ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00507</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Cabelo Afro faz a cabeça das mulheres fronteirenses</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Monielly Barbosa do Carmo (Universidade do Estado de Minas Gerais); Mauricio de Medeiros Caleiro (Universidade do Estado de Minas Gerais)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Autoestima, Cabelo Afro, Identidade cultural, Preconceito, Racismo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem, feita para a disciplina Jornalismo Investigativo da UEMG-Frutal, retrata as integrantes de um grupo de whatsapp, chamado "Cachos de Rainha", formado por mulheres afrobrasileiras que há mais de um ano decidiram assumir seus cabelos naturais, crespos e com cachos, e agora se dedicam a levar outras mulheres de Fronteira-MG e região a tomarem essa decisão, como forma de aceitarem suas origens, reconhecerem sua beleza natural e libertarem-se da ditatura do cabelo liso. A matéria abordará os preconceitos por elas enfrentados em relação ao próprio cabelo, as críticas que recebem por decidirem assumir suas origens e as questões de autoestima que rodeiam suas vidas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O cabelo cacheado e afro tem ganhado cada vez mais espaço na sociedade. Por todos os lugares vemos as mulheres assumindo seu cabelo natural com orgulho. Em Fronteira, Minas Gerais não é diferente, mas assim como em outros lugares, nem sempre foi assim. As primeiras a assumirem os cachos nessa pequena cidade do interior de Minas Gerais enfrentavam críticas e olhares preconceituosos. A história sempre se repetia com cada uma das mulheres que decidia se libertar da ditadura do liso. Mariana Caetano Fernandes também enfrentou essas questões. Foi até que, no dia 07 de outubro de 2016, ela criou o grupo de whatsApp "Cachos de Rainha" com o intuito de reunir mulheres que passaram, estavam passando ou queriam passar pela transição capilar, para trocarem experiências, dicas e se fortalecerem a fim de permanecer no desafio. A luta, que antes era individual, tornou-se coletiva. Todas em prol da liberdade de exibir seus cabelos naturais, em busca de blacks e cachos perfeitos, lutando contra o preconceito. A mentalidade da população de Fronteira começava a mudar. Prova disso foi que no tradicional concurso de beleza da cidade, o "Garoto Estudantil", que aconteceu no dia 19 de novembro de 2016, três dos títulos foram destinados a donas de cabelos estilo black power muito bem assumidos. Ter cabelo afro além de orgulho, tornou-se um ato político. As negras fronteirenses começavam se empoderar e sua presença passava a ser notada cada vez de forma mais positiva.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem tem como objetivo abordar a relação entre estética, etnia e identidade cultural através do retrato da trajetória do grupo "Cachos de rainha", formado por mulheres afrobrasileiras que cultivam e valorizam seus cabelos crespos naturais, apresentando as dificuldades e preconceitos que enfrentaram - e sua superação. Também tem como objetivo a divulgação do movimento para que mais mulheres que se identifiquem com o grupo possam se unir a ele, além de sensibilizar o leitor e fazê-lo tomar consciência do quão forte ainda é o preconceito existente na sociedade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Após conhecer os dilemas de uma negra em relação a transição capilar, como o medo das críticas que viriam até mesmo de dentro da própria família, percebeu-se que o orgulho do próprio cabelo ia além das questões estéticas e de auto-estima. Trocar o liso pelo afro natural era uma luta contra os padrões etnocêntricos que tem exaltado os padrões de beleza do branco, em detrimento do negro. Ela havia acabado de entrar para o grupo de whatsapp "Cachos de Rainha" e estava encantada com as fotos que as integrantes compartilhavam de seus blacks. Fotos, inclusive, das campeãs do concurso "Garoto Estudantil", de Fronteira, Minas Gerais. Embora não lhe faltasse vontade de fazer a transição capilar, tinha medo das críticas que surgiriam. Foi por meio dela, então, que a autora da reportagem tomou conhecimento do grupo. Naquele dia haveria o primeiro encontro entre as integrantes. A aluna viu então a oportunidade de conhecer mais de perto a história dessas mulheres com medos e anseios tão parecidos e de realizar uma reportagem de cunho investigativo, além de retratar como a união delas poderia ir contra e denunciar a ditadura da beleza. Mais que isso, mostrar como juntas elas poderiam exaltar e frisar a beleza compartilhada pelo grupo. Na reunião, a estudante conheceu várias delas que se dispuseram a colaborar com a reportagem.Ver como muitas enfrentaram e superaram preconceitos, persistiram, assumiram e então desfilam orgulhosas com seus cachos e afros cabelos era algo motivador e que precisava ser narrado para que outras mulheres que se identificassem com o grupo se unissem a ele e para auxiliar na percepção de que não existe um padrão de beleza, bem como demonstrar que a beleza vem do orgulho de se assumir quem se é, de reconhecer a si própria e suas origens no espelho.