INSCRIÇÃO: 00498
 
CATEGORIA: JO
 
MODALIDADE: JO16
 
TÍTULO: Nada Contra
 
AUTORES: Igor Pinheiro Pereira Santos (Universidade Federal Fluminense); Renata Rezende Ribeiro (Universidade Federal Fluminense)
 
PALAVRAS-CHAVE: homofobia, lgbtfobia, preconceito, UFF,
 
RESUMO
Apesar do aumento da visibilidade da luta de membros da comunidade LGBT por seus direitos, o Brasil ainda apresenta números preocupantes em relação aos crimes cometidos contra essa minoria. O vídeo Nada Contra, produzido como trabalho de conclusão de curso, procura mostrar o cenário criado com o aumento do ativismo no Brasil e a também crescente violência com relação aos LGBTs. Os cinco entrevistados comentam a questão da LGBTfobia através de relatos pessoais e profissionais.
 
INTRODUÇÃO
Minha história pessoal não é das piores, apesar de também não ser completamente fácil, porque nunca é. Sei que o fato de não ser completamente "assumido" ajuda a me afastar de situações mais arriscadas, mas desde ouvir comentários como "você nem parece gay" até não falar abertamente sobre assunto dentro de casa, acredito que o preconceito pode estar nas coisas simples, como piadas e comentários que acabam criando uma estereotipação, tornando tudo aceitável e normal. Normal. Essa é a palavra, ou deveria. Criadora de Grey's Anatomy e Scandal, produtora executiva de How to Get Away With Murder e uma das pessoas que mais me inspiram, Shonda Rhimes (2015) diz que não gosta quando utilizam a palavra "diversidade" quando se referem aos personagens presentes em suas produções e afirmam que ela está diversificando a TV aberta americana. Ela gosta de dizer que está "normalizando" a TV, uma vez que é normal você ser mulher, negro, gay, trans e é um erro definir uma pessoa a partir de um desses fatores. Porém, como um dos entrevistados no documentário diz, o grande paradoxo da luta pela igualdade é que, para isso, você precisa estabelecer o que é diferente, somente a partir daí você pode começar a normalizar. Nunca fui agredido verbal ou fisicamente, nem conheço pessoas próximas que foram. Mas, de novo, sei que essa não é a realidade de todo mundo. Talvez eu até faça parte de uma minoria privilegiada dentro da própria minoria. Tento mostrar através da narrativa de Nada Contra que a luta está acontecendo e fazendo a situação mudar aos poucos, que os membros da comunidade LGBT mais afetados pelo preconceito podem e devem fazer alguma coisa para mudar isso, porque a força que tenta diminuir essa luta também está crescendo: mas ainda não é o fim. Da tentativa de mudança de pensamento dentro de casa ou no ambiente de trabalho até a luta da militância em passeatas e projetos sociais, toda ação é importante para que se possa mudar o cenário atual.
 
OBJETIVO
"Talvez seja eu; talvez eu esteja acabado. Mas eu não acho. Ainda não. Eu ainda acredito que a arte transforma a vida.", escreve Robert McKee (1997, p. 23) na introdução de seu mais famoso livro, Story – Substância, estrutura, estilo e os princípios da escrita de roteiros. De forma similar, apaixonado por audiovisual e não imaginando que pudesse não usar o formato para meu trabalho de conclusão de curso, sempre acreditei que de fato este tipo de produção pudesse realmente afetar a vida das pessoas de alguma forma. Desde uma história fictícia repleta de elementos fantasiosos até relatos mais realistas e pessoais, como muitas vezes é o caso de grandes reportagens e documentários. A identificação também funcionou como um impulsionador para mim. O vídeo acabou se tornando uma mescla de grande reportagem com alguns conceitos de documentário, uma vez que mantive alguns elementos tipicamente jornalísticos, como por exemplo a presença de uma especialista e um contraponto ao posicionamento principal, representado pelos depoimentos das pessoas nas ruas. De acordo com Jespers (1998), a grande reportagem é a produção em forma de vídeo de uma série de informações relacionadas a um acontecimento particular da atualidade ou fenômeno da sociedade um uma mensagem que é passada a partir da realidade. Por outro lado, a parcialidade da narrativa e o aprofundamento de personagens o afastam um pouco do gênero grande reportagem. Dessa forma, meu relacionamento com o tema abordado fez com que a motivação surgisse, mesmo que lentamente, até se tornar o pensamento de que eu poderia atingir pessoas através de algum projeto. Creio que nestes tipos de gênero a identificação torna mais fácil a experiência de comoção e, dessa forma, faz com que o espectador consiga se entender e se sensibilizar, mesmo que de maneira suave, com temáticas do cotidiano, na medida em que podem ser apresentadas de forma mais aprofundada.
 
