ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #008bd2"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00136</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PP</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PP09</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Deite aqui: usos controversos de um meio de comunicação</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Vitória Bordon Santos (Universidade Federal do Espírito Santo); Flávia Mayer dos Santos Souza (Universidade Federal do Espírito Santo); Caio Ferreira Mendes (Universidade Federal do Espírito Santo)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;All Type, Anúncio, Jornal, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> Realizado para a disciplina de Produção Gráfica, do segundo período do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, o trabalho foi feito a partir do briefing da Ecos Mostra, um festival da área da comunicação. O artigo, portanto, tem como o objetivo apresentar a peça principal criada para a campanha, e explicitar as teorias e técnicas publicitárias utilizadas na sua criação. Além de desenvolvimento profissional, o trabalho foi responsável por também abrir espaços para questões sociais e de cidadania. Foram exploradas e conceituadas técnicas de criação de layout, diagramação, redação e criatividade que resultou num anúncio all type, feito para jornal. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A peça descrita neste artigo foi elaborada durante as aulas de Produção Gráfica, matéria que compõe a grade curricular do segundo período do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Espírito Santo. Nesta disciplina, além de técnicas de layout e diagramação, estudam-se também técnicas de composição, impressão e suas implicações. Uma das propostas da disciplina era a realização de exercícios que pudessem estimular a participação dos alunos em prêmios e festivais de publicidade. Dessa maneira, um dos trabalhos foi desenvolvido para a 7ª edição da Ecos Mostra, premiação promovida pela Ecos Jr (Empresa de Comunicação Social Júnior da Ufes), que visa dar visibilidade às ideias de estudantes de diversos cursos e universidades dentro do mercado de comunicação. O trabalho foi criado de acordo com briefing divulgado pela premiação. Nele, estava destacada uma problemática social: o crescente número de pessoas em situação de rua na Grande Vitória. Na disciplina, os alunos deveriam criar duas peças para a categoria Campanha Publicitária, tal como definido pelo regulamento da premiação. Escolhemos apresentar neste artigo o anúncio  Deite aqui , por ser a peça principal de nossa campanha e, consequentemente, merecedora de maior destaque. Diversos veículos de comunicação, como o jornal A Gazeta que circula amplamente pela região, retrataram através de matérias e reportagens as histórias e as condições de vida dessas pessoas em situação de vulnerabilidade. O portal de notícias G1 ES, também abordou a questão numa matéria publicada em Julho de 2017 em que documentou as intervenções estatais realizadas com intuito de desocupar um prédio no centro da cidade que era habitado por pessoas desabrigadas. Sendo assim, pode-se perceber que os veículos midiáticos, especialmente de cunho jornalístico, foram de extrema importância para que a questão fosse divulgada e, consequentemente, se tornasse pública.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo do artigo é apresentar um anúncio para mídia impressa que privilegia uma temática social, a questão das pessoas em situação de rua, bem como explicitar as teorias e técnicas publicitárias que fundamentaram sua criação. O anúncio proposto, conforme o briefing da campanha, deveria ser uma solução criativa para comunicar ao público-alvo a urgência da questão e conseguir auxílio para uma instituição que colabora com a causa. Tendo em vista que a condição social dessas pessoas é marcada por extrema invisibilidade nos âmbitos social e governamental, bem como envolta de preconceitos, o trabalho foi importante por trazer para o ambiente acadêmico uma discussão de cunho social extremamente relevante e que contribui, também, para a formação dos alunos como cidadãos. Um dos objetivos específicos definidos na disciplina de Produção Gráfica foi pesquisar o contexto relacionado ao tema explicitado no briefing. Assim, os alunos buscaram jornais, revistas, artigos científicos, monografias e sites para embasar a criação. