ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00616</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Adolescentes, Autoafirmação na Internet e sua Relação com Antidepressivos</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Rachel Monteiro da Silva (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA); Evângelo Leal Gasos (UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Adolescência, Autoafirmação, Ilustração, Redes Sociais, Selfie</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os adolescentes e jovens de hoje encontram na internet, e principalmente nas redes sociais, um espaço para a construção de suas identidades. Iniciou-se, assim, uma busca utópica de autoafirmação, resultando numa exaustiva exposição nas redes e no desenvolvimento de vícios e transtornos psicológicos. Estes, por vezes banalizados pela família e amigos, quando diagnosticados, podem ser tratados utilizando-se medicamentos causadores de sérios efeitos colaterais. O presente trabalho visa lançar luz a este debate, servindo de alerta para a conquista ilusória de fama e perfeição que as redes sociais podem alimentar.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Antigamente, o valor do indivíduo era intrínseco a ele desde seu nascimento. A imobilidade social estava dada segundo ordens hierárquicas regidas por padrões ditados pela Igreja e pela Monarquia. Com a Modernidade, estas instituições perderam força, deixando cada indivíduo à mercê de construir sua conduta, imagem e valor (RIBAS, 2011, p.3). Com normas institucionais enfraquecidas, ganhou-se a tão sonhada liberdade. Porém, parece que não foi ensinado a esses mesmos indivíduos a consumir em meio à livre escolha, tendo-se tornados seres desregrados, que não sabem "como, quanto ou para que consumir" (ROCHA, 2005, p.114, grifo do autor). A liberdade contemporânea mascarada de oportunidade para o amadurecimento resultou na necessidade de os adolescentes recorrerem às redes sociais, buscando a invenção e definição de sua identidade baseada em suas convenções digitais. Assim, uma solução rápida para tal seria buscar a autoafirmação de forma a conseguir uma identidade através do olhar do outro. Nesse contexto, os adolescentes recorreram, entre outras coisas, às selfies, à hiperexposição nas redes e à construção de uma imagem que geralmente não reflete a si mesmos, buscando definir uma identidade vulnerável e ostensiva. Nas inúmeras tentativas para conseguir a aprovação e a definição perfeita de si durante a adolescência, em um contexto de efemeridade, muitos indivíduos acabam desenvolvendo vícios que os levam ao isolamento, à exacerbação do narcisismo, à depressão, à ansiedade, à nomofobia (medo de ficar incomunicável pela falta de telefone celular ou semelhante) e vários outros que, se não tratados, podem resultar em tentativa de suicídio. É possível tratar esses problemas com terapias e medicamentos acompanhados por profissionais. Contudo, seria mais fácil evitar que esses transtornos se desenvolvessem. Em lugar de intervir com medicações de fortes efeitos colaterais, uma chamada de conscientização se faz necessária.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Através da ilustração crítica, pretende-se alertar e gerar debates relacionados à incessante busca pela autoafirmação na internet e que pode desdobrar-se em diversos transtornos. A depressão entre adolescentes tem aumentado expressivamente no Brasil. Além disso, boa parte dos casos não é diagnosticada (BOTELHO, 2017). O caso Danny Bowman, veiculado pelo Canaltech em 26 de março de 2014, apresenta o jovem Danny, que na época possuía apenas 19 anos e que virou notícia após tentar suicídio por não conseguir a selfie perfeita. O vicio de Danny começou 4 anos antes, quando passou à postar fotos no facebook tentando conseguir aprovação de seus amigos. Este caso serviu de ponto de partida para este trabalho, buscando-se evitar novas tragédias geradas pela hiperexposição nas redes sociais. Decidiu-se pela ilustração com tom crítico por sua facilidade em captar a atenção do público e instigar reflexão, gerando oportunidades para discussões e análises mais aprofundadas. O trabalho em questão possui diversas referências simbólicas ao tema proposto, tais como: notificações de redes sociais, memes e objetos eletrônicos, além de conceitos como a máscara, popularmente ligada ao disfarce e à mentira, trazendo à tona que a identidade e o reconhecimento procurados pelos adolescentes nas redes sociais pode não passar de uma teatralização.