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INSCRIÇÃO: | 00244 |
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CATEGORIA: | RT |
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MODALIDADE: | RT01 |
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TÍTULO: | Todas Marias: a luta pela igualdade de gênero. |
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AUTORES: | Fernanda Mara de Azevedo Rangel (Universidade Vila Velha); Rayza Martins Alves (Universidade Vila Velha); Júlia Uliana Pellegrini (Universidade Vila Velha); Karolina Pedroni (Universidade Vila Velha); Raquel Dornelas da Costa Silva (Universidade Vila Velha); Michelle Souza Moretti (Universidade Vila Velha) |
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PALAVRAS-CHAVE: | violência contra a mulher, Lei Maria da Penha, radiojornalismo, assédio sexual, |
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RESUMO |
Todas Marias consiste em uma série de programas radiofônicos que abordaram as seguintes temáticas: a violência contra a mulher, o assédio no trabalho e a diferença salarial entre os gêneros masculino e feminino. As reportagens, veiculadas nas dependências da Universidade Vila Velha, tem como objetivo discutir a questão da recorrente violência e do abuso da mulher. O produto permite ao público entender um pouco mais sobre as diversas formas que caracterizam a violência feminina, sobre a Lei Maria da Penha e sobre outros recursos de proteção da integridade feminina. Portanto, trata-se de um produto jornalístico que estimula a produção de conhecimento e o desenvolvimento da consciência cidadã. |
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INTRODUÇÃO |
A série de programas Todas Marias foi produzida com o objetivo de abordar questões sobre a mulher na sociedade. Como formato, decidiu-se por adotar uma narrativa que pudesse ampliar e aprimorar o olhar dos alunos sobre o tema. De caráter experimental, os alunos do 4º período de Jornalismo da Universidade Vila Velha colocaram em prática o que foi abordado em sala de aula na disciplina de Radiojornalismo. Para desenvolver a pauta estabelecida, optou-se por explorar essa temática a partir de entrevistas com especialistas, professores e vítimas da violência e abuso feminino, apresentando possíveis situações e soluções para o problema. A motivação para produzir essa série radiofônica surgiu a partir da percepção sobre a falta de debates sobre o assunto. A partir disso, desenvolveram-se temas que buscaram debater sobre as várias formas de abuso sofrido pela mulher, não só no meio familiar, mas também no ambiente de trabalho. A veiculação ocorreu na Rádio Poste da própria universidade. Por ser um ambiente acadêmico, é relevante proporcionar aos alunos todo tipo de informação, para que eles saibam lidar e até mesmo evitar possíveis situações que possam surgir. Por ser um meio democrático, principalmente no ambiente universitário, alcança um público maior, além de preservar a identidade das vítimas que deram depoimentos. |
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OBJETIVO |
Ao construir a narrativa, buscou-se explicar didaticamente ao público universitário o tema abordado. Através de pesquisas, opinião de especialistas, autoridades e depoimentos de vítimas, traz-se um importante debate no meio acadêmico: a posição em que a mulher é colocada na sociedade. A violência contra a mulher não é um fenômeno recente. A desigualdade de gênero pode ser vista ao longo de toda a história – sobretudo, entre as sociedades patriarcais. Se colocado em pauta, devido a fatores históricos e culturais, percebe-se que a sociedade ignora, em sua maioria, a violência contra a mulher. Só há uma movimentação sobre o tema quando a violência assume grandes proporções, como crimes e assassinatos cruéis, chocantes e "fora do comum". Existem vários tipos de armas utilizadas na violência contra a mulher, como: a lesão corporal, que é a agressão física, como socos, pontapés, bofetões, entre outros; o estupro ou violência carnal, sendo todo atentado contra o pudor de pessoa de outro sexo, por meio de força física, ou grave ameaça, com a intenção de satisfazer nela desejos lascivos, ou atos de luxúria; ameaça de morte ou qualquer outro mal, feitas por gestos, palavras ou por escrito; abandono material, quando o homem, não reconhece a paternidade, obrigando assim a mulher, entrar com uma ação de investigação de paternidade, para poder receber pensão alimentícia. Mas nem todos deixam marcas físicas, como as ofensas verbais e morais, que causam dores,que superam, a dor física. Humilhações, torturas, abandono, etc, são considerados pequenos assassinatos diários, difíceis de superar e praticamente impossíveis de prevenir, fazendo com que as mulheres percam a referencia de cidadania. (VELLOSO, 2013, p. 2) O tema está tendo uma maior abertura nas mídias, instituições de ensino e, consequentemente, no dia a dia da pessoas. Mas, infelizmente, essa abrangência – ainda – não é suficiente para findar a realidade de violência contra a mulher. |
