ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00742</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA05</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Você vai aprender a viver com o amor da sua vida</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Danilo Craveiro Cardoso (Universidade Metodista de Piracicaba); Glauco Madeira de Toledo (Universidade Metodista de Piracicaba); Ana Sofia Vasques Nascimento (Universidade Metodista de Piracicaba)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Cinema, Melodrama, Pedro Almodóvar, Xavier Dolan, Roteiro</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"Você vai aprender a viver com o amor da sua vida" é um roteiro ficcional para curta metragem. Tatiana é uma mulher de 30 e poucos anos que trabalha como manicure em um salão de bairro. Ela leva uma vida monótona e sem grandes ambições. Com Wesley, o motoboy de um restaurante da região, mantém um relacionamento casual: para ela, ele significa apenas uma distração e alguns momentos de prazer. Porém, quando decide terminar com o rapaz, Tatiana percebe que essa relação significara para ele muito mais do que havia imaginado. Em um ato de descontrole, Wesley sequestra Tatiana disposto a mostrar seus sentimentos e fazer com ela compreenda suas verdadeiras intenções.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Pretende-se com o roteiro abordar o gênero melodramático tendo como referência os diretores Pedro Almodóvar e Xavier Dolan. O gênero melodrama é um dos mais populares entre as diferentes formas narrativas presentes na sociedade. Seu surgimento deve-se a diferentes influências, sendo que na literatura e no cinema popular encontrou grande público, sempre se adaptando aos diferentes contextos históricos aos quais se desenvolveram suas histórias. Seu apelo às massas e a reafirmação de valores sociais tradicionais, que permitem uma única interpretação  muitas vezes simplista  como aponta Oroz (1992), fazem com que o melodrama seja muitas vezes visto apenas como algo negativo e pouco criativo. Como características temáticas principais percebe-se o sentimentalismo exagerado, relacionamentos amorosos e familiares, o universo feminino, situações movidas pelo acaso e pela tragédia, além de uma valorização de valores morais e religiosos conversadores (HUPPES, 2000). À estética do melodrama relaciona-se o exagero, o brega, o kitsch, utilizando os elementos cinematográficos de forma redundante com a finalidade de causar a maior dramaticidade na cena  closes constantes, músicas melancólicas e atuações exageradas. As novas gerações de cineastas e a valorização do cinema de autor favorecem o surgimento de obras cada vez mais singulares e com as mais diversas influências. Ao melodrama  assim como a outros gêneros  associam-se diretores que o elevam a outro patamar, explorando seus elementos de forma mais criativa, pessoal e sofisticada. Diretores como o espanhol Pedro Almodóvar e o canadense Xavier Dolan são exemplos de cineastas que se apropriam de certas características temáticas e estéticas do melodrama, abordando-as de forma subversiva, crítica ou intencionalmente caricata.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">"Você vai aprender a viver com o amor da sua vida" tem como propósito abordar o gênero melodramático de forma mais criativa, contrapondo algumas de suas características temáticas e estéticas. Para tanto, utiliza-se essas características de forma consciente com a finalidade de abordar o melodrama das seguintes maneiras: em sua revisão  segundo Nogueira (2010) e sua classificação das mutações que um gênero cinematográfico pode sofrer, a revisão consiste na retomada das características de um gênero em uma releitura; e em sua derivação  consiste em atuar "de forma subversiva sobre os princípios criativos do gênero, como acontece nas paródias, alterando o tom e o sentido das convenções" (NOGUEIRA, 2010, p. 13).