INSCRIÇÃO: 00510
 
CATEGORIA: JO
 
MODALIDADE: JO11
 
TÍTULO: Amulherar-se: o repertório passado de mãe para filha na construção da sexualidade feminina
 
AUTORES: Gabriella Garcia Sanches Feola (Universidade de São Paulo)
 
PALAVRAS-CHAVE: sexualidade, educação sexual, feminismo, mulher, gênero
 
RESUMO
O livro conta histórias de mães e filhas vindas de quatro famílias reais, acompanhando as trajetórias de cada personagem na sua época. A narrativa mostra como, em cada contexto, se aprendeu o que é “ser mulher”, como foi o processo de construção da sexualidade, como as regras de cada geração interferiram na vida de cada uma e na transmissão do aprendizado para a outra. A descrição das trajetórias mostra a individualidade de cada mulher, as diferenças entre as épocas vividas, classes sociais, contextos locais, assim como também revela os valores que se perpetuam por décadas a fio.
 
INTRODUÇÃO
Amulherar-se significa tomar jeitos de mulher, e ser mulher é coisa que se aprende. Aprendemos das nossas mães, irmãs, professoras, tias, colegas, mas não aprendemos igual. Ser mulher é um conceito dinâmico, e as regras do meu tempo são muito diferente daquelas aplicadas às minhas avós.਀ Partindo de estudos teóricos sobre a construção da sexualidade, o impacto do diálogo, a influência da família e do meio social, esse livro se faz retrato da prática. Quando dizemos que a criação e as regras impostas sobre o que é e como ser mulher afeta a vida das mulheres, poucas vezes conseguimos enxergar como essa interferência se dá no cotidiano real e cheio de outras questões. Sem análises do discurso sobre as vidas pessoais das protagonistas, o livro pretende trazer a luz como a sexualidade, junto aos comportamentos morais e afetivos, são parte das trajetórias vivas das mulheres, das suas escolhas, das suas aspirações, dos seus medos. ਀ Lola casou aos 18 e, aos 20, decidiu que queria descobrir o mundo. Tinha o jeito da mãe, indomável, e a filha também demonstrava ter puxado a avó. Herdaram, as três, o karma de não saberem ser a mulher que queriam que elas fossem.਀ Nas suas histórias imaginárias, Beatriz se tocava para sentir aquelas coisas. Não sabia o que era, mas sentia que era pecado - e ela, fraca, fazia de novo. Por isso que suas preces não eram atendidas. Castigo. Por isso estava fadada a tantas dores.