ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00951</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Preocupe-se</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Luis Henrick Teixeira da Silva (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Gabriela Cristina Maia Oliveira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Caroline Feijó Souza e Silva (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Letycia Gomes Nascimento (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Larissa Bozi Lima (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Rodrigo Miranda Cabelli (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Gustavo Pereira de Carvalho (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Jaqueline Suarez Bastos (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Maria de Fátima Costa de Oliveira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;cidadania, manifestações, ocupações, resistência, telejornalismo</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Preocupe-se é um programa telejornalístico contra-hegemônico que tem como objetivo central a reflexão acerca dos diferentes tipos de resistência social que são protagonizadas no Rio de Janeiro. A ideia surge diante do cenário político-social no Brasil, em abril de 2016, que passava por grandes reformas de administração e de organização política com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Este panorama levou diversos movimentos a lutarem resistivamente por seus direitos, pela sua sobrevivência cultural e por melhorias para o país. O Preocupe-se pretende dar destaque a estes movimentos, sobretudo, dos grupos que são marginalizados pela grande mídia. A partir de relatos mais profundos, humanizados e com uso de novas tecnologias, o projeto quer conectar o telespectador com as reportagens, a fim de conduzi-lo a uma reflexão sobre seu papel como agente social e como cidadão.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Diante do cenário político que teve início em abril de 2016, com o impeachment contra a então Presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff, o que se via retratado pela grande mídia eram coberturas reduzidas em horas de sessões de votações do processo e folhetins que marginalizavam as indignações e protestos que focavam nas confusões, que diziam como terminavam a partir de determinados recortes, mas nem sempre apontavam quais eram as reivindicações que ocorriam nas ruas do país, principalmente no estado do Rio de Janeiro. Pensando em como os meios de comunicação integram um importante e disputado espaço de representação social atual e em como a narrativa jornalística atribui valores, que transformam ou reforçam determinadas crenças sociais (VAZ, 2013) é que surge o Preocupe-se. Os megaeventos que a cidade recebeu nos últimos anos e os jogos olímpicos em 2016 impulsionaram fenômenos de remoções em diversas partes da cidade. Direta ou indiretamente os moradores começaram a ser retirados ou obrigados a sair devido ao aumento exponencial do custo de vida. No alto dos morros, obras de reurbanização planejavam a remoção de centenas de famílias. Indiretamente, a especulação imobiliária e o aumento no valor dos alugueis fez com que moradores e comerciantes precisassem deixar a região. O interesse pela vida e cultura das favelas cresce a cada dia, partindo principalmente de investidores de todas as partes do mundo. Isso resulta no aumento de um processo longo de migração dos moradores que não conseguem mais viver em uma comunidade com altos valores de preços de imóveis e de serviços dentro dela. Partindo desse panorama político e social, o programa jornalístico Preocupe-se surge da vontade de 10 alunos da disciplina de Telejornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em falar sobre os movimentos de luta social, das ocupações e sobre resistência de uma maneira diferente do que retrata a mídia hegemônica.