ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #008bd2"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00376</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO06</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Anônimos: Além do Espelho</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;GABRIELA DE SOUSA (Universidade de Mogi das Cruzes); HÉRCULES SILVA MOREIRA (Universidade de Mogi das Cruzes); YASMIN RIBEIRO DE CASTRO (Universidade de Mogi das Cruzes); LEONARDO CARLOS DE PAULA (Universidade de Mogi das Cruzes); THIAGO CAETANO PAIVA (Universidade de Mogi das Cruzes); PABLO JANUÁRIO DA SILVA (Universidade de Mogi das Cruzes)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Transexualidade, Gênero, Dignidade, Programa Jornalístico Especial, Igualdade</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O presente artigo, apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso dos estudantes de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), refere-se à produção de um programa jornalístico especial. Nomeado "Anônimos: Além do Espelho", o trabalho buscou compreender e explorar o universo que envolve a transexualidade, o que inclui o processo de transição de gênero e suas ramificações, bem como as relações do indivíduo com a sociedade e sua recolocação no mercado de trabalho. O objetivo principal foi, por meio de pesquisas bibliográficas e entrevistas, produzir um audiovisual que apresentasse o assunto por meio de histórias e depoimentos de pessoas transexuais, além de esclarecer dúvidas sobre o tema. Deste modo, promoveu-se uma discussão sobre a dignidade humana e o combate à transfobia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Para Cauldwell (1945, apud EKINS, 2001) transexual é o indivíduo que não se identifica com seu sexo biológico, reconhecendo-se como pertencente ao sexo oposto. Trata-se, portanto, daquele que nasce em um corpo ao qual não pertence, como um nascido homem que se identifica como mulher, ou vice-versa. Deste modo, compreende-se que, quando não se adequa ao seu sexo físico, reconhecendo-se como trans, o indivíduo pode realizar a redesignação de gênero, conhecida como mudança de sexo. Este processo inclui acompanhamento psicológico, ambulatorial e cirúrgico e é irreversível. Logo no início, o paciente é acompanhado por uma equipe médica por, no mínimo, dois anos. Nessa fase, o atendimento psicológico torna-se indispensável para que a transexualidade seja realmente identificada. Sendo confirmada, o paciente poderá passar pelos tratamentos hormonais e cirúrgico, se for da sua vontade, para uma melhor adequação física. Até 1997, a cirurgia de mudança de sexo era proibida no Brasil, o que obrigava transexuais a procurarem clínicas clandestinas ou países em que o procedimento fosse liberado. Em 2008, o Ministério da Saúde passou a oferecer o processo transexualizador, incluindo a cirurgia e tratamentos ambulatoriais, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No ano de 2013, o Governo Federal publicou uma portaria que aumentou e redefiniu a assistência do SUS ao processo. Com a atuação de movimentos que incentivam o amor próprio e a aceitação, a transexualidade ganha cada vez mais repercussão nas redes sociais online. No entanto, a mídia convencional ainda se mostra carente de discussões que envolvam o universo transexual de forma humanizada. Por este motivo, "Além do Espelho" abordou o assunto por diferentes ângulos, sob a intenção de evidenciar que a transexualidade está além da aparência física, sendo uma questão de caráter social. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O principal objetivo foi produzir um programa jornalístico especial que abordasse os desafios enfrentados pelas pessoas transexuais em meio a uma sociedade predominantemente cisgênera. Para isso, inicialmente, a produção tratou de explicar o que é a transexualidade, além de esclarecer dúvidas sobre o assunto. Em seguida, buscou-se entender a relação do indivíduo transexual com a sociedade, exibindo os desafios enfrentados nos âmbitos do mercado de trabalho, preconceito, relação familiar e autoestima. Por fim, "Anônimos: Além do Espelho", promoveu uma reflexão sobre a dignidade humana. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O tema "transexualidade" despertou interesse do grupo devido a sua relevância social e importância nos âmbitos de debate sobre a dignidade humana. Além disso, é válido ressaltar que a temática ainda é pouco discutida na mídia convencional. Na televisão, por exemplo, os debates sobre transfobia  preconceito contra os transexuais  tornam-se cada vez mais frequentes. No entanto, este meio ainda se mostra carente de informações que abordem a transexualidade de forma humanizada, de modo a exibir seus desafios diante de uma sociedade predominantemente cisgênera  formada por pessoas que se identificam com seu sexo biológico. Dessa forma, este trabalho tornou-se justificável devido à necessidade de esclarecer dúvidas sobre um tema que, segundo dados do Ministério da Saúde , a cada ano mostra-se mais presente na sociedade brasileira. Entre 2008 e 2016, o SUS realizou 349 procedimentos hospitalares cirúrgicos para transexualização. Nesse mesmo período, foram feitos 13.863 procedimentos ambulatoriais, que incluem acompanhamento psicológico e médico, relacionados à redesignação sexual. A pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde também mostra que, em 2015, foram realizados 3.388 atendimentos ambulatoriais para pessoas em busca da mudança de sexo. No ano seguinte, foram 4.467 atendimentos, o que representa um aumento de 32%. O número de cirurgias de mudança do sexo masculino para o feminino também cresceu. Foram realizadas 23 em 2015 e 34 em 2016, um aumento de 48%. Já a busca pela terapia hormonal teve um aumento de 187%, sendo 52 em 2015 e 149 no ano seguinte. Os dados sobre a transexualidade no Brasil ainda vão além. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que abriga o Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação, é um dos nove centros que realizam o processo transexualizador pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Hospital, um a cada 30 mil homens, além de uma a cada 100 mil mulheres, são transexuais. Com o aumento no número de casos de transexualidade, isto é, de pessoas reconhecendo sua verdadeira identidade de gênero, torna-se indispensável abordar o assunto em seus diversos aspectos. Por isso, este trabalho buscou contribuir com os debates sobre a transexualidade ao analisar a transição de gênero como uma forma de busca pela identidade e pela dignidade humana, conforme prevê a Constituição. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV  promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. [...] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X  são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. (BRASIL. Constituição, 1988) Dar espaço aos debates que envolvem a transexualidade é permitir a colocação desses indivíduos na sociedade, livres da discriminação, contribuindo para a criação de políticas públicas que garantam seus direitos. Além disso, esclarecer eventuais dúvidas e informar é um modo de combater o preconceito e lembrar a igualdade independentemente da identidade de gênero ou orientação sexual.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A elaboração do Projeto Experimental baseou-se, inicialmente, no método de pesquisa bibliográfica. Como trata-se de um assunto pouco discutido na mídia convencional, foi necessário buscar embasamento teórico aprofundado, o que foi possível a partir da análise de obras que abordam o tema. Pesquisa bibliográfica, num sentido amplo, é o planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto [...]. Num sentido restrito, é um conjunto e procedimentos que visa identificar informações bibliográficas, selecionar os documentos pertinentes ao tema estudado [...]. (STUMPF in DUARTE, 2014, p. 51) Neste caso, destaca-se o livro A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual, de Berenice Bento. O discurso da autora, que é socióloga e pesquisadora no âmbito da transexualidade, aborda a redesignação sexual de forma a contribuir com o entendimento sobre o assunto. No entanto, outras obras que analisam as teorias de gênero, como o livro Gênero: uma categoria útil de análise histórica, de Joan Wallach Scott e informativos como o Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos de Jaqueline Gomes Jesus, também foram consultadas. Para a coleta de dado também foi utilizada a pesquisa exploratória. Justamente por abordar um assunto pouco frequente,  Além do Espelho foi desenvolvido, essencialmente, a partir de depoimentos e relatos de pessoas transexuais e de especialistas que puderam esclarecer os questionamentos levantados durante a produção. O uso desta metodologia, portanto, proporcionou um melhor entendimento sobre o assunto, além de permitir que fossem encontradas as fontes e personagens ideais. Como explica Gil: [...] [as pesquisas exploratórias] têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. [...] Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que "estimulem a compreensão". (GIL, 2002, p. 41) Após definir os métodos de pesquisa, o grupo utilizou técnicas para o desenvolvimento do programa  Anônimos . Por se tratar de um programa jornalístico especial, a entrevista foi uma das utilizadas. Essa técnica atuou como um recurso metodológico que, segundo Duarte (2014, p. 62), busca  recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer . Desta forma, os questionamentos deste trabalho foram respondidos pelos relatos e explicações dos entrevistados. É importante lembrar que, neste processo, o trabalho foi desenvolvido por meio da entrevista parcialmente estruturada. De acordo com Gil (2002, p. 117), essa técnica "é guiada por relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso", isto é, embora tenha um tema específico e um roteiro pré-definido, as entrevistas puderam ser guiadas a partir das respostas obtidas. Já o roteiro de perguntas foi construído por meio da técnica de questionários que, segundo o autor, é "composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações" (GIL, 2008, p. 121). Durante a realização das entrevistas, também foi preciso utilizar a técnica de observação, pois segundo Gil: A observação constitui elemento fundamental para a pesquisa. Desde a formulação do problema, passando pela construção de hipóteses, coleta, análise e interpretação de dados, a observação desempenha papel imprescindível no processo de pesquisa. (GIL, 2007, p. 100) Deste modo, a observação permitiu que os entrevistadores considerassem detalhes além do que foi dito pelos entrevistados, notando, por exemplo, suas reações e a forma como lidam com os assuntos abordados. Isto porque "a observação chega mesmo a ser considerada como método de investigação [...] nada mais é que o uso dos sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o cotidiano (GIL, 2007, p. 100).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">No início do primeiro semestre de 2017, os alunos do sétimo período de jornalismo foram orientados pelo professor Hércules Moreira sobre o regulamento que nortearia a produção do Trabalho de Conclusão de Curso. Após diversas discussões, os estudantes definiram que o Projeto Experimental seria desenvolvido como um programa jornalístico especial, tendo como referências os programas  A Liga , da Rede Bandeirantes, e o  Profissão Repórter , da Rede Globo. A princípio, o programa abordaria a prostituição de travestis, tema sugerido por um dos integrantes, que enxergou relevância no assunto após observar que este acontecimento era recorrente nas proximidades de seu trabalho, no bairro da República, em São Paulo. Porém, o grupo notou que a falta de iluminação, segurança, entre outros problemas, impossibilitariam a realização de gravações no local. Os integrantes, portanto, passaram a buscar uma nova pauta e se depararam com o termo  transexual , que até então era pouco explorado pela grande mídia. A oportunidade de trabalhar com um assunto relativamente  novo , responsável por tantas dúvidas e polêmicas, motivou a todos. O grupo, portanto, decidiu produzir um programa cujo episódio abordaria os desafios vividos pelas pessoas trans durante e após o processo de transição de gênero. Com essa base definida, deu-se início ao projeto. Nessa etapa, buscou-se colher materiais que abordassem o assunto. Para aprofundar a pesquisa, o grupo entrou em contato com o Ministério da Saúde, com ONGs e com o Fórum Mogiano LGBT. Durante este processo, também foi consultada a obra A Reinvenção do Corpo: Sexualidade e Gênero na Experiência Transexual, da autora Berenice Bento, por meio da qual os integrantes puderam perceber a delicadeza do tema e seus desdobramentos. O assunto era muito mais complexo do que o imaginado e isso exigiria muita dedicação e sensibilidade