JUSTIFICATIVA
Apesar do aumento da visibilidade da luta de membros da comunidade LGBT por seus direitos, o Brasil ainda apresenta números preocupantes em relação aos crimes cometidos contra essa minoria. De acordo com o relatório anual do Grupo Gay da Bahia, em 2015 cada 27 horas, uma pessoa morreu vítima de LGBTfobia no país, incluindo heterossexuais confundidos com homossexuais. Segundo a ong Transgender Europe, de todos os assassinatos de pessoas trans cometidos no mundo, mais da metade são localizados no Brasil, fator que fortalece o dado de que há mais de cinco anos o Brasil é o país que mais mata membros da comunidade LGBT em todo o mundo. Trabalho há quatro anos em um canal de esportes, um meio bastante machista. Entendo completamente quando, em certo momento do vídeo, Jordhan Lessa, o guarda municipal, diz que é muito mais fácil para ele estar em uma instituição machista quando sua transição foi de mulher para homem, fato que o torna mais aceito pelos homens por parecer que ele "foi para o lado deles". É muito mais fácil para uma lésbica trabalhar onde trabalho porque "ela está certa em gostar de mulher", poucos colegas que trabalham comigo sabem da minha orientação. O Nada Contra representa também para mim um espelho de pessoas com as quais me identifico e isso é completamente relevante para que a situação do preconceito mude. Identificação. Essa é outra palavra importante. Acredito que a comunidade LGBT precise de mais representatividade, para que as minorias possam ver que podem fazer o que quiser, ver que fazer parte da comunidade LGBT é a mínima parte do que eles são como pessoa e que isso não pode os definir. A diferença precisa ser marcada para que no futuro ela não exista, acredito que a luta da militância esteja no caminho certo para isso e espero que, mesmo que minimamente, esse vídeo possa fazer parte da mudança tão importante que quero que aconteça.
 