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Optou-se pela ilustração por sua adequação em comunicar diretamente ao adolescente e ao jovem sendo esta, ainda assim, atrativa para amplo espectro de idades, devido fatores e conceitos que instigam reflexão, como a escolha de cores que captam a atenção do espectador, fluidez e rigidez dos traços, temática abordada e presença de ícones e objetos relevantes para o público. Com isso, mesmo os menos acostumados com uma interpretação no campo artístico estão aptos a compreender o trabalho, afinal, sabe-se da existência da "função representativa da arte, pela qual aquilo que vemos tem ligação com uma narrativa maior" (ARNOLD, 2008, p.106). Como afirmado por Coli (2003, p. 110, grifo do autor), a arte "não explica, mas tem o poder de nos 'fazer sentir'". Para tanto, explicitar o uso das redes sociais na ilustração possibilita a discussão em torno dessa temática de forma mais espontânea, onde qualquer indivíduo estaria apto a compreende-la a sua maneira, verificando os elementos dispostos individualmente para, assim, concluir o que a arte pode comunicar utilizando sentidos, analisando, reconhecendo e, por fim, entendendo a ilustração. A comunicação através da fala e da escrita é fundamental, porém possibilitar que qualquer pessoa crie uma narrativa baseada na arte visual tem um significado além das palavras. Isso permite o exercício da filosofia e outros questionamentos, além de incentivar debates e estudos, aumentando as possibilidades para as novas gerações, muitas vezes acostumadas a compartilhar conteúdo pessoal e não-crítico, esquecendo-se de como a criticidade e as discussões permitem que o indivíduo torne-se alguém capaz de encontrar soluções e gerar mudanças no mundo moderno. Dedicar-se a discutir sobre o âmbito dos 'adolescentes, autoafirmação na internet e sua relação com antidepressivos é desafiador para um profissional da comunicação. Estes, lidam diariamente com redes sociais e internet, e estão constantemente recebendo informações. Por vezes, sentem-se pressionados à estar online, gerar conteúdo e manter as redes sociais sempre atualizadas. Por fim, as redes de um profissional da área de comunicação funcionam quase como um cartão de visitas. Por isso, eles estão quase sempre conectados, experimentando a satisfação causada pela exposição nas redes, mas ao mesmo tempo, estudando e informando sobre os malefícios da utilização prolongada e as possíveis dependências e transtornos que podem ser causados pela utilização inadequada das redes sociais. Mesmo com tais práticas presentes em sua rotina, a informação e os debates também fazem parte de seu material de trabalho, lembrando-nos que muito do que vemos nas redes é compartilhado e visam puramente o prazer e a satisfação individual, que será conseguida através da visibilidade do conteúdo postado. Finalmente, acredita-se que a diferença entre o controle que as redes gerarão em nossas vidas está nisto: a maturidade que possuímos e o conhecimento sobre a temática em questão. Com o caso Danny Bowman, fundamenta-se a discussão proposta através da ilustração crítica, apresentando possibilidade de discussão e superação de um vício que pode parecer inocente. Após tratamento profissional, Danny decidiu ajudar jovens que passaram por situações similares à sua e, atualmente, é também porta-voz de saúde mental em um veículo de comunicação. Unindo o aspecto visual e o crítico, busca-se aprofundar a crítica do poder das redes na vida dos jovens e reforçar para esse público que os números ali gerados (curtidas, compartilhamentos, seguidores, entre outros) são meros detalhes e não refletem o valor de uma pessoa ou seu caráter. O foco principal da internet é ser um espaço para compartilhar conteúdo, facilitando o conhecimento e a comunicação. Por isso, a criticidade quanto às atitudes enquanto utilizadores dessa ferramenta é fundamental.