ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00390</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Coleta do Assédio. Para dar fim ao medo, damos voz ao meio</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ivana Correa Ribeiro (Universidade Federal do Espírito Santo); Flávia Mayer dos Santos Souza (Universidade Federal do Espírito Santo); Matheus Vieira Barcelos Thuler (Universidade Federal do Espírito Santo); Layana Nogueira Silva (Universidade Federal do Espírito Santo); Morgana Rodrigues Inocencio (Universidade Federal do Espírito Santo)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Publicidade Afirmativa, Inovação, Assédio, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Não é novidade o crescente número de casos de assédio, sobretudo, em relação à mulher. O espaço da universidade é, também, um local com a marca da violência. Na Universidade Federal do Espírito Santo, uma tentativa de estupro, no começo de 2016, trouxe o tema à tona. Por isso, o assunto foi explorado em um trabalho experimental desenvolvido na disciplina Projeto Especial em Publicidade, com o intuito de alertar em relação à questão, conscientizar sobre os casos de assédios que ocorrem frequentemente e, expor, também, os locais e os fatores que contribuem para esses acontecimentos. Para isso, a ação proposta sustentou-se na teoria do conteúdo inacabado, proposta por Jenkins, Ford e Green (2014), e no conceito de publicidade afirmativa apresentada por Nascimento (2012).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Historicamente, existe um problema que vem causando danos à vida da mulher: o assédio. E, felizmente, também tem conquistado destaque no discurso das pessoas. Mulheres do mundo todo estão trocando experiências e mostrando que esse problema tem solução. O Espírito Santo, local em que o projeto foi idealizado, é o estado que mais apresenta casos de violência contra a mulher. E não apenas isso, é também o segundo estado com mais casos de feminicídio e o primeiro nos casos de violência contra as mulheres negras (ALBUQUERQUE, 2015). Diante desse cenário, é inegável a existência da violência contra a mulher. Porém, também é inegável que esses dados só ganharam visibilidade devido ao aumento de denúncias feitas pelas mulheres. Outro fator que levou ao projeto aqui relatado foi o fato de, no início do ano de 2016, uma aluna ter sofrido uma tentativa de estupro no espaço da Universidade, na área do Centro de Artes, onde ocorrem as atividades do curso de Publicidade e Propaganda (GAZETA ONLINE, 2016). Tal contexto levou ao o projeto #ColetaDoAssédio, proposto como um trabalho experimental na disciplina Projeto Especial em Publicidade, de maneira que a publicidade figurasse como uma ferramenta de incentivo a essa luta. Uma ação que pretende fortalecer a discussão sobre o assunto e abordar o problema a partir de outra visão, focando na infraestrutura e comportamento social das pessoas em determinados locais que serviram de palco para esses crimes.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O artigo objetiva apresentar um projeto realizado e executado na disciplina Projeto Especial em Publicidade. A disciplina tinha como proposta de trabalho final um projeto com tema livre. A ideia era estimular os alunos a pensar soluções criativas para problemas da sociedade. Dessa maneira, a disciplina estimulava a reflexão sobre os problemas sociais que acometiam os alunos e incentivava a visão criativa, a partir do uso da publicidade afirmativa, que será explicada a seguir. Os esforços resultaram, assim, em uma ação intitulada #ColetaDoAssédio que privilegiou a teoria do conteúdo inacabado, de Jenkins, Green e Ford (2014), no livro Cultura da Conexão, em que o autor aborda a facilidade da propagação de mensagens que utilizam dessa técnica. "A ambiguidade e a natureza inacabada dessas campanhas tiraram proveito da inteligência coletiva da cultura participativa, incentivando a propagação de conteúdo por meio da criação de um desafio em que as pessoas pudessem trabalhar juntas para solucionar." (JENKINS; FORD; GREEN, 2014, p. 261). Assim, a ação busca estimular a produção de conteúdo a partir do debate de soluções sobre a temática. A finalidade é tornar o ambiente universitário mais agradável para todos. E, por fim, incentivar a circulação de informação para que o projeto possa alcançar novos territórios de atuação.