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JUSTIFICATIVA |
No Brasil, os movimentos e pesquisas em torno da violência contra a mulher tiveram início em meados da década de 1980, com o surgimento das primeiras delegacias da mulher. Porém, Gabriela Berlese Pinto (2007, p. 2) ressalta que o grande marco dessa luta foi a promulgação da lei 11.340, em 2006 – a Lei Maria da Penha. Trata-se da primeira lei do país que trabalha a identificação dos casos de violência doméstica e suas respectivas consequências legais. Segundo Waiselfisz (2015, p. 13), entre 1980 e 2013, as taxas de feminicídio aumentaram em 252% no Brasil. Ainda de acordo com o mesmo estudo, o estado do Espírito Santo e sua capital, Vitória, lideraram os índices, apresentando o maior número de mulheres assassinadas por ano. A partir desse gancho, as reportagens do produto radiofônico começaram a ser produzidas. Mas a realidade de violência contra a mulher não se encontra apenas no âmbito familiar. O ambiente profissional também é um local de constantes abusos contra a mulher. São diversos os relatos de vítimas que sofreram assédio no local de trabalho, mas, sob pressões e ameaças, não puderam denunciar. Assim, motivou-se a realização do segundo programa. Rafael Barifouse (2015) aponta um problema recorrente no ambiente de trabalho. "Dos 4.975 mil profissionais de todas as regiões do país ouvidos no fim de maio, 52% disseram ter sido vítimas de assédio sexual ou moral". Desse montante, 80% das pessoas que disseram ter sido vítimas de abuso são do sexo feminino e apenas 12,5% das vítimas fizeram denúncia. Perante os dados acima, reforça-se a necessidade de debater o assédio sexual no trabalho, principalmente no ambiente universitário, em que os jovens estão prestes a se inserir no mercado profissional. Jordão (1997, p. 40) afirma que a falta de continuidade dos debates sobre as temáticas femininas é um grande problema. Segundo o autor, os temas aparecem, mas não se mantêm como pauta constante. Eis a motivação da série de programas radiofônicos sobre a violência e desigualdade feminina. Os programas, veiculados de forma intercalada, mas repetidamente, na Rádio Poste, contribuíram para um debate contínuo e o destaque da posição feminina entre os universitários. Com isso chegamos à última parte da discussão apresentada no programa, que é a diferença salarial entre os gêneros. Mesmo com as leis afirmando que mulheres têm a mesma capacidade de trabalho em relação a um homem, no mercado ainda existem preconceitos. Então partimos de uma pergunta central: será que a mulher, de fato, está conseguindo direitos iguais ao homem? Para responder a questão, buscamos a ajuda de especialistas da área, a fim de obter uma abordagem completa sobre o tema. Dessa forma, as pautas se configuram como assuntos contemporâneos e de interesse público. A proposta se trata, justamente, de demonstrar o quanto a questão da violência feminina se faz presente na sociedade, sanar dúvidas a respeito de como evitar, proceder e superar determinadas situações e, ainda, mostrar para as possíveis vítimas o fato de que não estão sozinhas nessa luta. Jordão (1997) justifica que é preciso inserir debates sobre gênero nos meios de comunicação, pautar a mulher e dar voz e representatividade às suas questões. E a mídia de massa vem apresentando melhoras em relação à abertura para esses debates. O rádio é um meio de comunicação democrático de acesso ao ouvinte. Para Mario Kaplún (2008), mesmo privado de imagens visuais, o rádio proporciona, em vantagem, imagens auditivas. Ou seja, estimulam a imaginação do ouvinte explorando apenas um recurso: o som. Assim, principalmente por se tratar de temas que demandam a preservação de identidade das fontes, o rádio auxilia na formação de um repertório único na mente de cada ouvinte. Contribui, assim, para a relação de empatia entre a história narrada e a exposição dos casos de abuso, fazendo o receptor ter uma conexão próxima e diferente com a narrativa. |
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MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS |
A realização da série de programas foi feita durante a disciplina de Radiojornalismo, do curso de Jornalismo da Universidade Vila Velha. Cada programa da série foi produzido por uma equipe diferente, após ampla discussão e planejamento da série radiofônica. Quanto ao conteúdo, optou-se por uma abordagem não-factual em modelo de reportagem documental. Tal gênero permite o aprofundamento da discussão e pluralização dos pontos de vistas acerca do tema em debate – ou seja, de forma mais coerente com os propósitos e necessidades do programa. Quanto ao meio de veiculação, a série foi transmitida na Rádio Poste da Universidade Vila Velha, alimentada pelos alunos de Jornalismo, pela qual são transmitidos programas produzidos pelos discentes do curso, veiculados durante o intervalo das aulas. A Rádio Poste foi usada como espaço aberto para discussões de temática social. "A mídia é cada vez mais o que restou do espaço público, é o maior campo de mediação de poderes e conflitos, um espaço de competição. Estar na mídia é sinônimo de existir" (BERNARDO apud JORDÃO, 1997, p. 31). Sendo assim, nota-se a importância de utilizar a mídia como ferramenta para o alcance do público e como palco de discussões de temáticas de suma importância, como a questão feminina – tanto para expor problemas, quanto para mediar poderes –, visto que o espaço destinado às discussões sobre a mulher ainda é reduzido. Para a produção dos programas, utilizou-se entrevistas – tanto com especialistas quanto com vítimas de abusos sexuais – como meio de sensibilizar o ouvinte com os relatos e estimular uma reação empática a eles. O jornalismo passa necessariamente pela geração de fatos, histórias ou depoimentos de pessoas – portanto, enfoques capazes de sensibilizar o jornalista e, no fim da linha da comunicação, atrair a atenção do leitor, ouvinte ou telespectador (JORDÃO, 1997, p. 29). Nota-se que o público-alvo do programa, veiculado no horário de intervalo entre as aulas, segue a característica do ouvinte radiofônico habituado a ouvir rádio de modo superficial, distraído e alternando a atenção entre duas ou mais atividades, como aponta Kaplún (2008). De acordo com o nível de interesse despertado no ouvinte, o mesmo pode se identificar com o que está sendo transmitido e estabelecer uma relação afetiva e especial com a programação. Busca-se, portanto, chamar a atenção do público por meio de uma linguagem jovem, utilizando músicas conhecidas e narrativas fortes durante o programa, como depoimentos, entrevistas e sons de efeito intercalados, a fim de dinamizar o programa. A equipe produziu a série em um estúdio de gravação específico para áudio, que se localiza dentro da universidade. Obtemos ajuda de três técnicos da área para a captação das falas e para a edição. Esta última, por sua vez, foi feita através do programa Sony Vegas e complementada com o tratamento de voz feito através do software Sound Forge Audio Studio. |
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DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO |
Com 16 minutos e 59 segundos de duração, o primeiro programa da série aborda a inauguração do projeto Núcleo de Atendimento à Mulher (NAM), na Universidade Vila Velha, e a comemoração aos 10 anos da Lei Maria da Penha, em 2016. O programa conta com a participação da coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas (Nuprajur) da UVV, Karime Sivieiro, da coordenadora do NAM, Carmen Hein, da advogada, Jociani Neves e da estudante de psicologia, Daniela Bello. O público consegue entender um pouco mais sobre as diversas formas que caracterizam a violência feminina, sobre como funciona a Lei Maria da Penha e sobre os demais recursos de proteção existentes. Além disso, o programa aborda a história do projeto jurídico-psicológico NAM, que teve início em 9 de agosto de 2016. A narrativa do primeiro episódio traz um tom leve, abordando mais o aspecto da denúncia do que casos de violência vivenciados pelas mulheres. São mesclados trechos de entrevistas, falas em off e trechos musicais, do gênero pop e rap, para que o programa não se torne cansativo. Por se tratar de um assunto não factual, o produto está alindado ao gênero de radiodocumentário, e atendeu à intenção dos alunos de elaborar algo com caráter experimental e livre. Com 22 minutos e seis segundos de duração, o segundo programa da série retrata o tema assédio sexual no ambiente de trabalho, buscando deixar claro o que é e quais são as consequências do abuso sexual em um ambiente profissional. Para construir uma discussão sólida e demonstrar a importância de falar sobre a temática, o programa contou com a participação de mulheres que já sofreram algum tipo de violência sexual em seus locais de trabalho. Durante o decorrer do assunto, seus depoimentos são colocados à tona, porém, sempre