ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00396</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Planejamento visual da reportagem "Frágil Equilíbrio".</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Nathália Silva Fiuza (Universidade Federal de Ouro Preto); Talita Iasmim Soares Aquino (Universidade Federal de Ouro Preto)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Curinga, Design Gráfico, Impresso, Planejamento Visual, Revista-Laboratório</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho busca analisar o processo de planejamento visual da reportagem intitulada "Frágil Equilíbrio", publicada na 19ª edição da Curinga, revista-laboratório produzida por estudantes do 7º período do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto, em Mariana, Minas Gerais. A edição a saber, publicada em novembro de 2016, discute os desdobramentos da tragédia causada pelo rompimento da Barragem de Fundão, da empresa de mineração Samarco SA, controlada pelas acionistas Vale e BHP Billinton. O planejamento visual da Curinga é uma das formas de linguagem que integra o desenvolvimento da revista. O produto é flexível e possibilita mudanças gráficas, assim como estimula a liberdade de criação e experimentação dos alunos, visando criar conceitos visuais que contribuam para a eficácia do processo de comunicação com o leitor. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Revista Curinga é o produto da disciplina de "Laboratório Impresso II - Revista", ofertada regularmente aos estudantes do sétimo período do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto. Tendo como base os conhecimentos adquiridos pelos alunos com práticas nas áreas de texto, fotografia e planejamento visual, a Curinga, ao longo das suas 20 publicações, tem o compromisso de ser "aberta ao debate e fechada ao preconceito", possuindo, assim como a carta do baralho, muitas faces e valores. A reportagem em análise neste trabalho integra a edição 19 e apresenta a pluralidade editorial e a reafirmação do caráter experimental da revista. Conforme pontua Pereira Junior (2006, p. 98), "diagramar é tomar posição". Partindo desse princípio, podemos considerar o planejamento visual da página não apenas como um elemento comunicacional, mas também, como o resultado de um processo que envolve as intenções do diagramador. Nesse sentido, o planejamento visual da reportagem "Frágil Equilíbrio" apresenta uma série de conceitos que conferem identidade ao material e vão além do ato de noticiar. A maior tragédia sócio-ambiental do país, causada pelo rompimento da Barragem de Fundão - propriedade da Mineradora Samarco S.A e controlada pelas acionistas Vale e BHP Billinton aconteceu na cidade berço da revista Curinga, fazendo com que a produção prevista para o semestre 2015.2 voltasse toda a sua atenção para o acontecimento. Naquela época (novembro de 2015), a edição 16 da publicação cobriu todos os desdobramentos da tragédia. Um ano depois, tendo sempre em vista o compromisso social da formação jornalística, a Curinga volta aos cenários de destruição para continuar dando visibilidade ao desastre. Não repetir formas e conceitos (tanto em relação à edição 16, quanto à mídia tradicional) ao mesmo tempo em que busca soluções gráficas interessantes passa a ser um dos desafios do planejamento visual da matéria "Frágil Equilíbrio", objeto de pesquisa deste trabalho. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A revista é identificada como um produto que pressupõe maior liberdade para a sua produção e que por isso, exige mais criatividade de seus produtores (SCALZO, 2008; TAVARES; SCHWAAB, 2013, p. 58). Essa premissa também se aplica ao planejamento visual da Curinga, que busca ser ao mesmo tempo atrativo e informativo. Ao criar a identidade visual das páginas, objetiva-se que a arte seja complementar ao texto e as fotos, agregando valor aos demais elementos. Temas com caráter sério e problemático, por exemplo, são pensados pelos diagramadores de modo a chegarem ao público com mais leveza, muitas vezes através de formas e composições que apontam para um lado mais lúdico, mas sem perder a seriedade do assunto em questão. Sendo assim, este trabalho busca mostrar como se deu o processo de criação do planejamento visual da reportagem "Frágil Equilíbrio", publicada na edição 19 da Curinga, assim como exemplificar nessa matéria o teor experimental que está intrínseco ao processo de produção da revista. Assim como afirma Oliveira (2013, p. 275) "O laboratório deve ser também um espaço de liberdades, que possibilite ao aluno cultivar um olhar especializado em pensar a revista de modo crítico". Pensando o tema da reportagem, o trabalho busca também demonstrar as possibilidades de renovação gráfica, já que o assunto já havia sido massivamente abordado, em diferentes veículos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Curinga preocupa-se em levar o leitor a pensar sobre mundo. Suas matérias trazem dois tipos de reflexões: a interna (como esse tema se relaciona com o sujeito e com suas formas de habitar o mundo) e a externa (como determinado tema muda o mundo em que eu habito). Usualmente, a Curinga