ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #008bd2"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00311</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;RT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;RT02</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;O Anel das Bambas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Priscilla Thereza da Silva (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Maria de Fátima Costa de Oliveira (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Empoderamento feminino, Samba, Audiovisual, Seriado, TV</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O produto repensa a figura da mulher no carnaval do Rio de Janeiro. Será mesmo que o único espaço feminino nessa manifestação cultural, no recorte das Escolas de Samba, está na apresentação de corpos despidos e hipersexualizados, nos papeis de musa, rainha, passista? A "festa da carne" não é só manuseada pelos homens e enfeitada por mulheres, mas é construída pelo pensamento feminino, pelas ações de guerreiras comprovada pela historicidade do samba, que ao longo do tempo mostra o matriarcado de Tia Ciata, a voz potente de Clementina de Jesus até a genialidade artística de Rosa Magalhães. "O Anel das Bambas", título inspirado na canção "Não Deixe o Samba Morrer", interpretada por Alcione, exibe mulheres fortes de diversas idades, cores de pele e condições sociais que comandam postos em Escolas de Samba cariocas que eram intrinsecamente masculinos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A série documental é um produto elaborado para a disciplina de "Criação Audiovisual", do curso de Jornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A proposta inicial do seriado foi compor três capítulos, com duração aproximada de 10 minutos cada, em que mulheres no cargo de presidente, compositora e intérprete de samba-enredo falam sobre as glórias do seu pioneirismo e porque o carnaval é um festival de força e organização feminina. O ponto de partida da série é desmistificar a coisificação do corpo e a padronização das funções da mulher no carnaval  intrínsecas à visão mecânica e superficial desse movimento cultural  e destacar o vigor feminino no funcionamento burocrático e orgânico das agremiações. A ideia surgiu a partir da respeitada imagem de Regina Celi Fernandes, única presidente feminina de uma Escola de Samba do Rio, a Acadêmicos do Salgueiro. A pesquisa fez surgir personagens conhecidas pelo grande público e continua apresentando mulheres que dão expressividade ao carnaval. Este é o primeiro episódio da série, que traz a potência da jovem intérprete de samba-enredo, Thatiane Carvalho, primeira mulher no carro de som da Unidos de Vila Isabel.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O seriado pretende ampliar a imagem das mulheres que assumem papeis que, durante anos, foram e são ocupados por homens dentro de escolas de samba na cidade do Rio de Janeiro. O intuito de afastar a presença feminina do lugar-comum da sexualidade grosso modo configurada como signo do carnaval  a exposição da "carne"  e de alocá-la nas funções burocráticas é o objetivo da pesquisa e o conceito da produção. O propósito é que as próprias personagens tenham o controle das suas narrativas, para apresentar suas histórias e aspirações em primeira pessoa, para que suas vozes não fiquem em segundo plano quando se tratam de discursos hegemônicos e de meio acadêmico. Na idiossincrasia do samba, o termo "bamba" (que significa "aquele que tem gingado", vindo do dialeto quimbundo, observado no programa da TV Brasil "Samba na Gamboa" do dia 26 de março de 2017) se refere ao indivíduo especialista no ritmo e nas características derivadas dele, como a festa e a dança (LÉVI-STRAUSS, 2009). No âmbito antropológico, o bamba é o chefe do ritual. E assim são as "donas do anel", chefes de suas ações.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O fundamento deste trabalho está na ideia de extensão das problematizações acadêmicas para a comunidade externa e vice-versa. De acordo com Silva (apud SODRÉ, 2009) as pautas midiáticas estão em conformidade com as manifestações e debates sociais, como as questões de gênero, tema deste produto. O gosto pessoal pela História do Samba, a vivência da festividade no município do Rio de Janeiro, a tendência à abordagens culturais e o recorte epistemológico do papel da mulher e do espaço de representatividade feminina no século XXI, assim como a problematização do uso do termo "bamba" assimilado aos mestres masculinos e "dama" associado às mulheres cantoras, tal como numa estrutura familiar que altera, ao longo da História, os papeis naturalizados de provedor e cuidador (D'ÁVILA, 2011), foram os fatores adotados para a construção da série documental. O propósito de elaborar o produto no gênero audiovisual se deu pela acessibilidade técnica, ou seja, pode ser veiculado no formato televisivo ou digital e consumido em dispositivos fixos ou portáteis, seja pela TV, pelo celular, pelo computador ou pelo tablet, o que concretiza o conceito de "Cultura da Convergência" (JENKINS, 2009). A expectativa social do trabalho é de servir tanto para a comunidade acadêmica quanto para comunidade externa, para especialistas e leigos, nos âmbitos de análise e entretenimento.