preservando suas identidades para garantir a privacidade e segurança das entrevistadas. A professora do curso de Pós-Graduação em Segurança Pública, Carmen Hein, foi uma das entrevistadas, e buscou esclarecer dúvidas em relação ao que pode ser um assédio sexual, o que o configura e quais são as medidas cabíveis que podem ser tomadas. A professora e também coordenadora do projeto Núcleo de Atendimento à Mulher (NAM) aponta em sua declaração diferentes maneiras na qual uma pessoa pode ser submetida ao assédio, até mesmo sem saber que está passando por tal circunstância. Os locutores em estúdio buscaram manter uma postura série diante da temática, para passar credibilidade ao produto de rádio produzido e não deixar dúvidas, principalmente para os universitários ouvintes, visando alertar não só que o fato acontece, mas também, o que o caracteriza. Muitas mulheres são assediadas e se mantêm caladas por falta de informação. Assim, optou-se também por backgrounds sérios, para conferir sobriedade ao tema tratado. Com 18 minutos e oito segundos de duração, o terceiro programa apresenta a temática da diferença salarial entre homens e mulheres, trazendo uma pequena linha do tempo da luta das mulheres pela igualdade. Em estúdio, os locutores discutiram sobre a atual situação da mulher no âmbito trabalhista, apresentando o contexto histórico e as dificuldades encontradas pela mulher desde a Revolução Industrial, quando foi inserida no mercado de trabalho. Para dar embasamento ao que é apresentado pelos locutores, foram feitas entrevistas com a professora de sociologia, Maria Ângela Soares, e com a professora de direitos trabalhistas, Isabella Vieira, apontando os direitos sociais e de legalidade do tema em questão. A socióloga Maria Ângela expõe a diferença de gêneros, explicando os motivos desse grande desequilíbrio existente. Fatores, como a sociedade patriarcal e o machismo, são raízes da desigualdade salarial. Já Isabella Vieira apresenta os aspectos legais, especificando as leis trabalhistas que defendem a igualdade de remuneração entre cargos correspondentes, independentemente do sexo. |
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CONSIDERAÇÕES |
Em contraponto ao atual cenário de violência contra a mulher, temos as leis que garantem a proteção contra qualquer tipo de agressão. Além disso, o cenário de empoderamento feminino cresce a cada dia. A violência contra a mulher se dá por diversas formas. Pode ser uma violência física, verbal, psicológica ou patrimonial. E acontece não apenas no ambiente familiar, mas no trabalho, no meio acadêmico, entre outros. A luta das mulheres busca transformar os direitos femininos, dar visibilidade à questão da violência doméstica e, principalmente, desenvolver políticas públicas para as mulheres. A mídia tem contribuído para o debate sobre as questões referentes a mulher e seu empoderamento diante de situações que antes não tinham a devida atenção. Como estudantes de Jornalismo, vimos a oportunidade de democratizar esse debate e nos engajar na causa, tendo como objetivo levantar um debate em torno de questões em que a mulher é prejudicada ou submissa e fomentar a discussão sobre desigualdade gênero. Para nós, jornalistas graduandos, essa se tornou uma oportunidade para contribuir, mesmo que em pequena escala, para uma sociedade mais justa e para uma realidade que seja, ao menos, um pouco mais igual para todos. |
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS |
BARIFOUSE, Rafael. Metade dos brasileiros já sofreu assédio no trabalho, aponta pesquisa. 2015. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2017.
JORDÃO, Fernando Pacheco. Mulher e mídia: uma pauta desigual?. 1997. Disponível em: . Acesso em: 31 mar. 2017.
MEDITSCH, Eduardo. Teorias do rádio: textos e contextos. Insular, 2005.
KAPLÚN, Mario. A natureza do meio: limitações e possibilidades do Rádio. IN; MEDITSCH, Eduardo; ZUCOLOTO, Valci. Teorias do Rádio: textos e contextos, v. 2, 2008.
OLIVEIRA, Guacira C. de; MELO, Jacira; LIBARDONI, Marlene. Mulher e mídia: uma pauta desigual. São Paulo: CFEMEA/RedeSaúde, 1997. Disponível em: . Acesso em: 31 mar. 2017
PINTO, Gabriela Berlese. Violência doméstica e familiar à luz da Lei nº 11.340/2006. 2007. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2017.
VELLOSO, Renato Ribeiro. Violência contra. 2013. Disponível em: . Acesso em: 04 abr. 2017.
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015 – Homicídios de Mulheres no Brasil, 1ª ed., Brasília, 2015. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2017.㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀
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