ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #008bd2"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00361</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA07</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Fotografia do Filme "Adeus Verônica"</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Pedro Henrique da Silva de Paula (Centro Universitário de Rio Preto); Willian Sales da Silva (Centro Universitário de Rio Preto); Luciana Leme Souza e Silva (Centro Universitário de Rio Preto); Selma Benedita Coelho (Centro Universitário de Rio Preto)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Adeus Verônica, Estupro, Mulher, Traumas, Fotografia</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este material tem como objetivo detalhar o processo de criação do produto fotografia em movimento do média-metragem Adeus Verônica. O foco do presente artigo é explicar e defender etapas de fundamental importância no processo criativo e operacional do projeto citado, enfatizando características do material como, objetivo, justificativa, métodos e técnicas utilizadas entre outros tópicos de extrema relevância. Espera-se que com este projeto o leitor possa compreender a complexidade e fundamentos da temática abordada com o projeto de fotografia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A fotografia em um filme é parte fundamental na construção da narrativa. É através dela que o espectador consegue ambientar-se a história contada, além de ser uma ferramenta de forte influência emotiva ao público. O produto aqui discutido é oriundo do média-metragem Adeus Verônica, que conta o processo pós-traumático de uma vítima de abuso sexual. O primeiro passo para compreender o trabalho entender a definição de estupro. Sexo necessita de consentimento, enquanto o estupro configura-se no ato abominável de forçar e constranger alguém a praticar atos sexuais contra a sua própria vontade. Podemos encará-lo como um mecanismo de controle social que tenta submeter mulheres à autoridade masculina, mediante violência física, psicológica ou moral, colocando-as como responsáveis pela conduta de seu agressor. (OLIVEIRA, SOUZA, CANUTO, 2015, P.02) O projeto aborda as consequências emocionais do crime a longo prazo. Na narrativa explora-se como a vítima reage ao evento traumático e o reflexo do ato em seu cotidiano, mesmo após um longo período de tempo. É possível superar um acontecimento tão impactante? É possível esquecer? Essas são as perguntas que tanto o filme, quanto a fotografia abordam em seu contexto geral. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho tem como objetivo central abordar os crimes sexuais recorrentes em nosso país através do produto fotografia em movimento do media metragem Adeus Verônica, que conta a história da personagem Verônica, advogada de 30 anos vítima de estupro coletivo. Ao longo da narrativa o espectador acompanha o cotidiano da mulher e sua luta constante para realizar atividades simples, como se olhar no espelho, sair de casa ou interagir com outras pessoas. Através do recorte da fotografia buscou-se evidenciar o assunto, que é uma questão social de extrema importância, de forma poética, forte e ética. Com esta ferramenta o espectador pode conhecer a personagem e visualizar sua história de maneira clara e emocionante. A objetividade da fotografia confere-lhe um poder de credibilidade ausente em qualquer obra pictórica. Sejam quais forem as objeções do nosso espírito crítico, somos obrigados a crer na existência do objeto representado, literalmente re-presentado, quer dizer, tornando presente no tempo e no espaço. (BANZIN, 1958, p.22) </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O assédio sexual tornou-se um crime muito recorrente no país e no mundo. Incentivados pela cultura do estupro e pela impunidade, os agressores agem sem medo das consequências, pois as leis que supostamente deveriam proteger as mulheres, são falhas e as penas ineficazes. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2016, mais de 500 mulheres foram agredidas no país a cada hora. O mesmo instituto também registrou números assustadores acerca do assédio sexual no país. Segundo o Datafolha, 40% das mulheres com mais de 16 anos sofreram assédio dos mais variados tipos em 2016: 20,4 milhões (36%) receberam comentários desrespeitosos ao andar na rua; 5,2 milhões de mulheres foram assediadas fisicamente em transporte público (10,4%) e 2,2 milhões foram agarradas ou beijadas sem o seu consentimento (5%). Adolescentes e jovens de 16 a 24 anos e mulheres negras são as principais vítimas. (G1, 2017) Os números só tendem a aumentar, e com eles o medo e a insegurança. A falta de visibilidade, indiferença social, pouco apoio e segurança, seja ela pública ou não, são alguns dos responsáveis por esses números tão impactantes. A figura da mulher ainda é malvista e depreciada pela sociedade. Mesmo depois de tantos anos de luta e de todo o progresso que os movimentos feministas vêm conseguindo, ainda existe preconceito de gênero em nosso país. Isso fica claro quando percebemos que neste exato momento, em algum lugar do mundo, existe uma mulher sendo violentada. Justifica-se a confecção deste trabalho no formato de fotografia em movimento pois o grupo percebeu no modelo uma ferramenta para alcançar e atrair a atenção das pessoas para esta doença social. Utilizou-se a imagem e as técnicas visuais deste produto para que o espectador vislumbrasse a mensagem que o média-metragem Adeus Verônica e todas as suas vertentes cinematográficas buscam transmitir. Se o cinema é linguagem, é porque opera com a imagem dos objetos, não com os próprios objetos. A duplicação fotográfica (...) arranca o mutismo do mundo um fragmento de quase realidade para fazer dele o elemento de um discurso. Disposta diferentemente do que na vida, tramadas e reestruturadas pelo fio de uma intenção narrativa, as efígies do mundo tornam-se os elementos de um enunciado. (MARTIN, 1990, p.18) </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Como citado anteriormente, este trabalho foi produzido a partir da fotografia do média-metragem Adeus Verônica. Durante as filmagens do produto houve uma preocupação em captar imagens e takes específicos para esta obra, pois já era objetivo do grupo trabalhar tanto com filme quanto com a fotografia. Para isso utilizou-se uma Nikon D7000 e uma Osmo DJI X3/ FC350H, Sensor: Sony Exmor R CMOS; ½.3 resolução: 12MP. A pesquisa bibliográfica e referencial deste projeto foi realizada em conjunto com a do média-metragem, pois a temática dos dois trabalhos é a mesma, apenas atentou-se para as diferenciações técnicas de cada categoria. Nesse momento as pesquisas seguiram caminhos diferentes. Buscou-se desenvolver material com alto nível de sofisticação e estudo para que os mesmos pudessem ser utilizados neste formato. Após o processo de captação de imagens foi realizada uma pré-seleção de takes e frames do filme que mais se adequavam a proposta do nosso trabalho. As cenas e fotografias selecionadas foram escolhidas com base na estética, técnica e critérios observados pela equipe de profissionais que ajudou na captação, edição e sonorização do produto. O grupo preocupou-se em criar uma sequência que ambientasse o espectador e contasse de forma rápida a cronologia histórica dos eventos acontecidos com Verônica. Criamos uma narrativa para a fotografia em movimento. O importante é que o realizador faça a escolha das imagens com precisão: selecionando imagens de forma que o público perceba imediatamente o que está acontecendo ou vai acontecer; coerência: imagens que estejam de acordo com a proposta apresentada pelo projeto; densidade: imagens que revelem os conflitos, que deem a dimensão do problema ou da dificuldade de sua resolução; unidade de ação: imagens que tenham ligação direta com o tema ou com o conflito principal da história ou do personagem. (MOLETTA, 2009. P.18). Foi desenvolvido um roteiro técnico simples para orientar a edição explicando como deveria ser estruturado o vídeo e sua pequena narrativa. Para Syd Field (2016, p.12) Estrutura é o que sustenta a história no lugar. É o relacionamento entre essas partes que unifica o roteiro, o todo. A sonorização do produto também foi um processo de extrema importância e cuidado. Utilizou-se algumas trilhas marcantes do filme, mas o grupo também aplicou novos temas e efeitos à sonoplastia, para dar um tom diferenciado ao audiovisual. De qualquer maneira, tão importante quanto criar música, é decidir se a cena precisa da música em si, independentemente de suas qualidades musicais. O grande mestre Max Steiner 4 chegou a afirmar que  A coisa mais difícil na composição é saber quando começar e quando parar . É uma decisão conceitual e quando bem conduzida reflete resultados criativos. (BERCHAMANS, p.31). </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Este projeto caracteriza-se como um teaser, ou trailer, do média-metragem Adeus Verônica e foi desenvolvido para a categoria de fotografia em movimento. O audiovisual possui cerca de 1:57 de duração e conta em pequenos recortes a história de Verônica, uma advogada de 30 anos vítima de estupro