ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01086</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Curinga</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ana Carolina Vieira do Amaral (Universidade Federal de Ouro Preto); Frederico de Mello Brandão Tavares (Universidade Federal de Ouro Preto); Hariane Santos Alves (Universidade Federal de Ouro Preto); Priscilla Rocha dos Santos (Universidade Federal de Ouro Preto); Talita Iasmin Soares Aquino (Universidade Federal de Ouro Preto); Tainara Ferreira Torres (Universidade Federal de Ouro Preto); Ingryd Santos Rodrigues (Universidade Federal de Ouro Preto); André Luís de Carvalho (Universidade Federal de Ouro Preto)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Revista Curinga, Revista- Laboratório, Acontecimento, Barragem de Fundão, Cobertura Jornalística</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente trabalho apresenta o processo de produção das edições 17 à 20, focando na edição 19 da revista Curinga, produto da disciplina de Laboratório Impresso II, ofertada no 7º período do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto. Um produto que corrobora o compromisso da publicação com as comunidades de Mariana, Ouro Preto e suas adjacências, onde a publicação é produzida e circula primordialmente. Além de apresentar a estrutura editorial da revista, abordando o trabalho com linguagens e experimentação, este paper busca explorar a rotina de produção de uma edição dedicada exclusivamente a documentação dos fatos que sucederam a ruptura da Barragem de Fundão, da empresa de mineração Samarco SA, no subdistrito de Bento Rodrigues.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As revistas nasceram como forma de segmentar o mercado editorial, marcado até então pela circulação de livros e jornais. Para Scalzo (2008), é na revista que existe a fusão entre entretenimento, educação, serviços, trivialidades e interpretações dos acontecimentos, com textos mais trabalhados e extensos, havendo uma maior exploração dos temas. É através desse aprofundamento nos temas que a Curinga, produto laboratorial da disciplina Laboratório Impresso II - Revista (7º período em Jornalismo da UFOP), busca extrair conteúdo informativo e de caráter social em temáticas corriqueiras. Em março de 2016, foi publicada a primeira edição especial da revista (número 16), com 88 folhas, de caráter documental, sobre o maior desastre ambiental do Brasil. A barragem de Fundão da mineradora Samarco, na tarde do dia 05 de novembro de 2015, rompeu e destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, além de rios até chegar ao mar capixaba. Diante do acontecimento, os discentes desenvolveram uma única edição (semestralmente são duas), a fim de dar conta dos desdobramentos sociais, econômicos, políticos e ambientais. Um ano depois e inúmeras questões ainda não respondidas, a Revista viu a necessidade de abordar os 365 dias passados desde que a lama destruiu vidas, áreas e ecossistemas nos 870 km por onde passou. Este paper se refere às edições 17, 18, 19 e 20, focando na edição sobre um ano do rompimento da barragem, a edição 19. O caráter laboratorial da Curinga, faz com que três professores de diferentes áreas (texto, foto e design) atuem, acompanhando os discentes nos processos de produção. A tiragem do periódico é de 1.500 exemplares por edição, sendo distribuídos na Região dos Inconfidentes, em meio acadêmico e comunitário. Na edição 19, reforçando o compromisso estabelecido com a comunidade e entendendo o seu papel de fonte de informação sobre o desastre, foram impressos 2.300 exemplares pela UFOP.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O estudante encontra na disciplina "Laboratório Impresso II - Revista" e em seu produto laboratorial uma chance de trabalhar a experimentação, pensando uma revista de modo crítico e criativo. Com o intuito de habilitar e qualificar o futuro jornalista a entender o processo de produção de uma revista, o periódico proporciona a esse discentes as possibilidades que estão a cerca da criação de uma ou várias reportagens. Ao escrever uma matéria, o repórter pode melhorar sua forma de expressão jornalística, aprender a fazer uma apuração mais aprofundada e analisar diferentes formas possíveis de se construir um conteúdo ético e de qualidade. Na fotografia e planejamento visual das páginas, os graduandos aprendem a conceituar as criações imagéticas de forma a contextualizar texto, foto e diagramação para que o resultado final seja harmônico entre as partes. Especificamente na edição especial 19, busca-se reviver as preocupações iniciadas na edição 16, bem como apresentar alguns desencadeamentos e novos tópicos que surgiram após um ano da ruptura da barragem de Fundão. A redação percebeu a imprescindibilidade de retomar o tema, devido sua responsabilidade com a comunidade que anseia por respostas até os dias atuais, valorizando o compromisso com as pessoas atingidas, fator que foi determinante na construção desta edição da revista.