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
Lidando com a temática diariamente e já começando a imaginar algumas questões relacionadas ao formato que o vídeo teria, comecei a pensar em fontes. Fabrício Longo já era uma opção, uma vez que acompanho há algum tempo sua coluna Dando Pinta, no site Os Entendidos. Curiosamente e para minha sorte, o envolvimento com a militância dos entrevistados acabou fazendo com que cada um levasse a outro de alguma forma. Alexsander Lepletier, que já havia sido escolhido como personagem pelo seu relato da agressão na praia e que eu já conhecia por conta de sua participação na militância através de redes sociais, me indicou o pastor Alexandre Cabral e a psicóloga Natália Travassos. Natália, por sua vez, me indicou Jordhan Lessa, primeiro homem transexual a ser membro da guarda municipal do Rio de Janeiro. Outro fator que sempre tive em mente foi a presença de entrevistas rápidas de pessoas na rua sobre a temática LGBT. Essa imagem era presente desde a ideia do meu primeiro projeto, que seria sobre HIV. Abrir o vídeo com pessoas comuns falando sobre o tema, provavelmente de forma preconceituosa, sempre me despertou a ideia de que tornaria mais impactante, até por imaginar que algumas das falas escolhidas poderiam causar alguma identificação com o espectador, que talvez pudesse descobrir alguma forma de preconceito em si, mesmo que mínima. Apesar de imaginar que alguns dos entrevistados na rua pudessem realmente exprimir frases preconceituosas, um fator me surpreendeu negativamente, mesmo que diminuísse meu trabalho. Não precisei ir muito longe para ouvir comentários que costumamos falar sobre, mas que não necessariamente ouvimos alguém dizer por perto, dependendo da realidade em que estamos situados. "O que eu diria se minha filha visse?", "as novelas têm muitos gays", "passar e ver dois homens se beijando pega mal", "não tenho nada contra, mas...". A repetição constante dessa última frase me fez ter a ideia do título do vídeo. "Naturalmente, a maior ou menor eloquência desse gênero televisual depende muito da grandeza maior ou menor das pessoas que temos na tela como debatedores, sejam eles os representantes do programa ou da televisão [...], sejam eles os representantes da sociedade, os entrevistados ou protagonistas."(MACHADO, 2000, p. 72). Alguns dos participantes surgiram durante o processo de idealização do projeto, mas outros só passaram a fazer parte depois que a produção já havia começado. "Se, no filme de ficção, a escrita do roteiro ocorre integralmente na pré-produção, no documentário, essa escrita muitas vezes se manifesta de maneira diferente, trata-se de uma escrita aberta, que se estende por toda a realização do filme. Com isso, o roteiro como peça de escrita se desmaterializa, assumindo formatos múltiplos, só encontrado a forma final no filme pronto." (PUCCINI, 2007, p. 125). Como pude perceber, o trecho de Puccini confirma que as etapas de produção de um produto audiovisual que lida com a realidade se misturam ao longo do processo. Ideias geradas mesmo depois do que seria a pré-produção, modificações no roteiro durante a produção e gravações feitas após a edição já ter sido iniciada se mostraram situações mais comuns do que eu imaginava durante esse tipo de produção, para meu alívio e diminuição do desespero inicial quando isso começou a acontecer. As decupagens realmente facilitaram o processo de montagem do roteiro. Foi fácil mudar partes de lugar, ter uma ideia melhor e mais controle do que eu tinha em mãos. Sérgio Puccini, ao citar Rabiger, explica uma pouco melhor a facilidade da construção de um roteiro a partir da transcrição das entrevistas: "Michael Rabiger descreve um método artesanal para trabalhar com o texto transcrito das entrevistas. Ele aconselha [...] fazer uma cópia das transcrições originais, [...] pode então reorganizar esse novo material pensando já em uma estrutura para o filme. Esse método seria o primeiro passo para se pensar um roteiro de edição, que seria baseado na estrutura estabelecida pela ordenação dos trechos selecionados das entrevistas." (PUCCINI, 2007, p. 102). A possibilidade de poder alterar a ordem das declarações e a organização do roteiro sem a necessidade de acessar o editor de vídeos tornou a experiência muito mais fácil, principalmente pelo fato de que minha ideia sempre foi fazer com que os entrevistados guiassem os assuntos durante o vídeo, sem a necessidade de intervenção de algum outro recurso audiovisual como cartelas, videografia, artes ou uma voz off para que os temas pudessem ser alternados. Apesar de muito comum em produções audiovisuais para a TV, optei por não utilizar a voz off. Puccini (2007, p. 106) acredita que "muito em razão do fato de estar intimamente associada ao documentário clássico, a narração em voz over é recurso bastante combatido por documentaristas contemporâneos". Não acredito que a voz over seja um recurso fraco, mas acho que a utilização errada do fator poderia causar alguma distração ou estranhamento ao espectador, o tirando do clima da narrativa e tornando difícil o retorno da concentração à ideia que está sendo passada no momento. A não ser, é claro, que o texto seja bem escrito e se envolva bem com o que os entrevistados estejam falando. "A existência de um narrador levanta problemas, já que uma voz desincorporada torna-se presença mediadora entre o espectador e as 'evidências' do filme. Esta, é claro, é a voz da autoridade, com todas as conotações de superioridade e paternalismo." (RABIGER apud PUCCINI,2007, p. 102). Após ter todas as entrevistas gravadas e decupadas, fui separando os trechos que achava essenciais e não poderiam ser deixados fora do resultado final. Depois disso, a montagem do roteiro saiu de forma mais natural do que eu imaginava, com a primeira parte falando sobre sexualidade e preconceito no geral, focando nas histórias dos meus personagens principais, um trecho sobre a religião, que é um dos fatores que mais dá embasamento para a LGBTfobia, e a parte final sobre a violência e a luta constante das minorias contra o preconceito. Com o roteiro finalizado, comecei a cortar o conteúdo gravado na XDCAM profissional (emprestada de meu amigo e jornalista Serge Boire) no Adobe Premiere CC 2015.3 e no Final Cut Pro X, sabendo que minha experiência de mais de quatro anos trabalhando na área de edição me ajudaria a ser mais rápido nessa etapa final de minha produção. Como era uma primeira montagem, não me preocupei com imagens de cobertura e respiros na apresentação de cada personagem. Fiquei mais focado na abertura do documentário, que gostaria que chamasse bastante atenção. Quanto a questão artística, resolvi optar por algo mais simples e limpo, uma vez que os personagens tinham histórias fortes e o ritmo ainda era um dos melhores pontos do meu projeto quase finalizado. Foram muitas horas intensas nos últimos dias antes da finalização que poderiam ter sido poupadas com uma melhor organização, mas, com tempo e levando em consideração que sempre trabalhei melhor com prazos apertados, não sei se eu chegaria aos momentos mais criativos que tive sob pressão.
 
DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO
Meu primeiro tema escolhido não foi a LGBTfobia. Meu projeto final seria sobre a falta de informação, os tratamentos, a prevenção e o combate ao HIV no Brasil. Tive dificuldade na escolha de fontes e no contato com militantes mais engajados na luta, que são bastante ocupados pelo fato de realmente não pararem de batalhar por isso e, ao mesmo tempo, ter que manter suas vidas diárias, com família e um emprego não necessariamente relacionado ao movimento. A busca por personagens também foi complicada, uma vez que, muito por conta do preconceito existente, não é simples encontrar um soropositivo disposto a falar sobre o assunto abertamente. Adiei a entrega do meu trabalho final por mais um semestre. A questão das minorias continuou em minha cabeça. Alexsander Lepletier, como já foi dito, militante LGBT que está presente no trabalho, já tinha se disposto a me ajudar com o projeto enquanto o tema ainda era HIV. Seus posts constantes no Facebook sobre LGBTfobia começaram a me fazer pensar que talvez esse fosse um bom caminho a seguir. Eu tinha relação com o tema, algumas fontes já em mente e a relevância social nunca foi questionada por meus pensamentos. Eu já sabia os temas que gostaria de abordar e que tipo de conclusões poderia ter na versão final do trabalho, mas não imaginava que algumas entrevistas poderiam mudar esse planejamento e me dar uma série de opções de desenvolvimentos diferentes do que havia sido construído em minha mente. E ter deixado boa parte das ideias somente na minha mente foi um dos erros cometidos. A primeira entrevista foi a do Fabrício Longo, editor-chefe do site Os Entendidos, que aborda diversos assuntos geralmente relacionados de alguma forma à temática LGBT. Apesar de saber os pontos principais, entrei em questões que nunca entrariam na versão final por eu querer fazer algo curto. História da criação do site, comentários que o inspiraram, análise sobre a representatividade nas novelas, preconceito dentro do próprio meio LGBT, enfim... No fim do dia eu tinha quase uma hora de entrevista gravada e inúmeras imagens de cobertura. Uma das soluções para esse tipo de problema era realizar pré-entrevistas com os participantes, mas com o curto tempo para finalizar todo o projeto, acabei deixando o plano de lado, acreditando que entrevistar logo cada um e focar em uma decupagem detalhada de cada gravação me ajudaria a acelerar o processo. Não estava errado, mas talvez não tenha sido o melhor caminho, que seria ter começado a fazer tudo muito antes do que realmente aconteceu. Nas entrevistas seguintes, entretanto, consegui reduzir mais meu número de perguntas e focar no que eu realmente achava essencial estar presente na versão final do trabalho. O primeiro corte foi finalizado com 57 minutos, me ajudando a lembrar que realmente não precisaria de tantas perguntas e detalhes durante as entrevistas se tivesse me programado melhor e de forma adiantada. Diminuí apresentações, cortei exemplos e ideias repetitivas e me deparei com um problema com o qual fiquei de frente constantemente durante os anos de estudo e trabalho: cortar. Escrever textos, principalmente no jornalismo, e editar vídeos sempre nos leva um momento em que precisamos reduzir o que foi produzido. É uma tarefa bastante dolorosa. Eu me apeguei a algumas frases impactantes e de efeito, que talvez fossem causar um bom resultado emotivo no espectador. Com razão, Puccini (2007) fala sobre a etapa entre o roteiro e a montagem, quando o enxugamento gradual de partes menos essenciais acaba sendo parte inevitável do processo de produção. No segundo corte consegui chegar aos 30 minutos de vídeo, o que não era ideal, mas me deixou feliz uma vez que consegui reduzir o tempo quase pela metade. Após uma das orientações precisava mudar mais algumas coisas, além de enxugar mais o conteúdo. Certas ideias continuavam repetidas e eu ainda não tinha pensado na questão visual mais artística. Ao mesmo tempo em que eu queria reduzir mais, também precisava ambientar melhor toda a situação do vídeo, porque o ritmo estava bom, mas o fato de ser o tempo todo pessoas falando ainda me incomodava. Depois de não sei quantas horas editando, trocando trechos de lugar e parando de tempo em tempo para achar que tudo daria errado, consegui chegar ao tempo ideal, com respiros e apresentações mais aceitáveis e passando as mesmas mensagens que eu queria quando tinha os 57 minutos em mãos e acreditando que tudo estava horrível. Na apresentação para a banca, tudo deu certo, porém a falta de profundidade na psicóloga como personagem fez com que ela se distanciasse dos outros participantes do vídeo, incomodando especificamente uma das professoras convidadas. Após uma nova conversa com Natália Travassos, ela topou uma gravação extra em um dia em que estivesse em casa com a esposa e a filha, fazendo com que a versão final do projeto ficasse mais emocionante e abrangendo ainda mais possibilidades dentro do universo LGBT.
 