coletivo. O produto mostra como a mulher lida com os traumas ocasionados pelo abuso e como suas cicatrizes psicológicas perduram, mesmo depois de um ano do ocorrido. O produto possui trilha e roteiro original. Optou-se por transformar a fotografia do filme em um teaser pois durante o processo de decupagem e seleção de imagens a equipe percebeu inúmeros takes e frames ricos em técnica e atrativos visuais, além de uma mensagem poética e olhar cativante sobre o assunto abordado. A fotografia permitiu falar de maneira delicada, bela até, sobre um assunto tão impactante e horrendo. Com os recursos da fotografia conseguimos dar emoção, feminilidade e beleza ao tema do trabalho. Imagens têm o propósito de representar o mundo. Mas, ao fazê-lo, entrepõem-se entre o mundo e homem. Seu propósito é serem mapas do mundo, mas passam a ser biombos. O homem, ao invés de se servir das imagens em função do mundo, passa a viver em função de imagens. Não mais decifra as cenas da imagem como significados do mundo, mas o próprio mundo vai sendo vivenciado como conjunto de cenas. (FLUSSER, 1985, p. 08) A primeira sequência do teaser serve como uma introdução a história de Verônica, é o monólogo inicial do produto. O significado do diálogo para a história como um todo ajuda o montador a tomar as decisões. Um trecho do diálogo importante para avançar a trama requer um close-up ou alguma mudança do padrão de planos para nos alertar de que o que estamos ouvindo é mais importante do que o que ouvimos anteriormente na sequência (DANCYGER, 2007. P.309) Depois disso mostra-se como aconteceu o evento que marcou a advogada tão profundamente. Em formato de flashbacks, o audiovisual mostra o momento do estupro, com recortes mais detalhados, visando a transmissão de emoções. Nessa cena impera uma sequência de ações e movimentos de corpo, mãos, braços e gritos. A partir daí a história é voltada ao dia a dia da personagem, em mostrar como ela interage consigo mesmo, com a sociedade e sua luta para superar o trauma vivido, ou não. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Os alunos aprenderam muito com a confecção deste projeto de fotografia em movimento. Além de ser uma área nova para o grupo, todos ficaram extremamente satisfeitos em conseguir utilizar outra vertente cinematográfica para propagar a mensagem do filme Adeus Verônica. O objetivo com a produção deste trabalho tão especial foi justamente alcançar o máximo de pessoas possíveis e levar a elas um debate, um questionamento, sobre assuntos de tamanha importância social, como o estupro e a desigualdade de gênero. Adeus Verônica é uma reflexão sobre traumas e marcas psicológicas, sobre impunidade e insegurança. A personagem central é apenas uma representação das inúmeras mulheres que, diariamente, são vítimas de todo tipo de agressão e violência. Esse produto é uma forma de protesto, uma mensagem de ação e incentivo à justiça e ao direito básico de todos, a segurança. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BAZIN, André. O cinema: Ensaios. Tradução: Eloisa de Araújo Ribeiro. Editora Brasiliense. 1958.<br><br>BERCHMANS, Tony. A música do filme: tudo que você gostaria de saber sobre a música de cinema.são Paulo: Escrituras Editora, 2012<br><br>DANCYNGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo / Ken Dancynger; tradução Angélica Coutinho e Adriana Kramer  Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.<br><br>FIELD, Syd. Manual do roteiro: Os fundamentos do texto cinematográfico. Editora Objetiva, 2016<br><br>FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta  Ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Editora Hucitec. São Paulo, 1985.<br><br>MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. Tradução: Paulo Neves , São Paulo: Brasiliense, 2003.<br><br>MOLETTA, Alex. Criação de curta-metragem em vídeo digital: uma proposta para produções de baixo custo / Alex Moletta. 3. Ed.  São Paulo: Summus, 2009<br><br>OLIVEIRA, Francisca Moana A. de; SOUZA Maísa Aline Alexandre; CANUTO, Igor Vasconcelos, O crime de estupro e a cultura de culpabilização da vítima. ANAIS do VIII Encontro de Pesquisa e Extensão da Faculdade Luciano Feijão. Sobral-CE, novembro de 2015.<br><br>Portal G1, mais de 500 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no brasil, aponta datafolha. Matéria publicada no dia 08 de março de 2017, disponível no link: https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/mais-de-500-mulheres-sao-vitimas-de-agressao-fisica-a-cada-hora-no-brasil-aponta-datafolha.ghtml<br><br> </td></tr></table></body></html>