ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00522</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO08</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Piracicaba, lugar onde a agressão (não) para</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;jaqueline altomani da silva (Universidade Metodista de Piracicaba); Ana Rizia Caldeira dos Santos (Universidade Metodista de Piracicaba); Lívia Maria da Silva (Universidade Metodista de Piracicaba); Thainara Cabral Morais (Universidade Metodista de Piracicaba); Patricia Polacow (Universidade Metodista de Piracicaba)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Denúncia, Feminicídio, Investigação, Piracicaba, Violência </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os casos de denúncia sobre violência contra a mulher no interior de São Paulo crescem gradualmente a cada ano. Em Piracicaba, os números apontaram o crescimento de 57% em 2015. "Piracicaba, lugar onde a agressão (não) para" traz uma explanação sobre as agressões, denúncias, causas, julgamentos e condenações, abordando desde casos de violência doméstica até abusos de autoridade por policiais e guardas municipais, traçando um panorama do trabalho da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). O trabalho conta com análise de dados, conteúdo investigativo, depoimentos, perfil, fotografias e infográficos que elucidam a realidade do município. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Inicialmente, é necessário compreender o porquê do título do trabalho. Piracicaba, cidade do interior do estado de São Paulo, tem seu nome originalmente da língua tupi, que significa  lugar onde o peixe para . Por isso, o trocadilho  lugar onde a agressão (não) para que serviu como analogia para referenciar o quadro de violência doméstica local. As análises sobre os casos de violência contra a mulher em Piracicaba (SP) evidenciaram que, em 2015, houve um salto de 53% nos casos de agressão denunciadas, comparado ao mesmo período de 2014. Quando investigadas as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), foram apontadas lacunas nas informações sobre os casos e a desatualização de informações nas plataformas online. Com o trabalho, foi possível analisar a influência dos fatores climáticos, temporais e sistêmicos na expansão da violência e sua relação com as questões sociais e econômicas, além das demandas e dificuldades que a sociedade feminina enfrenta com uma Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) que funciona apenas em horários comerciais. Durante a investigação dos boletins de ocorrência divulgados pelas delegacias e os conteúdos noticiados em diferentes portais de notícia da cidade, foi possível descobrir um caso de violência doméstica que dura 17 anos, mesmo com dezenas de denúncias da vítima, e três casos de abuso de autoridade envolvendo policiais militares e guardas civis. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Assuntos relacionados a gênero vem ganhando cada vez mais espaço, considerando, principalmente, a ampla disponibilidade de acesso à informação e debates nas redes sociais. Entre eles, a discussão sobre a violência contra a mulher se tornou crescente e mobilizou ainda mais as lutas dos movimentos feministas. Por meio da observação e conhecimento dos inúmeros casos informados pelos portais de notícia de Piracicaba, que notificam diariamente a ocorrência dessas agressões, este trabalho tem como objetivo apurar os dados da violência contra a mulher na cidade, através dos números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), além de uma análise do trabalho da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba e sua eficiência. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho apresenta uma problemática que atinge toda a sociedade brasileira: o feminicídio e a violência contra a mulher. Evidenciar os casos de violência e instigar a discussão sobre a vida e os direitos das mulheres é um papel social e humanizador dos meios de comunicação, principalmente em uma sociedade que tem no quarto poder (a comunicação) um modelo jornalístico patriarcal, racista e elitista que geralmente culpabiliza as vítimas de violência e vitimiza os agressores. Dar voz a mulheres socialmente caladas e fomentar a necessidade de políticas públicas adequadas às diferentes realidades sociais é exercitar o processo democrático e cidadão. A divulgação de casos de agressão faz parte do cotidiano piracicabano, mas também cabe aos meios de comunicação explicar o que acontece após a denúncia, e quais são as prerrogativas que acolhem essas vítimas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Diante da delicadeza de um assunto com extensas vertentes e possibilidades de abordagens, foi necessário realizar um trabalho de cunho investigativo dentro do jornalismo interpretativo, que foi a base de  Interior 180: Piracicaba, lugar onde a agressão (não) para . Para analisar o quadro da violência contra a mulher na cidade, o grupo partiu da escolha de três formatos jornalísticos para a reportagem: perfil, análise e cronologia, além dos elementos de infográficos e imagens para facilitar a compreensão dos fatos noticiados. Segundo Erbolato (1991, p.31 apud COSTA; LUCHT, 2010), também intitulado como jornalismo em profundidade, jornalismo explicativo, ou jornalismo motivacional, o jornalismo interpretativo exerce a função de contextualizar o fato noticiado.  