CONSIDERAÇÕES
Já acreditava que pudesse entregar um resultado de qualidade e que fosse importante socialmente, mas é fácil se colocar distante da ideia de ter o projeto finalizado quando se parece ter muitas coisas para se fazer em muito pouco tempo.਀ "Tudo o que vemos no filme é resultado de escolhas feitas na busca da construção de um sentido para o filme: escolhas feitas na pré-produção (proposta de filmagem, argumento, tratamento), escolhas que orientam as decisões de filmagem (enquadramento, trabalho de câmera, duração das tomadas) e escolhas que orientam as decisões de montagem (corte e recomposição de dos planos, intertítulos, narração, efeitos de edição, ritmo e estrutura). Entre a primeira ideia e o filme pronto, temos um caminho marcado pelo afunilamento das escolhas, feito, para quem um conteúdo de mundo se ajuste aos critérios de um discurso." (PUCCINI, 2007, p. 131).਀ Obviamente que o fato de poder trabalhar com um assunto que me atinge diretamente torna toda a experiência mais fácil e alivia os momentos que poderiam ter sido bem mais difíceis, mas é impossível não considerar o quanto aprendi.਀䄀漀 氀漀渀最漀 搀愀 最爀愀搀甀愀漀 渀漀 挀甀爀猀漀 挀漀渀猀攀最甀椀 攀渀砀攀爀最愀爀 漀 焀甀愀渀琀漀 漀 樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 渀漀猀 昀愀稀 氀椀搀愀爀 挀漀洀 愀猀猀甀渀琀漀猀 挀漀洀 漀猀 焀甀愀椀猀 琀愀氀瘀攀稀 渀甀渀挀愀 氀椀搀愀爀愀洀漀猀 搀攀 昀漀爀洀愀 瀀爀漀昀甀渀搀愀Ⰰ 渀漀猀 昀愀稀 搀攀猀挀漀戀爀椀爀 渀漀瘀愀猀 昀愀挀攀猀 搀攀 琀攀洀愀猀 焀甀攀 瀀愀爀攀挀攀洀 挀漀洀甀渀猀⸀ 䔀猀猀愀猀 攀砀瀀攀爀椀渀挀椀愀猀 搀攀 搀攀猀挀漀戀攀爀琀愀猀 猀攀 攀猀琀攀渀搀攀爀漀 攀洀 洀椀渀栀愀 瘀椀搀愀 瀀爀漀昀椀猀猀椀漀渀愀氀 搀愀焀甀椀 瀀愀爀愀 昀爀攀渀琀攀⸀ Antes dessa produção nunca tinha entrado em contato com uma pessoa trans de maneira direta e muito menos com um pastor, heterossexual, casado, com filhos, que defende minorias sem ligar para o que outros pensam.