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Optou-se pela escolha da técnica tradicional para elaborar a ilustração, pois ela vai de encontro ao uso da tecnologia, transformando todo o processo artístico, desde o rough (esboço ou rascunho de arte) ao produto final, em uma forma de protesto. A área de comunicação e afins (design, quadrinhos, etc.) têm se favorecido do uso de ilustrações e peças feitas digitalmente por alegarem que sua aplicação possuiria melhor qualidade e poderia ser rapidamente editada e re-editada para aplicações em diversas mídias e tamanhos. Além disso, os jovens e adolescentes estariam migrando para a execução de atividades e passatempos cada vez mais ligados à tecnologia e aparelhos eletrônicos binários. Antes de iniciar qualquer ilustração é necessário conhecer o tema ou assunto abordado. No livro Fundamentos de Ilustração, Zeegen e Crush (2009, p. 26) relatam que "coletar o ma&#769;ximo possi&#769;vel de informac&#807;o&#771;es relacionadas ao assunto vai impulsionar o processo de gerac&#807;a&#771;o de ideias". Assim, uma das técnicas utilizadas para iniciar o projeto foi composta por pesquisa, visando aprofundar-se no tema e estar bem informado e seguro sobre o assunto. Isso também permite seriedade e profissionalismo ao tratar sobre o assunto pesquisado. Somente após ampla pesquisa, o processo de rough foi iniciado. Para o primeiro rough utilizou-se materiais simples como uma folha de papel 75g/m2 tamanho A5 (14,8 × 21,0 centímetros), lápis HB/nº2, lapiseira 0.5mm com mina HB e borracha técnica hi-polymer. Neste processo, a função do rough foi permitir à artista transpor suas ideias para o papel de forma livre e rápida, evitando preocupar-se desnecessariamente com proporções, colorações e com o resultado final. O trabalho feito nesta etapa deu-se como um simples rascunho desenhado à mão. Assim, muito do que foi representado não permaneceu nas versões posteriores ou foi modificado de alguma forma. Nessa etapa, a criticidade da peça já começava a tomar forma. Mesmo estando em um primeiro estágio de desenvolvimento, alguns elementos como a máscara, a bandeira comemorativa, a expressão no olhar do indivíduo, a selfie, o tubo abastecido com medicamentos e os próprios fármacos descendo de paraquedas foram inseridos. A ideia-base foi resultado de pesquisas imagéticas feitas pela artista. Assim, quando uma ideia é passada para o papel, ela se torna algo concreto. Já no segundo rough, foram utilizados, além dos materiais como o lápis HB/nº2 e a borracha citados anteriormente, o uso da régua para ajustar algumas linhas e proporções e o suporte, que é um papel técnico 180g/m² tamanho A4 ( 21,0 × 29,7 centímetros) na cor creme. Nesta fase da produção, foi possível constatar mudanças expressivas quanto à complexidade dos elementos representados e uma maior preocupação com os detalhes. A máscara mudou de forma e já aparece então degradada e com detalhes mais aperfeiçoados. Assim, cumpre-se melhor seu papel quanto a representação que possui na arte de encobrir algo. Outros elementos também mudaram, como o cérebro representado, que apareceu mais exposto e com ícones que remetem àqueles das notificações das redes sociais, acompanhado pela forma fluida que foi modificada ganhando uma aparência mais interessante. A selfie também recebeu um complemento: o braço com aparência degradada como se fosse de um zumbi. Após as etapas de rascunho serem concluídas, decidiu-se como seria feita a produção e finalização da ilustração. A aquarela foi a técnica de pintura escolhida porque, além da familiaridade da artista com a técnica, ela poderia proporcionar qualidade ao produto final e, também, permitir continuar utilizando apenas técnicas artísticas tradicionais, contrapondo-se às digitais. Enfim, os materiais puderam ser decididos. Primeiramente houve a escolha do papel. Optou-se por Canson Mix Media 300g/m² tamanho A3 ( 29,7 × 42,0 centímetros) específico para a técnica aquarela, pois "tanto a aquarela quanto o guache são aplicados sobre um papel de gramatura considerável, como o de 300g/m²" (CUNHA, 2016, p. 130). Caso seja utilizado um papel inapropriado, por exemplo um papel muito fino, além