਀ Larissa não queria que a mãe sofresse com os comentários de todos os poucos mil habitantes da cidade. Mas até parece que ela, Lurdes, que viveu para ser mãe, deixaria barato se alguém falasse ou fizesse algum mal à menina. E a nova namorada da filha era linda, sim.਀ Não era para sentar em colo de Papai Noel, não era para deixar abraçar, nem beijar e, se o pai chegasse bêbado, cada uma das pequenas deveriam entregar um pau à Maria José para ela matar o desgraçado. As filhas precisavam aprender a se virar. ਀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀  㠀戀搀㈀∀㸀㰀戀㸀伀䈀䨀䔀吀䤀嘀伀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀伀 漀戀樀攀琀椀瘀漀  洀漀猀琀爀愀爀 挀漀洀漀 愀 挀漀渀猀琀爀甀漀 搀愀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 昀攀洀椀渀椀渀愀 攀瘀漀氀甀 攀洀 挀愀搀愀 甀洀愀 搀攀猀猀愀猀 昀愀洀氀椀愀猀Ⰰ 攀 挀漀洀漀 攀猀猀愀 攀瘀漀氀甀漀 猀攀 爀攀氀愀挀椀漀渀愀 挀漀洀 愀 挀爀椀愀漀 搀攀 洀攀 瀀愀爀愀 昀椀氀栀愀Ⰰ 挀漀洀 漀猀 挀漀渀琀攀砀琀漀猀 猀漀挀椀愀椀猀Ⰰ 挀漀洀 愀猀 挀椀搀愀搀攀猀Ⰰ 漀猀 戀愀椀爀爀漀猀 攀 愀猀 爀攀最爀愀猀⸀ 一漀 洀攀 愀琀爀攀瘀漀 愀 搀椀猀猀攀爀琀愀爀 猀漀戀爀攀 漀猀 琀爀愀漀猀 瀀猀椀挀漀猀猀漀挀椀愀椀猀 焀甀攀 椀渀昀氀甀攀渀挀椀愀爀愀洀 攀猀琀愀猀 爀攀氀愀漀 攀 洀漀氀搀愀爀愀洀 搀椀氀漀最漀猀⸀ 䴀攀 瀀爀漀瀀漀渀栀漀Ⰰ 渀漀 氀椀瘀爀漀Ⰰ 愀 爀攀甀渀椀爀 栀椀猀琀爀椀愀猀 爀攀愀椀猀 搀攀 洀甀氀栀攀爀攀猀 搀攀 搀椀昀攀爀攀渀琀攀猀 挀漀渀琀攀砀琀漀猀 攀 爀攀挀爀椀愀爀 挀攀渀爀椀漀猀⸀ 䴀漀猀琀爀愀爀 挀漀洀漀 昀漀椀 猀攀爀 樀漀瘀攀洀 攀 昀椀氀栀愀 攀洀 搀椀瘀攀爀猀愀猀 瀀漀挀愀猀Ⰰ 挀漀洀漀 昀漀椀 搀攀猀挀漀戀爀椀爀Ⰰ 搀攀猀攀渀瘀漀氀瘀攀爀 攀Ⰰ 瀀漀爀焀甀攀 渀漀Ⰰ 瀀漀搀愀爀 愀 瀀爀瀀爀椀愀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀⸀ 䴀漀猀琀爀愀爀 愀 琀爀愀渀猀椀漀 搀愀 洀攀渀椀渀愀 焀甀攀 猀攀 搀攀猀挀漀戀爀椀愀 攀洀 洀甀氀栀攀爀 焀甀攀 猀攀 琀漀爀渀愀 洀攀 攀 攀搀甀挀愀搀漀爀愀⸀ 䌀爀椀愀爀 甀洀 瀀愀渀漀爀愀洀愀 搀攀 挀漀渀琀爀愀猀琀攀猀 攀 猀攀洀攀氀栀愀渀愀猀 攀渀琀爀攀 瀀漀挀愀猀⸀ 䔀渀琀爀攀 漀猀 渀漀猀 焀甀攀 甀洀 洀甀氀栀攀爀 漀甀瘀椀甀 攀 漀猀 渀漀猀 焀甀攀 琀攀瘀攀 搀攀 搀椀稀攀爀 愀 猀甀愀 挀爀椀愀⸀  ਀伀 漀戀樀攀琀椀瘀漀 搀攀猀琀攀 氀椀瘀爀漀 挀栀攀椀漀 搀攀 琀爀愀樀攀琀爀椀愀猀  瀀爀漀瀀漀爀挀椀漀渀愀爀 猀甀戀猀琀爀愀琀漀 瀀愀爀愀 甀洀 搀攀戀愀琀攀 搀攀 挀漀洀漀 愀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 Ⰰ 愀漀 洀攀猀洀漀 琀攀洀瀀漀Ⰰ 洀甀椀琀漀 瀀愀爀琀椀挀甀氀愀爀Ⰰ 攀 琀愀洀戀洀 昀爀甀琀漀 搀攀 甀洀 挀漀渀琀攀砀琀漀 最攀爀愀氀㬀 挀漀洀漀 漀猀 搀椀琀漀猀 攀 渀漀 搀椀琀漀猀 搀愀猀 洀攀猀Ⰰ 搀愀猀 椀爀洀猀Ⰰ 搀愀猀 愀洀椀最愀猀 椀洀瀀愀挀琀愀洀 愀 渀漀猀猀愀 挀漀渀挀攀瀀漀 搀攀 洀甀渀搀漀Ⰰ 愀漀 洀攀猀洀漀 琀攀洀瀀漀 焀甀攀 樀愀洀愀椀猀 挀栀攀最愀洀 愀 洀漀氀搀ⴀ氀愀猀 搀攀 甀洀愀 洀攀猀洀愀 洀愀渀攀椀爀愀⸀  ਀䨀甀渀琀漀 愀 琀甀搀漀 椀猀猀漀Ⰰ 漀 漀戀樀攀琀椀瘀漀 搀攀猀琀攀 氀椀瘀爀漀 琀愀洀戀洀  洀漀猀琀爀愀爀 挀漀洀漀 愀 瘀椀搀愀 搀愀猀 洀甀氀栀攀爀攀猀 洀甀搀漀甀 愀漀 氀漀渀最漀 搀愀猀 最攀爀愀攀猀Ⰰ 搀漀猀 攀猀瀀愀漀猀 搀漀猀 洀漀搀攀氀漀猀 搀攀 昀愀洀氀椀愀 攀Ⰰ 挀漀洀漀 攀洀 洀攀椀漀 愀 琀漀搀愀猀 攀猀猀愀猀 搀椀昀攀爀攀渀愀猀Ⰰ 愀椀渀搀愀 栀 猀攀洀攀氀栀愀渀愀猀 焀甀攀 甀渀攀洀 漀 ᰀ焠甀攀  猀攀爀 洀甀氀栀攀爀ᴀ†攀洀 瀀漀挀愀猀 攀 攀猀瀀愀漀猀 挀漀洀瀀氀攀琀愀洀攀渀琀攀 搀椀猀琀椀渀琀漀猀⸀ ਀伀 搀椀氀漀最漀 攀 挀漀洀漀 攀猀琀攀 猀攀 搀攀甀 攀洀 搀椀昀攀爀攀渀琀攀猀 昀愀猀攀猀 搀愀 瘀椀搀愀 搀攀 挀愀搀愀 甀洀愀  樀甀猀琀愀洀攀渀琀攀 漀 瀀漀渀琀漀 搀攀 攀渀挀漀渀琀爀漀 搀愀 栀椀猀琀爀椀愀 搀攀 甀洀愀 昀椀氀栀愀 挀漀洀 猀甀愀 洀攀 攀  愀 渀愀爀爀愀琀椀瘀愀 搀攀氀攀Ⰰ 攀 渀漀 愀 猀甀愀 愀渀氀椀猀攀Ⰰ 焀甀攀 搀攀瘀攀 昀愀氀愀爀 挀漀洀 漀 氀攀椀琀漀爀⸀
 