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Após diálogo com uma mulher sobre suas vontades, medos e receios em relação à transição capilar, e, por meio dela, ter tomado conhecimento do grupo "Cachos de Rainha", a estudante de jornalismo sentiu que o tema se enquadrava em alguns dos critérios de noticiabilidade citados por Wolf (1987) como "a quantidade de pessoas que o acontecimento (de fato ou potencialmente) envolve", pois, por se tratar de um grupo, automaticamente a reportagem envolve várias pessoas, mas, além disso, envolve também mulheres de outras localidades que tiveram experiências parecidas com as retratadas e, assim, sentem-se representadas por elas e "a relevância e significatividade do acontecimento quanto à evolução futura de uma determinada situação", uma vez que foi descrita a primeira de muitas reuniões que viriam acontecer, bem como o início de um movimento político que viria a se desdobrar gerando ganchos para outras reportagens. A primeira etapa do processo, então, foi conhecer o grupo que faria a sua primeira reunião presencial naquele mesmo dia. Após se apresentar e pedir permissão para participar do encontro, a estudante vivenciou daquele momento como qualquer outra participante do grupo, conhecendo-as pelas primeira vez e, claro, emocionando-se junto a elas: Por mais distanciamento que se imponha ao lidar com outro ser humano  o entrevistado -, não se evitará nunca a interferência do eu subjetivo do entrevistador, seja ele escudado na oposição de ideias ou no esforço para não se perverter pela simpatia que poderá invadi-lo (Medina, 2001). Até o fim do encontro, já havia selecionado suas fontes e anotado o contato das mesmas. Em seguida, foi feita a pauta jornalística contendo o tema, o tipo de abordagem, a abordagem em si, a estrutura e as fontes, para ser avaliada pelo professor orientador, que deu o seu aval para a confecção da matéria. Nas semanas seguintes, a aluna entrou em contato com as fontes e foram marcadas entrevistas separadamente de acordo com a disponibilidade de cada uma. Foram ouvidos os relatos e apurados os fatos. Após colher todo material, a reportagem começou a ser redigida. Decidiu-se por começá-la em estilo literário narrando a chegada das participantes, com base nas impressões da própria aluna, que chegou ao local antes das integrantes. As personagens vão sendo inseridas na reportagem como se estivessem se apresentando, assim como aconteceu na reunião. O restante da reportagem perde um pouco do caráter literário em função do estilo de escrita mais objetivo que assume. Seguiu-se portanto, as características básicas sugeridas por Cremilda Medina (1988, p. 60) para a construção de uma reportagem, sendo elas a observação da realidade; a coleta de informações por meio da entrevista a fontes; a ampliação da informação com a contextualização, humanização e reconstituição histórica. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem toda teve como espaço o local do primeiro encontro - a sorveteria "Novo Sabor"- e buscou seguir o ritmo da reunião . Narra-se a chegada das integrantes do grupo com metáforas em estilo literário. Assim, como as participantes, uma a uma, se apresentaram, disseram o nome e contaram sua história, a matéria também o faz. Segundo Rossi (1980), "para compor uma reportagem, o jornalista vale-se, fundamentalmente, de fontes de informação, conhecedoras do tema, mas também nele interessadas (direta ou indiretamente, política ou economicamente, em busca de prestígio, vingança ou qualquer outro motivo)". Assim, tomou-se como fontes as próprias participantes do grupo, que passaram pelo processo de transição capilar e estavam diretamente interessadas na reportagem a fim de fazer com que o grupo ganhasse visibilidade. Foram escolhidas participantes com histórias que chamavam a atenção de algum modo ou que se entrelaçavam, dando um melhor ritmo à narrativa. Assim, é apresentada a história da líder do grupo, bem como os motivos que a fizeram criá-lo e de outras participantes que conseguiram visibilidade na sociedade. Ao retratá-las, a reportagem aborda também a questão da mudança no padrão de beleza vigente na cidade ao falar sobre os concursos de beleza existentes ali. A reportagem termina com diferentes frases das personagens frisando o quanto se sentem lindas, se orgulham do próprio cabelo e se reconhecem nele. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Como autora, participar do grupo, conhecer suas integrantes e retratar suas histórias foi algo de grande valia não apenas para crescimento profissional como também pessoal. Falar sobre preconceito, para quem olha de fora, parece uma coisa banal. Mas ao ter contato com a realidade dessas mulheres é possível perceber que se trata de algo bem grave e que pode gerar consequências para toda a vida de uma mulher, tendo em vista que grande parte delas recebem críticas em relação ao cabelo desde a infância, e muitas vezes, dentro da própria família. A reportagem tentou fazer com que o leitor também percebe-se isso, pretendeu gerar empatia entre ele e cada uma das personagens, fazendo-o sensibilizar-se e refletir sobre questões de preconceito e racismo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista: o diálogo possível. São Paulo, SP. Ed. Ática, 2001.<br><br>MEDINA, Cremilda. Notícia: um produto à venda. São Paulo: Summus, 1988<br><br>ROSSI, Clóvis. O que é jornalismo. São Paulo, SP. Ed. Brasiliense, 1980<br><br>WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Editorial Presença. 1987. <br><br> </td></tr></table></body></html>