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A relevância da experiência de criação do anúncio se traduz em vários âmbitos: fortalecimento dos alunos como cidadãos; ampliação do entendimento das teorias e técnicas publicitárias, de modo a fundamentar a atividade de criação; aproximação de prêmios e festivais, bem como do mercado de comunicação. O anúncio nasceu do briefing da Ecos Mostra 2017 que chamava atenção para a necessidade de se discutir a problemática das pessoas em situação de rua. A condição dessas pessoas é frequentemente retratada de forma pejorativa, de modo que é comum o entendimento de que o fato de viverem nas ruas se deve apenas ao uso de drogas ilícitas. Há, portanto, uma visão distorcida da temática, de maneira que o trabalho, sobretudo a pesquisa solicitada na disciplina, visava conduzir os alunos à compreensão do complexo cenário relacionado às pessoas que vivem nessa situação. Além disso, inserir esse debate no contexto universitário possui extrema importância, já que também é compromisso da universidade a formação para a cidadania. Assim, tanto a pesquisa como o debate realizado em sala, contribuíram para que os estudantes conhecessem o contexto das pessoas em situação de rua e, a medida em que descobriram os diversos motivos que podem levar alguém a viver nessas condições, os alunos também criaram empatia e desconstruíram preconceitos e estereótipos relacionados ao grupo. O trabalho possibilitou, também, o entendimento das teorias e técnicas publicitárias como pilares de sustentação da linha criativa a ser adotada. Desta forma, a leitura e debate de textos sobre os princípios básicos para elaboração do layout, abarcando desde aspectos relacionados à composição, forma, cor, tipologia, entre outros, contribuiu no momento de colocar a ideia no papel. Os estudantes, embasados por livros de direção de arte em propaganda e redação publicitária, puderam compreender e diferenciar conceitos como layout e diagramação, além de visualizar em anúncios e exemplos práticos os erros mais frequentes para que, assim, os mesmos pudessem ser evitados no momento de elaboração dos trabalhos. Pode-se dizer que, para a maioria dos alunos, a disciplina proporcionou a primeira experiência criativa fundamentada num briefing de festival. Tal atividade serviu para aproximar os acadêmicos de um evento que conta com a participação de estudantes de outras instituições e publicitários/jornalistas consagrados no mercado de comunicação capixaba. Logo, a elaboração da atividade serviu também para unir os estudantes, especialmente aqueles que optassem por submeter as criações, tanto a profissionais da comunicação quanto a empresas e agências já que, um dos prêmios da Ecos Mostra era um estágio na MP Publicidade, importante agência no Espírito Santo. Vale destacar, também, que a atividade ocorreu no segundo período do curso de Publicidade e Propaganda, proporcionando, assim, já no início da graduação uma experiência muito rica devido a todos os processos já descritos. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Os métodos e técnicas de criação publicitária utilizados para elaborar o anúncio foram adquiridos através da leitura de livros e textos que, durante as aulas, foram discutidos com toda a turma. O processo de criação ocorreu em etapas de modo que, a cada aula, uma atividade ou exercício era solicitado visando direcionar o processo criativo. Uma técnica comum na publicidade é a utilização de um briefing que, neste caso, foi o da Ecos Mostra 2017. O briefing consiste em um documento que reúne informações fornecidas pelo cliente que serão usadas para orientar os trabalhos de criação (SANT'ANNA, 1989). A partir da leitura desse documento, que se encontrava disponível na página da Ecos Mostra, foi iniciada uma pesquisa em que utilizamos artigos científicos, monografias, veículos midiáticos e documentários, a fim de compreender de maneira mais profunda a realidade das pessoas que estão na rua e do público-alvo que seria alcançado. O resultado da pesquisa foi, posteriormente, compartilhado numa aula em que todos os alunos expuseram suas descobertas e opiniões acerca da problemática. Após essa etapa, deveriam ser apresentados na aula seguinte os roughs das ideias iniciais, que seriam amadurecidas com algum tempo. Os roughs "são rascunhos iniciais de um anúncio ou trabalho gráfico" (ERBOLATO, 1985, p.263). Porém, antes de criar os roughs houve a necessidade de se fazer um brainstorm. Tal técnica consiste numa reunião em que todos os participantes são encorajados a apresentar ideias, adiando juízos críticos, para que, ao final do processo, essas ideias possam ser organizadas a fim de encontrar uma solução para o problema. (MICHALKO 1999). A partir dele, obteve-se algumas palavras-chave, dentre elas: "simplicidade", "objetividade" e "impacto", e com isso, concluiu-se que o suporte seria parte essencial para