JUSTIFICATIVA
Não se pode mais dizer que a sexualidade é um tema proibido para a mulher, no entanto, tampouco está livre de tabus. É recorrente que as produções que se dirigem à mulher e que abordam o sexo, o corpo, o prazer e o comportamento, venham a seguir a linha diagnóstica - seja mais regulamentada “para evitar a gravidez precoce, é preciso usar camisinha, anticoncepcional” ou até em pró de nossos direitos “precisamos lutar pelo feminismo, porque, todos os dias, mulheres sofrem por causa da violência de gênero e pelas pressões psicológicas que o padrão estabelece”. Sendo assim, acredito que seja muito relevante, enquanto jornalista e também enquanto estudante de uma universidade pública, abordar a sexualidade feminina por uma perspectiva mais íntima, humana e aprofundada em nossos motivos e em nossos motores. Quem sabe assim, possamos enxergar as raízes complexas, individuais e diversas de certos problemas, para que, no momento seguinte, possamos pensar em soluções aplicáveis. ਀ -Por que a fulana engravidou sem querer, se ela sabia dos métodos anticoncepcionais? ਀ⴀ䌀漀洀漀 愀 挀椀挀氀愀渀愀Ⰰ 猀攀渀搀漀 琀漀 椀渀搀攀瀀攀渀搀攀渀琀攀Ⰰ 攀渀琀爀漀甀 攀洀 搀攀瀀爀攀猀猀漀 搀攀瀀漀椀猀 搀攀 琀攀爀洀椀渀愀爀 漀 爀攀氀愀挀椀漀渀愀洀攀渀琀漀 愀戀甀猀椀瘀漀㼀  -Como se fundamenta a nossa tendência a repetir determinados comportamentos? ਀ Dentre todos os muitos fatores que nos influenciam - a mídia, a educação escolar, o contato com os nossos pares, - a criação familiar se destaca como fator de peso. Sendo assim, escolhi conhecer mulheres de uma mesma família, para que que possamos observar mais de perto essa transmissão de conceitos de geração para geração, enquanto os outros fatores - mídia, escola e amigos - são abordados paralelamente. ਀ Durante a graduação, realizei alguns projetos direcionados às mulheres nos quais escrevia sobre sexualidade. A cada projeto realizado, de uma em uma, meninas e mulheres me procuravam para falar o quanto fazia falta poder ler sobre o corpo e o desenvolvimento do prazer feminino, e ainda sugeriam outros temas e pediam, também, abordagens sobre disfunções e inseguranças por uma