dele não suportar a quantidade de água em sua superfície, pode rasgar e enrugar, e o resultado da aquarela varia dependendo da superfície na qual é aplicada. Por isso, em busca do melhor resultado, foi escolhido um papel específico para a técnica. Assim, com o papel definido, pode-se iniciar o desenho do produto final com o auxílio de alguns materiais já citados como a lapiseira, régua e borracha técnica. Após a etapa de desenho, todas as linhas da arte foram levemente apagadas e depois cobertas com caneta técnica à prova d'água de ponta 0.8. Iniciou-se então o processo de aquarelar o trabalho. Os materiais utilizados foram: aquarela em pastilhas, pincel chato nº0 e pincel redondo nº00 (conhecido como 2/0), tendo o papel 300g/m² como tela de pintura. Existem diversas técnicas que podem ser utilizadas ao pintar com aquarela. A escolhida para esta ilustração foi a técnica seca, que consiste em molhar o pincel na água, levá-lo até a tinta (nesse caso, a tinta em pastilha) e então pintar as áreas desejadas. Essa técnica permite um resultado com cores mais vibrantes porque a mistura da tinta é feita apenas com a água presente nas cerdas do pincel. Além disso, ela proporciona "manchas" características da técnica seca, com menos água depositada na superfície de pintura e sem umedecer o papel previamente, secando mais rapidamente quando aplicada no papel, e dificultando mesclas posteriores. Cunha (2016, p.131) afirma que "as cores da aquarela tendem a formar mesclas cromáticas" por seu caráter diluível. Isso proporciona dramaticidade à ilustração. Quanto às cores utilizadas, elas podem ser classificadas entre figurativas ou abstratas, de acordo com sua utilização no campo das artes visuais. As figurativas são as cores que chamamos de naturais. Um céu azul com nuvens brancas seria resultado da utilização de cores figurativas, enquanto um céu verde com nuvens vermelhas seria resultado da escolha de cores abstratas. As cores abstratas foram utilizadas na face do indivíduo retratado no produto artístico em questão e contrariam a utilização natural das cores, também podendo serem reconhecidas através do exagero (VAZ; SILVA, 2016, p.145). Utilizou-se cores figurativas em grande parte da ilustração.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ilustração avulsa submetida no presente trabalho possui uma carga forte de conceitos populares e referências retiradas da própria internet, visando impactar o público adolescente e jovem, ainda assim mantendo a discussão aberta a qualquer público, permitindo difundir a importância da arte em uma comunicação eficaz. Tomando como inspiração trabalhos artísticos de quadrinistas, chargistas e pintores que trabalham com conteúdo crítico, por vezes considerado ácido e direto, a decisão de criar uma arte que possa comunicar da mesma forma é fundamentada no poder de atração e abertura para discussões que uma obra crítica consegue gerar. Por vezes, a arte precisa gerar desconforto para que, dessa forma, atinja a atenção do espectador e permeie em sua memória, conseguindo transcender o meio em que está, aquele no qual foi aplicado, deixando sua função de, apenas, ser uma ilustração, tornando-se uma forma de intervir na rotina diária, permitindo a saída da zona de conforto e engatilhando mudanças sociais. Como é sabido, indivíduos ainda jovens e, por vezes, imaturos, acabam ofuscados pela popularidade, perfeição e busca da fama atrelada às redes sociais. Analisando a sociedade na qual estamos inseridos, Lipovetsky (2007, p. 6) conclui que "uma civilização frustrante consiste na desregulamentação e no enfraquecimento dos dispositivos religiosos de socialização nas sociedades hiperindividualistas". Destaca-se que as redes sociais estão tomando o papel das instituições que vieram perdendo força com o passar dos anos e, por isso, a preocupação em comunicar para aqueles que sem as instituições solidificadas de forma à ajudar na construção de sua identidade, acabam buscando a definição do seu Eu através da hiperexposição e autoafirmação nas redes sociais. Com isso, pretende-se através da ilustração submetida, debater o uso inconsequente das redes e sinalizar como a utilização da internet, se feita de