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Preocupe-se tem por foco retratar os movimentos sociais, a luta por direitos e a democracia de forma a romper com os padrões hegemônicos da grande mídia, sobretudo no que diz respeito ao estado do Rio de Janeiro. A partir de relatos mais profundos e humanizados, o programa pretende conectar o telespectador com a matéria, a fim de conduzi-lo a uma reflexão sobre o seu papel como ser social e cidadão. Outra preocupação do projeto é com as tomadas de posição. A grande mídia oferece produtos com uma tentativa falha de neutralidade, gerando um sentimento ao telespectador de que o conteúdo que é transmitido é uma realidade absoluta. O Preocupe-se tenta romper com esses padrões. Aborda o universo dos movimentos e ocupações sociais a partir de uma contextualização dos problemas e demandas, tendo como foco o protagonismo social com uma abordagem mais responsável e ética (KOTSCHO, 2000). O Preocupe-se também busca proporcionar uma visão ampla das realidades sociais que coexistem nas ocupações e movimentos de resistência que acontecem no Rio de Janeiro, valorizando a diversidade social e cultural presentes nestes espaços.  A TV marca a passagem do  mundo dos invisíveis , das pessoas comuns, normais, insignificantes, ao  mundo dos visíveis , daqueles que realmente existem. E, de fato, o  outro lado do espelho é o espaço do conhecimento, do reconhecimento social, da fama, da glória. (MARCONDES FILHO, 2000, p.91). O intuito é contribuir para o debate acerca da identidade destes locais, construindo narrativas que os mostrem sob novos enfoques. Com isso, objetiva-se apresentar os movimentos sociais em suas particularidades, além dos estereótipos que o restringem à marginalização.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O projeto pretende ser um espaço de reflexão, de jornalismo crítico e humanizado. O processo de produção das matérias visa construir uma representação mais humana, sensível e próxima à realidade dos personagens.  [...] jornalistas da mídia comunitária reforçavam nas conversas o quanto as matérias que produziam tinham compromissos ideológicos com as lutas do povo das favelas. Esse tipo de reconhecimento não é comum no jornalismo das grandes empresas onde  neutralidade e  objetividade fazem parte das recomendações do mercado jornalístico, apesar de ser impossível ser neutro e objetivo na prática. (CUSTÓDIO, 2016, p.45) As reportagens trabalham temas de relevância social e procuram, através destes, questionar valores e comportamentos retratados pela mídia hegemônica, produzindo, assim, novas representações mais complexas e sensíveis, amplificando a luta de grupos sub-representados. Como o próprio nome diz, o programa pretende gerar preocupação, com o intuito não apenas de informar, mas também de dialogar com seu telespectador. Um espaço de ocupação por estudantes na televisão. A imprensa buscou a partir dos movimentos de ocupações sociais criar um imaginário de vandalismo, marginalização e negligência. Segundo Bucci, "quando o jornalismo emociona mais do que informa, tem se aí um problema ético, que é a negação de promover o debate das ideias no espaço público" (BUCCI, 2000, p. 145). Observamos, por pesquisas nos noticiários, a necessidade de se trabalhar com uma narrativa diferente da mídia hegemônica que busca o imediatismo. A necessidade de se dar um furo de reportagem acaba acarretando em matérias não aprofundadas, que servem apenas para saciar a curiosidade do leitor e, por consequência, aumentar a audiência. O Preocupe-se também questiona a narrativa jornalística produzida atualmente.  Na lógica do mercado, tempo é dinheiro, logo, a pressão pela velocidade é levada a extremos. Quanto mais o princípio de mercado se impõe, menos tempo temos para produzir mais (VAZ, 2013, p. 124). Contrariando o padrão da grande mídia, as matérias são longas e todas possuem mais de 5 minutos de duração, a fim de abordar de forma mais contextualizada, priorizando o papel social, o universo cultural do assunto tratado e ampliando o espaço de fala para os movimentos de resistência. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Preocupe-se foi idealizado na disciplina de Telejornalismo, ministrada pela professora Maria de Fátima Costa de Oliveira, no primeiro semestre de 2016. Como avaliação sobre todo o conteúdo apreendido na disciplina, os grupos de alunos devem elaborar um produto jornalístico em todo o seu processo de produção, apuração e edição. Unidos pelo desejo de fazer um programa que gerasse reflexão e que abordasse o panorama político da época, surgiu o Preocupe-se. Os alunos observaram as produções de telejornalismo das quatro turmas anteriores que cursaram a disciplina na UFRRJ e buscaram produções de outras universidades e da grande mídia. Entre as