outra perspectiva. Esse contato com outras mulheres me mostrou a carência que, principalmente as jovens, têm de consumir conteúdos de qualidade focados na vida sexual feminina enquanto fator a ser desfrutado. Essas conversas também me mostraram uma série de problemas que, por nunca terem me acometido, e porque nenhuma das mulheres a minha volta jamais falou, eu desconhecia a existência, como, por exemplo, o vaginismo, os métodos contraceptivos naturais, entre outros.਀ Se, ao calar um assunto, negamos sua existência, pareceu necessário produzir material que, ainda que não seja o primeiro a falar sobre nenhum desses temas, ajuda a dar volume para temáticas que costumam passar silenciosas pelas vidas de tantas mulheres. ਀ Pensando em como seria possível fazer algo que ajudasse a mudar a base e que contribuísse para a reconstrução dos conceitos de “ser mulher”, ocorreu a mim abordar a educação e o diálogo que se dá de mãe para filha desde a infância até a terceira idade.਀ Tratei de fundar a minha base teórica enquanto delimitava o projeto. Li pesquisas quantitativas, qualitativas, teses de pesquisadores do ramo da psicologia, da pedagogia, da medicina, e, tendo claro que não podia seguir por nenhuma dessas direções, escolhi contar histórias - e, na falta de uma descoberta inovadora sobre os efeitos do comportamento de uma na vida da outra, impactar os leitores pela empatia e identificação que se cria com cada uma dessas mulheres, que são reais e, sobretudo, que são mulheres normais. As coisas que acontecem na história de cada uma delas não são extraordinárias nem fora do usual; se parecem incríveis, é porque as mulheres, por toda a parte, estão sempre tratando de superar os impossíveis. ਀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀  㠀戀搀㈀∀㸀㰀戀㸀䴀준吀伀䐀伀匀 䔀 吀준䌀一䤀䌀䄀匀 唀吀䤀䰀䤀娀䄀䐀伀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀伀 椀渀挀椀漀 搀漀 瀀爀漀挀攀猀猀漀 猀攀 瘀漀氀琀漀甀 瀀愀爀愀 漀猀 攀猀琀甀搀漀猀 戀椀戀氀椀漀最爀昀椀挀漀猀Ⰰ 渀漀猀 焀甀愀椀猀 昀漀爀愀洀 瀀攀猀焀甀椀猀愀搀漀猀 搀愀搀漀猀 最攀爀愀椀猀 猀漀戀爀攀 漀 挀漀洀瀀漀爀琀愀洀攀渀琀漀 猀攀砀甀愀氀 搀漀 樀漀瘀攀洀 挀漀渀琀攀洀瀀漀爀渀攀漀Ⰰ 戀⤀ 爀攀氀愀攀猀 搀攀 搀椀氀漀最漀猀 攀渀琀爀攀 瀀愀椀猀 攀 昀椀氀栀漀猀Ⰰ 愀瀀爀漀昀甀渀搀愀渀搀漀 攀洀 焀甀攀猀琀攀猀 挀漀洀漀 戀⸀㄀⤀ 焀甀愀椀猀 漀猀 琀攀洀愀猀 洀愀椀猀 愀戀漀爀搀愀搀漀猀 瀀攀氀漀猀 瀀愀椀猀 戀⸀㈀⤀ 焀甀愀椀猀 漀猀 洀攀搀漀猀 焀甀攀 挀攀爀挀愀洀 漀 搀椀氀漀最漀Ⰰ 戀⸀㌀⤀ 焀甀愀椀猀 猀漀 愀猀 挀漀渀猀攀焀甀渀挀椀愀猀 搀攀猀琀攀 搀椀氀漀最漀 漀甀 昀愀氀琀愀 搀攀氀攀⸀ 䴀愀椀猀 瀀爀漀昀甀渀搀愀洀攀渀琀攀 