forma indevida ou desavisada, pode trazer malefícios para a saúde mental e corporal. A busca pela identidade perfeita nas redes pode gerar transtornos graves para esses jovens. O foco da ilustração está na utopia que as redes proporcionam. Assim, foram inseridas características como as formas fluidas que surgem do ouvido esquerdo e cérebro, esse visível através do zíper aberto significando a conexão entre o interior do adolescente e o mundo ao seu redor. Outros componentes presentes na ilustração são os cabos que também surgem do cérebro. Atualmente, os carregadores para smartphone tem sido comumente comparados à coleiras, uma vez que encontramos cada vez mais pessoas sentadas perto de tomadas elétricas para carregar seus aparelhos. Assim, os cabos tornam-se sinônimo da 'prisão' causada pela dependência de aparelhos eletrônicos, realmente como uma coleira. Em verde, a máscara, associada popularmente ao disfarce e a mentira, se quebra em um formato similar ao litoral dos Estados Unidos da América, desde o Golfo do México até os estados banhados pelo Oceano Atlântico Norte, trazendo para a discussão o termo 'globalização'. Se anteriormente possibilitava a perfeição para o indivíduo retratado na imagem, após quebrar-se, a máscara revela a acidez de um vício e a real situação pela qual o jovem está passando, visível no olho hipnotizado pelo vício em buscar sua identidade utópica, antes escondido pela máscara das redes sociais. Uma bandeira que sai do ouvido direito do indivíduo em comemoração ao primeiro lugar (1º), pode ser associada à busca de popularidade, atenção, fama, entre muitos outros, encaixando-se com aquilo que é mais familiar ao espectador. O uso da selfie na ilustração pode ser visto na área superior esquerda da imagem, onde um braço com características zumbis segura um smartphone similar ao da marca mais desejada pelos adolescentes, significando que o sujeito acaba esquecendo a si, abandonando sua vida e saúde em prol da busca incessante pela foto que garantirá a identidade que ele tanto sonha adquirir, tornando-se um ser morto em um corpo vivo. Na direita, vemos um tubo do qual a extremidade inferior está ligada diretamente à boca do sujeito, enquanto a superior é abastecida com diversos medicamentos, fazendo uma associação entre todos os itens, de utopia e problemas ilustrados, e a necessidade de tratamento profissional, por vezes, com medicação controlada. Logo acima do tubo vemos medicamentos descendo de paraquedas. Com isso, pretende-se representar de forma ilustrada o efeito dos tratamentos profissionais para os transtornos e vícios que atingem vários jovens e adolescentes, refreando a situação na qual o indivíduo se encontra, agindo exatamente como um paraquedas. Os ícones de notificações de redes sociais inseridos no cérebro ligam o universo online, compondo o cenário com detalhes diretos entre o conteúdo crítico ilustrado e o estopim dos vícios já citados: o uso inadequado das redes. Atenção especial para o ícone de opção curtir, no qual o coração aparece partido. Além disso, ainda vemos referência à memes e cultura das redes através do 'nyan cat' (o 'gato' com um pequeno arco-íris) presente na ilustração. Por fim, a mão utilizando um mouse também simula a de um titereiro (aquele que manipula marionetes) coordenando toda a peça e revelando como a interação nas redes sociais pode resultar em benefícios ou malefícios de acordo com seu uso. Como forma de alcançar o público alvo e difundir o tema, é desejável a aplicação da ilustração em um mural seguindo a técnica do graffiti, continuando com um enfoque na arte tradicional, à qual já explicamos também ser uma forma de crítica. Tomando como base a definição trazida por Tavares (2008, p. 1136) onde o mural geralmente se trata de um espaço disponibilizado para a intervenção e por isso está sujeito à obediência a certos valores, mesmo assim ele mantém as outras características, como as conotações decorativas e sociais. Acreditamos que o mural atingirá ainda com mais força àqueles que se depararem com a ilustração crítica como forma de intervenção urbana.