ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #008bd2"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00121</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Visibilidade aos Excluídos Históricos: a Comunidade Quilombola do Jaguara (MG) em destaque no Dia da Consciência Negra</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Higor Gilberto Rodrigues (Universidade Presidente Antônio Carlos); David Ferrare da Silva (Universidade Presidente Antônio Carlos); Eduarda Caroline da Fonseca Silva (Universidade Presidente Antônio Carlos); Gabriel Lopes de Andrade (Universidade Presidente Antônio Carlos); Márcio Ribeiro Ferreira Rosa (Universidade Presidente Antônio Carlos); Tamiris Ribeiro Campos (Universidade Presidente Antônio Carlos); Ricardo Matos de Araújo Rios (Universidade Presidente Antônio Carlos)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Comunidade Quilombola, Consciência Negra, Jaguara, Peça Publicitária, </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este artigo tem como objetivo descrever e refletir sobre o processo de produção e execução de uma peça publicitária em vídeo criada no âmbito laboratorial do curso de Publicidade e Propaganda da Unipac e que foi executada em Barbacena (MG). A campanha foi elaborada dentro da disciplina de Produção Publicitária de TV, com o intuito de dar visibilidade à Comunidade Quilombola do Jaguara, localizada na cidade mineira de Nazareno, e a sua população durante o Dia da Consciência Negra de 2017. Entre as técnicas utilizadas para a realização do produto, é possível destacar a elaboração de roteiro, a pesquisa multidisciplinar, com foco na História e na Sociologia, e os trabalhos de captação das imagens, bem como no convencimento da comunidade para este processo.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O material foi concebido por alunos do curso de Publicidade e Propaganda, da Unipac, de Barbacena (MG), para celebrar o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. O foco foi apresentar a Comunidade Quilombola do Jaguara, localizada em Nazareno (MG). O produto audiovisual tem tempo de arte de 1 minuto, pensado como uma peça publicitária de TV, que posteriormente seria exibida em um totem para recarga de telefones celulares, localizado no campus da Universidade. Este totem possui um monitor de televisão que exibe publicidades em looping durante 24 horas, nos sete dias da semana. O material foi pensado para atingir o público universitário e stakeholders da Universidade, que possui população regional e, ao ver a mensagem sendo reproduzida, poderia conhecer a Comunidade Quilombola, procurar mais sobre o local e até mesmo compartilhar a história de Jaguara entre mais pessoas. Para a produção da peça, foi feita uma imersão em Jaguara, seguindo os preceitos em pesquisas de comunicação apontados por Duarte e Barros (2005) de que o pesquisador pode se inserir no ambiente natural de ocorrência do fenômeno e interagir com a situação investigada. Para que a presença das câmeras não assustasse os habitantes da Comunidade, contatos prévios com pessoas ligadas ao local foram feitas, o que facilitou o processo de produção. Por ser uma campanha que utiliza o modal audiovisual, o trabalho considerou usar as ideias de mostração, como preconizam os processos da linguagem televisiva estabelecidos por Soulages (2008).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A produção tem como objetivo principal a conscientização das pessoas para a importância das Comunidades Quilombolas, como locais históricos de resistência negra. Em um estado como Minas Gerais, onde grande parte da mão-de-obra colonial veio de escravos, é fundamental que as pessoas saibam da importância destas Comunidades e se conscientizem sobre esses espaços. Baseado nisso, a produção possui como objetivos específicos a criação de debates sobre a importância do Dia da Consciência Negra; incentivar a descoberta de Jaguara pelos espectadores; demonstrar a possibilidade de peças publicitárias com foco no good mob para falar sobre Comunidades Quilombolas.