a compreensão da mensagem. Munidos com suas ideias, os alunos foram desafiados a testá-las para, posteriormente, escolher qual utilizar. Para isso, utilizou-se algumas técnicas do Checklist da Criatividade, de Alex Osborn, mais especificamente da estratégia de Mudança de Ponto de Vista, em que mudou-se o contexto da ideia inicial, e da segunda técnica intitulada Combinar, em que alguns objetos escolhidos pela professora deveriam ser acrescentados no contexto da peça. Tal artifício foi utilizado para que os alunos esgotassem todas as possibilidades e não caíssem em senso comum. Devido a aplicação deste exercício, muitos abandonaram suas ideias e roughs iniciais, pois obtiveram soluções criativas melhores após a aplicação das técnicas explicitadas. Por outro lado, alguns estudantes não utilizaram nenhuma das ideias que surgiram posterior a aplicação das técnicas. Apesar disso, pode-se dizer que a realização do mesmo foi importante, pois serviu para que as possibilidades fossem de fato esgotadas e para que todos os que optaram por seguir as ideias anteriores ao exercício, pudessem escolher de forma mais assertiva e segura. Após longas discussões optou-se por utilizar a primeira ideia, que surgiu antes mesmo da leitura do briefing, em que decidiu-se explorar as diferentes interações que podem ser feitas com o meio de comunicação jornal. Segundo Erbolato (1985), o jornal "[...] se publica regularmente com a finalidade de informar, persuadir e entreter o público ledor" (ERBOLATO, 1985, p.184). Partindo deste conhecimento, pode-se dizer que o uso desse veículo de comunicação torna-se controverso quando se compara a utilidade que esse suporte tem para o público-alvo da campanha, que é o público leitor do jornal, e para as pessoas que vivem em situação de rua. Tal ideia criativa, porém, deveria, posteriormente, ser apresentada de maneira mais elaborada. A partir disso, idealizou-se um modelo visual simples e objetivo que, de certo modo, deveria mesclar-se com a estética do jornal e, para isso, os alunos se apropriaram de conhecimentos sobre layout e diagramação que foram previamente estudados e esclarecidos na disciplina. Segundo César (2000) "O layout baseia-se em diagramação, organização, equilíbrio e contraste e inovação" (CÉSAR, 2000, p.153). E para Figueiredo (2005) "Diagramar é hierarquizar informações. Trata-se da escolha do que é mais importante ou do que desejamos que o consumidor veja primeiro." (FIGUEIREDO, 2005, p.5). Deste modo, as informações foram organizadas e hierarquizadas, de modo que, o texto em destaque (Deite aqui) fosse responsável por grande parte do estranhamento e impacto causado nos leitores do anúncio. Toda a organização de layout e diagramação foi feita utilizando o software gráfico Adobe Illustrator, seguindo o que havia sido pensado anteriormente nos roughs. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A equipe da Ecos Mostra criou um briefing com o objetivo de fomentar uma discussão dentro dos cursos de comunicação de diferentes universidades capixabas e levantar o questionamento: qual a responsabilidade de cada indivíduo e o que pode ser feito por cada cidadão para minimizar as consequências sociais devastadoras da problemática em questão? O documento direcionava para criação de uma campanha publicitária solicitada por uma ONG ou instituição de apoio a causa. Voltado para pessoas de 18 a 40 anos, que possuem condições de ajudar com doações ou trabalho voluntário, a campanha deveria ter veiculação impressa e digital, contendo as dimensões e medidas específicas para cada veículo. Obrigatoriamente, as peças criadas deveriam conter a logos da Ecos Mostra e de uma instituição e, além disso, era restrito o uso de qualquer conteúdo ilegal, ofensivo ou discriminatório. A primeira leitura do briefing foi feita pela professora, junto com a turma e, nessa mesma aula, todas as etapas do processo criativo foram explicadas e, a cada aula, seria solicitado o desenvolvimento de uma das etapas. A primeira preocupação, foi realizar uma atividade que munisse os alunos de informações a respeito da condição de vida do grupo em questão e, para isso, foi solicitada uma pesquisa. Ao dar início a tarefa, o primeiro passo foi ler o briefing novamente e, foi nesse momento que surgiu o primeiro insight que, conforme Erbolato (1985) consiste numa  ideia que surge repentinamente quando está sendo criado um anúncio (ERBOLATO, 1985, p.177). Percebeu-se que o jornal impresso era uma das opções oferecidas para se veicular o anúncio e que esse meio de comunicação possui experiências controversas para os leitores e para as pessoas em situação de rua. No caso, o veículo serve como ferramenta