produções universitárias, os alunos notaram que alguns formatos se repetiam, com poucas adaptações e ineditismos, e poderiam ser classificados em produções de telejornalismo local, programas de entrevistas ou no formato revista eletrônica cultural. Em meio ao advento das novas tecnologias, equipamentos acessíveis de produção como o celular e o fácil acesso a diferentes tipos de fontes de informação, o intuito da equipe foi o de criar um formato que repensasse a forma de fazer telejornalismo, sobretudo, para mostrar que a juventude pensa de forma crítica a política e as questões de visibilidade social. Em resumo, enfatizar que o cidadão tem o direito de ocupar todos os espaços que quiser e que o telespectador deve se preocupar em questionar e refletir sobre as pautas que nos são oferecidas pelos telejornais líderes de audiência. Com a intenção de ocupar e preocupar é que surge o nome: Preocupe-se. Pensado para ser veiculado mensalmente, no primeiro domingo de cada mês, às 10h da manhã, e transmitido para todo o estado do Rio de Janeiro. O público-alvo são jovens e adultos (entre 16 e 40 anos) com o desejo de conhecer o panorama sociocultural e político do estado de uma forma mais reflexiva. Depois de definir a linha editorial, o grupo se reuniu semanalmente para levantar e discutir pautas que precisavam ser visibilizadas em meio ao panorama político-social do país. Após pesquisas na imprensa, a equipe elaborou as primeiras pautas. 1. Movimento Nacional de Luta Pela Moradia: ocupações de espaços públicos no centro do Rio de Janeiro que buscam inserir seus moradores na sociedade e no mercado de trabalho. 2. Comunidade Horto: comunidade centenária que zela e vive junto à natureza e resiste às incursões do batalhão de choque por interesses econômicos do local. 3. Ocupações das escolas secundaristas: estudantes do ensino médio ocupam escolas no estado do Rio de Janeiro contra a votação da emenda constitucional do projeto  Escola Sem Partido , que previa a exclusão da discussão política dentro das instituições de ensino. 4. Favela e Gentrificação: como resistem os moradores da favela do Vidigal na Zona Sul do Rio de Janeiro, que ganhou status de  favela cult e, a partir da elevação nos preços de imóveis e serviços, removem indiretamente as famílias das comunidades. A partir desses temas, foram construídas quatro reportagens que fazem parte do programa jornalístico. As equipes foram compostas por: um repórter, um cinegrafista e um produtor, que foi o responsável por fazer os contatos com as fontes a serem entrevistadas e levantar as primeiras informações sobre os assuntos. Todas elas seguiram um cronograma definido pelo diretor para que existisse tempo hábil de substituição, caso alguma pauta caísse. Além disso, para que houvesse organização para que as gravações também não atrapalhassem o calendário de pós-produção dos alunos. Entretanto, na produção jornalística e no decorrer das semanas, a equipe se deparou com a necessidade de abordar outros temas que não haviam sido contempladas com as pautas já definidas. Com uma cobertura reduzida de acontecimentos em maio de 2016, duas novas pautas surgiram. 5. Ocupação do Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro: artistas, produtores culturais, estudantes e demais manifestantes insatisfeitos com o corte da pasta ocuparam o local como forma de resistência e protesto. 6. Manifestações contrárias ao processo de impeachment e ao presidente interino da república Michel Temer: cobertura no intuito de mostrar a experiência dos repórteres em participar de um protesto, desmistificando o caráter de vandalismo do mesmo e gerando visibilidade ao movimento. Assim, o programa contou com cinco grandes reportagens e uma matéria especial sobre uma manifestação de rua, definida pelos produtores do programa e aprovada pela equipe e a professora orientadora. É importante destacar como a equipe fez uso dos dispositivos móveis e das novas tecnologias. Muitos contatos das pautas do programa foram feitos através de redes sociais e diversos encaminhamentos foram facilitados com a análise de páginas de agências de notícias. Celulares e câmera  Go-Pro também auxiliaram na cobertura da manifestação  inclusive, em função da inviabilidade de se utilizar câmeras profissionais não existentes na universidade.  