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A sensação de insegurança vem se tornando mais comum em todas as partes do Brasil, principalmente nas grandes metrópoles. Porém, quando se é mulher, além do risco de ser roubada, existe a possibilidade da violência sexual. Logo, o medo faz parte da rotina das mulheres a ponto de tornar-se normal o ato de evitarem andar sozinhas e de frequentarem locais sem iluminação e sem policiamento. E a cada dia que passa, ainda vemos muitos casos de assédio sexual, sendo estes físicos e verbais, causando um sentimento de impotência, sem saber o que pode ser feito para fazer com que esses casos deixem de acontecer. A ideia do projeto se deu a partir do nosso conhecimento a respeito de casos de assédio sexual que aconteceram próximo à nós. Um deles foi o de uma aluna do curso de Comunicação Social - habilitação em Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal do Espírito Santo, que sofreu uma tentativa de estupro no dia 18 de abril de 2016. A vítima conta que foi abordada pelo agressor quando passava pela passarela que liga o ponto de ônibus até o edifício onde estuda. O criminoso, que estava escondido em uma guarita de segurança abandonada, a atacou no período da noite, em um local com pouca iluminação. Porém,a estudante gritou e alertou um outro estudante que passava no local que, felizmente, impediu o agressor de efetivar o ato (A GAZETA, 2016). Tendo como fonte o Gazeta Online, jornal on-line filiado a Rede Globo no estado do Espírito Santo, este não é o primeiro caso de assédio sexual na universidade. Em 2012, uma estudante de 19 anos foi estuprada durante a madrugada em uma festa dentro do principal campus da UFES. Em 2014, foi encontrado na janela do banheiro feminino um espelho que era utilizado para espiar as mulheres que utilizavam o toalete. No ano de 2015, uma aluna foi abusada sexualmente dentro da universidade tendo como suspeito um dos seguranças patrimoniais da instituição. Além disso, no mesmo período do ocorrido com a estudante de Cinema, foi propagado um áudio feito por alguns estudantes do curso de Direito da mesma universidade, onde estes faziam apologia ao estupro. A origem desse áudio foi de um dos grupos de turma em uma rede social, de acordo com Viviane Machado (2016), jornalista do G1 ES. Diante dessa realidade, resolvemos criar o #ColetaDoAssédio como uma forma para demarcar os locais marcados por tais momentos. No mercado, inclusive na própria UFES, já existem aplicativos que demarcam lugares onde mulheres sofreram assédio, no entanto, esses aplicativos são pouco práticos, tendo em vista que em lugares escuros e com a ausência de segurança serão poucas aquelas que abririam o celular para verificar se aquela área é perigosa. Por isso, sentimos a necessidade de demarcar fisicamente esses locais, especificamente na universidade. A ação #ColetaDoAssédio tem a intenção de denunciar os problemas voltados ao assédio na Universidade Federal do Espírito Santo, e fazer com que as autoridades locais tomem alguma atitude para que o assédio acabe definitivamente. Além disso, objetiva demonstrar como a publicidade afirmativa pode ter um papel fundamental na prestação de serviços sociais a comunidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ação foi elaborada para a disciplina Projeto Especial em Publicidade, ministrada para o sexto período do curso de Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda, na Universidade Federal do Espírito Santo. Em primeiro plano, a professora expôs exemplos de projetos já criados pelas turmas anteriores, ressaltando características criativas e inovadoras, e solicitou que pensássemos em um tema para trabalhar. Logo, tínhamos uma meta de reproduzir no projeto uma temática que não havia sido