ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00092</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Eu existo, eu resisto</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Elenilde Nunes Corrêa (Universidade de Franca); Marcella Montanari de Lourdes (Universidade de Franca); Jheinata Karine de Oliveira (Universidade de Franca); Valéria Cristina Barros (Universidade de Franca); Samuel Pereira Laporte (Universidade de Franca); José Augusto Nascimento Reis (Universidade de Franca); Igor José Siquieri Savenhago (Universidade de Franca)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Comunicação Social, Jornalismo, preconceito, fotografia, fotografia artística</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este paper descreve uma das imagens de um ensaio fotográfico artístico desenvolvido por alunos do 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade de Franca (Unifran), durante o ano letivo de 2016, como parte do Projeto Experimental. A proposta consistiu em realizar um ensaio abordando o tema preconceito ligado aos seguintes subtemas: raças, faixa etária, imagem corporal, naturalidade/nacionalidade e pessoa com deficiência. Para isso, foram feitas sessões fotográficas no estúdio da universidade e o resultado, exposto durante a Fepro (Feira de Profissões) da Unifran em agosto de 2016. Para concorrer ao Prêmio Expocom 2017, na categoria Fotografia Artística, foi selecionada apenas uma das fotos, que representa o intuito geral do projeto. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A história da fotografia se inicia em 1826, pelo francês Joseph Nicéphore Niépce. Após anos de experiências, o fotógrafo conseguiu registrar uma imagem utilizando placa de estanho banhado em um derivado de petróleo. Essa invenção ficou conhecida como fotografia, que, em grego, significa escrever com a luz. Para obter a sua primeira foto, foram necessárias oito horas de exposição à luz. Anos mais tarde, Daguerre reduziu o tempo de exposição, tornando o processo mais rápido. Aquela época em que tirar fotos demandava um aparato caro e complicado, parece, de fato, de fato distante de era das cômodas câmeras e bolso que convidam qualquer um a tirar fotos. Tratava-se de uma atividade gratuita, ou seja, artística, embora com poucas pretensões de ser uma arte. Foi apenas com a industrialização que a fotografia adquiriu a merecida reputação de arte. (SONTAG, 2005, p. 18). A fotografia tem um papel importante no Jornalismo. Consiste em registrar os momentos e fatos que acontecem no mundo. A imagem tem um grande significado para o profissional da área da área. É ela que chama a atenção do leitor para uma manchete de jornal e/ou matéria de revista. A fotografia muda a visão das massas. Até então, o homem comum só podia visualizar os acontecimentos a sua volta. Com a fotografia se abre a janela para o mundo. (FREUND, 1976). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Considerando esses aspectos, o objetivo do ensaio fotográfico  Meu corpo, minhas marcas! , do qual se extraiu a imagem em questão  do garoto Miguel, portador de autismo, em momento de descontração  , foi trabalhar a noção do preconceito por meio da imagem, pela qual se pudesse discutir a discriminação contra determinadas características físicas e genéticas, especificamente das pessoas com deficiência, um dos subtemas do Projeto Experimental. Os preconceitos no ambiente de ensino foram escolhidos como fio condutor dos cinco subtemas. Por isso, o grupo autor do trabalho buscou personagens que sofrem ou já sofreram algum tipo de discriminação, sobretudo na escola. Segundo Barthes (1982), em  A mensagem fotográfica , a fotografia é uma imagem híbrida, pois é construída, em parte, por um aparelho técnico, que capturaria um real puro, e, noutra parte, por uma mensagem com conteúdo histórico e cultural. Uma imagem fotográfica é capaz de provocar reflexões sobre diversos assuntos do nosso cotidiano. Um deles é o preconceito, seja de cor, idade, imagem corporal, pessoa com deficiência, nacionalidade/naturalidade, entre outras. Através das fotos, procuramos despertar o interesse do público para uma interpretação que fuja dos estereótipos, de forma que se levantassem discussões sobre o que foi exposto, conscientizando sobre o funcionamento da sociedade e defendendo a ideia de que diferenças físicas e genéticas não nos segregam como seres humanos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com