Enquanto a notícia registra o aqui, o já, o acontecer, a reportagem interpretativa determina um sentido desse aqui num círculo mais amplo, reconstitui o já no antes e no depois, deixa os limites do acontecer para um estar acontecendo atemporal ou menos presente. Através da complementação de fatos que situem ou interpretem o fato nuclear, através da pesquisa histórica de antecedentes, ou através da busca do humano permanente no acontecimento imediato, a grande reportagem é a interpretação do fato jornalístico (LEANDRO; MEDINA, 1973, p. 23) Abordar o tema a partir de casos isolados não é suficiente para o entendimento acerca do quadro de violência contra a mulher em Piracicaba. Portanto, a análise dos dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo sobre o tema foi necessária, tendo em vista que ''a interpretação jornalística consiste no ato de submeter os dados recolhidos no universo das ocorrências atuais e ideias atuantes a uma seleção crítica, afim de proporcionar ao público os que são realmente significativos" (BELTRÃO, 1976, p. 12). Os números obtidos na pesquisa de dados, também característica do gênero interpretativo, possibilitaram exemplificar o descaso das autoridades públicas diante do problema apresentado, oferecendo ao leitor possibilidades para conclusões individuais, conforme citado:  um jornalismo que oferece todos os elementos da realidade, afim de que a massa, ela própria, a interprete" (BELTRÃO, 1976, p. 42). Para humanizar a reportagem, também foram utilizadas entrevistas e o formato perfil de discurso direto. Segundo Costa (2010), o perfil é um relato sintético, o qual identifica agentes do fato noticiado. Nesse sentido, a reportagem inclui o depoimento de uma mulher que foi agredida por um Guarda Civil em uma festa de tradicional de Piracicaba. Outro elemento trabalhado foi a análise,  fator que corresponde ao espaço dedicado para que a informação seja interpretada pelo entrevistado de forma rápida e sucinta (COSTA; LUCHT, 2010, p. 117). O funcionamento da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) foi explicado na análise, através do olhar da delegada da unidade local, que desdobrou uma nova gama de argumentos, enfoques e informações sobre o assunto. Outro fator que elucida o crescimento de casos de violência doméstica na cidade são as notícias de portais jornalísticos online. A partir da grande incidência de matérias encontradas, foi realizado um levantamento em formato de cronologia, que  é o complemento da informação principal (seja ela reportagem ou notícia), com dados cronológicos dos acontecimentos (COSTA; LUCHT, 2010, p. 115). A pesquisa reuniu as notícias dos casos de agressão contra mulher em Piracicaba, no período de julho de 2015 a junho de 2016. A pesquisa foi divulgada em um infográfico, demonstrando a quantidade de notícias por mês. A fim de melhorar o entendimento da pauta e trabalhar com os dados numéricos obtidos na apuração, também foram incluídos infográficos sobre a quantidade de inquéritos de violência instaurados na cidade e o número de detenções e denúncias de agressão, incluindo a porcentagem das prisões dos autores em relação aos inquéritos da DDM. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Por ser um trabalho interdisciplinar, das disciplinas de jornalismo interpretativo, fotojornalismo e planejamento visual, a reportagem foi produzida em várias etapas. Inicialmente, começaram as apurações do conteúdo: buscamos dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) sobre os casos de violência contra a mulher na cidade; como alguns dados não eram informados em seu site, foi feito também contato direto com o órgão público. Foi realizada uma entrevista com a delegada da DDM (Delegacia em Defesa da Mulher) de Piracicaba, para saber o passo-a-passo de seu funcionamento, além do questionamento sobre casos não solucionados na cidade. Numa segunda etapa, conversamos com duas mulheres: a primeira, vítima de violência doméstica e perseguida há dezessete anos pelo ex-marido, havia registrado dezessete boletins de ocorrência até a divulgação da reportagem e mesmo com medida protetiva, sofria com o marido morando na mesma rua de sua casa e com o descaso das polícias da cidade; a segunda, vítima de agressão policial durante uma festa tradicional de Piracicaba, aguardava pela identificação de seu agressor e um desfecho justo do episódio (esta teve seu caso transformado no  perfil da reportagem). Por fim, foi elaborada uma pesquisa dos casos noticiados pelos portais online da cidade, de julho de 2015 à junho de 2016, que foram disponibilizados na reportagem por meio de uma cronologia. A partir daí, foram produzidas fotos para ilustrar e documentar a reportagem. Para concluir, foi realizada a diagramação do trabalho distribuindo os textos e fotos de forma a deixar mais  arejada a reportagem, além da construção de infográficos que facilitam a visualização dos dados obtidos. Esta atividade, apesar de trabalhosa e da necessidade de um longo prazo para sua produção, conseguiu alcançar o objetivo proposto. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Entre diferentes pautas cotidianas, o factual mais presente da mídia piracicabana são notícias sobre violência contra a mulher. Praticamente todos os dias um caso é noticiado, fato que assustou o grupo e instigou a entender o motivo do crescimento evidente de ocorrências. Mulheres sempre foram vítimas de agressão, seja ela psicológica ou física, porém, a incidência de notícias demonstra que as vítimas estão cada vez mais denunciando os agressores à polícia, na esperança de finalizar um ciclo de agressões. No entanto, outro fator que salta aos olhos em notícias sobre o assunto é que, na grande maioria, o caso não tem um desfecho, pois são poucas as vezes em que o agressor é preso. Na procura de uma resposta sobre a causa de tantos casos, além da Delegacia em Defesa da Mulher (DDM), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) também foi contatada pelo grupo. A DDM é uma unidade da Polícia Civil voltada às mulheres e, por isso, também é regida pela SSP. Tal conjuntura impossibilita a delegacia de responder pelo seu trabalho, deixando seus dados à cargo do órgão estadual. No entanto, este deixa a desejar em relação à divulgação dos números de violência à mulher. Ao longo do processo de produção, a falta de aprofundamento e detalhamento acerca das vítimas de violência doméstica foi um percalço enfrentado. Isso demonstrou que, apesar da dedicação relatada pela responsável da DDM, o descaso com a violência contra a mulher em Piracicaba é decorrente do reflexo de uma pirâmide, a qual tem a SSP no topo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">COSTA, Lailton; LUCHT,Janine. Gênero interpretativo. In: MELO, José Marques de; ASSIS, Francisco de. Gêneros jornalísticos no Brasil. São Paulo: Umesp, 2010. p.109-123.<br><br> </td></tr></table></body></html>