ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00701</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;A fotografia de A Casa de Vento</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Vitor Verghetti Cecchino (CEntro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Cruzeiro do Sul); Rodrigo Lara Porto Biancalana (CEntro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Cruzeiro do Sul); Fernanda Cobo (CEntro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Cruzeiro do Sul); Lilian Solá Santiago (CEntro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Cruzeiro do Sul)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Adoção Tardia, Cinema, Direção de Fotografia, Fábula, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Esse artigo apresenta os processos utilizados para a realização da Direção de Fotografia do curta metragem  A Casa de Vento , elucidando os conceitos teóricos e práticos desenvolvidos na estética desse projeto que buscou construir uma atmosfera de fábula ao enredo que tem como tema central a adoção tardia. O trabalho foi desenvolvido como projeto de conclusão de curso da turma de Cinema e Audiovisual do Centro Universitários Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), no ano de 2016.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> A Casa de Vento é um projeto de curta metragem ficcional de 15 minutos que se apropriará do universo onírico e do tom de fábula para expor o drama da  adoção tardia de um casal de irmãos: Mariana tem nove anos e Murilo sete. A idade é considerada avançada e fora do perfil preferencial de adoção no Brasil. O filme propõe uma reflexão sobre às condições psicológicas das crianças que vivem em abrigos à espera de adoção. Busca-se a aproximar o espectador a realidade dramática dessas crianças, expondo as consequências da espera, sugerindo uma reflexão social sobre o tema. O dialogo na história é versado em tom de fábula e empresta algumas características fundamentais do gênero, em acordo com o grande fabulista francês Jean de La Fontaine que afirma:  O corpo e&#769; representado pela narrativa que trabalha as imagens e da&#769; forma sensível às ideias gerais. A alma são exatamente as verdades gerais corporificadas na narrativa (PORTELLA, 1983, p.121). O que se encaixa perfeitamente com a forma pretendida neste filme, onde se busca uma persuasão e consequente mobilização sobre uma injustiça social, comunicada através de uma história cativante que ao final convida o espectador a imaginar alguns outros sentidos. A abordagem da história é feita pelos olhos da protagonista e é contada de forma a aproximar a narração do drama particular, envolvendo o espectador na emoção das personagens e dos conflitos que demonstram a importância do afeto na vida dessas crianças.  A Casa de Vento é um projeto de conclusão de curso realizado no ano de 2016 pelos estudantes do curso de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP). A equipe de Fotografia foi composta pelo Diretor de Fotografia Vitor Cecchino, na época no 8º semestre, e seus assistentes Giovani Gasparetto, Larissa Forcheto e Bruno Modesto, estudantes do 6º e 4º semestres de Cinema na época de realização do curta-metragem. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este trabalho tem como objetivo criar uma estética visual adequada ao tom de fábula, para dessa forma, dar visibilidade ao tema, sensibilizando o espectador para a questão do paradigma do perfil preferencial de adoção - formado por meninas menores de dois anos e brancas. Entendemos que um novo arranjo social pode ser construído através de debate conscientização e o audiovisual pode ser entretenimento e agente de transformação. A compreensão das consequências emocionais da espera da adoção dessas crianças são os objetivos motriz do projeto para a busca pela mudança de postura. A fotografia em movimento aliada ao design de produção do filme, objetiva imergir o espectador em um universo fabuloso a fim de tratar o tema da hipossuficiência dessas crianças de forma leve e sensível. A intenção é que o espectador, ao sair dessa experiência, deverá suscitar discussões a respeito da adoção. Além da estética de fabula a fotografia em movimento também contrasta com um ambiente de orfanato, onde o principal objetivo é mostrar a monotonia, solidão, falta de amor e a aflição de se viver em um ambiente a espera de uma família que pode nunca chegar. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">É da essência do ser humano o sentimento de  pertencimento . Os elos iniciais de afeto são estabelecidos desde a infância. Depois que as pessoas satisfazem parcialmente suas necessidades fisiológicas e de segurança, elas ficam mais motivadas pelas necessidades de amor e pertencimento, tais como o desejo de amizade, o desejo por um parceiro e por filhos e a necessidade de pertencer a uma família, um clube, uma vizinhança ou uma nação. Amor e pertencimento também incluem alguns aspectos de sexo e contato humano, bem como a necessidade de dar e receber amor (MASLOW, 1970). O ser humano para sobreviver precisa ser cuidado, precisa de afeto. Crianças em abrigamento estão em estado de hipossuficiência afetiva, de identificação e de pertencimento. Essa situação crítica desde tenra idade pode ter impacto doloroso na formação deste indivíduo que já inicia a vida em exclusão. Adoção ainda é um tema considerado tabu em nossa sociedade. As crianças e jovens em situação de abrigamento constituem um grupo hipossuficiente: uma enorme população que desde cedo enfrenta restrição de liberdade e abandono afetivo e material, comprometendo o pleno desenvolvimento físico e psicológico. Segundo dados de 2015 do Conselho Nacional de Justiça, através do Cadastro Nacional de Adoção, existem no Brasil mais de trinta mil candidatos a adoção para cerca de sete mil crianças a espera de um novo lar. O número parece discrepante, mas, no fundo, reflete o enorme tabu da adoção. Desse total de candidatos apenas cerca de dois mil aceitariam uma criança maior do que sete anos. As crianças maiores de dois anos representam 89% do total sendo ainda negras ou pardas. Adoção não deve ser caridade. Pedro Henrique Alves, Juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro defende a necessidade de mudança no perfil de preferência para adoção. Os candidatos a adotar devem entender o real sentido da adoção e aceitar crianças negras, pardas, grupo de irmãos e crianças maiores; já que esses casos são a base das situações de abrigamento. Esse contingente, até o ano de 2012, só conseguia adoção por famílias estrangeiras. Ao formalizar o filme dedicando atenção especial à estética eficaz para a comunicação, entendemos que o tom Fantástico-Maravilhoso, onde a história passa a ter um regimento próprio de uma natureza desconhecida no mundo real, pode ser a ponte ideal para buscar o espectador, onde ele acompanha um tema pesado e se identifica com aquele mundo onírico, leve e habitado por crianças comuns que tratam esse lugar fantástico como natural. É, portanto, nesse lugar onírico que se encontra a fotografia em movimento, sendo, junto com a direção de arte as principais responsáveis por trazer essa estética visual para o produto final. Para esse efeito a fotografia se apropria de contrastes para enaltecer as diferenças dos mundos em que as crianças vivem, um real e outro onírico. De forma que através da imagem podemos perceber que as crianças se deslocam de um lugar de monotonia e solidão onde elas vivem a espera de uma família, para um universo surreal onde existem bruxas e formas de voltar tempo. Retratar essa expressão na imagem do filme transmite ao espectador o que queremos abordar no filme, fazendo com que a fotografia em movimento se fixe no consciente e produza uma discussão a respeito do tema. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O processo de realização da fotografia do filme  A Casa de Vento começou desde a fase do roteiro onde se propôs o desafio de, com um baixo orçamento, conseguir atingir um visual lúdico e estabelecer uma estética de fábula. Esse desafio impactou em todas as decisões transpassando o setor de fotografia, pois influenciou desde a câmera escolhida até o tipo de locação que facilitaria as filmagens. A câmera que escolhemos foi uma Black Magic Studio Câmera e usamos uma compressão PRORES para gravar em 4k, dessa forma obtivemos arquivos com uma ótima qualidade e com um tamanho razoável para ser posteriormente trabalhado na ilha de edição. A escolha dessa câmera se deu devido ao fato de ela possuir um grande alcance dinâmico possibilitando um trabalho de colorização, que inclusive é uma das funções que o diretor de fotografia é responsável. Poder trabalhar as cores com mais assertividade na pós-produção foi a principal decisão em pró da estética de fábula, pois dessa forma conseguimos trazer os contrastes e as cores que transmitiriam a ideia de um ambiente além da realidade. Como nosso objetivo era obter a maior qualidade do produto final nós optamos por usar lentes de cinema, sendo Rokinon nas especificidades de 24mm T1.5, 35mm T1.5 e 85mm T1.5, com isso tínhamos a possibilidade de fotografar com pouca luz e aproveitar a grande abertura e desfoque proporcionados por essas objetivas, que além de facilitar a montagem acrescentou esteticamente. Por estamos trabalhando com um orçamento baixo, a câmera e as lentes foram negociadas através de uma parceria com uma empresa de Campinas, UP Voice, em troca de serviços de filmagens. Não apenas a câmera e as objetivas, grande parte dos equipamentos usados foram conseguidos através de parcerias e emprestados de amigos. Conseguimos uma grua e trilhos em parceria com a Prefeitura de Salto (SP), equipamentos de iluminação em parceria com um grupo de teatro e diversos outros equipamentos específicos fornecidos por amigos que acreditaram no projeto. De posse de todos esses equipamentos (previstos nas decupagens), foi possível começar a elaborar o que havíamos definido como uma estética de fábula. Para essa estética definimos que não haveria de forma alguma câmera tremida, para transmitir a ideia de um conto, de um desenho, onde tudo é bastante estável. Definido isso a maior parte dos planos no curta é feito firmado em cima do tripé e quando movimentos são necessários eles ocorrem bastante sutis através de dolly e grua. Outra característica bastante trabalhada no filme é o contraste. O contraste entre o orfanato e o mundo lúdico (lá fora), entre a solidão e a esperança, entre as cores dos ambientes, enfim, há diversos contrastes que permeiam todo o filme em todos os setores. Na fotografia esses contrastes se expressam na iluminação. Os planos sempre são trabalhados com uma luz principal gerando áreas delimitadas de sombra que destacam áreas claras na imagem. Para a realização da fotografia desse curta a equipe teve uma imersão total, ficando todos hospedados juntos durante 7 dias na locação, acordando bem cedo para preparar e iluminar os ambientes para o filme que só começava rodar às 14 horas devido ao horário dos atores mirins. A equipe completa contava com 35 integrantes que buscaram se relacionar e trabalhar constantemente como uma equipe síncrona e dessa forma criar um set o mais agradável o possível. Esse trabalho e relacionamento foram extremamente necessários pois foi um grande desafio trabalhar com crianças que possuem horários extremamente delimitados. Outro desafio da produção em geral foi lidar com os efeitos especiais que tivemos no filme, foi necessário uma sincronia de toda a equipe para que fluíssem com perfeição as cenas que possuíam o Haze, obtido por uma máquina de fumaça e também os efeitos de vento proporcionados por uma potente máquina de vento. Finalmente, após toda a gravação e captação dessas imagens os arquivos do filme em 4k foram para a ilha de edição onde foram montados no Final Cut Pro, posteriormente foi exportado em um arquivo de referência XML para a equipe de fotografia trabalhar a cor no Davinci Resolve, a equipe de áudio trabalhar com o ProTools e no final esses arquivos voltaram para o editor que juntou tudo o optou por finalizar um filme em 2k, devido ao processamento a ilha de edição e a limitada quantidade de mídias que suportam 4k. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Através do curta-metragem  A Casa de Vento buscamos experimentar o filme como uma ferramenta de transformação de massas. Já é conhecido o impacto do cinema na sociedade e como ele já foi usado para transmitir valores desde que se estabeleceu como arte no mundo. Por isso, se apropriando de um universo onírico e em tom de fábula, objetivamos expor o drama da adoção tardia a fim de comunicar esse então tabu da nossa sociedade para o espectador em geral. O experimentalismo consiste em usar o tom de fábula, tão habitual para ensinar crianças diversos valores durante o crescimento, para em nosso caso, educar e alertar nosso público alvo a respeito do que as crianças precisam. Ou seja, para atingir jovens e adultos usamos uma linguagem natural para crianças com a finalidade de tratar um assunto sério e delicado, como a adoção e as necessidades de afeto e de pertencimento familiar. Adoção tardia é um tema que precisa ser discutido. Essas crianças que não se encontram no perfil ideal de adoção formam um enorme grupo de hipossuficientes. A sociedade precisa abrir os olhos para a realidade dessas crianças, que passam toda sua infância em situação de abrigamento na esperança de que uma família apareça para adotá-las. O curta-metragem trás essa relevância de abrir os olhos para um tema pouco abordado pela sociedade, não se vê a mídia discutindo, jornais publicando e nem tão pouco as pessoas buscando entender o porquê existem tantas pessoas querendo adotar e ao mesmo tempo tantas crianças a espera de um lar. O intuito da obra é dar visibilidade a essa problemática, atrair a sociedade para a discussão. Gerar empatia e incomodar o espectador com a realidade dura que essas crianças enfrentam, a adoção tardia não deve ser caridade, precisa ser um ato de amor, portanto não pode ser ignorado como discussão e deve ser encarado com uma realidade existente e que devemos nos responsabilizar. A fotografia em movimento nesse contexto tem grande importância, pois pela imagem o filme comunica diretamente aos sentimentos de quem assiste. O filme é imbuído dessa responsabilidade, de não ser apenas entretenimento, mas de comunicar sentimentos que transpassam a esfera da diversão e atingem a esfera da discussão e da reflexão. É notório que a fotografia cumpriu seu propósito, pois ela começa a ganhar reconhecimento, visto que o trabalho de direção de fotografia foi indicado a na categoria de Melhor Direção de Fotografia para Filme Estudantil no prêmio ABC 2017. O prêmio ABC é uma premiação dada pela Associação Brasileira de Cinematografia (ABC) que é formada pelos principais diretores de fotografia atuantes hoje no mercado brasileiro de cinema. A fotografia, portanto, não ganha esse mérito por si só, mas ela faz parte do resultado de um todo, ela faz parte da união entre as diversas partes do filme, de modo que ela não alcançaria seu objetivo de emocionar sem uma boa trilha sonora, ou de nada valeria uma imagem bonita para um ator despreparado, ou até o que seria de todo o filme se não houvesse a organização e da equipe e da produção. A imagem conquistada no final desse trabalho é o reflexo de que todas as áreas trabalharam em sincronia. Um fotógrafo é carregado de ferramentas e variáveis as quais ele deve conciliar para obter o resultado desejado, o enfoque aqui recairá em três variáveis bases da fotografia que foram usadas para comunicar sentimentos ao espectador, sendo elas: os planos, os movimentos e a cor. Um dos trabalhos essenciais de um diretor de fotografia é transformar a decupagem da direção aliada ao storyboard em cenas iluminadas que serão fotografadas através de uma câmera. Passando toda a tridimensionalidade do que é real a sua frente para um plano bidimensional do filme ou da mídia. Cada enquadramento mostra determinada proporção do sujeito perante o cenário, essa representação carrega junto consigo diversos significados que não são limitados dentro de si próprios, mas que podem ser aliados a outros planos para a construção de sentido. Os enquadramentos no filme carregam diversos sentidos além de ajudar na compreensão da narrativa, como por exemplo, a obra sugere voltas no tempo e dias sendo revividos, por isso foram usados enquadramentos exatamente iguais em momentos distintos do filme para ajudar o espectador entender de que aquele momento já aconteceu antes. Através dos planos também é destacado o quanto as crianças estão em um ambiente amplo e cheio de brinquedos, mas que isso não é o suficiente, a disposição da câmera aliada ao movimento, à