o avanço da tecnologia, a fotografia atingiu um patamar em que qualquer pessoa que possui uma câmera, por mais simples que seja, pode registrar um momento ou situação do dia a dia. Mas, para fotografar, é necessário ter ideia de um resultado a que se quer chegar. As novas tecnologias trazem modelos que permitem que as fotos sejam exibidas instantaneamente, armazenadas e manipuladas de várias formas. Mas, além dos conhecimentos técnicos para manusear os equipamentos fotográficos, existe um processo que se inicia pela construção de um cenário. Ao longo dos anos, a fotografia tem sido utilizada como uma narrativa histórica de todos os segmentos da sociedade e possui uma linguagem universal, capaz de despertar emoções que podem levar o expectador à reflexão, como afirma John Hedgecoe, no livro  O novo manual de fotografia : A fotografia é provavelmente a mais acessível e gratificante de todas as formas de arte. Pode registrar faces ou fatos, ou simplesmente contar uma história. Pode chocar, divertir e instruir. Pode captar e provocar emoções, e registrar detalhes com precisão e velocidade. (HEDGECOE, 2007, p. 7) De acordo com Kossoy (1999, p. 27), existe sempre uma motivação interior ou exterior, pessoal ou profissional, para a criação de uma fotografia e aí reside a primeira opção do fotógrafo, quando este seleciona o assunto em função de uma determinada finalidade/intencionalidade. Esta motivação funcionará decisivamente na concepção e construção da imagem final. Quando trazida para um trabalho que aborda os diferentes tipos de preconceito contra as diferenças físicas e genéticas, a fotografia contribui para expor as características corporais de pessoas e, consequentemente, escancarar as diferenças, para que haja um rompimento dos estereótipos. Veiga (2006) relata que o preconceito com pessoas especiais, como portadores de alguma deficiência, é algo que vem de tempos remotos. Na Grécia Antiga, por exemplo, a deficiência física era vista como um atraso para o desenvolvimento biológico. O mesmo autor afirma, ainda, que, embora vivamos em um mundo atualizado, em que se promete uma sociedade organizada, bem dividida e homogênea, os deficientes continuam vivendo em exclusão, com falta de recursos necessários, batalhando pelos seus lugares de direito. As pessoas com deficiência lidam, também, com a falta de informação. Em Franca, onde este trabalho foi desenvolvido, são escassas as reportagens, na imprensa local e regional, sobre as dificuldades enfrentadas por elas e como encaram os preconceitos. Nesse âmbito, promover um ensaio fotográfico para ser exposto numa feira bastante movimentada, como a Fepro, que recebe, todos os anos, alunos de Ensino Médio de praticamente todas as escolas públicas e privadas francanas, estimula a proposição de outros olhares para a causa, porque trabalha com a sensibilização de estudantes, que podem cobrar, futuramente, posturas outras por parte da imprensa. Em suma, assuntos relacionados ao tema preconceito devem ser pautados com mais frequência nos veículos de comunicação, a fim de conscientizar a população, tendo em vista que muitos ainda acreditam que o assunto em questão é ultrapassado. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A metodologia e as técnicas utilizadas para realizar o ensaio fotográfico se basearam nos conhecimentos adquiridos ao longo das aulas de fotografia do Curso de Jornalismo da Unifran. A partir delas, foi inicialmente realizado um levantamento teórico de pesquisas sobre fotógrafos, nacionais e internacionais, sobre fotografias impactantes em preto e branco. O planejamento da sessão fotográfico foi pensado no fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que é referência mundial quando se trata de fotojornalismo. Mas, após conversas com os orientadores, ficou definido que as fotos não seriam em preto e branco, mas coloridas, já que as características físicas envolvem também a cor da pele. Após o grupo definir que as fotos não seriam mais monocromáticas, iniciou-se uma segunda pesquisa, a fim de buscar novos fotógrafos, que trabalhassem com diferenças físicas e genéticas das pessoas. Chegou-se ao norte-americano Rick Guidotti, que se especializou em retratar a  beleza estonteante das diferenças. Em uma de suas exposições, Positive Exposure, ele explora as experiências sociais e psicológicas de pessoas que vivem com determinadas condições genéticas. Em uma entrevista