XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste


INSCRIÇÃO:	00367

CATEGORIA:	JO

MODALIDADE:	JO13

TÍTULO:	Vocação

AUTORES:	Lorem Camargo de Lima (Universidade Metodista de Piracicaba); Paulo Roberto Botão (Universidade Metodista de Piracicaba)

PALAVRAS-CHAVE:	igreja, vocação, sacerdócio, história de vida, jornalismo literário

RESUMO
O perfil do padre José Ailton apresenta a sua trajetória e os traços marcantes de sua personalidade. Tendendo ao estilo literário, mistura cenas, descrições e narrativas. A questão central é o significado da expressão fé e a forma com que ela se apresenta na vida do religioso. O texto revela como a fé e a vocação religiosa foram decisivas em um caminho para se colocar sempre ao lado dos mais pobres e oprimidos.

INTRODUÇÃO
O perfil intitulado “Vocação” foi um trabalho desenvolvido com o intuito de narrar a história de vida, de pouco mais de 50 anos, do padre José Ailton Figueiredo, desde seu nascimento até os dias de hoje. Pároco da Paróquia São João Batista, em Piracicaba, interior de São Paulo, padre Ailton conta, em entrevista feita na secretaria paroquial, as inúmeras provações que um menino crescido nas favelas da cidade do Rio de Janeiro passa para sobreviver e que perpetuaram durante sua vida sacerdotal. A narrativa, feita através da visão do autor, mistura aspectos da percepção do repórter entrevistador, e é editada sob a forma de um perfil. O texto inclui descrições, declarações e, sobretudo a narrativa de episódios marcantes da trajetória do religioso. O projeto foi desenvolvido para a disciplina de Redação Jornalística II no primeiro semestre de 2017, e publicado no site laboratório (soureporter.com.br) da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).

OBJETIVO
O objetivo deste perfil é proporcionar uma história que transmita conhecimento, ideias e percepções que possam servir como inspiração, ou até mesmo só uma leitura de qualidade. A produção também permite experimentar algumas técnicas do jornalismo literário, seja no processo de entrevista, seja na forma de editar o texto. A proposta é descrever o entrevistado e o ambiente em que vive, de forma a que o leitor possa aprender mais que a mera informação. Mas, acima de tudo, também é objetivo deste projeto descaracterizar a figura social de um padre como um ser incomum, ao apresentá-lo em suas atividades cotidianas e envolvido em problemas que fazem parte da vida da grande maioria das pessoas.

JUSTIFICATIVA
A história de um padre geralmente é vista como mais uma história de padre, uma vida de total devoção a Cristo e à igreja Católica. Mas, os padres como outros indivíduos, têm a sua personalidade, suas opiniões, suas escolhas ‘erradas’ e que fazem, por meio da fé, suas obras e pregações de acordo com o que acreditam. Essa é a característica do padre relatado no perfil “Vocações”, que faz do seu sacerdócio a missão de ajudar os necessitados por meio de obras, projetos sociais e parcerias políticas voltadas para todos. E os seus interlocutores, parceiros, são prostitutas, moradores de rua, viciados em drogas, pescadores e também trabalhadores e donas de casa comuns. Graças a sua trajetória de muitas mudanças, passou alguns anos de sua vida também com indígenas e sentiu na sua vida missionária a necessidade de olhar para os marginalizados. Neste contexto, a escolha para apresentar esse trabalho e o gênero utilizado, visou justamente a quebra de paradigmas ante a visão da sociedade sobre os sacerdotes. A perspectiva foi de mostrar que pregar os ensinamentos de Cristo não é apenas realizar o trabalho dentro da igreja, mas no meio do povo que vive e trabalha nas ruas. Como menciona o próprio padre José Ailton Figueiredo, em suas homilias, “todos somos filhos e pecadores sem distinção”. A escolha do jornalismo literário e do formato perfil se deve às inúmeras possibilidades que apresenta para construir um texto rico em detalhes, capaz de permitir ao leitor um contato mais concreto com a realidade descrita e narrada.

MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
O jornalismo literário permite não somente o uso de recursos da literatura para a construção do texto jornalístico, não é só uma questão de linguagem. Trata-se também de uma opção por um gênero que permite mostrar as histórias mais relevantes socialmente de forma mais aprofundada. “Significa potencializar os recursos do jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamente a cidadania” (PENA, 2006, p.13). E para a produção de um perfil literário, que pode ser considerado como um dos formatos do gênero literário, foi prospectado encontrar uma ‘personagem’ com história de impacto social, político ou cultural que faça diferença na sociedade. “Quando escolher um tema, deve pensar em como sua abordagem pode contribuir para a formação do cidadão, para o bem comum, para a solidariedade” (PENA, 2006, p. 14). Com isso, a figura de padre Ailton foi narrada no perfil por mostrar uma realidade divergente da realidade imaginada pela sociedade sobre a vida de um sacerdote.਀䌀漀洀漀攀猀琀爀愀琀最椀愀瀀愀爀愀愀攀氀愀戀漀爀愀漀搀漀瀀攀爀昀椀氀Ⰰ 愀爀攀瀀爀琀攀爀愀猀猀椀猀琀椀甀愀搀椀瘀攀爀猀愀猀挀攀氀攀戀爀愀攀猀搀漀瀀愀搀爀攀攀琀愀洀戀洀瀀愀爀琀椀挀椀瀀漀甀搀攀猀甀愀愀琀椀瘀椀搀愀搀攀瀀愀爀漀焀甀椀愀氀⸀ 䔀漀瀀爀漀挀攀猀猀漀昀漀椀昀椀渀愀氀椀稀愀搀漀攀洀甀洀愀攀渀琀爀攀瘀椀猀琀愀爀攀愀氀椀稀愀搀愀渀漀愀洀戀椀攀渀琀攀搀攀琀爀愀戀愀氀栀漀搀漀攀渀琀爀攀瘀椀猀琀愀搀漀Ⰰ 愀猀攀挀爀攀琀愀爀椀愀瀀愀爀漀焀甀椀愀氀Ⰰ 猀椀琀甀愀搀愀搀攀渀琀爀漀搀愀倀愀爀焀甀椀愀匀漀䨀漀漀䈀愀琀椀猀琀愀渀愀挀椀搀愀搀攀搀攀倀椀爀愀挀椀挀愀戀愀Ⰰ 椀渀琀攀爀椀漀爀搀攀匀漀倀愀甀氀漀⸀ 䌀漀洀漀瀀愀爀琀攀搀攀甀洀愀洀攀氀栀漀爀渀愀爀爀愀琀椀瘀愀瀀愀爀愀搀攀猀挀爀攀瘀攀爀漀愀洀戀椀攀渀琀攀搀攀瘀椀瘀渀挀椀愀搀漀攀渀琀爀攀瘀椀猀琀愀搀漀攀瘀椀琀愀渀搀漀漀 ᠀琠漀洀漀戀樀攀琀椀瘀漀ᤀ†搀攀爀攀搀愀漀瀀愀爀愀甀洀琀攀砀琀漀挀漀洀戀漀愀攀猀琀琀椀挀愀Ⰰ 漀甀猀漀搀愀猀琀挀渀椀挀愀猀搀攀吀漀洀圀漀氀昀攀 ⠀㈀　　㔀⤀ 氀愀渀愀搀愀猀渀漀猀愀渀漀猀㘀　Ⰰ 昀漀椀昀甀渀搀愀洀攀渀琀愀氀瀀愀爀愀愀瀀爀漀搀甀漀搀漀瀀攀爀昀椀氀氀椀琀攀爀爀椀漀焀甀攀猀漀㨀爀攀挀漀渀猀琀爀甀椀爀愀栀椀猀琀爀椀愀挀攀渀愀愀挀攀渀愀Ⰰ 爀攀最椀猀琀爀愀爀搀椀氀漀最漀猀挀漀洀瀀氀攀琀漀猀Ⰰ 愀瀀爀攀猀攀渀琀愀爀挀攀渀愀猀瀀攀氀漀猀瀀漀渀琀漀猀搀攀瘀椀猀琀愀搀攀搀椀昀攀爀攀渀琀攀猀瀀攀爀猀漀渀愀最攀渀猀Ⰰ 