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A revista Curinga, produto da disciplina, nasce em 2011, com a edição de número 0: uma revista de variedades aberta ao debate e fechada ao preconceito. A Curinga é desenvolvida com uma premissa editorial voltada ao público jovem universitário, com objetivo de "informar, entreter e evidenciar valores ocultos em temas de interesse dos jovens". As quatro edições iniciais, abordam temas voltados para entretenimento, mundo universitário, cultura, drogas, redes sociais e consumo. Em 2013, com a edição de número 04, o periódico sofre a primeira mudança editorial, modificando a logo, aumentando as páginas de 30 à 36 para 44, tendo divisões de subeditorias e abarcando temas mais políticos, sociais e de gênero. Em 2014, na edição de número 10, a revista implanta um novo projeto gráfico e editorial, adotando a estrutura e perspectiva que segue atualmente em vigor. A revista laboratorial Curinga é uma ferramenta de comunicação utilizada pelos alunos do curso de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto, ela também desempenha um papel ideológico e funcional na região em que atua. Com um design gráfico pensado de forma conceitual e uma identidade concisa, a revista busca instigar o pensamento crítico do cidadão e estimular a reflexão. Seja essa reflexão individual ou coletiva, a Curinga busca uma abordagem que envolva todos os tipos e divergências de temáticas, a principal proposta da publicação, respeitando sua missão prevista em projeto editorial é: ser uma revista aberta ao debate e fechada ao preconceito. As últimas edições regulares da Curinga assumiram a característica de trazer, simultaneamente, assuntos corriqueiros e usuais, buscando conteúdos relevantes em temáticas populares. Com essa perspectiva, a revista toma partido sobre a compreensão da função de um jornalista: além de traduzir acontecimentos, o profissional deve enxergar onde está a notícia e assim trazer às claras suas inquietações como integrante de uma comunidade e da sociedade onde ele atua. Desta forma, o jornalista expurga o senso comum que delimita e reduz o medo apenas a conteúdos genéricos - como o escuro, o fantasma, o filme de terror -, e o insere nos mais diferentes contextos: o temor pela política, o preconceito que mata, o passado de torturas. A Curinga é a única revista laboratorial em toda região dos Inconfidentes financiada apenas pela instituição, sem interesses lucrativos ou políticos, o que permite uma maior autonomia para expressar sua criatividade, abordando assuntos diversos e de interesse social. As produções temáticas, como é o caso da edição 17 sobre o medo e a edição 18 sobre o tempo, por exemplo, permitem ao estudante adentra-se em determinados assuntos pouco marcados pelo jornalismo convencional. A disciplina permite que o estudante vivencie de forma mais prática o funcionamento de uma redação, uma oportunidade de exercer os fundamentos principais de um jornalista como o respeito a investigação, fontes e o profissionalismo com o meio social que propõe-se a circulação da revista. A rotina de trabalho considera a evolução coletiva do grupo, com todos os estudantes seguindo uma dinâmica organizada dentro do laboratório, explorando suas habilidades e competências em pelo menos duas diferentes funções durante o período. Conta com a vantagem de uma total independência política, publicitária e comercial, além de reforçar os elos entre a comunidade e a universidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O "Laboratório de Impresso II - Revista" é iniciado com aulas expositivas sobre o processo de construção da revista. Após os conceitos sobre modelo editorial e linguagem a ser utilizado nas duas edições elaboradas pela turma em cada período, realiza-se uma reunião