atuação e à trilha sonora nos faz sentir e entender que elas estão solitárias e infelizes. Os movimentos de câmera também são importantes para revelar e esconder sentimentos na cena, no filme ele é usado para gerar tensão. É usado também para transportar o espectador para o mundo lúdico, é através do movimento de câmera que temos o entendimento que o que a história é uma fábula que acontece na imaginação de uma criança. Outro fator extremamente pertinente no projeto é a cor, aliada a direção de arte o filme procura trazer a realidade de dois universos contrastantes, sendo um ambiente de solidão e tristeza e outro lúdico e fantasioso. O filme corresponde a essa estética principalmente através de como as cores foram retratadas. Enquanto podemos notar que no orfanato as cores são bastante dessaturadas e perto de uma escala de cinza, quando entramos no lúdico todas as cores ganham vida e passam a ter expressão na tela, os azuis que carregam o significado de inocência ganham notável destaque e no interior da casa da bruxa toda a atmosfera é tomada por um tenro e abundante tom carnal. As cores se expressam não apenas para dividir e contrastar esses universos no filme, mas elas também carregam diversos sentidos pontuais, como por exemplo, nas vestimentas azuis e rosas, como as tonalidades usadas em bebês, significando a inocência. A tonalidade magenta que permeia o mundo lúdico e que transmite o sentimento da surrealidade. O vermelho no interior da casa da bruxa que se manifesta como um alerta, entre outros diversos significados que as cores carregam em toda a obra. O objetivo de todos esses elementos e da união da equipe se consolida em conceber para o filme uma estética de fábula, para que através dessa seja estabelecido o tema de adoção e através desse universo o espectador possa compreender que na nossa realidade existe um problema social que deve ser não apenas discutido, mas visto de perto. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A experiência fotográfica de  A Casa de Vento é uma experimentação a respeito de sentimentos e técnicas a fim de chegar a um resultado belo em que é possível o entretenimento e a reflexão por parte do espectador. Trabalhar um assunto tão socialmente delicado e que exige uma atenção da população brasileira através de uma estética fabulosa torna essa experiência única, tal que só pode ser proporcionada pela fotografia em movimento em uma sintonia harmônica com todos os setores responsáveis pelo realizar de um filme. Essa harmonia se expressa a cada segundo do curta-metragem e só tende a enriquecer mais o objeto de enfoque, que é a fotografia em movimento. Com o advento e a acessibilidade das novas tecnologias de imagem se torna possível fazer um filme que retrate esse mundo lúdico dentro de uma estrutura de faculdade e com um baixíssimo orçamento. Isso se manifesta na simplicidade de como foi usado cada elemento no filme, como por exemplo as cores, que no final da edição ainda passaram por um minucioso tratamento tornando possível a percepção da um mundo onírico. Acreditamos que a fotografia em movimento nessa obra encontrou seu lugar de expressão, trazendo a existência o que era um sonho no projeto do diretor, revelando um mundo lúdico com um orçamento bastante limitado, usando para isso das cores, dos enquadramentos e dos movimentos de câmera para que só chegasse até a edição um material que em toda sua extensão carregasse o tom da fábula. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">PORTELLA, O. de O. A fábula. In: Revista Letras, Curitiba, 1983.<br><br>HUIZINGA, G. Maslow's need hierarchy in the work situation. Groninger, Wolters, 1970.<br><br>BROWN, Blain. Cinematografia - Teoria e Prática. Editora Elsevier, 2012.<br><br>HULSHOF, TIago. Fábula: Um Gênero Persuasivo. Pará: Abralic, 2015.<br><br>MEIRELLES, Fernando, O método, São Paulo, 2010. Disponível em: <https:www.telabr.com.br/noticias/2011/05/17o-metodo-de-fernando-meirelles/>. Acesso em 23 Abril de 2016<br><br>ARONOVICH, Ricardo Expor uma História - A Fotografia no Cinema. Gryphus, 2004.<br><br>MASCELLI, Joseph V. Os Cinco Cs da Cinematografia - Técnicas de Filmagem. Sammus, 2010.<br><br> </td></tr></table></body></html>