A influência do meio na produção de conteúdo, portanto, é uma das características das novas mídias. Esta relação mostra-se ainda mais contundente nos aparelhos celulares, pois como não existem modelos definidos para transmissão de notícias, os formatos se modificam no mesmo ritmo do avanço tecnológico. (CARMO, 2008, p. 80) Na produção das outras pautas, os estudantes utilizaram câmeras DSLR Canon T5i e gravadores Sony PX 312 para captar os áudios das entrevistas. Partindo do cronograma, as gravações das reportagens ocorreram entre os meses de maio e junho de 2016, durante a semana ou fins de semana. A maioria dos alunos do grupo trabalha ou faz estágio, mas a vontade de produzir e contar as histórias fez com que os membros da equipe gravassem entre os intervalos destes com as aulas noturnas na Universidade e também aos sábados e domingos. Durante a reportagem, além das passagens, os alunos escreviam os offs e gravavam teasers para ambientar o telespectador durante a escalada do programa. O editor de texto, Rodrigo Cabelli, juntamente com o diretor do programa, Luis Henrick Teixeira, e a editora-chefe, Jaqueline Suarez, aprovavam os textos dos repórteres em tempo real através de um grupo criado no WhatsApp, sugerindo correções e melhorias sempre que necessário. Na apresentação do programa, os âncoras usam o recurso de  pensata fazendo comentários reflexivos sobre cada assunto, complementando com atualizações pertinentes, dados e notas. Todas as equipes decuparam o material bruto apurado e finalizaram o script de edição com offs, passagens e sugestão de imagens para auxiliar as editoras Jaqueline Suarez e Letycia Nascimento. O programa foi finalizado em software Adobe Première. A identidade visual é assinada pelo aluno Jairo Brandão. A marca em fonte Base 02 propõe mostrar uma forma de resistência artística, o grafite, ao lado de um megafone, figura que complementa um dos objetivos do programa: ampliar a voz dos movimentos sociais, de ocupação e de resistência.  A identidade televisiva é um sistema sígnico, composto de signos sonoros (timbres, ritmos, intensidade etc), visuais (como cores, formas, linhas, tipografias, grafismos, estilos, texturas etc), e verbais, signos esses que representam os valores, os conceitos e as promessas de uma marca: seu objeto. (PONTE; NIEMEYER, 2010b, p.8). As cores que compõem a identidade visual do programa representam os tons predominantes nas favelas do Rio de Janeiro, um dos grupos sociais frequentemente marginalizados pela mídia hegemônica. O laranja, o marrom e o preto são cores que predominam nas paredes de tijolos e nas madeiras dos barracos da periferia. A vinheta do programa é composta por palavras que descrevem as questões que o Preocupe-se pretende visibilizar, apresentando aos telespectadores uma ideia dos assuntos abordados durante o trabalho.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O programa Preocupe-se tem a duração de 36 minutos e, em três blocos, apresenta o universo das ocupações na cidade do Rio de Janeiro. Os apresentadores Rodrigo Cabelli e Caroline Feijó ancoram da favela de Senador Camará, no Complexo da Coreia, uma das comunidades do Rio de Janeiro que possui um dos maiores índices violência. Logo na escalada, demonstra-se a linha editorial do programa que tem a intenção de ambientar o telespectador com o conteúdo que está por vir e aproximá-lo dos temas, a exemplo dos recursos utilizados também em programas como  A Liga , da Rede Bandeirantes. Em seguida, eles chamam a vinheta convidando os telespectadores a pensarem juntos as questões sociais do estado do Rio de Janeiro. O primeiro bloco abre com una reportagem especial sobre uma das manifestações que marcaram o mês de maio no centro do Rio de Janeiro. O encaminhamento da pauta, realizado pela produtora Olivia Kerhsbaumer, tem por objetivo pegar a essência do movimento, fazendo entrevistas com pessoas de diferentes etnias e ocupações trabalhistas, a fim de sugerir uma visão mais ampla de quem é o manifestante que protesta contra o processo de impeachment. A cobertura da manifestação com três repórteres e três cinegrafistas abriu espaço para ouvir pessoas. Não se trata apenas de um repasse de imagens nem de uma narração baseada na percepção da equipe de reportagem. Mas sim, de um enredo de cobertura que é conduzido pelas pessoas que participam do movimento utilizando equipamentos móveis e o uso de o uso de novas linguagens