攀渀琀爀愀爀攀洀漀猀 攀洀 琀攀洀愀猀 挀漀洀漀 挀⤀ 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 昀攀洀椀渀椀渀愀 攀 焀甀攀猀琀攀猀 搀攀 最渀攀爀漀Ⰰ 愀戀漀爀搀愀渀搀漀 挀漀洀漀 漀 瀀愀搀爀漀 搀攀 最渀攀爀漀 愀昀攀琀愀 漀 搀攀猀攀渀瘀漀氀瘀椀洀攀渀琀漀 搀愀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 搀愀 洀甀氀栀攀爀Ⰰ 搀⤀ 搀椀昀攀爀攀渀愀猀 攀渀琀爀攀 愀 攀搀甀挀愀漀 猀攀砀甀愀氀 愀瀀氀椀挀愀搀愀 愀 洀攀渀椀渀漀猀 攀 洀攀渀椀渀愀猀Ⰰ 攀ⴀ⤀ 攀搀甀挀愀漀 猀攀砀甀愀氀 渀愀 攀猀挀漀氀愀Ⰰ 焀甀愀氀 愀 昀甀渀漀 搀漀猀 攀搀甀挀愀搀漀爀攀猀 渀愀 昀漀爀洀愀漀 搀攀 最渀攀爀漀 搀愀猀 挀爀椀愀渀愀猀Ⰰ 攀 琀愀洀戀洀 昀ⴀ⤀ 攀搀甀挀愀漀 猀攀砀甀愀氀 搀攀 昀椀氀栀愀 瀀爀愀 洀攀Ⰰ 搀愀渀搀漀 甀洀 戀爀攀瘀攀 漀氀栀愀爀 猀漀戀爀攀 挀漀洀漀 愀 渀漀瘀愀 最攀爀愀漀 琀攀洀 愀昀攀琀愀搀漀 挀漀渀挀攀椀琀漀猀 洀愀椀猀 愀渀琀椀最漀猀 愀瀀氀椀挀愀搀漀猀 猀 洀攀猀⸀ ਀匀䔀䰀䔀윀쌀伀 䐀䔀 䔀一吀刀䔀嘀䤀匀吀䄀䐀䄀匀 A princípio as personagens da história central deveriam ser três famílias compostas por mãe, avó e filha. Dentro das expectativas ideais, para alcançar algum nível de representatividade mesmo com a pequena amostragem das famílias que serão entrevistadas, elenquei algumas características desejáveis:਀ Família na qual as mães não tiveram ensino superior e na qual as filhas tenham completado a trajetória escolar na escola pública.਀ Família em que houve caso de gravidez na adolescência਀ Família que passou/está passando por processo de mobilidade religiosa.਀ Família em que uma das mulheres seja homossexual਀ As famílias foram procuradas através de buscas em grupos de redes sociais, através da procura de contatos em conversa com outros amigos jornalistas. Ao encontrar uma mulher com uma história em potencial, eu realizava uma pré- entrevista por telefone na qual perguntava sobre as linhas gerais da trajetória desta e sobre a relação dela com as outras mulheres da família (filha/mãe). Se as histórias apresentassem potenciais de suscitar debate, tendo em vista o produto final, eu explicava os mecanismos de segurança da identidade e perguntava se a entrevistada tinha interesse. Uma vez que essa tivesse, eu pedia o contato das outras mulheres (mãe/filha) que deveriam participar para fechar o grupo, pedia que esta introduzisse o tema às outras e depois ligava para, novamente, fazer uma pré-entrevista e explicar o funcionamento do projeto. ਀ Em linhas gerais, os resultados das famílias encontradas foram os seguintes:਀琀漀搀愀猀 愀猀 焀甀攀 猀漀 洀攀猀 琀椀瘀攀爀愀洀 愀 琀爀愀樀攀琀爀椀愀 攀猀挀漀氀愀爀 戀愀猀攀愀搀愀 渀愀 攀猀挀漀氀愀 瀀切戀氀椀挀愀 três residem residentes em cidades do interior de São Paulo, cinco são nascidas fora