conta com a periodicidade de dois expedientes por semestre. As temáticas abordadas em cada edição são debatidas e pensadas visando criar um produto que represente os processos de experimentação e aprendizagem. Com uma tiragem de 1.500 exemplares, o produto é distribuído gratuitamente dentro das dependências da Universidade e nas cidades onde está inserida - Ouro Preto e Mariana. Por conta de sua periodicidade, o conteúdo da revista é aprofundado e atemporal. Os assuntos mostram-se atuais e contemporâneos, ao mesmo tempo em que refletem o local de onde se fala. A Curinga, a partir de suas editorias (Eu no Mundo, Travessia e O Mundo em Mim) apresenta-se plural, reunindo diversos assuntos a respeito do contexto social que está inserida. Em constante adaptação, a Curinga consegue, por meio dos seus conteúdos, representar a identidade da turma que a produz. Sendo assim, é de grande valor analisar como se dá a produção visual da revista e de que forma é possível experimentar e criar novos sentidos em um produto laboratorial. Tendo como foco a matéria "Frágil Equilíbrio", o presente trabalho demonstra a importância histórica da tragédia e dos seus desdobramentos, que vale ressaltar, precisam ser discutidos. Nesse sentido, o trabalho revela também o compromisso social da revista e dos alunos que a produzem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem "Frágil Equilíbrio" foi produzida por uma equipe composta por seis alunos. Enquanto os repórteres e fotógrafos se reuniam para apurar a pauta e coletar os dados, a equipe de diagramação pensava os primeiros esboços gráficos para a matéria. Acompanhadas por uma editora de arte e supervisionadas pela professora Talita Iasmim Soares Aquino, as alunas responsáveis pelo planejamento visual criaram o layout das páginas e definiram os conceitos norteadores do projeto. Ao todo, a matéria ocupou sete páginas da revista (22 a 28) e compôs a editoria Travessia. Situada entre as editorias Eu no Mundo e O Mundo em Mim, a Travessia abriga um matéria especial em um espaço central da revista. Essa editoria abre espaço para reportagens de maior relevância e que consigam traçar uma ponte entre as reflexões propostas pela Curinga. A preocupação em não repetir o design gráfico da edição 16 (que também trata da tragédia causada pelo rompimento da barragem), foi algo importante no início do planejamento visual da reportagem, já que na referida edição, os tons de marrom (relacionando-se à lama) e as fotos em planos abertos (mostrando os distritos atingidos) estiveram ostensivamente presentes. Nesse sentido, a diagramação da matéria "Frágil Equilíbrio" buscou uma nova forma de contar a história, sem reeditar modelos. À medida em que as informações da pauta chegavam ao laboratório de produção, as diagramadoras, em conjunto com os demais integrantes da equipe, elegeram o que era mais viável, modificando o layout da página de acordo com o tom que era dado à matéria. Acrescentar ou diminuir o texto, redimensionar as imagens ou adequar a distribuição dos dados nas páginas, são etapas de um processo que visa a harmonia dos elementos e a eficácia do processo comunicacional. A hierarquia, um dos fundamentos do design, é uma das técnicas utilizadas na produção da matéria. Conforme pontua Lupton e Phillips (2008, p. 115) "a hierarquia visual controla a transmissão e o impacto da mensagem", sendo assim fundamental para o que se pretende revelar por meio da reportagem. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A matéria "Frágil Equilíbrio" aborda os interesses da Mineradora Samarco sobre o terreno ocupado pelo distrito de Bento Rodrigues e revela um vínculo incômodo da empresa com os moradores. Por meio dos documentos aos quais a Curinga teve acesso, a matéria mostra que as áreas atingidas pelo rompimento da barragem já faziam parte dos planos da Mineradora, visando a "continuidade e expansão da empresa". Além disso, a reportagem explicita uma controversa relação entre o público e o privado, já que após a tragédia, a Samarco passou a controlar definitivamente o território (que indiretamente já estava sob o seu poder). Fazendo uma retrospectiva dos fatos, a matéria apresenta ainda um panorama sobre o futuro da comunidade e dos atingidos. Por se tratar de um tema bastante sério e burocrático, o planejamento visual da reportagem foi pensado de acordo com dois objetivos principais: 1) Não repetir fotos e layouts que já tivessem sido utilizados na edição 16; 2) Criar uma nova forma de visualização do distrito e de sua história (agregando sentidos ao texto da matéria). Para alcançar tais propósitos, as diagramadoras decidiram recriar os cenários da reportagem, seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos. Como Bento Rodrigues era um distrito simples e pequeno, assemelhando-se a uma vila, brinquedos em forma de "casinhas" foram utilizados para a montagem desses cenários. Características importantes do distrito, como a existência da igreja e a organização das casas, sempre muito próximas umas das outras, foram mantidas. Nas duas primeiras páginas (22 e 23), recria-se o cenário anterior ao rompimento da barragem. O distrito apresenta-se