explorada nos trabalhos já realizados na disciplina. Diante disso, precisávamos desenvolver uma ação inovadora, ou seja, com características únicas, indo além de tudo que já havia sido proposto (RADOS; DIAS). Para iniciar o trajeto em busca do tema que seria explorado, nós nos reunimos em horário extraclasse para, juntos, iniciarmos o processo criativo. Entendemos este processo como  [...] um ato em continuidade, que presume etapas para se efetivar e culminar, afinal, em uma resposta. É algo que afeta de modo profundo o artista criador de qualquer área, o qual, até chegar a uma real resolução para sua demanda, parece debater-se indefinidamente, e sentir-se fragmentado, em débito. A resposta ao problema revela-se sua maior preocupação, e enquanto não desponta no horizonte da mente, toma expressiva porção de seu tempo, exaurindo-o na busca de uma possível conclusão (OSTROWER, Fayga, 1977). Durante esses momentos, realizamos o brainstorm que, segundo Meira (2003), seria um processo informal e de clima agradável que busca gerar múltiplas ideias sobre um assunto definido, visando sempre à quebra de paradigmas e inovação. O nosso objetivo era destinar todas essas características em algo que todos tivessem familiaridade e vontade de concentrar tempo e esforço. Logo, diferente da maioria das produções, a orientação foi ampla, mas simultaneamente prezava por explorar nossa visão sobre os problemas sociais que as pessoas enfrentam diariamente. Dessa maneira, o projeto não teve início a partir de um briefing, que consiste na reunião de  [...] todas as instruções que o cliente fornece à agência para orientar os seus trabalhos. É baseado nele e completado com as informações de pesquisas que se esboça o planejamento publicitário. O briefing é uma fase completa de estudos e deve conter as informações a respeito do produto, do mercado, do consumidor, da empresa e os objetivos do cliente (SANT'ANNA, 1996, p. 109). A temática do projeto surgiu de uma maneira, infelizmente, não convencional. Durante uma noite, todos os alunos da UFES foram surpreendidos com a notícia de uma tentativa de estupro nas proximidades do Centro de Artes. O acontecimento ganhou destaque e tornou-se assunto recorrente na rotina dos estudantes. Diante desse cenário, um de nós teve um insight, também chamado de  Momento Eureka , por ser um momento de  resolução súbita de um problema pela interconexão espontânea de repertórios previamente aprendidos em separado (LEONARDI; ANDERY; ROSSGER, 2011). Esse acontecimento não resultou somente no encontro da temática, mas também na elaboração de grande parte da dinâmica da ação. Diante disso, nos reunimos em busca de planejar a melhor forma de finalizar o projeto, aprimorando a dinâmica e construindo uma narrativa pautada nas definições de publicidade afirmativa, conceito apresentado em sala de aula e ambicionado por todos nós para ser aplicado de forma prática. Para melhor entendimento, temos como definição de publicidade afirmativa:  [...] a mesma não visa o lucro ou promoção com fins estritamente comerciais, visa, no entanto, promover valores de sociabilidade, cultura e empreendedorismo. Coloca-se de modo a incorporar os conceitos tradicionais para realizar sua afirmação e remodelação. Este conceito ancora-se na capacidade de entender um desafio que vai além de uma solução mercadológica. Após observar o seu contexto propõe soluções de aplicação viável (NASCIMENTO, 2012). Assim, para dar continuidade, nós vimos a necessidade da criação de um planejamento - objetivos a serem atingidos pela propaganda; ordenadas às informações conhecidas sobre o mercado, a concorrência e os consumidores (SAMPAIO, 2013), para melhor concluir a narrativa da ação, transmitindo uma mensagem clara, objetiva e que, também, instigasse a interação das pessoas para que o assunto não surgisse apenas em momentos em que o dano já estivesse acontecido, como foi o caso citado anteriormente. Com o intuito de explorar a interatividade da ação, baseamos a construção da narrativa no Conteúdo Inacabado defendido no livro Cultura da Conexão (2014) como