਀倀攀猀猀漀愀氀洀攀渀琀攀Ⰰ 愀挀爀攀搀椀琀漀 焀甀攀 昀漀椀 甀洀 最爀愀渀搀攀 瀀愀猀猀漀 瀀愀爀愀 洀攀甀 瀀爀瀀爀椀漀 瀀漀猀椀挀椀漀渀愀洀攀渀琀漀 瀀漀氀琀椀挀漀 渀攀猀猀攀 猀攀渀琀椀搀漀⸀ 一漀 焀甀攀 攀甀 琀攀渀栀愀 瀀爀漀戀氀攀洀愀猀 搀攀 愀挀攀椀琀愀漀 瀀爀瀀爀椀愀Ⰰ 洀愀猀 渀甀渀挀愀 氀椀搀漀 搀椀爀攀琀愀洀攀渀琀攀 挀漀洀 椀猀猀漀 樀甀猀琀愀洀攀渀琀攀 瀀漀爀 渀漀 攀猀琀愀爀 琀漀 挀攀爀挀愀搀漀 搀攀 瀀攀猀猀漀愀猀 焀甀攀 氀椀搀愀洀 搀椀爀攀琀愀洀攀渀琀攀 瀀漀爀 椀猀猀漀⸀ 䔀渀琀漀 氀椀搀愀爀 挀漀洀 愀氀最甀洀愀猀 瀀攀猀猀漀愀猀 焀甀攀 愀琀 瘀椀瘀攀洀 猀 搀椀猀猀漀 昀漀椀 洀甀椀琀漀 椀洀瀀愀挀琀愀渀琀攀 瀀愀爀愀 洀椀洀⸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 挀氀愀猀猀㴀∀焀甀愀琀爀漀∀㸀㰀戀㸀刀䔀䘀䔀刀쨀一䌀䤀䄀匀 䈀䤀䈀䰀䤀伀䜀刀섀䤀䌀䄀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀䨀䔀匀倀䔀刀匀Ⰰ 䨀攀愀渀ⴀ䨀愀焀甀攀猀⸀ 䨀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 吀攀氀攀瘀椀猀椀瘀漀⸀ 䴀椀渀攀爀瘀愀Ⰰ ㄀㤀㤀㠀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䴀䄀䌀䠀䄀䐀伀Ⰰ 䄀爀氀椀渀搀漀⸀ 䄀 琀攀氀攀瘀椀猀漀 氀攀瘀愀搀愀 愀 猀爀椀漀⸀ 䈀爀愀猀椀氀椀攀渀猀攀Ⰰ ㈀   ⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䴀䌀䬀䔀䔀Ⰰ 刀漀戀攀爀琀⸀ 匀琀漀爀礀 ጀ†匀甀戀猀琀渀挀椀愀Ⰰ 䔀猀琀爀甀琀甀爀愀Ⰰ 䔀猀琀椀氀漀 攀 漀猀 倀爀椀渀挀瀀椀漀猀 搀愀 䔀猀挀爀椀琀愀 搀攀 刀漀琀攀椀爀漀⸀ 䄀爀琀攀 攀 䰀攀琀爀愀Ⰰ ㈀  㘀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀倀唀䌀䌀䤀一䤀Ⰰ 匀爀最椀漀⸀ 刀漀琀攀椀爀漀 搀攀 䐀漀挀甀洀攀渀琀爀椀漀 ጀ†䐀愀 倀爀ⴀ瀀爀漀搀甀漀  瀀猀ⴀ瀀爀漀搀甀漀⸀ 䌀愀洀瀀椀渀愀猀㨀 倀愀瀀椀爀甀猀Ⰰ ㈀  㜀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀刀䠀䤀䴀䔀匀Ⰰ 匀栀漀渀搀愀⸀ 伀 䄀渀漀 攀洀 焀甀攀 䐀椀猀猀攀 匀椀洀⸀ 䈀攀猀琀 匀攀氀氀攀爀Ⰰ ㈀ ㄀㘀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䜀爀甀瀀漀 䜀愀礀 搀愀 䈀愀栀椀愀⸀ 䄀猀猀愀猀猀椀渀愀琀漀 搀攀 䰀䜀䈀吀 渀漀 䈀爀愀猀椀氀㨀 刀攀氀愀琀爀椀漀 ㈀ ㄀㔀⸀ 䨀愀渀攀椀爀漀Ⰰ ㈀ ㄀㘀⸀ https://grupogaydabahia.com.br/2016/01/28/assassinato-de-lgbt-no-brasil-relatorio-2015/

Trangender Europe. Trans Murder Monitoring 2015. Maio, 2015.਀栀琀琀瀀㨀⼀⼀琀最攀甀⸀漀爀最⼀琀洀洀ⴀ椀搀愀栀漀琀ⴀ甀瀀搀愀琀攀ⴀ㈀ ㄀㔀⼀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