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A campanha voltada para o Dia da Consciência Negra foi proposta pelo Professor Ricardo Rios, na disciplina de Produção Publicitária de TV, na Unipac de Barbacena em Minas Gerais. A proposta foi de criar um produto audiovisual de até 1 para conscientização e exaltação da cultura negra. Nesse sentido, o filme teve como impulsionador a Comunidade Quilombola do Jaguara, localizada na cidade de Nazareno, Minas Gerais, uma vez que lá é uma região preservada pelo Projeto Zumbi dos Palmares, além de possuir fazendas de engenho desativadas e a comunidade ter uma história rica com sua população puramente negra. Segundo a CEDEFES (2010), a ideia dos habitantes de Jaguara em pertencer a uma Comunidade Quilombola era  parco e confuso entre os moradores . Quilombolas, segundo definição da Fundação Palmares , são descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos. A partir deste momento é importante compreender a importância da Comunicação, do audiovisual e da Publicidade para construir, dentro de uma comunidade, o simbolismo discursivo para que essas pessoas entendam a ideia de Comunidade Quilombola e, possam, através da conscientização e do sentimento de pertença, se enxergarem como membros daquela comunidade. Como Schmitt et alli (2002, p. 5) observam, os habitantes das Comunidades Quilombolas criam o sentimento de pertencimento e a identidade quilombola através da incorporação de identidades: [...] em decorrência de eventos históricos, introduzem novas relações de diferença, as quais passam a ser fundamentais na luta dessas populações negras pelo direito de continuar ocupando e transmitindo às gerações vindouras o território conformado por diversas gerações de seus antepassados. (SCHMITT et al., 2002, p.5) Entretanto, não basta apenas conscientizar o povo quilombola. É necessário fazer o mesmo trabalho junto à população ao redor, para que entenda, respeite e apoie o povo quilombola em suas demandas históricas. Por este motivo, o trabalho decidiu abordar a Comunidade do Jaguara, para que a população regional pudesse conhecer o local e ouvir da comunidade suas ideias e realidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Um dos métodos usados foi o de performatividade para Soulages (2008). Segundo ele, a linguagem televisiva possui um regime de performance, que tem como efeitos pretendidos a ficção, mostração e espetáculo. A ficção deseja criar um mundo verossímil para provocar empatia por meio de técnicas oriundas do cinema. A mostração, usada neste produto, deseja construir enunciados da realidade sem passar a impressão de que existe a intermediação de um sujeito no ato de enunciação, dando a sensação que a cena seria a  verdade em si representada na tela sem filtros. O espetáculo capta o interesse do receptor. Ao atrai-lo, derruba a cisão entre o universo espectatorial e o televisivo. Além disso, vale ressaltar a proposta de criação com base no briefing criativo. A campanha publicitária pelo qual foi voltada para exibição em TV teve sua ideia principal em formato documental. Essa proposta teve por finalidade aproximar da cultura e o filme conversar mais com o público. Com isso, escolhemos a comunidade do Jaguara por ser uma região reconhecida recentemente, em 2013, e ainda ser estudada por grupos de pesquisadores. Fizemos o contato com o Secretário de Cultura da cidade de Nazareno-MG para que intermediasse nosso contato com a comunidade e não inibisse os moradores para a produção do conteúdo. O uso de DSLR s, mais especificamente, a Nikon D7100 foi fundamental para as captações por serem câmeras de tamanho reduzido e gravarem em 1080p, além da utilização de drone (DJI Phantom 3 Standard) para situar e contextualizar o local com o expectador. Ainda nesse sentido, utilizamos microfone de lapela para gravação de off s para concretizar a ideia do projeto e dramatizar mais o filme associado à tomada de crianças sorrindo e a comunidade em si, já que na captação de áudio o assunto principal foi o negro e a Comunidade do Jaguara. Por fim, todo o trabalho foi executado utilizando o Adobe Premiere Pro CC 18 e o filme foi finalizado em P&B para dar mais contraste e distorção da comunidade. A utilização das imagens monocromáticas faz o telespectador dedicar mais sua atenção ao conteúdo exposto ao invés das cores e transmitir mais sentimento em quem assiste.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Após estudar mais sobre a cultura, tivemos conhecimento das comunidades quilombolas e o fortalecimento da cultura negra em nosso país. Daí em diante o documentário teve seu principal processo criativo o impacto e comoção com a causa. A ideia não era passar algo encenado. Pensamos em algo que fosse natural e trouxesse a visão que a própria comunidade tem sobre suas raízes. Para isso, foi realizado um curta de 1 com imagens da comunidade associada ao discurso de moradores da região acerca do local. O vídeo começa com um fade in de áudio e imagens. A primeira imagem do vídeo mostra a placa da comunidade de Jaguara em uma estrada. A partir