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O gênero melodramático alcançou grande popularidade no Brasil e na América Latina, estando presente nos mais diferentes formatos narrativos como romances, radionovelas, telenovelas e no cinema, provocando sempre comoção no público de variadas gerações. É verdade também que, por seu apelo às massas e por estar muitas vezes associado à fórmulas repetitivas e desgastadas, seja comumente classificado como sendo alienante (OROZ, 1992). Entretanto, não se pode ignorar a contribuição do gênero para o cinema: além de estar presente no cinema industrial em seu vantajoso viés comercial (em Hollywood, na época de ouro do Cinema Mexicano e em Bollywood, por exemplo) também serve de inspiração para diretores que priorizam o desenvolvimento da linguagem cinematográfica com filmes modernos, autorais e até subversivos, rompendo as convenções e limitações do gênero  ainda que o mantendo como referência. Diretores como Pedro Almodóvar e Xavier Dolan, cujos filmes são a principal referência para o presente roteiro. Xavier Dolan e Pedro Almodóvar são dois dos diretores contemporâneos de comprovada relevância artística que se apropriam do melodrama de forma autoral. Para tanto eles assumem as três principais funções do fazer cinematográfico: produção, roteiro e direção, buscando em cada uma dessas áreas, estabelecer critérios e estéticas que satisfaçam suas propostas particulares e arrojadas. Almodóvar iniciou sua trajetória no cinema espanhol durante a década de 1970 e desde então participou de mais de 30 produções, sucessos de crítica e de público. O jovem realizador canadense, Xavier Dolan, parece traçar um caminho semelhante. Dos cinco longas-metragens que dirigiu, quatro foram premiados no Festival de Cannes, entre eles a Queer Palm para "Laurence anyways" em 2012 e o prêmio do júri para "Mommy" em 2014. É, justamente, por isso relevante associar um gênero inicialmente tradicional e de forte apelo popular à temáticas e estéticas mais criativas. "Você vai aprender a viver com o amor da sua vida" pretender abordar o gênero em sua revisão e derivação, segundo termos colocados por Nogueira (2010), evidenciando algumas das características do gênero pelo seu contraste.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O roteiro para curta metragem "Você vai aprender a viver com o amor da sua vida" foi desenvolvido para o projeto experimental de conclusão do curso de Cinema e Audiovisual. Estabeleceu-se como base para o roteiro, o trabalho de monografia sobre o gênero melodramático na filmografia de Pedro Almodóvar e Xavier Dolan realizado por alguns dos alunos integrantes do grupo no semestre anterior. Constatou-se após a análise dos filmes "Abraços partidos" (2006) e "Laurence anyways" (2012) que Almodóvar e Dolan conseguem unir um gênero tradicional a um cinema de maior relevância artística, comprovada com inúmeros reconhecimentos em diversos países, repleto de traços e características autorais. Um cinema, portanto, que não deixa de ser melodramático, mas que não se limita às convenções de seu próprio gênero e sim à criatividade de seu autor. Assim sendo, a proposta para o roteiro de curta metragem era trazer esses mesmos elementos, associando um gênero tradicional à uma forma mais cinematograficamente artística e desenvolvida. Em seguida, desenvolveu-se a sinopse para a narrativa e o perfil dos dois personagens principais, Tatiana e Wesley. Foram definidas nessa etapa suas características mais importantes como a necessidade dramática, histórico de vida, mudanças ao longo da história, relações familiares e de trabalho  sempre com a finalidade de compreender melhor os personagens e dar mais coesão para as ações e situações selecionadas para a narrativa. Outra parte importante para o desenvolvimento do roteiro foram as referências cinematográficas, trabalhando com a ideia de cinema de alusão. Buscou-se diversos trabalhos que abordam características melodramáticas em um contexto de cinema autoral  dos diretores Almodóvar e Dolan, que serviram como referências principais, e de outros autores também  principalmente "Matador" (Dir. Pedro Almodóvar, 1986), "Ata-me" (Dir. Pedro Almodóvar, 1990) e "Amor ou consequência" (Dir. Yann Samuell, 2003). No primeiro filme, Almodóvar aproxima prazer e morte no relacionamento do casal protagonista Diego Montez e Maria Cardenal. Ele é um toureiro aposentado e ela uma advogada forte e bem sucedida, ambos são fascinados pela morte e assassinam seus parceiros no momento de maior prazer do ato sexual  uma alusão ao tradicional espetáculo espanhol, a tauromaquia. A intensa paixão e a relação destrutiva do casal os leva, justamente, a, nos momentos finais, matarem um ao outro durante o sexo. Assim, Almodóvar mescla a temática melodramática da busca pelo amor verdadeiro à circunstâncias mais ousadas e polêmicas, fundamentadas no sexo e no irracional instinto da paixão. O final, porém, consagra o "amor" do casal que decide mutuamente acabar com a própria vida em um ritual íntimo e poético. Em "Ata-me" Almodóvar mais uma vez aproxima perigo e insanidade ao prazer e amor. Ricky é um jovem problemático que acaba de deixar o reformatório onde vivia. Ao encontrar-se por acaso com Marina, uma sensual atriz de filmes de terror e pornográficos, fica obcecado por conquistar o amor da garota, sequestrando-a disposto a convencê-la de que devem ficar juntos. Assim como Wesley de "Você vai aprender a viver com o amor da sua vida", Ricky é carente, inseguro e um tanto quanto infantilizado. O final feliz do filme de referência  quando o casal acaba unido e cantando uma canção na estrada  pode ser visto como uma ironia ao absurdo, ao nonsense da narrativa melodramática (e da narrativa almodovariana), assim como no curta aqui apresentado. Já o longa francês "Amor ou consequência" traz também um relacionamento amoroso insano e a busca pelo ideal romântico, de forma, porém, totalmente lúdica. Sophie e Julien se conhecem ainda crianças e logo estabelecem uma forte conexão sentimental através de um jogo: cada um deve cumprir, sucessivamente, um desafio proposto pelo amigo com a penalidade de nunca mais se verem. O jogo os aproxima cada vez mais e faz crescer neles um sentimento de amor. Entretanto, ao crescerem, o jogo traz consequências negativas para suas vidas, levando-os a fazerem coisas que jamais haviam imaginado e confundindo os limites entre realidade e fantasia. Assim como em "Você vai aprender a viver com o amor da sua vida" em um dos desafios do casal, Julien leva Sophie com os olhos vendados até uma linha de trem depois que ela arruinou sua cerimônia de casamento com outra garota. Lá, eles discutem rapidamente o relacionamento e os fatos que os levaram até aquele momento. Mais uma vez, o final comprova o sentimento melodramático de busca pelo amor verdadeiro e superação de adversidades quando Julien e Sophie decidem ser literalmente enterrados juntos em uma plataforma de concreto  o final ambíguo propõe ainda uma segunda realidade: após tal cena eles são vistos juntos, envelhecidos e fazendo as mesmas brincadeiras de criança. Outros filmes serviram como referência para a construção do perfil psicológico dos protagonistas. Alice de "A casa de Alice" (Dir. Chico Teixera, 2007) e Hermila de "O céu de Suely" (Dir. Karim Ainouz, 2006), ainda que sejam personagens muito diferentes entre si, elas lidam de forma muito particular com sua sexualidade e se assemelham em certos aspectos à Tatiana. Alice é uma mulher de meia idade que trabalha como manicure e que, em um casamento frio e sem prazer, busca no sexo com o marido de uma cliente preencher a monotonia de sua vida. Suely também experimenta essa sensação de vazio perante a vida. Idealizando a busca pelo amor, sempre acaba por encontrar apenas sexo em suas relações. Entre encontros e desencontros, o final, porém, recompensa essa busca quando Hermilla e João terminam juntos. Para Wesley os personagens Ángel de "Matador" e Iremar de "Boi Neon" são referências coerentes. O primeiro, interpretado por Antonio Banderas, é um rapaz reprimido pela mãe controladora que, tentando-se igualar à Diego, seu mestre de tauromaquia, tenta estuprar a vizinha, falhando totalmente. Iremar, o protagonista de "Boi Neon", é também um personagem interessante. É ao mesmo tempo um caminhoneiro e vaqueiro (transporte bois para as típicas vaquejadas) e um aspirante à estilista que sonha em ter sucesso na profissão, inusitada para o contexto. É, portanto, sensível e um tanto quanto rude ao mesmo tempo. Já a cena final é uma alusão ao encerramento de "O eclipse" (Dir. Michelangelo Antonioni, 1962). Neste filme, na sequência final a câmera "perde" a protagonista Vittoria de vista, quando esta, após deixar a casa do novo namorado e, mais uma vez, caminhar pelas ruas, já não é mais mostrada em cena, durante os quase oito minutos finais, vê-se apenas imagens da cidade e de personagens desconhecidos. É como se a personagem e sua falta de identidade se esvaíssem completamente entre ruas e pedestres, terminando, assim, no vazio, na ausência. No caso de "Você vai aprender a viver com o amor da sua vida" o final serve para comprovar um afastamento total da forma melodramática, um afastamento de temáticas e características melodramáticas que estavam sendo trabalhadas até então. Surgiu finalmente, com o término desta etapa, a primeira versão do roteiro. Em seguida, ao longo dos meses que antecederam a fase de produção do projeto, discutiu-se com o professor orientador e os demais integrantes do grupo, alterações e acréscimos de elementos que poderiam tornar a narrativa mais interessante e coerente com a proposta.