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Não se pretende desconsiderar o uso de medicamentos e terapias ao lidar com adolescentes e jovens, mas torna-se necessário questionar os efeitos e prevenções da saúde como um tópico mais complexo. Acreditamos que a informação e o diálogo são pontos-chave para evitar que jovens encontrem-se em situações de vícios e transtornos que poderão resultar em tratamento com medicações que podem causar efeitos colaterais diversos. Vícios como a nomofobia já são uma realidade na vida de diversos adolescentes, mas muitos amigos e familiares veem esse comportamento como um costume dessa geração e não como um transtorno. Por isso, a conscientização sobre esses e outros problemas é fundamental para que exista diálogo em torno de um tema que mesmo atual, é pouco divulgado. Com o desejo de potencializar os efeitos da ilustração aqui submetida, pensou-se numa posterior transposição da mesma em um mural em graffiti. O Dia do graffiti no Brasil é comemorado em 27 de março e, neste ano, completou-se 30 anos dessa data. Além da importância da data e da técnica como forma de expressão e intervenção urbana, o graffiti pode ajudar a dar visibilidade para temas pouco discutidos, tornando-se um ótimo veículo para o produto final. Segundo o artista Luís "Orelha" Fernandes, natural de Cabo Frio, integrante do grupo Tá na Rua Graffiti, o processo de transpor uma ilustração em graffiti depende do local, do tema e dos artistas envolvidos. Após considerar relevante a discussão aqui proposta, o artista pretende encontrar um muro no qual possa transpor a ilustração e ampliar a discussão para as ruas de Cabo Frio. Assim, a aplicação da ilustração em mural também é interessante para a valorização do próprio graffiti, possibilitando aos indivíduos que não veem essa técnica como uma forma de arte e intervenção desenvolverem um novo olhar sobre o tema.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ARNOLD, D. Introdução à História da Arte. Tradução de Jacqueline Valpassos. São Paulo: Ática, 2008. Recurso Eletrônico.<br><br>BOTELHO, R. Depressão entre jovens cresce; desafio é distinguir a doença de atos típicos da adolescência. Folha de S. Paulo, [S.I.], 14 de março de 2017. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2017/03/1866241-depressao-entre-jovens-cresce-desafio-e-distinguir-a-doenca-de-atos-tipicos-da-adolescencia.shtml>. Acesso em: 10 de abril de 2017.<br><br>COLI, J. O que é Arte. São Paulo: Brasiliense, 2003.<br><br>CUNHA, A. S. T. Ateliê de Artes Visuais: pintura. Curitiba: InterSaberes, 2016. Recurso Eletrônico.<br><br>FERNANDES, L. H. A. A. Entrevista concedida à Rachel Monteiro da Silva. Por e-mail, 14 de abril de 2017.<br><br>JOVEM viciado em selfies tentou se matar por não conseguir a  selfie perfeita . Canaltech, [S.I.], 26 de março de 2014. Disponível em: <canaltech.com.br/noticia/saude/Jovem-viciado-em-selfies-tentou-se-matar-por-nao-conseguir-a-selfie-perfeita/>. Acesso em: 18 de março de 2017.<br><br>LIPOVETSKY, G. A Sociedade da Decepção. Entrevista coordenada por Bertrand Richard. Tradução de Armando Braio Ara. Barueri: Manole, 2007. Recurso Eletrônico.<br><br>RIBAS, R. E. B. Padrões Estéticos e Globalização: a sociedade pós-moderna frente à ditadura da beleza. Viçosa: 08 de setembro de 2011. Disponível em: <intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2012/resumos/r33-1567-1.pdf>. Acesso em: 16 de março de 2017.<br><br>ROCHA, S. P. V. O homem sem qualidades: modernidade, consmo e identidade cultural. Comunicação, mídia e consumo. São Paulo; vol. 2, n.3, p.111-122, mar. 2005. Disponível em: <revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/28/28>. Acesso em: 18 de março de 2017.<br><br>TAVARES, J. F. Graffiti o Muro, a Parede, a Universidade e até a Galeria. In: A Arte e a História da Arte: entre a produção e a reflexão. [S.I.]: IFCH  UNICAMP, p. 1133-1142, [2008?]. Disponível em: <www.unicamp.br/chaa/eha/atas/2008/TAVARES,%20Jordana%20Falcao%20-%20IVEHA.pdf>. Acesso em: 07/04/2017.<br><br>VAZ, A.; SILVA, R. Fundamentos da Linguagem Visual. Curitiba: InterSaberes, 2016. Recurso Eletrônico.<br><br>ZEEGEN, L.; CRUSH. Fundamentos de Ilustração. Tradução de Mariana Bandarra. Porto Alegre: Bookman, 2009. Recurso Eletrônico.<br><br> </td></tr></table></body></html>