para a BBC Culture (2015), Rick Guidotti afirma: Para mim, a beleza sempre foi uma questão fundamental. Não simplesmente deixei de fotografar supermodelos para fotografar condições genéticas. Eu nunca retrato uma doença genética - eu só retrato a beleza, só retrato pessoas. Após os procedimentos realizados para encontrar referências de fotógrafos, começaram as buscas pelos personagens dispostos a serem fotografados. Os modelos foram encontrados dentro da própria universidade e fora, já que uma criança autista  Miguel, que ilustra a foto referente a este paper  , estudante de uma escola regular de Ensino Fundamental, também foi fotografada. Todas as imagens foram capturadas dentro do estúdio de fotografia da própria Universidade, com pouca luz, para que fosse captada a beleza dos modelos, e para aproveitar bem os detalhes que cada um nos proporcionou, já que foram utilizados planos de câmeras diferentes, sendo que algumas das fotos focaram no sorriso, transmitindo os traços marcantes. A boa fotografia raramente é uma atividade sedentária. Os profissionais se enfiam em buracos pequenos, se equilibram em escadas ou escalam prédios altos para conseguir o melhor ângulo. Uma mudança no ponto de vista, talvez um ângulo de apenas alguns graus para a direita ou para a esquerda, para cima ou para baixo, pode transformar a fotografia de maneira significativa. Para aprender sobre ângulos, nunca se satisfaça com a primeira foto. (BLAIR, 2011, p. 106). Outro fotógrafo que serviu como referência para o projeto foi Lee Jeffries, que, através das lentes de sua câmera, tem a intenção de mostrar os traços dos excluídos. Além de trabalhar com fotos em preto e branco, ele também utiliza as cores, buscando mostrar a emoção nos rostos fotografados, de pessoas que vivem em condições de exclusão. Captar o significado de uma expressão facial é tão fácil quanto é evitá-la. Emoções e sentimentos se apossam de nossas feições inclusive à revelia, quando nos interessa escondê-los... os adjetivos e locuções com que costumamos descrever as expressões faciais demonstram a diversidade e sutileza deste modo de comunicação (KUBRUSLY, 1998, p. 32). A intenção era buscar personagens de todos os subtemas, mas o grupo não conseguiu encontrar uma maneira, através da fotografia, de abordar o preconceito contra nacionalidade/naturalidade. Portanto, ficou definido apenas que os subtemas imagem corporal, faixas etárias, pessoa com deficiência e racismo seriam fotografados e expostos. Para Kossoy (2005, p. 42): As fotografias fazem com que o indivíduo ultrapasse a exterioridade do visível e mergulhe numa espécie de fotografia invisível, que só existe na mente daqueles que com ela tem uma relação que ultrapassa a do espectador:  [...] todos nós guardamos fotos de nossa experiência de vida: imagens-relicário que preservam cristalizadas nossas memórias. Durante todo o ano de 2016, foram tiradas mais de 500 fotos com uma câmera digital Nikon da própria instituição de ensino. No estúdio, foram utilizados iluminação artificial e flash. O ensaio foi dividido em várias sessões. Um dos momentos mais desafiadores para os membros do grupo foi justamente fotografar Miguel, a criança com autismo. Geralmente, crianças com esse tipo de deficiência não estão adaptadas a ambientes escuros. A colaboração da mãe foi fundamental para a composição de todas as imagens que conseguimos registrar. Os brinquedos utilizados ajudaram a mantê-lo distraído. O resultado surpreendeu o grupo. Diferente das de outras pessoas, que costumam fazer pose, as de Miguel foram todas espontâneas. Conseguimos capturar as imagens em um momento de distração com os brinquedos e com a mãe. As fotos têm um diferencial: mostram a diversão de uma criança autista, que, muitas vezes, é alvo de preconceito pelas suas características físicas e genéticas. Algumas imagens captadas, inclusive a referenciada por este paper, foram expostas na Feira de Profissão da Universidade (FEPRO), em agosto de 2016. Os visitantes tiveram a oportunidade de viver uma experiência dentro de uma sala toda montada com o tema do preconceito, acompanhando, como uma das atrações, parte das fotos produzidas até aquele momento, das quais uma foi selecionada para concorrer ao Prêmio Expocom 2017. O grupo entrou em consenso e decidiu pela foto de Miguel. A imagem, intitulada  Eu existo, eu resisto visa justamente chamar a atenção para os preconceitos existentes contra os autistas, dando visibilidade à causa e abrindo espaço para uma reflexão sobre o processo de resistência necessário para que o assunto fique sempre em evidência. As demais fotos escolhidas para a exposição na Feira de Profissões da Unifran foram disponibilizadas na página Voz das Diferenças, criada pelo grupo no Facebook, sob o nome Voz das Diferenças, para divulgação de todos os produtos comunicacionais desenvolvidos para o Projeto Experimental de 2016. Além do ensaio, foi feito todo um trabalho de assessoria de imprensa, que culminou, também, em um programa de rádio, um documentário em vídeo e uma reportagem para revista impressa. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para o desenvolvimento da sessão fotográfica, foram utilizadas técnicas adquiridas pelos alunos durante as aulas de fotografia e fotojornalismo do curso, nas quais o docente abordou, entre diversos temas, a história da fotografia, ângulos de câmeras, velocidade, luz, flash, aberturas, local de composição, etc. O estilo a ser adotado nas imagens ficou sob responsabilidade do grupo, que inicialmente optou pelo preto e branco, inspirado por Sebastião Salgado. Acreditava-se que haveria maior impacto para que observado. Porém, depois se decidiu pela cor, para valorizar as características físicas e melhor visualização dos detalhes corporais. A foto escolhida para concorrer ao Prêmio Expocom foi produzida dentro do estúdio de fotografia da universidade. Foi montado um cenário para que a criança autista ficasse à vontade com pessoas que não são de seu convívio social, já que o autista tem dificuldade de relacionar. Para a composição, utilizamos brinquedos que membros do grupo se dispuseram a levar, como ursinhos de pelúcia, cubo mágico, entre outros. A foto foi tirada em momento de espontaneidade da criança. O ambiente estava um pouco escuro, utilizamos pouca luz e flash, para que o estúdio ficasse confortável para Miguel, que, por causa do autismo, também não tolera locais muito iluminados. Por causa do preconceito existente, muitas vezes são criados mitos acerca do transtorno. Assim sendo, compreender o autismo é abrir mão de conceitos previamente formulados e lançar-se a um mundo desconhecido e misterioso. Para isso, é necessária uma atuação ética e comprometida com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. O intuito, com as fotos, sempre foi mostrar a beleza das pessoas com diferenças físicas e genéticas e, para chegar à foto escolhida, o grupo tirou várias fotos da criança, inclusive ao lado da mãe. Em nenhum momento, elas foram posadas. Todas espontâneas. A foto precisou de um tratamento no Photoshop, para alguns poucos ajustes de luminosidade e contraste. Em nenhum momento, foi feita uma manipulação no sentido de incluir ou retirar elementos da imagem. O tratamento de uma fotografia constitui na melhoria de sua imagem. É o uso da tecnologia disponível para clarear pontos escuros, ressaltar a luz e até alterar a saturação das cores, tornando-as mais fortes ou esmaecidas, dependendo do que se quer transmitir. Quando se trata uma imagem, a intenção não e alterar o seu conteúdo, portanto, as informações que fazem parte do quadro não são modificadas. Na manipulação  no caso específico do fotojornalismo  existe interferência na realidade dos fatos. Elementos podem ser acrescentados ou excluídos, dependendo da intenção de quem a manipula (ALMEIDA; BONI, 2006, p. 6 -7). Para Busselle, (1979, p. 88): Podem-se usar inúmeras técnicas para realçar uma imagem, e muitas delas não incorrem em despesas nem exigem equipamentos e técnicas complicados. Na verdade, todo interesse pela criação de imagens origina-se do elemento de pesquisa (BUSSELLE, 1979, p. 88). Para chegar à foto escolhida, foram necessárias mais de duas horas de sessão fotográfica e muita atenção para cada detalhe que acontecia dentro do estúdio. Conseguimos mais de 50 fotos com a participação do Miguel. Algumas não foram aproveitadas. Outras estão disponíveis na página Voz das Diferenças. A colaboração dos professores com as críticas e opiniões foi fundamental para a composição de todas as imagens a partir de um segundo ensaio. No primeiro, não conseguimos atingir o principal objetivo do projeto experimental. Após uma segunda tentativa, iniciamos uma etapa com resultados bem mais satisfatórios. Segundo Fiuza e Parente (2008, p. 171), um ensaio fotográfico desperta para novas reflexões. Nas palavras das autoras, ele