para decidir o tema da edição, outra para decidir as funções entre os discentes - editoria geral, editoria de texto, editoria de arte, editoria de fotografia, editorias de multimídia, revisores, redatores, diagramadores e fotógrafos - e por fim, conclui-se o espelho da revista com as pautas selecionadas. No seguimento da construção da revista, as equipes se reúnem para acompanhamento nas aulas propostas e são liberadas em outras - seguindo um cronograma aplicado pelos professores - para apuração. A cada aula, os fotógrafos levam uma remessa com vinte fotos para ser analisadas pelo editor e o professor de fotografia, André Carvalho. Os redatores apresentam as versões e relatam sobre o processo de investigação, as fontes e os desdobramentos da reportagem para o editor e o professor de texto, Frederico Tavares. A equipe de diagramação monta as versões das páginas, que são analisadas e avaliadas pelo editor de arte e a professora de planejamento visual, Talita Aquino. A equipe de multimídia desenvolve o conteúdo para as redes sociais, com publicações durante todo o período. O editor geral (discente) acompanha todas as editorias, além de desenvolver funções administrativas e estruturais, como solicitar documentos, transporte junto ao colegiado e intermediar os processos junto aos professores, além de escrever o editorial. Nas editorias, o editor de foto é responsável também pelas capas e intercapas (capas internas), além de auxiliar na coordenação dos fotógrafos, escolha e disposição das imagens na página; o editor de arte pensa a dinâmica da revista como um todo - harmonia entre a palheta de cor, disposição das páginas, organização das editorias e identidade visual da revista -; e o editor de texto faz a leitura e revisão, além de coordenar a equipe de texto. No que se refere à narrativa, trabalha-se com a divisão de conteúdos em três editorias. A primeira, responsável por abrir a revista, "Eu no Mundo" relata os impactos que seres individuais causam no ambiente em que vivem, ou em suas próprias realidades, como cada um olha para o mundo. A "Travessia" relata as mais diversas formas de transições humanas (além de fazer uma ponte entre as perspectivas das outras duas editorias) e, por fim, "O Mundo em Mim", vai no caminho inverso da primeira editoria: como o mundo vê e interfere em cada sujeito?</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os textos de uma revista buscam elaborar interpretações a fim de esclarecer ao público leitor sobre os principais fatos do cotidiano. Com isso, não se espera ações noticiaristas das revistas; ao contrário, "busca-se no texto preparado para as páginas de uma revista uma visão mais elaborada do fato, relacionando-o com aspectos históricos, sociais, políticos, econômicos, culturais, educacionais, etc., e apresentando tais relações e possíveis decorrências do fato jornalístico para o leitorado" (BAPTISTA E ABREU,2017). Dessa maneira, a Curinga em suas edições trouxe a pluralidade proposta pela divergência de personalidade das turmas responsáveis pela sua execução e também a unidade editorial e eclética de temas contundentes como o rompimento da barragem de Fundão (edição 16 e 19), o Tempo (edição 18) e as suas facetas, Medo na essência (edição 17) e os 7 pecados capitais da humanidade (edição 20). A edição 16, ao trazer 88 páginas documentais da maior tragédia socioambiental, trouxe o rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco. Entrelaçando o contexto presente na cidade de Mariana diante do fato que encobriu Bento Rodrigues, Paracatu e algumas cidades com as editorias fixas da revista ("Eu no mundo", "Travessia" e "Mundo em Mim"), essa edição foi considerada como um edição especial, cumprindo com parâmetros de produção de edições históricas e especiais no jornalismo como um todo. A revista percorreu em suas pautas o caminho feito pelo barro desde Minas Gerais até o Espírito Santo, trazendo histórias, memórias, tradições, o Rio Doce, desaparecidos e mortes. Desde a construção da barragem de rejeito de minério da Mineradora Samarco até a falta de água em Governador Valadares foram abordados na edição. Toda voltada para o dia 5 de novembro e as reverberações posteriores (de novembro de 2015 a março de 2016), a Curinga foi capaz de captar informações arquivadas, ter acesso aos locais destruídos e às fontes diretamente e indiretamente atingidas. A edição se findou assim