que puderam contribuir na discussão sobre o uso dessa prática indicando novos espaços onde esse tema pode ocorrer. Dessa forma, o documentário pretende dialogar com os saberes de diferentes culturas onde se faz presente esse assobiar chamando os ventos, bem como divulgar esses conhecimentos por meio de discussões sobre a sua importância enquanto elo de ligação entre a imaginação e o mundo  real , objetivando fortalecer entre seus protagonistas e para além destes a necessidade da construção, preservação e consolidação de afetos, memórias, crenças e costumes que valorizem os conhecimentos e saberes populares. Nessa perspectiva, o documentário também pretende de maneira subliminar alertar para os riscos de desaparecimento dos assobios chamando os ventos, essas práticas que são manifestações do imaginário e permeiam diferentes culturas. Por fim, como se nota, o documentário presta um importante papel como veículo de divulgação e perpetuação desse campo da imaginação ao apresentar um objeto de pesquisa até então sem registros no universo acadêmico, servindo como base para outros trabalhos permeados por imaginários repletos de sons e de imagens em movimento. Chamemos os ventos!</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #37a603"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A pesquisa que resultou no documentário sobre a cartografia dos assobios Chamando os Ventos teve início quando realizei um trabalho para a segunda avaliação da disciplina Mídias Digitais e em março de 2018, tendo como orientador o Prof. Me. Enderson Oliveira, que depois orientou o já citado TCC. Com a pesquisa em processo, surgiu a possibilidade de concorrer em um edital pela Fundação Cultural do Estado do Pará, onde foi contemplada com a bolsa de Pesquisa e Experimentação Artística, vinculada ao Projeto SEIVA. Os recursos advindos da premiação foram utilizados para custear algumas despesas que surgiram durante a realização do documentário, como: deslocamento, alimentação, aluguel de barco, produção, custos com pesquisa, aluguel de equipamentos para a captação de áudio e vídeo, animação, edição e finalização. Trabalhamos os enquadramentos delimitando um terço do quadro para a inserção de objetos que evidenciassem a presença do elemento ar. A decisão de não retratar a figura humana foi para possibilitar ao espectador um maior envolvimento com os conteúdos apresentados durante as narrativas orais. Cenas diurnas gravadas em locações outdoor servem para representar a imensidão espacial por onde circulam os ventos imaginários. Definimos também que os planos seriam fixos, mas de uma fixidez própria de quando se está  em estado de imaginação aberta , essa condição da qual nos fala BACHELARD em seu livro  O Ar e os Sonhos (Editora Martins Fontes, 1990), intentando não interferir diretamente sobre o imaginário do espectador. Procedendo à busca por sujeitos que protagonizassem essa cartografia dos assobios foi que encontramos, na internet, o  Grupo Imbaúba , formado por músicos do Amazonas envolvidos na pesquisa das sonoridades e dos conhecimentos relacionados aos saberes daquela região. No primeiro acesso ao trabalho musical realizado pelo grupo, o disco  Mãe Terra (2009), escutei a faixa  Chamando o Vento , título da música instrumental assinada pelo músico, professor e poeta, Celdo Braga, que tem como base melódica o assobio que ele aprendera, ainda criança, soltando pipas no município de Benjamin Constant, no interior do Estado do Amazonas. Os assobios também se propagam na poesia de seus versos:  Eu chamo o vento pra cantar a vida / esmaecida na curva do rio / penas no tempo, pássaro ferido / nas revoadas dos meus assovios (BRAGA, 2009). Sua música e sua poesia foram incorporadas ao documentário nas cenas de abertura e na sequência de encerramento que antecede aos créditos. De igual maneira, no blog de Mariana Gouveia (2016) nos deparamos com o delicado texto poético  Vento, vento... , narrando a ação imaginante da menina que sonhava poder aprisionar em uma garrafa o pé de vento que rodopiava no quintal de sua casa. O que Mariana nos revela em sua crônica/poesia são imagens de uma força que transcende o plano de imanência, transportando-nos para o mais belo dos devaneios. Mariana guarda histórias não para si, mas para serem compartilhadas; reflexos de imagens pontuadas em suas memórias por narrativas leves  como paina que vira travesseiro para os sonhos (2016). Não houve a elaboração de um roteiro prévio. A partir dos depoimentos é que as ideias foram sendo configuradas e assim consegui definir o conceito e a estética do documentário por meio da realização de experimentos com cenas que eu havia gravado e que serviram como conteúdo referencial para os meus primeiros estudos. Desta maneira, tomei a decisão de não formatar um roteiro textual e fiz da timeline do programa de edição o meu master scenes. As imagens que compõem o documentário foram geradas com o uso de equipamento fotográfico digital profissional, equipamento de áudio digital profissional e dispositivos móveis. A edição e finalização do documentário aconteceu entre os meses de maio e junho de 2018. O vídeo está postado como não listado na página belemflordetodoano, no Youtube.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>