爀攀最椀猀琀爀愀爀栀戀椀琀漀猀Ⰰ 爀漀甀瀀愀猀Ⰰ 最攀猀琀漀猀攀漀甀琀爀愀猀挀愀爀愀挀琀攀爀猀琀椀挀愀猀猀椀洀戀氀椀挀愀猀搀漀瀀攀爀猀漀渀愀最攀洀⸀ Após a entrevista, mais próxima de um relato de vida, a sensibilidade para explorar todos os pontos-chave é extremamente importante para dar sentido ao gênero jornalismo literário como defende a teoria do New New Journalism. “É preciso sentir os poros abertos, a trilha epidémica, o cheiro de suor” (PENA, 2006, p. 60).਀唀洀愀猀瀀攀挀琀漀攀猀猀攀渀挀椀愀氀渀愀瀀爀漀搀甀漀搀攀甀洀瀀攀爀昀椀氀琀愀洀戀洀攀猀琀 氀椀最愀搀漀  瀀漀猀琀甀爀愀搀漀爀攀瀀爀琀攀爀Ⰰ 焀甀攀瀀爀攀挀椀猀愀攀猀琀愀爀愀戀攀爀琀漀愀漀甀瘀椀爀攀洀琀漀搀愀猀愀猀搀椀洀攀渀猀攀猀瀀漀猀猀瘀攀椀猀Ⰰ 瀀爀攀搀椀猀瀀漀猀琀漀愀 ᰀ猠攀渀琀椀爀ᴀ†愀猀椀渀昀漀爀洀愀攀猀攀挀漀渀栀攀挀椀洀攀渀琀漀⸀ ᰀ䴠愀猀攀氀愀琀愀洀戀洀攀猀琀 愀琀愀搀愀愀漀猀攀渀琀椀洀攀渀琀漀搀攀焀甀攀瀀愀爀琀椀挀椀瀀愀⸀ 䄀昀爀椀攀稀愀攀漀搀椀猀琀愀渀挀椀愀洀攀渀琀漀猀漀愀氀琀愀洀攀渀琀攀渀漀挀椀瘀漀猀⸀ 䔀渀瘀漀氀瘀攀爀ⴀ猀攀猀椀最渀椀昀椀挀愀猀攀渀琀椀爀⸀ᴀ†⠀嘀䤀䰀䄀匀䈀伀䄀匀Ⰰ ㈀　　㔀Ⰰ 瀀⸀ ㄀㐀⤀⸀ 䄀椀渀搀愀渀愀瀀攀爀猀瀀攀挀琀椀瘀愀搀漀愀甀琀漀爀愀挀椀洀愀Ⰰ 愀攀猀挀漀氀栀愀搀漀瀀攀爀昀椀氀瀀愀爀愀攀猀琀攀瀀爀漀樀攀琀漀攀猀琀 氀椀最愀搀愀愀漀愀猀瀀攀挀琀漀搀愀攀洀瀀愀琀椀愀Ⰰ 焀甀攀 ᰀ猠椀最渀椀昀椀挀愀挀漀洀瀀愀爀琀椀氀栀愀爀愀猀愀氀攀最爀椀愀猀攀琀爀椀猀琀攀稀愀猀搀漀猀攀甀猀攀洀攀氀栀愀渀琀攀Ⰰ 椀洀愀最椀渀愀爀猀椀琀甀愀攀猀搀漀瀀漀渀琀漀搀攀瘀椀猀琀愀搀漀椀渀琀攀爀氀漀挀甀琀漀爀⸀ 䄀挀爀攀搀椀琀漀焀甀攀愀攀洀瀀愀琀椀愀琀愀洀戀洀昀愀挀椀氀椀琀愀漀愀甀琀漀挀漀渀栀攀挀椀洀攀渀琀漀嬀搀攀焀甀攀洀攀猀挀爀攀瘀攀攀搀攀焀甀攀洀氀崀ᴀ†⠀嘀䤀䰀䄀匀䈀伀䄀匀Ⰰ ㈀　　㔀Ⰰ 瀀⸀ ㄀㐀⤀⸀ 䌀漀渀猀椀搀攀爀愀渀搀漀焀甀攀漀樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀氀椀琀攀爀爀椀漀搀攀瘀攀猀攀瘀愀氀攀爀搀愀猀琀挀渀椀挀愀猀搀漀樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀挀漀渀瘀攀渀挀椀漀渀愀氀Ⰰ  漀瀀漀爀琀甀渀漀挀漀渀猀椀搀攀爀愀爀琀愀洀戀洀漀挀甀椀搀愀搀漀渀愀猀攀氀攀漀搀愀猀瀀愀甀琀愀猀攀椀搀攀渀琀椀昀椀挀愀漀攀愀戀漀爀搀愀最攀洀搀愀猀昀漀渀琀攀猀Ⰰ 挀漀洀漀攀琀愀瀀愀猀攀猀猀攀渀挀椀愀椀猀瀀愀爀愀愀瀀爀漀搀甀漀搀攀焀甀愀氀焀甀攀爀戀漀洀琀攀砀琀漀樀漀爀渀愀氀猀琀椀挀漀Ⰰ 椀渀挀氀甀猀椀瘀攀渀漀焀甀攀猀攀爀攀昀攀爀攀愀愀洀瀀氀椀愀爀漀氀攀焀甀攀搀攀瀀攀爀猀漀渀愀最攀渀猀 ⠀䰀䄀䜀䔀Ⰰ ㈀　　㄀⤀⸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀ऀ㰀琀搀挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀　　㠀戀搀㈀∀㸀㰀戀㸀䐀䔀匀䌀刀䤀윀쌀伀䐀伀倀刀伀䐀唀吀伀伀唀倀刀伀䌀䔀匀匀伀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀眀椀搀琀栀㴀∀㤀　