textos que trabalham com estimulação da inteligência individual e coletiva. Para que estes obtenham participação do público a estratégia usada é solicitar a contribuição para alcançar determinado objetivo. Este estilo de conteúdo normalmente promove uma grande propagação na internet (JENKINS; FORD; GREEN, 2014). Finalizado a dinâmica da ação, foi elaborado um questionário para validar e certificar a aceitação do projeto, além de procurar ressaltar os pontos de maiores índices de assédio. O formulário foi feito através da plataforma on-line do Google e veiculado por meio da rede social Facebook, dentro dos grupos de estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo. Após a pesquisa, visitamos os locais para que pudéssemos analisar, pessoalmente, a situação dos ambientes em termos de iluminação, segurança e outros pontos que poderiam se tornar uma ferramenta para os crimes de assédios relatados nos depoimentos conquistados. Outra importante contribuição para a realização do projeto foi a aprovação e incentivo dos grupos feministas da universidade. Antes de colocarmos em prática a ação, sentimos a necessidade de apresentá-la a estas mulheres, para nos certificar de que a linguagem utilizada por nós não desrespeitaria o movimento. Após a aceitação dos grupos feministas, colocamos em prática a produção da ação. As ferramentas utilizadas foram: Adobe Photoshop CC 2017, Adobe Illustrator CC 2017, Adobe Premiere, Nikon 3100, papel couchê fosco 170g, 4x1 e fita dupla face. Depois de uma série de testes, visitas aos locais escolhidos para a produção do projeto e pesquisa de opinião, chegamos a uma ação com finalidade de buscar a erradicação do assédio contra a mulher.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O nome  Coleta do Assédio surgiu da relação com a coleta seletiva de lixo, uma vez que em ambos os projetos existe um resíduo que deve ser transformado. A ideia principal da ação é tornar visíveis os problemas dos locais marcados pelo assédio dentro da Universidade do Espírito Santo (UFES) e, também, incentivar a troca de sugestões de recursos para que os problemas cheguem ao fim. Unindo os dois conceitos, criamos uma publicidade afirmativa que será propagada por intermédio de cartazes A3, videocase e pela rede social Instagram. Cada um para um determinado fim e empregando ferramentas para a proliferação da campanha. Para termos a certeza sobre os locais propensos ao assédio, para certificar a funcionalidade do sensor de movimento e para sabermos sobre o compartilhamento de conteúdo feministas, criamos um questionário on-line. Dentre várias questões, haviam perguntas sobre os locais da universidade onde já ocorreram assédios, turno em que os estudantes mais circulavam, possíveis reaçõesa um assédio verbal, sendo um deles o  fiu fiu , e também se compartilhariam materiais contra a violência a mulher. Enxergamos a necessidade da utilização de uma mídia off-line, o cartaz, para a demarcação dos lugares suscetíveis ao assédio. Essas peças foram equipadas com um sensor de movimento que emite um som característico do assédio, o  fiufiu . Assim, o próprio local ganharia o papel de assediador por conter uma característica que os próprios criminosos utilizam para a realização dos abusos. O cartaz, ponto de origem do som, portaria uma denúncia relacionado a um problema do local, seja a falta de iluminação, de segurança ou até mesmo o elevado número de pessoas que cometem o assédio verbal. A criação do logo da campanha foi pensada com base no design de uma lixeira juntamente com a estrutura de uma hashtag. Uma forma de intensificar a necessidade de interação via redes sociais e fazer um vínculo com a coleta seletiva de lixo. A lixeira do logo está semiaberta para sugerir que a resolução do problema não será total, já que a luta contra o assédio só terá um fim assim que todos os problemas estruturais urbanos e sociais forem solucionados. O logotipo tem a fonte na cor preta pois é de fácil visualização, contrastando com outras cores escolhidas para a composição do cartaz. Foram feitas três aplicações