de informação para os leitores e, para aqueles que o recolhem depois de descartados, serve de proteção e aconchego. Optou-se por deixar de lado esse primeiro insight pois segundo Carrascoza (2008) existem grandes chances de criativos terem a mesma  primeira ideia quando partem de repertórios muito parecidos. (CARRASCOZA, 2008). Por isso, é importante que as ideias iniciais passem por um processo de verificação, definido por Barreto (2004), em que a ideia deve ser criticada e até descartada para que surjam outras que adequem melhor ao objetivo principal (BARRETO, 2004). Para mais, durante as pesquisas, foi observado que a problemática era constantemente abordada por jornais locais, devido às proporções da situação na região da Grande Vitória. O jornal A Gazeta, publicou em Junho de 2017 uma notícia que chamava atenção para o contraste entre o número de pessoas em situação de rua versus o número de vagas em abrigos: são 1047 desabrigados para apenas 258 vagas. Além da falta de moradia e das poucas vagas em abrigos, durante a pesquisa foi verificado que existem outros fatores que afetam e impedem essa população de sair de tais condições como frio, fome, violência e discriminação. Segundo Cunha (2015), que desenvolveu um estudo a respeito da população de rua da região,  estes sujeitos excluídos fazem parte de um grupo de conviventes incômodos, relacionados a um imaginário de ameaças. (CUNHA, 2015, p.49). Assim, pode-se dizer, segundo Valencio (2008) que a visão negativa da sociedade a respeito das pessoas em situação de rua, advém da fragilidade psicossocial e da decadência financeira do grupo que, para a sociedade, caracterizam graves falhas de caráter. (VALENCIO, 2008, apud CUNHA, 2015, p.49) Após compartilhar os resultados chegou-se a conclusão que seria efetivo utilizar-se de anúncios e estratégias interativas já que, no geral, os indivíduos que doam seu tempo ou trabalho gostam de se sentir reconhecidos. Segundo Sant anna, o consumidor compra o produto que está sendo vendido visando objetivos finais que sanem suas necessidades, dentre elas, a aceitação social (SANT ANNA, 1977). Como nenhum produto estava sendo vendido, e sim uma ideia, pensou-se na interação com a peça ser o ato de reconhecimento. Reunindo os materiais e pesquisas surgiram outras ideias, dentre elas, a de um cartaz interativo com uma foto de uma pessoa com a mão voltada para frente, e cima dela, a frase  toque aqui , anexado acima de uma cesta, que sugeria para as pessoas fazerem um  hi5 no cartaz após deixar sua doação.Outra peça idealizada foi a de um outdoor construído por imagens de vários produtos que poderiam ser doados. A partir dos roughs das ideias anteriormente citadas, os alunos deveriam aplicar duas técnicas do Checklist da criatividade, intituladas  Combinar e  Mudança de ponto de vista . Assim, devia-se mudar o ponto de vista das peças criadas, ou seja, se a criação partiu de uma visão otimista a peça deveria ser recriada a partir de uma visão pessimista, por exemplo. No caso da primeira técnica, os alunos deveriam combinar dois objetos aleatórios escolhidos pela professora à composição da peça que foram, por sua vez, um óculos e uma escova de dentes. Tal exercício, serviu para tirar os alunos da zona de conforto e fazer com que todas as ideias e possibilidades fossem testadas e esgotadas. Este exercício fez surgir novas ideias que, eventualmente, foram descartadas após apresentação dos roughs para a professora orientadora. Junto delas, foram descartado o cartaz  Toque Aqui e o outdoor anteriormente citado. Em todas, utilizou-se a técnica de rough, cuja função é esquematizar e transmitir ideias, para que haja melhor compreensão do trabalho (FUENTES, 2006), o que é muito importante para a formação do layout, que é a própria apresentação do anúncio para a aprovação antes da arte-final (ERBOLATO, 1985). Nesta aula, também sugeriu-se um amadurecimento da ideia inicial que consistia em utilizar o jornal para a divulgação de um anúncio, que chama atenção para os usos controversos deste veículo. Tendo em vista que as palavras-chave do briefing foram  simplicidade ,  impacto e  objetividade optou-se por fazer um anúncio all type. Segundo Figueiredo (2005) o termo refere-se a  anúncios diagramados apenas com texto, sem imagem. O máximo que se permite em anúncios all type é a escolha da tipografia, ou seja, o estilo da letra a ser utilizada, e das cores. (FIGUEIREDO, 2005, p.11). Também optou-se por diagramar com os logotipos no canto inferior direito pois, ainda de acordo com Figueiredo (2005) é natural, para as pessoas de cultura judaico-cristã, percorrer uma página diagonalmente, da esquerda para a direita e