─∀㸀㰀琀搀挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀伀瀀攀爀昀椀氀氀椀琀攀爀爀椀漀Ⰰ 挀漀洀愀瀀爀漀砀椀洀愀搀愀洀攀渀琀攀漀椀琀漀洀椀氀琀漀焀甀攀猀Ⰰ 琀爀愀稀愀戀椀漀最爀愀昀椀愀搀攀䨀漀猀 䄀椀氀琀漀渀䘀椀最甀攀椀爀攀搀漀Ⰰ 㔀㈀愀渀漀猀Ⰰ 猀愀挀攀爀搀漀琀攀栀 ㈀　愀渀漀猀攀倀爀漀挀漀渀愀倀愀爀焀甀椀愀匀漀䨀漀漀䈀愀琀椀猀琀愀氀漀挀愀氀椀稀愀搀愀攀洀甀洀戀愀椀爀爀漀渀愀稀漀渀愀爀甀爀愀氀搀愀挀椀搀愀搀攀搀攀倀椀爀愀挀椀挀愀戀愀Ⰰ 椀渀琀攀爀椀漀爀搀漀䔀猀琀愀搀漀搀攀匀漀倀愀甀氀漀⸀ 伀瀀攀爀昀椀氀挀漀渀琀愀愀栀椀猀琀爀椀愀愀琀爀愀瘀猀搀攀爀攀氀愀琀漀猀搀漀攀渀琀爀攀瘀椀猀琀愀搀漀攀搀愀猀漀戀猀攀爀瘀愀攀猀昀攀椀琀愀猀瀀攀氀漀愀甀琀漀爀Ⰰ 搀漀椀渀挀椀漀搀攀猀甀愀瘀椀搀愀洀漀爀愀渀搀漀渀漀猀洀漀爀爀漀猀搀愀挀椀搀愀搀攀搀漀刀椀漀搀攀䨀愀渀攀椀爀漀Ⰰ 猀攀甀攀渀瘀漀氀瘀椀洀攀渀琀漀挀漀洀漀洀甀渀搀漀搀漀琀爀昀椀挀漀攀愀攀砀瀀甀氀猀漀搀漀洀漀爀爀漀瀀愀爀愀愀猀爀甀愀猀漀渀搀攀挀漀渀栀攀挀攀甀搀甀爀愀猀爀攀愀氀椀搀愀搀攀猀瀀愀猀猀愀渀搀漀瀀攀氀漀挀漀渀琀愀琀漀挀漀洀漀瘀漀挀愀挀椀漀渀愀搀漀Ⰰ 愀昀爀甀猀琀爀愀漀搀攀猀漀渀栀漀猀搀攀猀洀愀渀挀栀愀搀漀猀Ⰰ 漀挀漀渀琀愀琀漀挀漀洀渀漀瘀愀猀挀甀氀琀甀爀愀猀攀攀砀瀀攀爀椀渀挀椀愀猀愀琀 愀爀攀猀瀀漀猀琀愀搀漀 ᠀猠椀洀ᤀ†愀漀挀栀愀洀愀搀漀搀攀䌀爀椀猀琀漀⸀ 刀攀氀愀琀愀漀猀瀀爀漀樀攀琀漀猀猀漀挀椀愀椀猀Ⰰ 愀猀瀀愀爀挀攀爀椀愀猀Ⰰ 漀猀氀甀最愀爀攀猀瀀漀爀漀渀搀攀瀀愀猀猀漀甀Ⰰ 漀猀瀀爀攀挀漀渀挀攀椀琀漀猀焀甀攀猀漀昀爀攀甀攀愀猀愀洀攀愀愀猀瀀愀爀愀猀攀最甀椀爀猀甀愀洀椀猀猀漀瘀漀挀愀挀椀漀渀愀氀⸀ O relato se inicia com a apresentação (descrição) da personagem e do seu espaço, inclusive ao realçar o momento da entrevista. “A secretaria paroquial, apesar do fim do expediente, estava com as luzes acesas devido a mais uma longa noite de inverno que se aproximava. Estava lá, em meio à papelada, sentado em uma escrivaninha, como a de uma repartição pública.” Ao longo do texto, são apresentadas declarações do perfilado, de modo a se perceber o seu moldo de expressão: “Você dormir e acordar com fome, o pessoal passar por você e te chamar de vagabundo ‘– vai trabalhar vagabundo! ’, eles não sabem o que se passa com um morador de rua, ninguém quer saber sua história”. E o relato se conclui, diferentemente do que se prescreve nas técnicas do jornalismo convencional, a partir de uma apreciação, na qual a entrevistadora/perfiladora/repórter se expõe: “Assim segue Ailton, que escutou o