de todos. Familiarizados com a temática, o próximo passo foi encontrar um título para o episódio. Os integrantes chegaram ao nome  Além do Espelho , que representaria as questões que envolvem a transexualidade além das aparências. Mais tarde, foi definido que o nome do programa seria  Anônimos , simbolizando sua proposta de dar visibilidade às realidades vividas por pessoas comuns e, muitas vezes, marginalizadas no cotidiano. Com o nome definido, a equipe passou a procurar os personagens que integrariam o episódio. Essa foi uma das etapas mais difíceis, pois grande parte das pessoas trans consultadas demonstraram receio em se expor. A produção do programa entrou em contato com diversos potenciais personagens e, em muitas das vezes, obteve respostas negativas. A busca por personagens estendeu-se por algumas semanas até que, por meio do Fórum Mogiano LGBT, a equipe foi notificada sobre uma possível fonte para o programa. O contato recebido era de Alexandra Braga. Casada, ativista, pedagoga e mulher trans. Na mesma semana, um dos integrantes do grupo avistou em meio aos corredores da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), o estudante de publicidade e propaganda Ian Pietro, um homem trans. Com apenas 18 anos de idade e com uma excelente comunicação verbal, o jovem atendeu as expectativas do grupo e se tornou mais um personagem. Além de Alexandra e Ian, o programa passou a contar com Paulo Assunção, homem transexual que se destacava por ter dois filhos adotivos.  Além do Espelho também contou com a participação especial de Triz, um cantor transexual não-binário que fez sucesso em 2017 ao lançar a música  Elevação Mental que aborda preconceito e questões de autoestima. Com os entrevistados definidos, o grupo deu início ao processo de gravação das entrevistas que, com exceção de Triz, foram realizadas em duas partes para situar as ambientações de cada personagem. O primeiro entrevistado foi Triz, que falou sobre sua história de vida, além de abordar importância da representatividade trans no meio artístico. Depois foi a vez de Paulo, que inicialmente falou sobre sua colocação no mercado de trabalho. Ele, que é autônomo, chamou a atenção da equipe por exercer diversas funções no dia a dia, além de afirmar que não sofre preconceitos. Em uma segunda gravação, o entrevistado falou sobre Maria e Giovanni, filhos biológicos de sua primeira esposa que passaram a trata-lo como pai. O grupo também conversou com a melhor amiga do entrevistado, Juliana, que acompanhou toda a sua transformação física e emocional. Já a gravação realizada com Alexandra abordou o relacionamento dela com Alex, homem cisgênero, com quem está casada há mais de 18 anos. A personagem também falou sobre sua autoestima, antes e depois da cirurgia de transição de gênero. Alguns dias depois, o grupo dirigiu-se até a escola em que a entrevistada atua como pedagoga. Para gravar dentro da instituição, que pertence à rede municipal de ensino, foi necessário entrar em contato com a Prefeitura. Uma das dificuldades encontradas na ocasião, no entanto, foi gravar sem identificar os rostos das crianças que passavam pelos corredores. O último personagem entrevistado foi o Ian Pietro. Foram duas gravações, sendo a primeira direcionada às questões do preconceito e a segunda focada em assuntos pessoais, como a autoestima e a relação com a família. Finalizadas as entrevistas, foi dado início ao processo de edição, um dos mais complicados da produção. Após tantas horas de gravação, havia chegado o momento de selecionar o que seria utilizado na reportagem. Para isso, cada integrante ficou responsável pela decupagem de uma das entrevistas. Posteriormente, o grupo se reuniu para discutir como os trechos selecionados se completariam no programa final. Nesta etapa, iniciou-se a estruturação de vídeo simultânea à construção do texto, o que incluía offs e passagens, além da abertura, da introdução e do encerramento do programa  Anônimos . Durante o processo de edição, a equipe também discutiu a identidade visual, que seria aplicada desde a abertura até o fim do programa. Tendo em vista que a atração abordaria o cotidiano, buscou-se um design que representasse o meio urbano. Na vinheta, a equipe optou por usar imagens de rostos diferentes, que foram divididas ao meio e atreladas umas