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A análise para este projeto começou com a leitura de bibliografia nas áreas de ciências sociais, comunicação social, jornalismo e cinema, que tratam sobre cultura, roteirização, gênero, estruturação social, midiatização e senso comum. Outro método crucial na preparação do trabalho foi a verificação de documentários e programas televisivos sobre samba e questões de gênero, como os títulos "Samba na Gamboa", sob o comando de Diogo Nogueira, em que grandes nomes do samba são entrevistados e apresentam seus trabalhos; "Damas do Samba", documentário dirigido por Susanna Lira, que mostra a presença feminina na arte do ritmo; "Tem que rebolar", vídeo sobre a "bundalização" do carnaval; e "Primavera das Mulheres", documentário da roteirista Antonia Pellegrino e da diretora Isabel Nascimento Silva, sobre movimentos de mulheres pelo Brasil. É possível classificar a metodologia como qualitativa e exploratória, com base nos procedimentos descritos anteriormente  a revisão bibliográfica e a análise documental  além da observação participante, de entrevistas e da análise de discurso. As oficinas de produção de roteiro fornecidas na disciplina, manuseio de equipamento (filmadora camcorder Sony, modelo HXR-NX80) e curtas-metragens exibidos em sala de aula também serviram de técnicas fundamentais para todo o processo do trabalho.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho apresentado é o episódio piloto da série documental. A personagem e narradora, Thatiane de Carvalho  de 21 anos e primeira mulher a integrar o carro de som do Grêmio Recreativo Escola de Samba (GRES) Unidos de Vila Isabel, membro do grupo de elite do desfile carioca  conta sua trajetória no mundo do samba a partir de suas memórias e experiências pessoais. A ideia inicial eram três episódios com uma protagonista cada, um deles traz a narrativa da única presidente mulher de uma escola de samba carioca, Regina Celi Fernandes, que comanda a Acadêmicos do Salgueiro. O último episódio contaria com o relato da primeira compositora de samba-enredo para uma agremiação carnavalesca, D. Ivone Lara, mas o projeto não teve continuidade por sua idade avançada e saúde delicada (o que a levou a óbito recentemente). O conceito do produto ainda está em andamento, para abrir a narrativa para outras personagens que sejam símbolo de capacidade de gestão e ocupação de espaços hegemonicamente masculinizados. Ao investigar sobre o assunto na web, sobre mulheres pioneiras ou que encaram funções diferentes das naturalizadas, cheguei ao nome da Thatiane de Carvalho, já que ela tem envolvimento com o samba desde criança, com trabalho reconhecido na GRES Estácio de Sá. Recorri à assessoria de imprensa da escola para conseguir o contato da personagem e descobri que ela foi convidada para fazer parte do carro principal da Vila Isabel. Estabeleci contato com a protagonista, acompanhei sua rotina de ensaios na quadra da agremiação, para entender as estruturas e hierarquias no contexto de comunidade e quais eram as posições estabelecidas, ocupadas e rompidas pela Thatiane. Durante todo o produto, observa-se a tranquilidade da personagem com quebras imagéticas e sonoras, ora pela potência de sua voz, ora pelo seu destaque em meio ao ambiente masculino onde se encontra e determina sua presença. Os cenários das gravações são a quadra da Vila Isabel  com suas cores e estética  e o Sambódromo da Marques de Sapucaí, sede dos desfiles do carnaval carioca, com o marco da Praça da Apoteose e elementos da metrópole ao fundo, como trânsito rodoviário, as favelas e alguns bairros antigos, que o situa o espectador de maneira geográfica, cultural e emocional, porque ilustra a cidade do Rio de Janeiro, o símbolo do morro como peça fundamental do desenvolvimento do Samba como patrimônio e emocional por provocar ou não a conexão pessoal, seja pela memória, pelo conhecimento de mundo ou pelo estímulo à pesquisa sobre o tema. O tipo de roteiro escolhido foi o aberto, para tentar dar liberdade à entrevistada  apesar da característica de enquadramento e angulação própria da comunicação social (SOUSA, 