chamado: ‘Vem e segue-me’. Sua vida mostra que é possível seguir e que sempre existem outros caminhos. E pretende seguir, mesmo que sem teto, mas ao mesmo tempo com todos os tetos do mundo, sempre protegido por seu santo guerreiro, São Jorge, que segue gravado em sua pele, e pela fé que o move”.

CONSIDERAÇÕES
A produção do perfil possibilitou a prática da junção entre texto jornalístico e texto literário. Trata-se de uma experiência que passa pelas sensações transmitidas através de uma narrativa subjetiva esbarrando nas técnicas do jornalismo que transmitem, nas entrelinhas da história contada, o conhecimento e a informação característicos da redação jornalística. Participar ativamente de todo o processo de criação, fez com que a sensibilidade fosse detalhadamente trabalhada para narrar uma história de vida que é exclusiva do entrevistado e que, assim como pude sentir os momentos de sua trajetória, eu tinha a missão de transmiti-la. Desenvolver o projeto permitiu mergulhar nas características humanas da subjetividade e estender ao leitor a experiência de imersão em um universo certamente novo para muitos, o da “Vocação” e da vida e alma humana, pecadora, sofredora que um padre tem, como todos nós.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS
VILAS BOAS, Sérgio. Perfis e como escrevê-los. São Paulo: Summus, 2005 LAGE, Nilson. A reportagem – Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. RJ, Record, 2001. PENA, Felipe. Jornalismo literário. São Paulo: Contexto, 2006. WOLFE, Tom. Radical Chique e o Novo Jornalismo. São Paulo, Companhia das Letras, 2005.

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