desta imagem, feita em drone, o equipamento levanta voo e começa a captar imagens de partes da comunidade. Nisso, um fade faz a transição do primeiro take para o segundo, onde a Igreja de Nossa Senhora do Carmo ganha destaque. A partir desse momento, sobe som do depoimento de um morador de Jaguara (seu rosto não é exibido). Este depoimento é legendado para acessibilidade de todos os públicos: "Por exemplo, o negro foi tratado como objeto e não como pessoa. Então isso influencia muito nessa questão cultural". Este depoimento é exibido enquanto mais imagens de drone da Igreja da Comunidade Quilombola são exibidos. Aos 28 segundos, um novo fade faz a transição da imagem da torre da Igreja captada por drone para cenas de crianças da Comunidade Quilombola. Durante a transição, entra outro depoimento de uma pessoa da comunidade com os seguintes dizeres: "Não tem como a gente negar. Essa cor da pele não diferencia ninguém". Ao final do depoimento, mais um fade faz a transição das imagens das crianças com cenas aéreas de construções da Comunidade de Jaguara. Aos 42 segundos, entra o último depoimento de pessoas da Comunidade Quilombola. O homem diz "Há um pensamento de Gandhi que diz: na minha casa, que as portas e janelas estejam abertas para todo o tipo de cultura". Neste ínterim, há mais um fade, com transição de imagens da comunidade e de crianças de Jaguara acenando para o drone que as filma. Aos 53 segundos, entra um lettering no meio da tela dizendo "CONSCIÊNCIA NEGRA 20 DE NOVEMBRO". Aos 58 segundos, entra um selo do curso de Publicidade e um fade out. O vídeo foi veiculado externamente nos totens de carregamento de celulares, localizados no campus da Unipac Barbacena e no Hospital Ibiapaba CEBAMS, também localizado em Barbacena. Cerca de 10 mil pessoas assistiram a peça nos totens, de acordo com dados da empresa dona dos equipamentos (PHP MARKETING, 2018).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A Comunicação possui papel primordial na emergência das minorias e consequente exposição de suas pautas. É fundamental que, em meio ao recrudescimento global de pautas nacionalistas e extremistas, a Comunicação dê voz e apresente às pessoas as mais diversas minorias, como os quilombolas, e ajude a sociedade a entende-las. Campanhas como a desenvolvida aqui são mais que uma obrigação da Comunicação. Fazem parte do dever da Comunicação. Se a população de Jaguara tivesse conhecido sua história antes de 2010, e se conscientizado sobre, provavelmente várias gerações teriam compreendido a importância de sua história e a luta de seus antepassados por liberdade. Se a população regional soubesse da história de Jaguara, vários movimentos de apoio, de conscientização e educação já teriam sido formados. Após 2013, com o reconhecimento formal de Jaguara como Comunidade Quilombola (MATEUS, 2013), houve conscientização da comunidade sobre a importância da história ali acontecida séculos antes. Porém, é preciso ir além. O trabalho aqui desenvolvido foi apenas uma pequena parte do que ainda pode ser desenvolvido para contar e preservar as histórias dos Quilombos e dos Quilombolas. O audiovisual pode ajudar não apenas o caso de Jaguara, mas também todas as Comunidades Quilombolas do país. É importante que a Academia, o mercado e os profissionais se debrucem em temas como esse, para auxiliar o reconhecimento identitário e o consequente reforço do tema no público em geral. Reconhecer, fortalecer e exaltar a cultura negra são fundamentais para a quebra de barreiras e preconceitos ainda vigentes no Brasil, mesmo após quase 200 anos da Abolição da Escravatura.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CEDEFES (2010). Jaguara. Disponível em: http://www.cedefes.org.br/projetos_realizados-57/. Acesso em 20 out. 2017.<br><br>DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.<br><br>MATEUS, Mayara. Comunidades da Jaguara e Palmital são reconhecidas como Quilombos. Disponível em: http://www.vanufsj.jor.br/comunidades-da-jaguara-e-palmital-sao/. Acesso em: 12 nov. 2017.<br><br>PHP MARKETING. Dados de alcance  Campanha Consciência Negra 2017. Barbacena: PHP Marketing, 2018.<br><br>SCHMITT, Alessandra et alli (2002). A atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/asoc/n10/16889.pdf. Acesso em: 15 nov. 2017.<br><br>SOULAGES, Jean-Claude. Instrumentos de análise do discurso nos estudos televisuais. In: LARA, Gláucia Muniz Proença et alli. (orgs.). Análises do Discurso Hoje, volume 1. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, p. 254-277<br><br> </td></tr></table></body></html>