como a passagem característica das vídeo-reportagens, só que em celular  o que remete à selfie fotográfica. Seguindo o contexto das manifestações, a próxima reportagem, de Caroline Feijó e da cinegrafista Larissa Bozi, fala da ocupação do Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Cultura e da Fundação Nacional de Artes (Funarte), na Avenida Graça Aranha, centro do Rio de Janeiro. O prédio foi ocupado em maio de 2016 por centenas de manifestantes contrários à extinção da pasta e ao governo do presidente interino Michel Temer. Lá também aconteceu diversas manifestações artísticas gratuitas e de resistência. A intenção da reportagem foi a de realizar uma cobertura da ocupação de forma a mostrar o cotidiano dos ocupantes do local, abordar os problemas estruturais que foram ocasionados ao vincular a Cultura do país ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) e abordar as opiniões específicas dos artistas sobre a então extinção da pasta. No segundo bloco, a primeira matéria, do repórter Jairo Brandão, trata do Movimento Nacional de Luta Pela Moradia (MNLM). O grupo é uma entidade do movimento popular de moradia, com 20 anos de luta, organizado nacionalmente em 18 estados. Possui como missão estimular a organização e articulação da classe trabalhadora na busca da unidade de suas lutas, pela conquista de uma política habitacional de interesse social com reforma urbana, sob o controle dos trabalhadores, que garanta a universalização dos direitos sociais, contribuindo para a construção de uma sociedade socialista, igualitária e democrática. As entrevistas com os líderes do movimento e moradores das ocupações buscam mostrar quais conquistas obtiveram e o rumo que toma o movimento. A reportagem seguinte, do repórter Gustavo Carvalho, trata da ocupação estudantil no colégio estadual Paulo de Frontin, que foi o 57º a ser ocupado no estado do Rio de Janeiro. Desde 2015, o colégio, situado no bairro da Tijuca, passava por uma reforma das salas de aula que estavam em situação precária. Uma das quadras de esporte teve um início de transformação para um teatro, contrariando um abaixo assinado feito pelos alunos. As duas quadras tornaram-se depósito e os estudantes não conseguiam mais ter espaço para a prática de atividades físicas desde então. As únicas salas reformadas ficam no último andar, onde não se tem acesso por rampas. Professores apoiaram a causa e ofereceram aulões durante a ocupação, que durou mais de 40 dias. Mais do que ocupar a escola, os alunos deixaram claro querer ocupar também espaço na sociedade. A reportagem tem por finalidade questionar a necessidade da ocupação, como ficaram sabendo do movimento na escola e o porquê da adesão a este tipo de movimento. Mostrar as principais reivindicações dos ocupantes e sua priorização em ser algo apartidário  o que os próprios alunos destacam nas redes sociais  , a necessidade do apoio da comunidade e o trabalho coletivo para a resistência deles no local, e as dificuldades do dia a dia da ocupação e a esperança por um futuro melhor, tanto de cada um como também do próximo e do país. No terceiro bloco, a primeira matéria é da repórter Letycia Nascimento, sobre a comunidade do Horto. Há 200 anos, ainda na época de D. João VI, trabalhadores vieram de áreas rurais do estado do Rio e receberam permissão para construir suas casas perto dos limites físicos do Jardim Botânico. Na comunidade que, posteriormente, veio a se chamar Horto, eles cultivaram mudas e espécies de plantas para os jardins e floresta do adjacente Parque Nacional Tijuca. Apesar disso, hoje, a comunidade do Horto  local onde muitos moradores são idosos e viveram lá durante toda a vida  , enfrenta a aproximação de uma remoção total. Embora o motivo declarado na mídia seja a expansão do Instituto do Jardim Botânico, os moradores sentem que os seus vizinhos de mansões do bairro preferem que não haja uma comunidade de baixa renda em uma das áreas mais caras da cidade. Assim, a remoção resultará em um aumento nos valores dos imóveis. Por isso, eles lutam pela permanência da comunidade histórica e pelo direito à moradia digna de seus habitantes, sob ameaça por tanto tempo, porém, seguros sobre seus direitos históricos, morais e legais para permanecer, a comunidade montou uma resistência exemplar. Uma tentativa de dar voz a quem sempre teve sua história deturpada pelos