é considerado um mecanismo pelo qual o fotógrafo pode expressar com mais intensidade sua visão sobre determinado tema, e é importante que se sinta a singularidade que a presença do ponto de vista do autor permite ao trabalho. Ao mergulhar em um ensaio o autor se vê inserido em um processo que exige muito mais que a captura de imagens (FIUZA, PARENTE, 2008, p. 171). A sessão fotográfica foi um grande desafio para os integrantes do grupo. Tivemos que mergulhar em um mundo que não fazia parte do nosso dia a dia. A atividade trouxe para os alunos uma visão diferente sobre a fotografia e também sobre o preconceito. A inocência e a pureza da criança se refletiram nas suas ações enquanto brincava. Percebe-se isso nos detalhes do sorriso, do olhar, na forma com que segura o cubo mágico, nos gestos das mãos. Garcia (2007, p. 1), sobre a relação da imagem do corpo com a linguagem fotográfica, colaborar para resignificar e ampliar esta possibilidade: Quando o corpo em cena se espetaculariza, basta atinar os relevos que a braçam as linhas e contornam dorsos, pernas, braços, lábios. Há uma mensagem que fica impregnada de subjetividade com a força imanente do corpo que dita o mundo, sobretudo hoje. Da poética à estética, a impressão visual do corpo é resgatada pelo registro fotográfico. Diante do ato fotográfico, a imagem corpórea equaciona a vivacidade humana e potencializa um resultado (Garcia, 2007, p.1). O título para o ensaio fotográfico foi  Meu corpo! Minhas Marcas! , título escolhido para dar significado ao que foi fotografado, ou seja, o corpo e as marcas. Já para a foto escolhida, o título é  Eu existo, eu resisto . Os personagens que compartilharam suas histórias foram procurados para receber suas respectivas fotos impressas. Não apenas como uma lembrança, mas principalmente para encorajá-los a ter voz todos os dias. Ao fotografar, buscamos ter a sensibilidade de registrar momentos únicos na vida de pessoas que se dispuseram a colaborar com o projeto. Observando as imagens, coube ao público interpretá-las, acrescentar seus olhares e tirar suas conclusões. O preconceito é indicativo de intolerância. Para uma sociedade que possa viver em harmonia com as diferenças, uma mudança se faz necessária. Nem que ela apareça registrada numa única foto. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Este trabalho possibilitou a reflexão acerca do que acontece no dia a dia das pessoas que, geralmente, são vítimas de preconceito. Apesar de estarmos em pleno século XXI, debatendo o problema anos a fio, ainda é possível notar pessoas sendo excluídas por possuir características físicas ou genéticas diferentes de outras. É preciso chamar a atenção, diante disso, para os riscos que os preconceitos representam, tirando vidas todos os dias, e que, por isso, deve ser combatido. Sendo assim, o intuito deste grupo de pesquisa foi trazer à tona, por meio da fotografia, um debate sobre as diferenças físicas e genéticas, demonstrando que elas não nos segregam como seres humanos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARTHES, Roland. A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.<br><br>BUSSELE, Michael. Tudo Sobre Fotografia. São Paulo: Thomson, 1979.<br><br>FIUZA, Beatriz Cunha e PARENTE, Cristiana. O conceito de ensaio fotográfico. In: discursos fotográficos, Londrina, v. 4, n. 4, 2008.<br><br>FREUND. Gisèle. La Fotografia como documento social. Barcelona. Gustavo Gilli, 1976.<br><br>GARCIA, Wilton. O corpo na fotografia: anotações. In: Fotografia Contemporânea. 2007.<br><br>GUIDOTTI, Rick. Entrevista para a BBC. 2015. Disponível em <http://www.bbc.com/culture/story/20150810-positive-exposure-the-photographer-breaking-taboos>. Acesso em 12 de abril de 2016. <br><br>HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os formatos. 3 ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007.<br><br>KOSSOY, Boris. Fotografia & história. São Paulo: Ateliê, 2001.<br><br>KOSSOY, Boris. Realidades e Ficções na Trama Fotográfica. Editora, Ateliê Editorial, 1999.<br><br>KUBRUSLY, Claudio Araujo. O que é Fotografia. São Paulo; Editora Brasilense, 1991.<br><br>VEIGA, C. As regras e as práticas: factores organizacionais e transformações na política de reabilitação profissional das pessoas com deficiência. Lisboa Cardernos SNR, n. 20, 2006. Disponível em: <http://www.inr.pt/content/1/111/cadernos-snr/>. Acesso em 15/03/2016.<br><br> </td></tr></table></body></html>