às outras. O objetivo era levar mais proximidade para o telespectador. Para obter um bom número de imagens, foi realizada uma sessão de fotos na própria universidade. Além das fotos, a equipe também produziu imagens do cotidiano, como multidões saindo de trens, pessoas atravessando ruas e carros em meio ao trânsito. Também foi definido que cada episódio do programa  Anônimos , embora mantivesse a mesma tipografia, traria cores diferentes. Por tanto, em  Além do Espelho , o logo e os GCs contariam com as cores da bandeira trans: o azul, o rosa e o branco. Por fim, foi a vez de produzir as passagens de abertura, introdução e encerramento do programa. A primeira foi feita em frente ao Hospital das Clínicas de São Paulo, enquanto as demais foram realizadas na Avenida Paulista, escolhida por ter um cenário extremamente urbano, que remete à ideia de  cotidiano proposta pelo audiovisual. Estes últimos itens, bem como as artes tipográficas, foram acrescentados no processo de pós-produção do programa. Nesta etapa, o grupo também se dedicou às correções de áudio e luz do produto.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">A primeira etapa de produção do projeto experimental, permitiu que o grupo compreendesse a real importância de se discutir a transexualidade. O assunto, que embora parecia tão distante da nossa realidade como cisgêneros, mostrou-se mais relevante do que o esperado ao mostrar sua importância no âmbito do respeito e da dignidade como direitos do ser humano. Por meio das pesquisas bibliográfica e exploratória, o grupo pôde esclarecer dúvidas sobre a transexualidade, além de conhecer as melhores fontes para a concretização das fases posteriores do projeto. Já na pesquisa de mercado, comprovou-se o interesse público de desvendar aquilo que ainda despertava dúvidas. Na segunda parte, quando se deu início à produção do programa, as percepções sobre o tema se reforçaram. As entrevistas com pessoas trans fizeram com que a equipe notasse que a transexualidade é uma questão de gênero, psíquica, que surge do indivíduo e é alheia ao corpo sexuado. Entendeu-se, principalmente, que discutir a transexualidade é combater o preconceito. Dar espaço aos debates que envolvem o tema é reconhecer as dificuldades enfrentadas por esta parcela da população, o que permite a criação de políticas pública que assegurem seus direitos.  Além do Espelho expôs, assim como proposto, a transexualidade além das aparências. Por fim, o grupo conclui que este Trabalho de Conclusão de Curso foi mais do que um projeto acadêmico. Foi, principalmente, uma forma de olhar o próximo com delicadeza, reconhecendo e dando voz à sua realidade.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BENTO, Berenice. A Reinvenção do Corpo: Sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond Universitária, 2006<br><br>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 15 mar. 2017<br><br>CARVALHO, Alexandre et al. Reportagem na TV: como fazer, como produzir, como editar. São Paulo: Contexto, 2010.<br><br>Coletivo TransRevolução. Ato pela Visibilidade Trans. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: <http://grupotransrevolucao.blogspot.com.br/>. Acesso em: 7 set. 2017.<br><br>CUNHA, Thaís; HANNA, Wellington. 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Disponível em: <http://www.diversidadesexual.com.br/wp-content/uploads/2013/04/G%C3%8ANERO-CONCEITOS-E-TERMOS.pdf> Acesso em: 29 mar. 2017.<br><br>KOTSCHO, Ricardo. A Prática da Reportagem. São Paulo: Ática, 1995.<br><br>NUH-UFM. Transexualiddes e Saúde Pública No Brasil: Entre a Invisibilidade e a Demanda por Políticas Públicas para Homens Trans. Minas Gerais, 2015. Disponível em <http://www.nuhufmg.com.br/homens-trans-relatorio2.pdf>. Acesso em: 12 set. 2017.<br><br>PRECIADO, Beatriz. Manifesto contra-sexual: práticas subversivas de la identidad sexual. Madrid: Pensamiento Opera Prima, 2002.<br><br>RUBIN, Gayle. Reflexionando sobre el sexo: notas para una teoria radical de la sexualidad. In: VANCE, Carole. Placer y Peligro: explorando la sexualidad feminina. Madrid: Talasa, 1989.<br><br>SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Porto Alegre: Educação & Realidade, 1995.<br><br>SIQUEIRA, Deis. Prefácio. In: BENTO, Berenice. 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