que mais um período letivo acabou, contudo algumas inquietações começaram a se tornar mais perceptíveis depois que o dia 5 de novembro foi ficando cada vez mais distante. Dando seguimento, a edição 17 refletiu sobre "o nosso lugar no mundo, [...] sobre o medo da morte e da opressão" (ANICETO E CHAVES, 2016). As facetas do medo foram exploradas desde os calafrios envolventes ao assistir um filme de terror à dor de uma tortura física e psicológica. E por fim, o medo do desconhecido e a insegurança ao se olhar para o futuro, encontrar um abismo "e permitir que ele te olhe de volta"(ANICETO E CHAVES, 2016). Ainda, mantendo a linearidade proposta pelo projeto editorial da revista, na sub editoria "Habitar" inserida na editoria "Mundo em mim", a matéria "Depois da lama, depois de Bento" retoma histórias de personagens que começaram a se restabelecer longe dos seus terrenos, sem trabalho, sem casa própria, sem esperança para um novo Bento. O texto feito pela estudante Gabriela Santos e traçou um caminho que acompanha a situação das pessoas atingidas, afetadas e vítimas da tragédia após sete meses. A edição 18 pautada pela temática "tempo" trouxe a efemeridade da vida como discussão, dando protagonismo aos astros do cosmos e ao relógio solar e o comportamento humano. "O tempo deixa marcas na pele e na memória, mas também pode fazê-las se esvaíram com a idade", diz o editorial em que a revista é apresentada como um produto capaz de permear entre gerações, culturas, momentos, contextos& tempos. Diante desta edição, a edição 19 da Curinga busca mostrar que nada permanece intacto com os ires e devires do tempo, e com todo caráter documental iniciado com a 16° edição, a revista tenta saciar as questões ainda pendentes sobre Samarco, barragem e Bento, tendo como ponto de partida e referencial a comunidade de circulação primordial da publicação. Com o olhar esperançoso, trajado de medo e força, a pequena Jamily estampa a capa da 19° edição. A criança de apenas 10 anos representou o que seria essa promessa de um novo subdistrito, das possibilidades de se pensar uma Mariana sem a mineração e os desdobramentos jurídicos/ governamentais diante de um ano do rompimento da barragem de Fundão. A espera angustiante por respostas do poder público e a torcida por renascer sem lama encobriram esta edição com um tom menos dramático, como na edição 16, e mais realista e otimista com o cenário encontrado. O rompimento da Barragem de Fundão rompeu o cotidiano por sua grandiosidade. O acontecimento marca e determina os valores de noticiabilidade, tornando-se pauta principal nas mais diversas mídias, e com a Curinga não poderia ser diferente. Os impactos econômicos e ambientais, sociais, as vidas interrompidas e modificadas, e a imprevisibilidade, tornam o rompimento um acontecimento tão fortemente difundido e publicado - principalmente nos primeiros três meses e depois de um ano. Como retratar o que ocorreu em Bento Rodrigues sem cair na espetacularização do acontecimento? Como relatar o que aconteceu, a partir dos testemunhos daqueles que vivenciaram o 'tsunami de lama', sem a exploração exacerbada de suas dores? Seria sensacionalismo? Se sim, como fugir dele? Indagações como estas perpassaram todo o processo produtivo da revista por refletir sobre a forma como o jornalismo se estrutura a partir de pautas sobre grandes tragédias. Neste contexto, é preciso questionar o objetivo da mídia de conquistar audiência por meio da exploração da dor, equilibrando o sensacionalismo e a cobertura objetiva do fato. Diante deste cenário, a edição 19 trouxe matérias que deram um feedback sobre as famílias envolvidas após um ano da tragédia, mostrou o engajamento dos movimentos populares na luta pela causa e as reverberações do ocorrido. A diagramação trouxe a lama da tragédia em relação com a água para limpar, na esperança de recomeço; as fotografias resgataram a memória; e os conteúdos foram sendo construídos e afinados em um alinhamento que proporcionou uma linearidade coerente entre identidade gráfica, textual e fotográfica. Ainda, durante o processo de construção da edição 19, houve a paralisação do período letivo por adesão estudantil à ocupação e greve em oposição às políticas do Governo Temer. Diante desse cenário, foi deliberada junto ao corpo discente, a continuação da edição devido ao respeito com as fontes e à complexidade e importância social do tema como um todo. A Curinga foi produzida em tempo hábil, tendo como deadline a data de 05 de novembro de 2016 para o lançamento da edição, exatamente um ano após a tragédia da barragem. Nesta data, a revista foi disponibilizada em suas plataformas digitais (site e redes sociais) e alcançou, após três dias de publicação, mais de 20 mil visualizações. Como um todo, o material é uma síntese sobre o 1 ano de rompimento da barragem, tudo isso respeitando um projeto gráfico e editorial estruturado e consolidado."Aqui em Mariana, Minas Gerais, 1 ano foi suficiente para acumular destroços, memória e indignação", diz o editorial da edição.