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Tatiana e Wesley formam um casal sem grandes atrativos, moradores de um bairro de periferia de uma cidade de interior. Para Tatiana, a relação é apenas sexual; para ele, o relacionamento pode se tornar algo mais sério. A vida profissional do casal  assim como a vida pessoal  é também isenta de ambições: ela trabalha como manicure em um salão de beleza e ele como motoboy em uma rotisserie do bairro onde mora. Tatiana e Wesley estão sentados em uma mesa de bar  é noite e o local está cheio. De expressão séria, eles não se olham. Tatiana acabara de dizer ao rapaz que não deseja mais vê-lo. Ele se mostra transtornado com a situação, porém, ainda sem dizer o que sente. Quando Wesley à leva de volta à sua casa, Tatiana deseja uma última transa  indiferente à situação do término  mas ele continua abalado com a situação e rejeita as aproximações da mulher. A intenção é que na primeira parte do filme os personagens sejam o oposto do que se observa em uma narrativa melodramática. Uma das principais temáticas do gênero desde seus inícios é a realização amorosa (HUPPES, 2000) com personagens fixos e facilmente reconhecíveis como o herói, a heroína ou o traidor. Os protagonistas do curta estão terminando um relacionamento, se afastam do herói ou da heroína melodramática, pois não possuem virtudes ou atrativos, não tem uma motivação nobre ou altruísta, são comuns e desinteressantes (STALLONI, 2007). Também não se encaixam como o "traidor" ou como os vilões, pois também não são o suficientemente atrativos para tal e não se dividem entre o bem ou mal. Tatiana pensa apenas no presente. Não tem nenhum tipo de ambição profissional ou emocional, nenhum sonho ou meta a ser atingida. É vaidosa e seu estilo é brega, gosta de roupas novas e se arrumar antes de sair aos fins de semana. Em seus relacionamentos procura apenas sexo. Nunca esteve envolvida profunda ou emocionalmente com um homem. Já Wesley é uma pessoa carente. Não tem nenhuma ambição profissional (assim como Tatiana), mas deseja se casar e formar uma família. Lida com seus sentimentos quase sempre de forma infantil, se apegando demasiadamente às pessoas e sentindo ciúmes. Porém, não é violento e tem muita dificuldade em expressar seus sentimentos (mas pode reconhecê-los e entende-los), ainda que sempre tente fazê-lo de alguma forma. Quando Wesley insiste em manter a relação com Tatiana, se comportando de forma exagerada e infantilizada, seu sentimentalismo é algo que o torna ridículo e não ultravalorizado ou romanticamente idealizado como nos melodramas tradicionais. Tatiana também se afasta da heroína melodramática, já que valoriza sua liberdade sexual e não quer se comprometer emocionalmente com ninguém. O universo feminino, portanto, é retratado de forma inversa: a mulher é pouco sentimental e o homem é ridiculamente sentimentalista. Aceitar o término do relacionamento torna-se para Wesley cada vez mais difícil. Desesperado procura Tatiana na entrada de sua casa para implorar que ela não o abandone. Incomodada com a situação desagradável, mas indiferente em relação aos sentimentos de Wesley, ela o ignora e entra rapidamente em sua casa. Eles não se veem mais. No fim de semana seguinte Wesley continua ressentido com a situação. Ele decide ir ao baile onde costumavam se encontrar para tentar vê-la novamente. Lá, ela dança com outro homem. Desesperado, Wesley toma uma atitude extrema: ele decide sequestra-la com o intuito de dizer clara e sinceramente o que sente, confessar seu amor por Tatiana. Quando ela sai do salão ele a persegue com a sua moto e a captura. Os diálogos, que nos melodramas são declamações com o único objetivo de evidenciar o sentimento já evidente dos personagens, em nenhum momento na primeira parte do roteiro são retóricos. Ao contrário, são quase inexistentes, as únicas conversas de Wesley e Tatiana são através do celular (mensagens) ou aos gritos, causando certo estranhamento e introspecção, uma falta de proximidade por parte do espectador para com o personagem visto em tela, contrapondo-se ao enfático das narrativas melodramáticas. Portanto, a temática do curta nessa