2006)  assim como a opção de não ter narrador, e sim a própria protagonista assume a voz do documentário. A trilha sonora é formada pelos sons da quadra da escola e, mais uma vez, pela voz da personagem. Este primeiro vídeo tem duração de 09 minutos e 47 segundos e está disponível na plataforma Youtube. A produção foi pensada com base na possibilidade de ser veiculada em canais televisivos (abertos e fechados) e em canais na web, propagados pelo rápido compartilhamento sui generis das redes sociais. O gênero audiovisual permite representações aproximadas do real ao espectador, numa função de espelho de sua identidade, já que captura gestos, movimentos, cores, lugares, situações e indivíduos em conjunto com a sonoridade da narrativa oral e corriqueira.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">O projeto experimental foi pensado e executado de maneira individual, desde a delimitação do tema, passando pela produção, gravação, fotografia, roteirização, direção e edição, na intenção de aprender a instrumentalização proposta pela disciplina de Criação Audiovisual e habilitar as potencialidades de organização imagética, possibilitada pelas etapas de roteirização e edição, na qual contei com a ajuda do técnico do curso, Rafael Viana. Definir e fazer um trabalho que demanda tempo, aprofundamento teórico, custos financeiros  ainda que a produção tenha sido baixa  e capacidade de reagir a imprevistos, foi um desafio pessoal e profissional ao qual me submeti para testar ideia autorais, técnicas, operação de equipamentos específicos, estilos, gosto, estética, desconstrução própria e social. O trabalho elevou minha confiança do desenvolvimento de pautas e aguçou meu senso humano de pensar em questões próximas a mim, demonstrou que é possível trabalhar a cientificidade a partir de experiências recorrentes, ajudando-me a delimitar e enxergar o que é imersão e o que é afastamento e quando posso deixá-los agir. Socialmente e academicamente, a discussão sobre a desconstrução de papeis e o posicionamento de atores sociais deve ser invocada com constância, não para "salvar a humanidade", mas para dar qualidade ao convívio, afetado por amarras sociais infundadas ou historicamente injustas. Este documentário, como braço do gênero audiovisual, cumpre a dupla função de dar o direito à reflexão ao espectador e, ao mesmo tempo, atende ao entretenimento que, como afirma Sousa (2006, p. 57) que a comunicação social "proporciona às pessoas experiências comuns do mundo (representações do mundo), gerais e imediatas, [...] contribui para que todos 'conheçam' mais coisas sobre o mundo". Como pequeno recorte de uma realidade, que a série contribua com a naturalização do poder de escolha das mulheres.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BARBOSA, Andréa; CUNHA, Edgar Teodoro da. Antropologia e Imagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.<br><br>COMPARATO, Doc. Da criação ao roteiro. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.<br><br>D ÁVILA, Sande Maria Gurgel. O lugar do homem em famílias de mulheres provedoras. In: II SIMPÓSIO GÊNERO E POLÍTICAS PÚBLICAS, 2., 2011, Londrina. Anais... Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2011. p. 2-11.<br><br>GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1998.<br><br>JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.<br><br>LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. Campinas, SP: Papirus, 1989.<br><br>MALINOWSKI, B. Argonautas do Pacífico Ocidental. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978.<br><br>NICHOLS, Bill. Introdução ao Documentário. Campinas: Papirus, 2005.<br><br>SILVA, Marcos Paulo da. Jornalismo, racionalidade e senso comum: fundamentos reflexivos sobre a atenuação dos paradoxos cotidianos pela atividade noticiosa. Revista Comunicação e Inovação: São Caetano do Sul, v. 12, n. 23, p. 70-78, jul-dez 2011.<br><br>SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de Teoria e Pesquisa da Comunicação e dos Media. 2. ed. Porto: Letras Contemporáneas Oficina Editorial, 2006. p. 54-59.<br><br>DAMAS DO SAMBA. Portal do GNT. Disponível em: <https://globosatplay.globo.com/gnt/v/5678860/>. Acesso em: 14 de setembro de 2017.<br><br>PRIMAVERA DAS MULHERES. Portal do GNT. Disponível em: <https://globosatplay.globo.com/gnt/v/6229352/>. Acesso em: 20 de outubro de 2017.<br><br>SAMBA NA GAMBOA. Portal da Tv Brasil. Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br/sambanagamboa/episodio/grandes-bambas-do-samba>. Acesso em: 22 de agosto de 2017.<br><br>TEM QUE REBOLAR. Portal do GNT. Disponível em: <http://gnt.globo.com/programas/gntdoc/videos/1817203.htm>. Acesso em: 6 de setembro de 2017.<br><br> </td></tr></table></body></html>