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A perda de entes e amigos, de elementos simbólicos construídos e ressignificados ao longo da vida. A mudança do lugar, a fragmentação da comunidade, a interferência na memória individual e coletiva de um povo. O trauma causado no momento da tragédia trouxe a necessidade de adaptação e de luta "contra o choque de realidade de um mundo que não lhes pertencia" (LAMPIÃO, 2016), de repensar o cotidiano, a maneira como se relacionam, buscando assim, uma possibilidade de recomeço. No que diz respeito à propagação de lugares de memória, Nora (1993), discursa acerca da complexidade de se lidar com memória traumática, abordando a necessidade de reparação social e simbólica - por meio da construção de acervos, livros, memoriais, comissões - que exploram esses acontecimentos históricos de difícil assimilação para que o episódio não seja esquecido, e principalmente, para que, ao ser lembrado, não volte a acontecer. Assim, não só um espaço para direcionar inquietações, a revista laboratório é também um local de construção, de produto e indivíduo. São as possibilidades de criticar, explorar um assunto, ser criativo e refletir que proporcionam ao discente estar mais próximo das necessidades que fazem parte do social. A Curinga mostra outras perspectivas, incita a troca de conhecimentos e o trabalho em grupo. A revista se faz importante não só pelos temas que aborda, mas por incentivar questionamentos, realizar cobranças e trazer respostas essenciais a comunidade e aqueles que não as tiveram. O compromisso que o periódico assume ultrapassa os muros da Universidade para ir ao encontro dos desassossegos que cercam o coletivo, apontando novas perspectivas. A Curinga proporciona o crescimento mútuo. É a reverberação do aprendizado que faz a diferença, do jornalismo que se desenvolve. Ela olha para e pelo outro, mas deixa que ele pense, da produção à circulação.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ANICETO, Caio; CHAVES, Ana. Editorial. Revista Curinga. UFOP. Jun. 2016. <br><br>BAUMAN, Zygmunt; MAY, Tim. Aprendendo a pensar com a Sociologia. 2º Edição, Rio de Janeiro, Zahac, 2010.<br><br>BAPTISTA, Íria C. Q.; ABREU, Karen C. K. A história das revistas no Brasil: Um olhar sobre o segmentado mercado editorial. Revista Científica Plural, Santa Catarina, Ed.4, Julho.2010.<http://www.bocc.ubi.pt/pag/baptista-iria-abreu-karen-a-historia-das-revistas-no-brasil.pdf>. Acesso em: 26 de abril de 2017.<br><br>BENETTI, Márcia. Revista e jornalismo: conceitos e particularidades. In: Frederico de Mello B. Tavares; Reges Schwaab. (Org.). A revista e seu jornalismo. 1ed.Porto Alegre: Penso, 2013, p. 44-57.<br><br>LAMPIÃO. Caos e esperança. Jornal Laboratório da UFOP, ano VI, Ed.21, Jan. de 2016.<br><br>NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História. São Paulo, vol. 10. Dez. 1993. p. 7-28. <br><br>OLIVEIRA, Fabrício Marques de. A revista em sala de aula: edição e práticas laboratoriais em contexto de convergência. In: Frederico de Mello B. Tavares; Reges Schwaab. (Org.). A revista e seu jornalismo. 1ed.Porto Alegre: Penso, 2013, p. 272-287.<br><br>SANTOS, Gildásio Alves dos. Memória, identidade e linguagem: a comunidade quilombola do Quenta Sol. Tese (Doutorado). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia  UESB, Vitória da Conquista - BA, 2013. Disponível em: <http://www.uesb.br/ppgcel/dissertacoes/2011/Dissertacao_Gildasio.pdf>. Acesso em: 13 de junho de 2016.<br><br>SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. São Paulo: Contexto, 2003.<br><br>SOUSA, Jorge Pedro: Elementos de teoria e pesquisa da comunicação e da mídia. Portugal: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2003. <br><br> </td></tr></table></body></html>