primeira parte não é melodramática. Ainda que outros elementos estéticos não sejam abordados com exatidão nesta etapa do roteiro, é importante destacar algumas destas características, já que fazem igualmente parte da proposta do projeto, sendo fundamentais para o entendimento da mesma. Assim sendo, a intenção é que nesta primeira parte a decupagem trabalhe excessivamente closes, uma importante característica estética melodramática que busca sempre escancarar os personagens e seus sentimentos de forma exacerbada, buscando "entrar" o máximo possível nas emoções de ator e personagem. As cores fortes e a ambiência musical também contribuem para a estética brega tão associada ao melodrama. A estética melodramática e a narrativa "antimelodramática" se mantém até a sequência do sequestro. Já é dia. Eles estão em um ambiente descampado, afastados da cidade. Ela está amarrada e com os olhos vendados, em cima de uma linha de trem. Ele, parado, tentando acender um cigarro, a poucos metros de Tatiana. Escuta-se o som de um trem se aproximando. Wesley olha rapidamente para trás. Ele a afasta da linha do trem. Sentados, um de costas para o outro, eles começam a conversar. Tatiana está surpresa com a situação, mas totalmente despreocupada, indiferente e sentindo apenas vergonha pela atitude do rapaz. Ele está nervoso e ansioso, tentando confessar seus sentimentos à amada. A conversa acontece de forma cortada, sem sintonia e desajeitada entre eles. O único desejo de Wesley é confessar a ela o que sente, ser sincero com seus sentimentos pela primeira vez em sua vida. Ele está justamente tentando uma "fala melodramática", expor seus sentimentos de forma romântica. Ele, porém, se expressa com dificuldade e pausadamente, esforçando-se para concluir sua fala. Em compensação, ela, ao invés de estar admirando as palavras do rapaz  seu esforço  é indiferente à ele, acha a situação cômica e de fato acaba rindo. Quando Wesley finalmente diz que a ama, quando consegue ser sincero sobre seus sentimentos e questiona Tatiana sobre o que ela realmente sente, acontece o primeiro momento de dispersão do filme. Enquanto Wesley fala, vê-se imagens do ambiente que os cerca, ou seja, quando a temática começa a aproximar-se do melodrama, a forma do filme se afasta do característico close melodramático e de seus protagonistas. Wesley mostra-se cada vez mais romântico. Tatiana começa a ceder. Uma música popular romântica  outra reconhecida característica melodramática  é inserida na diegese do filme: Wesley canta um trecho de uma canção e os dois acabam se beijando. Eles se abraçam e "terminam" juntos. A intenção é que nesta cena seja utilizado um plano mais aberto dos personagens, sugerindo um afastamento dos closes. É então que, quando a temática se torna essencialmente melodramática que a forma torna-se exatamente o oposto: afastando-se totalmente do sentimentalismo dos personagens a câmera os perde de vista. Recortes da cidade, de pessoas comuns e aleatórias, fazendo, como já mencionado, alusão ao final de "O Eclipse". Trata-se, portanto, de um afastamento total do absurdo e do sentimentalismo melodramático, já que o casal termina unido, mas o filme, ao mostrar imagens aleatórias, foge disso.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Ao final do processo de desenvolvimento do roteiro, pode-se perceber que o trabalho contribuiu enormemente para a formação dos alunos envolvidos enquanto estudantes de Cinema e Audiovisual, permitindo aprender com os erros e aprimorar os conhecimentos. Constata-se, finalmente, que os principais objetos do projeto foram cumpridos: abordar o gênero melodramático de forma diferenciada, retratando algumas de suas características e invertendo algumas outras, tendo sempre como referência, principalmente, os diretores Pedro Almódovar e Xavier Dolan.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">HUPPES, I. Melodrama: o gênero e sua permanência. Cotia: Ateliê Editoria, 2000. 161 p.<br><br>NOGUEIRA, L. Gêneros cinematográficos. Covilhã: Livros LabCom, 2010. 163 p. Disponível em <http://www.livroslabcom.ubi.pt/pdfs/nogueira-manual_II_generos_cinematograficos.pdf>. Acesso em 27 de abril de 2016.<br><br>OROZ, S. Melodrama: o cinema de lágrimas da América Latina. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992. 170 p.<br><br>STALLONI, Y. Gêneros literários. 3ª edição. Rio de Janeiro: Diefel, 2007. 187 p.<br><br> </td></tr></table></body></html>