interesses econômicos da classe alta. A angulação da matéria tem o intuito de mostrar o que é o Horto e quem são as pessoas que vivem lá, já que grande parte da população da cidade não sabe de sua existência e quem conhece acredita que faz parte de uma invasão. A reportagem que encerra o programa, da aluna Gabriela Maia Oliveira, abrange os aspectos que levam turistas, estrangeiros, artistas e empresários para o Morro do Vidigal. No início da matéria, os pontos turísticos vistos do topo da favela, no  Arvrão , são representados como um dos motivos pelos quais a  remoção branca ganhou força nas últimas décadas. As falas dos entrevistados são a representação do que é o fenômeno da gentrificação no Vidigal, que vai desde a especulação imobiliária à perda de identidade do morador, ao aumento dos preços dos produtos e prestação de serviços, às festas e eventos fechados para a comunidade e a invasão dos turistas em alguns pontos do morro. A narrativa apresentada na reportagem demonstra o uso da linguagem e identidade das favelas cariocas e remete à realidade vivida por eles. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Para os dez alunos, foi extremamente gratificante ver o resultado dos três meses de trabalho concretizados. Mergulhar no universo de cada pauta e compreender melhor o que pensa o outro foi um desafio, porém, uma das maiores e melhores experimentações da prática de criação, planejamento e execução de um programa jornalístico. Uma experimentação única em todo o âmbito universitário. Muitos dos conhecimentos teóricos do grupo foram colocados à prova com a seriedade e o apelo emocional sobre a história de luta de cada uma das pessoas que participaram das reportagens.  A receita do jornalismo  imparcial que manda deixar as emoções de lado é uma armadilha porque nossas emoções estão sempre conosco. (VAZ, 2013, p.115). O jornalismo da lógica comercial possui pouco espaço editorial para grandes apurações, que têm o objetivo de levar a uma reflexão social, cidadã e de prestação de serviços. "A vontade de chegar a todo custo em primeiro lugar ao mercado da informação, o receio de que um concorrente na mesma pista lhes passe a frente, fazem com que incitem os seus jornalistas a contentarem-se muitas vezes com confirmações apressadas." (CORNU, 1994, p. 78). Na experiência de criação do Preocupe-se, sentimos o prazer de fazer jornalismo com o simples desejo de contar histórias. Histórias de pessoas, de lugares e de lutas. É interessante registrar como o grupo trabalhou em sintonia na idealização e realização do trabalho. Mesmo em um grupo de apenas dez alunos para uma grande proposta de cobertura, os estudantes manifestaram interesse em se desdobrar ocupando, todos, mais de uma função no processo de realização do projeto. Participar da produção deste programa foi gratificante e engrandecedor a todos os envolvidos. Poder registrar uma narrativa político-social tão importante como as ocorridas no primeiro semestre de 2016 nos trouxe uma grande reflexão do papel social como futuros jornalistas, comunicadores, estudantes e cidadãos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BUCCI, Eugênio. Sobre ética e Imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.<br><br>CARMO, Fernando Corrêa. Jornalismo móvel: um estudo do noticiário produzido para celulares. São Paulo, 2008. Acesso em 20 de abril de 2017. Disponível em: http://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2014/02/01-Jornalismo-M%C3%B3vel.pdf.<br><br>CORNU, Daniel. Jornalismo e verdade. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.<br><br>CUSTÓDIO. Favela media activism, Political trajectories of low-income Brazilian youth. Tampere: Tampere University Press, 2016.<br><br>KOTSCHO, Ricardo. A Prática da Reportagem. São Paulo: Ed. Ática, 2000.<br><br>MARCONDES FILHO, Ciro. Comunicação e jornalismo. A saga dos cães perdidos. São Paulo: Hacker Editores, 2000.<br><br>PONTE, Raquel; NIEMEYER, Lucy. O vínculo estético-tecnológico no desenvolvimento da identidade televisiva. 2010a. Disponível em: http:// univercidade.academia.edu/ RaquelPonte/Papers/344098/O_vinculo_estetico-tecnologico_no_desenvolvimento_da_ identidade_televisiva. Acesso em: 21 abril 2017.<br><br>VAZ, Ana Lucia. Jornalismo na Correnteza. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2013.<br><br> </td></tr></table></body></html>