ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00906</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Um Jardim Singular - Roteiro performático</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Monica Rodrigues Klemz (UNIVERSIDADE ESTACIO DE SA); Francisco Malta (UNIVERSIDADE ESTACIO DE SA)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;experimental, ensaio, não ficcional, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho, é fruto da realização de um roteiro não-ficcional, experimental, tendo como mote a ocupação de um espaço público, no século XXI, dentro de uma grande metrópole. Apresenta como recorte, o jardim histórico do Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, com toda a sua singularidade, frente a forma generalizante que comporta o mundo globalizado. Através de uma pesquisa histórica, o roteiro irá conduzir o expectador, através de várias camadas temporais, a um universo lúdico, próprio para o exercício do ser social e político, que a sociedade atual, tenta banalizar, nas suas relações líquidas, consigo mesmo, com o outro e com o meio. A estrutura narrativa privilegiará a natureza dialética da montagem paralela e vertical, neste filme de caráter ensaístico.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O curta-metragem Um Jardim Singular, apresenta um roteiro, de não-ficção, ensaístico, com uma voz argumentativa, que se baseia, na necessidade de se refletir sobre o tema, de como a ocupação do espaço público se dá, numa grande metrópole, no século XXI. Tem como recorte, o jardim do Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, como área de resistência, a todo esse processo globalizante, que acontece nos grandes centros, de quase todas as grandes urbes, do mundo ocidental. As cidades, ao se tornarem genéricas, mostram-se desafiadoras, quando o foco passa a se tornar, a mobilidade e a segurança, com seus mecanismos de controle, causando uma mutação do ser social para o ser individualista e alheio às potencialidades da res publica (coisa pública). Por outro lado, também, o roteiro, de certa forma, mostra o jardim, como produto de uma globalização incipiente, desde a sua construção, realizada num estilo inglês, no século XIX, por paisagistas e escultores franceses, permitindo o intercâmbio de culturas. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As cidades contemporâneas, com a sua agitação, necessidade de rapidez e fluxo, vem perdendo, ao longo do tempo, sua identidade cultural. O ritmo de vida e a consequente diminuição das relações interpessoais; a globalização (podendo-se ver em todas as grandes metrópoles, um pouco do mesmo); a virtualização das relações; a violência, levam a um consequente esvaziamento dos espaços públicos, como praças e jardins, voltados ao lazer, descanso e exercício do ser político. O filme, através de uma abordagem subjetiva, tem como objeto, tratar de um jardim histórico, no meio do caos urbano e a forma como as pessoas interagem com ele e como o jardim se desdobra em múltiplas facetas, do globalizante ao singular, tornando-se uma exceção.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O roteiro não-ficcional pretende atuar, de forma híbrida, como espaço imersivo, de reflexão, de questionamento e de representação de um jardim histórico, palco de diversas ações da realidade, ao longo do tempo, e expressão de desejos e imaginários, tecendo inter-relações pessoais, sociais e políticas, através de uma voz argumentativa, que de forma conectiva e transversal, dispõe-se, na sua elocução, a utilizar-se de metáforas, através da audiovisão, com a finalidade de trazer à memória, valores e práticas sociais em desuso e servir como questionamento das práticas atuais de sociabilidade. Como jardim histórico é considerado como um monumento, cabendo ao roteiro não-ficcional refletir sobre suas dimensões estéticas, espaciais, temporais, de memória, conhecimento, poder, riqueza, questionando-lhe um comportamento e uma identidade cultural, como contraponto, às ações globalizantes e desestruturantes da coisa pública, na grande metrópole. Também, irá indagar sobre a globalização, como um processo de perda de identidade, ao mostrar a construção de um jardim urbano, em estilo inglês, por franceses, na cidade do Rio de Janeiro, seguindo um modelo padrão, vigente, na época. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O curta-metragem possui um roteiro híbrido, como compete à um ensaio, ao rejeitar sistematizações, transitando, se assim pode-se dizer, entre o modo poético e o modo performático, porque "enfatiza associações visuais, qualidades tonais ou rítmicas, passagens descritivas e organização formal"; e também "enfatiza o aspecto subjetivo ou expressivo do próprio engajamento do cineasta com seu tema e a receptividade do público a esse engajamento." (NICHOLS, 2010, p.62-63), características respectivamente, do modo poético e performático, do filme não-ficcional. Ao complexificar, as dimensões afetivas e sensitivas, desloca o ponto de vista representacional e informativo do mundo histórico, através de estruturas narrativas não convencionais e formas de representação subjetivas, levando a um estranhamento, a uma mudança da Gestalt, através de uma voz argumentativa. O roteiro, através de um ponto de vista subjetivo, põe em evidência como a história, a memória nos torna humanos, seres sociais e políticos.Com uma narrativa não linear e fragmentada, argumenta sobre a consistência híbrida entre o sensível e o inteligível; o ser real, atual, virtual e criativo, tecendo configurações entre o local e o global, o genérico e o peculiar, o foco e o entorno. A construção imagética-narrativa, do curta-metragem, não-ficcional, de Um Jardim Singular, procurou, já no roteiro literário, orientar, a forma de decupagem, como será produzido, utilizando-se de materiais e modos de composição que variarão, utilizando-se, seja de imagens/sons tomadas em locus, utilizando-se da câmera fixa e da câmera em movimento, seja por imagens/sons de arquivo, através de colagem, sobreposição e dissociação, a fim de compor uma polifonia dissonante (característico do caos das grandes metrópoles), num estilo de montagem intelectual. O som, além da escuta causal, fará uso, da escuta semântica e da escuta reduzida, importando menos o som como causa e mais como significado e foco, produzindo valor agregado, com o seu poder de síncrese e valoração narrativa e estilística (CHION, 1990). O modo de enquadramento será realizado numa narrativa indireta livre, havendo uma indiscernibilidade a respeito de quem vê o quê, indo de encontro "a assertiva do Bispo Berkeley (1685  1753) de que 'ser é ser percebido e perceber' (esse est percipi et percipere)" (EBERT, 2015, p. 36) </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A ideia para a realização do filme, deveu-se a vários fatores, entre eles, a leitura de um artigo, que continha uma pergunta, que foi utilizada, como referência, para o prefácio do filme. O questionamento crítico, do arquiteto holandês pós-modernista Rem Koolhaas, no texto "La ciudad genérica":"¿Es la ciudad contemporânea como hum aeropuerto contemporâneo  todo lo mismo?"( KOOLHAS, 1997, p. 6), foi o insight necessário, para construir a premissa do filme. O filme será apresentado por diversos atores, entre eles, a visão subjetiva das harpias que protegem os frontões do palácio e do jardim. As harpias, são aves de rapina brasileiras, que se encontram em extinção, tendo como único predador, o homem. A visão terá um caráter amplificado, pelas lentes de uma grande angular (olho de peixe), do caos urbano, que se apodera, do entorno do jardim. Ao final do filme, depois de passearmos pelas várias camadas históricas do jardim, voltaremos, à mesma posição, porém com um olhar diferente, que será manifestado, pelo uso de uma lente tilt-shift, com o poder de, através da mudança de perspectiva, miniaturizar a imagem, do entorno. Uma pesquisa histórica (SALADINO&OLIVEIRA, 2012) permitiu que se traçasse, uma linha do tempo, que será enovelada, durante o fazer fílmico. O jardim do Palácio do Catete, entre a Rua Silveira Martins e Ferreira Vianna, conhecida então como Largo do Valderato, teve seus lotes comprados em 1864, numa região de mangue, logo aterrada e incorporada ao Palácio do Catete, residência do Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto. Foi vendido, até que, de 1897 a 1960, foi residência de dezesseis Presidentes da República. Em 06/04/1938, foi tombado pelo IPHAN  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (folha 03 número 7 processo 153-38). Em 1960, tornou-se parte do Museu da República. Foi estruturado pelo paisagista Paul Villon, num estilo neoclássico tardio, com obras naturalistas pitorescas, em concreto armado, como o mirante, a gruta e as pontes. Apresenta um estilo inglês, com uma estrutura mais natural, com vielas curvas e cenários com rios e lagos artificiais. Seus conjuntos escultóricos são provenientes da Fundição Val d'Osne, como a fonte com a escultura O nascimento da Vênus (1854) e as esculturas em ferro fundido, representando os seis continentes, assinadas por Mathurin Moreau (1822-1912). Mathurin Moreau faria também esculturas dos seis continentes, adultas, expostas no Museu d'Orsay, em Paris, na França. Foi um dos primeiros escultores a realizar obras em série, a chamada arte industrial. São originais, as palmeiras imperiais e o pau-brasil. Foram posteriormente incorporadas, como fato museal  resultado de transformações ao longo do tempo, algumas espécies de árvores frutíferas, como os pés de jambo, jabuticaba, pêssego da índia, abiu, abacate e abricó de cavalo. Garden parties, passeios à cavalo, passeios de barco, com a facilidade de um ancoradouro, construído a pedido de Mayrink, último proprietário do palácio, antes de se tornar residência presidencial, eram realizados antes de se tornar local aberto ao público. Em 26/10/1914, Nair de Tefé, primeira caricaturista mulher, esposa do então Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, que recebeu o apelido de Dudu da Urucubaca, resolve fazer uma festa de despedida, promovendo um sarau, no Palácio do Catete, onde foi cantado por Catulo, no violão, o maxixe Corta-jaca, de Chiquinha Gonzaga, causando um escândalo nacional. A reação foi imediata, com discursos inflamados de Rui Barbosa e modinhas pejorativas ao evento: Na quitanda tem legumes, no açougue, carne de vaca, na padaria tem roscas, no Catete, "corta-jaca". Nair de Tefé, também, terá voz no filme, através de suas caricaturas, que irão conversar com os flanêurs, no jardim, tendo como música de fundo o corta-jaca. Outra personagem será a República, personificada, como uma criança, como no quadro de A PÁTRIA, de Pedro Bruno; brincando com os continentes personificados, nas esculturas que se encontram espalhadas pelo jardim; como uma jovem, vindo de mãos dadas com Marianne, símbolo da liberdade na França e acompanhando a morte de Floriano, através da pintura A morte de Floriano Peixoto, de Eduardo de Sá, perfazendo um ciclo de vida. Ao texto de Rui Barbosa: "Longe de nós a pretensão de acompanhar a águia nos seus voos. Só o prolongado convívio com os espaços infinitos pode familiarizar os organismos com a vertigem das alturas. A cada qual o seu papel, e a própria divisão do trabalho discriminando tarefas, ordena que enquanto uns voejam sobre os Andes, os outros mourejem no modesto mas também útil labutar das formigas."(BARBOSA, 1900, p. 32), se contraporá, o homem, emitindo um assovio, semelhante ao da harpia, levando-nos a possibilidade, no mundo contemporâneo, de se criar extensões, que nos tornam seres híbridos, seja formiga, seja águia. Como som de fundo, uma turbina de avião. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O filme ensaístico, Um Jardim Singular, ao abrir mão da voz de Deus, das entrevistas, do uso de atores sociais, do som direto e da lógica informativa, acolheu uma voz argumentativa e, que através de sua narrativa fragmentária, pretende, através do estranhamento, de uma gestalt alterada, permitir, ao espectador, uma reflexão, um questionamento e até mesmo uma curiosidade, acerca dos modos como uma pessoa pode se relacionar com o espaço público, tendo a oportunidade de criar vínculos, através da memória, do reconhecimento ou, simplesmente, através do convívio com o outro, enriquecendo seu modo de ver o mundo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARBOSA, R. Vôo da águia e o trabalho faz formiga. Obras completas de Rui Barbosa. V.27, t. 4, 1900. Rio de Janeiro, DF, 1900. Disponível em:< http://www.casaruibarbosa.gov.br/scripts/scripts/rui/mostrafrasesrui.idc?CodFrase=1637>. Acesso em 10 dez 2016<br><br>CHION, M. A audiovisão: som e imagem no cinema. Trad. Pedro Elói Duarte. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2011. <br><br>EBERT, C.  Diga-me de onde olhas e te direi se reconhecerás o que está à tua frente . In: TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (org.). O Ensaio no cinema  formação de um quarto domínio das imagens na cultura audiovisual contemporânea. São Paulo: Ucitec Editora, 2015.<br><br>IPHAN. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/337>. Acesso em 04 dez. 2016<br><br>KOOLHAAS, R. La ciudad genérica. Barcelona: Collection GGMínima, 1997.<br><br>NICHOLS, B. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus Editora, 2010.<br><br>SALADINO, A; OLIVEIRA, C.D.X. Um jardim da res publica: desafios e algumas propostas possíveis para a preservação e valorização do jardim histórico do Palácio do Catete. Disponível em: <http://revistamuseologiaepatrimonio.mast.br/index.php/ppgpmus/article/viewFile/231/197>. Acesso em 08 dez 2016<br><br> </td></tr></table></body></html>