de cores diferentes para background em um mesmo layout de cartaz. As cores têm correlação com a coleta seletiva, além de que cada uma delas, separadamente, tem uma justificativa aplicável dentro do conceito da campanha. As cores escolhidas foram o vermelho, o laranja e o roxo - que na coleta seletiva são as cores designadas aos resíduos plásticos, perigosos e radioativos, respectivamente. De acordo com Farina, Perez e Bastos (2006), o vermelho estimula as emoções e instiga nossos estados de alerta e defesa. É uma cor quente e bastante excitante para o olhar, impulsionando a atenção e a adesão aos elementos em destaque. O laranja é corresponde ao vermelho, no entanto, de forma moderada. E a cor roxa tem associação afetiva à justiça e é utilizado como cor símbolo do movimento feminista. A utilização do alltype na peça foi para que a mensagem do cartaz fosse passada de forma sucinta e clara. Aliando a isso, utilizamos uma fonte sem serifa para facilitar a leitura e transmitir a sensação de clareza e limpeza, o que se intensificou com a aplicação da cor branca. A redação dos cartazes indica de forma singular os problemas de cada local para que os indivíduos possam observar, identificar e compartilhar a denúncia. As três problemáticas que resolvemos abordar na campanha foram os problemas voltados a falta de segurança, de iluminação e de respeito aos limites do outro. O título principal do cartaz é  Este local é marcado pelo assédio. , logo depois vem a problemática do local, representadas pelas frases:  E pela falta de segurança. ,  E pela falta de iluminação. , e a  E pela falta de respeito ao  não . . Para intensificar a necessidade de divulgação entre as pessoas, o texto era finalizado com o seguinte dexto de apoio:  Denuncie usando #ColetaDoAssedio. O problema ganha destaque, as pessoas discutem soluções, e o assédio chega ao fim.  . Além disso, a ação também utilizou da plataforma Instagram  site voltado para o compartilhamento de imagens  criando a conta  Coleta Do Assédio . Esta rede social foi escolhida principalmente por sua proposta ser algo mais visual, a utilização das hashtags ser de fácil mensuração e, também, pela facilidade de colocar informações precisas nas fotos, como: hashtag, lugar, pessoa com quem estava e a denúncia. Para que a propagação da ação fosse realizada de forma mais rápida e pudesse ser vista por pessoas de variados lugares do mundo, foi produzido um videocase mostrando a problemática e a ferramenta para a resolução de parte do problema. Uma forma de explicar a dinâmica e atingir, de forma indireta, todos que não haviam presenciado a ação. Baseamos a construção do roteiro no vídeo da campanha do Estadão, ganhadora do ouro no Festival de Cannes (ESTADÃO, 2016), chamada  Músicas de Violência . Projeto que trabalhou juntamente com o Shazam, aplicativo de música para celular, uma denúncia sobre as músicas que fazem apologia à violência contra a mulher, introduzindo um aviso visual no momento em que determinada música era acessada. Também utilizamos o videoclipe  Mais Ninguém , da Banda do Mar, como referência de cortes e velocidade de planos sequenciais. A fotografia editada com muito contraste e pouca iluminação para aumentar a ilusão de noite, e fazer uma relação com as problemáticas apresentadas anteriormente. A gravação do videocase foi realizada em um sábado, durante todo o dia, e utilizamos como cenário o local do assédio sofrido pela estudante de Cinema e Audiovisual da UFES. Durante as gravações, foi possível enxergar no ambiente um descaso com o acontecido, pois, a mesma guarita em que o agressor havia se escondido, encontrava-se vazia, assim como todo o campus estava ausente de segurança. Durante as filmagens, sofremos assédio, fomos perseguidos e sentimos medo. Porém, conseguimos realizar a captura de imagem com sucesso. Durante a edição, sentimos falta de uma cena em que explorasse as feições femininas, parte que voltamos para filmar durante a semana.