intacto, e o título "Frágil equilíbrio" remete à ideia de que, apesar das "casinhas" estarem de pé e parecerem firmes, elas são extremamente frágeis e podem facilmente ser derrubadas. O projeto gráfico da Curinga permite a mudança do tipo de fonte dos títulos das matérias. Na reportagem em questão, foi utilizada a fonte Cursive, fazendo referência a letra cursiva, dos tempos de escola, algo infantil, que relaciona-se aos brinquedos e também à tal fragilidade do cenário. Nas páginas seguintes (24 e 25), as "casinhas" aparecem sujas de lama e derrubadas, recriando um cenário pós-rompimento da barragem. A antiga organização do distrito se perde, explicitando a vulnerabilidade da comunidade frente à Mineradora Samarco. Nessas páginas, o layout conta também com elementos fotográficos. Foram utilizadas três fotos, que revelam o cenário real de destruição em que se encontra o distrito. As imagens mostram os destroços e também chamam a atenção para as obras do Dique S4, empreendimento em construção pela Samarco, que prevê o alagamento de 56 hectares de área já afetada. Segundo a mineradora, trata-se de uma medida "emergencial" de contenção dos rejeitos de outro dique já existente, o S3. As páginas 26 e 27 recriam o cenário atual do distrito. As "casinhas" seguem derrubadas e sujas, mas dessa vez há também a presença de outro brinquedo, um trator, mostrando as obras que acontecem nos terrenos, ao mesmo tempo em que explicita o domínio exercido pela Mineradora Samarco sob o lugar. Nessas páginas também há elementos fotográficos. As fotos apresentam o andamento de tais obras e mostram a dimensão das áreas afetadas. A última página (28) completa a ideia de "linha do tempo". O final da matéria aborda questões ligadas ao futuro do distrito de Bento Rodrigues e dos moradores antigos. A Mineradora Samarco deverá reconstruir a comunidade, no entanto, um ano depois da tragédia, quase nada foi resolvido e os atingidos seguem sem casa própria e com muitas dúvidas sobre o futuro de suas famílias. Nesta página, aparecem apenas os telhados das "casinhas". Espalhados, sem muitas perspectivas, eles representam as incertezas quanto ao futuro do distrito. Sendo apenas uma parte da casa, os telhados dão ideia de algo em construção. A foto utilizada mostra a indicação do terreno onde as novas casas serão construídas. Durante semanas a equipe testou diversas possibilidades e conceitos para o layout da página. O cenário das "casinhas" foi totalmente produzido pelos alunos envolvidos na reportagem: as diagramadoras, a partir dos esboços pensados para as páginas, criaram os cenários e fizeram intervenções nas imagens em softwares como o Adobe Photoshop e Adobe InDesign; os fotógrafos foram responsáveis por transformar os cenários em fotos padronizadas para as páginas, assim como pelas demais fotografias utilizadas na matéria. Os elementos foram organizadas em duas colunas por página, priorizando também o branco - espaços de "respiro" para o leitor.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A produção da revista Curinga pede que os alunos envolvidos inovem o seu jeito de encarar o mundo, possibilitando assim novas interpretações dos assuntos abordados. A mobilidade na editoração gráfica permite uma maior liberdade de criação aos estudantes, fator importante dentro do caráter laboratorial do produto. A reportagem "Frágil Equilíbrio" mescla fotografia e manipulação digital, fazendo com que o público seja capaz de criar sentidos a partir dos componentes visuais utilizados. O ambiente de produção da revista é dinâmico. Negociações, diálogos e troca de conhecimentos fazem parte da produção da Curinga e proporcionam experiências que agregam valor a revista. Assim como afirma Souza (2001, p. 519), o sucesso de um estudante de Jornalismo relaciona-se a "capacidade que ele possa ter de funcionar em sociedade e de construir o seu próprio conhecimento a partir das pistas que lhe são dadas, nas aulas e não só". Nesse sentido, ele explica que o aprendizado vai além dos manuais e dos professores, é preciso "colocar a mão a na massa". Assim, a Curinga apresenta-se como um espaço capaz de oferecer aos alunos esse contato com as rotinas da profissão, em um período de minuciosa experimentação. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">LUPTON, Ellen; PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.<br><br>OLIVEIRA, Fabrício Marques de. A revista em sala de aula: edição e práticas laboratoriais em contexto de convergência. In: Frederico de Mello B. Tavares; Reges Schwaab. (Org.). A revista e seu jornalismo. 1ed. Porto Alegre: Penso, 2013. <br><br>PEREIRA JÚNIOR, Luiz Costa. Guia para Edição Jornalística. Petrópolis (RJ): Vozes, 2006. <br><br>SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. São Paulo: Contexto, 2008.<br><br>SCHWAAB, Reges. Revista e instituição: a escrita do lugar discursivo. In: Frederico de Mello B. Tavares; Reges Schwaab. (Org.). A revista e seu jornalismo. 1ed. Porto Alegre: Penso, 2013. <br><br>SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de jornalismo impresso. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005.<br><br> </td></tr></table></body></html>