de cima para baixo (FIGUEIREDO, 2005). O texto principal  Deite aqui. possui tamanho maior, para que chame atenção do leitor e despertar sua curiosidade. A tipografia utilizada é a Times New Roman, por ser uma tipografia criada especificamente para o jornal impresso, tendo em vista que nosso objetivo era que o anúncio, de certo modo, se camuflasse em meio ao conteúdo jornalístico. A cor preta foi escolhida para manter a simplicidade idealizada e para seguir o padrão dos jornais impressos. Assim, o impacto seria ainda maior quando o leitor se desse conta de que o anúncio não fazia parte do conteúdo comum do veículo. O título nasceu de várias experimentações. Primeiro chegou-se a frase  cubra-se com esse jornal que ,após algumas discussões, foi reduzida para  deite comigo , e finalmente,  deite aqui , pois o  aqui faz menção direta ao jornal, objeto responsável por criar empatia e sensibilizar o público-alvo em relação às pessoas em situação de rua. A palavra  aqui aponta que aquele objeto frágil e descartável que os leitores tem em mãos é, para muitas pessoas, o único objeto disponível para se proteger e se confortar no momento de sono. O texto abaixo do título traz um dado numérico retirado do jornal A Gazeta. A intenção era utilizar uma redação racional (reasons-why), cujo o objetivo, segundo Sant anna (1985) é persuadir usando a lógica dos fatos (SANT ANNA, 1985). No canto inferior direito, o cliente é apresentado e o leitor é convidado a colaborar. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">É válido explicitar que, devido a falta de papel jornal nas gráficas da região o trabalho teve que ser adaptado e impresso em papel vegetal que, em seguida, foi anexado a uma folha de um jornal local. Este papel, devido a sua transparência, foi utilizado para simular a aplicação do anúncio numa folha de jornal, conforme pretendido pelos criadores. Conforme dito ao longo do artigo, o trabalho foi criado de acordo com o briefing da Ecos Mostra, que é um festival de comunicação. Apesar desse direcionamento, o anúncio não pode ser enviado para a premiação já que um dos autores é membro da Ecos Jr e, consequentemente, parte da comissão da Ecos Mostra. No edital do evento, há uma regra que proíbe que membros da empresa participem da premiação e, portanto, o trabalho não pode ser enviado. Apesar desse impedimento, a criação foi exposta durante a Semana da Comunicação, evento organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Comunicação Social da UFES, que conta com diversas palestras e é aberto ao público. Assim, durante uma semana, o trabalho ficou exposto na mostra  Sem Comunicação que contou com criações de outros alunos do curso que foram confeccionadas em diferentes disciplinas e permaneceram expostas no principal prédio do curso. Quanto a elaboração do anúncio, pode-se perceber que, em meio a tantas peças publicitárias com forte apelo visual, cores explosivas e linhas exuberantes, um anúncio all type, quando criado com as técnicas adequadas, também é capaz de passar uma mensagem de maneira impactante e assertiva. A produção deste artigo, por sua vez, foi outro processo muito engrandecedor, especialmente por ter sido elaborado nos períodos iniciais da graduação. Após sua confecção, os autores tiveram uma visão real da quantidade de teorias e métodos utilizados para a criação, já que, muitas vezes, durante o processo criativo as ideias surgem de forma espontânea e automática, de modo que, não nos damos conta da quantidade de conhecimento que adquirimos no processo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARRETO, Roberto Menna. Criatividade em propaganda. São Paulo: Summus, 2004. <br><br>CÉSAR, Newton. Direção de arte em propaganda. São Paulo: Futura, 2000.<br><br>CUNHA, Juliana Gomes da. Pessoas em situação de rua e seus cães: fragmentos de união em histórias de fragmentação. 2015. Dissertação (Mestrado em Psicologia)  Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. <br><br>ERBOLATO, Mario L. Dicionário de propaganda e jornalismo: legislação, termos técnicos e definições de cargos e funções, abrangendo as atividades das agências de propaganda e do jornalismo impresso, radiofônico e de televisão. Campinas: Papirus, 1985.<br><br>FIGUEIREDO, Celso. Redação publicitária: sedução pela palavra. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. MICHALKO, M. Thinker Toys. São Paulo: Cultura, editores associados, 1999.<br><br>FUENTES, Rodolfo. A prática do design gráfico: uma metodologia criativa. São Paulo: Edições Rosari, 2006.<br><br>SANT ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. 7.ed. São Paulo: Pioneira, 1996.<br><br> </td></tr></table></body></html>