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Cada vez mais vemos a utilização da publicidade como ferramenta para dar visibilidade a assuntos que deveriam ser debatidos com mais frequência. O assédio, por exemplo, é um assunto muito delicado que ocasionalmente constrange a vítima, fazendo-a calar. Porém, a publicidade vem se tornando cada vez mais uma porta-voz dessas vítimas e as ajudam a denunciar problemas sociais e estruturais que cercam nossa sociedade. Como é o caso do conceito de publicidade afirmativa que conceituamos no artigo, no qual a publicidade é feita com a finalidade de promover o bem estar social, não visando lucro. Sendo assim, o projeto #ColetadoAssédio nasceu com o objetivo de denunciar as problemáticas que estão direta e indiretamente embutidas na incidência do assédio. Inicialmente, o projeto promove discussões sobre o assunto, antes pouco discutido entre os alunos, sendo este um grande passo em direção a resolução do problema. Durante o processo, pudemos notar quão importante é dar visibilidade a este assunto e tentar resolver essa problemática, já que milhares de mulheres são violentadas e assediadas todos os dias. Durante a gravação, nós sentimos na pele a dificuldade de caminhar dentro da universidade em segurança. Um medo que todas as mulheres sentem, diariamente, tendo que deixar de frequentar lugares escuros, de ir às boates ou até mesmo de caminhar sozinhas nas ruas. Tudo em busca de se sentirem mais seguras. O alinhamento da ação por meio da teoria do conteúdo inacabado proposto por Jenkins, Ford e Green (2014) está diretamente ligado a interatividade que estamos vivendo atualmente, no qual podemos utilizar de diversos meios para compartilhar uma única opinião ou denúncia. Ao apresentarmos o projeto na XI Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, realizada em outubro de 2016, na UFES, estudantes de outras universidades relataram enfrentar o mesmo problema, incentivando que o projeto #ColetaDoAssédio saísse do papel e pudesse ser expandido para mais lugares no estado e do país.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALBUQUERQUE, Manoela. Vitória é a capital com maior taxa de feminicídios no Brasil, diz estudo. G1. Disponível em: < http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2015/11/vitoria-e-capital-com-maior-taxa-de-feminicidios-no-brasil-diz-estudo.html>. Acesso em: 14 de junho, 2016.<br><br>DIAS, Paulo Manoe, RADOS, Gregório Jean Varvakis. Introdução à Gestão da Inovação. Abimaq, [S.d]. 63p<br><br>JENKINS, Henry&#894; FORD, Sam; GREEN, Joshua. Cultura da Conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável.1. ed. São Paulo. Aleph, 2014.<br><br>MACHADO, Viviane. Alunas do curso de Direito da Ufes denunciam incitação ao estupro. G1. Disponível em: < http://g1.globo.com/espirito-santo/educacao/noticia/2016/05/alunas-do-curso-de-direito-da-ufes-denunciam-incitacao-ao-estupro.html >. Acesso em: 25 de abril, 2017.<br><br>NASCIMENTO, Luis Henrique. Publicidade Afirmativa. Observatório de Favelas. Disponível em: < http://of.org.br/noticias-analises/publicidade-afirmativa/ >. Acesso em: 25 de abril, 2017.<br><br>OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Rio de Janeiro: Vozes, 1977.<br><br>SAMPAIO, Rafael. Propaganda de A a Z. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.<br><br>SANT ANNA, A. Propaganda: teoria, técnica e prática. 6 ed. São Paulo: Pioneira, 1996.<br><br>SCHELLER, Fernando. Campanha do 'Estadão' ganha Leão de Ouro em Cannes. Estadão. Disponível em: < http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,campanha-do-estadao-ganha-leao-de-ouro-em-cannes,10000058670 > . Acesso em: 24 de abril, 2017.<br><br>Universitária sofre tentativa de estupro na Ufes e reclama de insegurança no campus. Gazeta Online. Disponível em: < http://beta.gazetaonline.com.br/noticias/cidades/2016/04/universitaria-sofre-tentativa-de-estupro-na-ufes-e-reclama-de-inseguranca-no-campus-1013939447.html >. Acesso em: 23 de junho, 2016.<br><br>Youtube. Banda do Mar - Mais Ninguém. Vídeo (2min48s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=61jSSF3Vu54 >. Acesso em: 24 de abril, 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>