da cidade de São Paulo (incluindo outros estados). ਀琀爀猀Ⰰ 搀攀 猀攀椀猀 昀椀氀栀愀猀Ⰰ 琀椀瘀攀爀愀洀 愀 琀爀愀樀攀琀爀椀愀 攀猀挀漀氀愀爀 戀愀猀攀愀搀愀 渀漀 猀椀猀琀攀洀愀 瀀切戀氀椀挀漀 três, das nove personagens, são negras਀甀洀愀Ⰰ 搀愀猀 渀漀瘀攀 瀀攀爀猀漀渀愀最攀渀猀Ⰰ  昀椀氀栀愀 搀攀 戀漀氀椀瘀椀愀渀漀 uma é lésbica਀琀爀猀 昀愀洀氀椀愀猀 挀漀渀琀愀瘀愀洀 挀漀洀Ⰰ 愀漀 洀攀渀漀猀Ⰰ 甀洀愀 洀甀氀栀攀爀 焀甀攀 瘀椀瘀攀渀挀椀漀甀 愀 最爀愀瘀椀搀攀稀 渀漀 瀀氀愀渀攀樀愀搀愀 dentre as mais jovens, da terceira geração, temos 5 casos de gestações não planejadas਀䐀攀渀琀爀攀 愀猀 洀愀椀猀 瘀攀氀栀愀猀Ⰰ 搀愀 猀攀最甀渀搀愀 攀 瀀爀椀洀攀椀爀愀 最攀爀愀漀Ⰰ 琀攀洀漀猀 ㌀ 挀愀猀漀猀 搀攀 最攀猀琀愀漀 渀漀 瀀氀愀渀攀樀愀搀愀 ⠀䌀愀猀漀猀 搀攀挀氀愀爀愀搀漀猀⤀ uma família de criação religiosa ਀甀洀愀 昀愀洀氀椀愀 攀洀 焀甀攀 愀猀 昀椀氀栀愀猀 ⠀琀攀爀挀攀椀爀愀 最攀爀愀漀⤀ 瀀攀爀搀攀爀愀洀 愀 洀攀 愀椀渀搀愀 渀愀 愀搀漀氀攀猀挀渀挀椀愀⸀ ਀䐀愀猀 搀椀昀椀挀甀氀搀愀搀攀猀 搀攀猀猀攀 瀀爀漀挀攀猀猀漀 挀愀戀攀 挀椀琀愀爀 焀甀攀 栀漀甀瘀攀 戀愀猀琀愀渀琀攀 搀椀昀椀挀甀氀搀愀搀攀 渀漀 攀渀最愀樀愀洀攀渀琀漀 搀愀 瀀愀爀琀攀 搀愀猀 愀瘀猀 ⠀㄀愀 最攀爀愀漀⤀⸀ 一漀琀愀ⴀ猀攀 焀甀攀 椀猀猀漀 愀挀漀渀琀攀挀攀甀 瀀漀爀㨀 ㄀ⴀ⤀ 椀搀愀搀攀 洀甀椀琀漀 愀瘀愀渀愀搀愀Ⰰ 愀昀攀琀愀渀搀漀 愀 愀甀琀漀渀漀洀椀愀Ⰰ 洀攀洀爀椀愀 漀甀 氀漀挀漀洀漀漀㬀 ㈀ⴀ⤀洀攀搀漀 漀甀 琀爀椀猀琀攀稀愀 愀漀 昀愀氀愀爀 猀漀戀爀攀 漀 瀀愀猀猀愀搀漀㬀 ㌀ⴀ⤀ 爀攀挀攀椀漀 搀攀 洀漀猀琀爀愀爀 猀甀愀猀 栀椀猀琀爀椀愀猀 愀猀 昀椀氀栀愀猀 攀 渀攀琀愀猀 漀甀 搀攀 漀甀瘀椀爀 愀猀 栀椀猀琀爀椀愀猀 搀攀氀愀猀㬀 㐀ⴀ⤀ 瀀爀漀挀攀猀猀漀猀 搀攀瀀爀攀猀猀椀瘀漀猀⸀ ਀䔀一吀刀䔀嘀䤀匀吀䄀匀 Selecionadas as famílias, as entrevista foram feitas - todas e imprescindivelmente - pessoalmente e, de preferência na residência de cada uma. A pauta da entrevista era guiada por linhas gerais bem definidas e que deveriam ser iguais a todas - essa linha determinada se baseava em abordar as mesmas etapas e processos da vida de cada uma -, no entanto, a pré entrevista moldava as particularidades da entrevista com cada um, tendo total liberdade para que cada história se ganhasse profundidade de uma maneira particular e única. ਀ Foi um desafio conseguir ganhar a confiança dessas mulheres e intimidade o suficiente para entrar em certos temas. A técnica para driblar os tabus,a vergonha e o status de desconhecida foi bastante informal: comida. Ao visitar as pessoas, eu levava café da manhã, lanche da tarde ou jantar. Assim, mais do que uma entrevista unidirecional, se estabelecia um momento de refeição, no qual as formalidades eram mais facilmente deixadas de lado. ਀ Também aproveitei para conviver com a família o máximo possível, a título de entender seus contextos, as estruturas das relações, e de poder observar seus gênios no que concerne ao trato social dentro do ambiente familiar. Fiquei para festa de aniversário de uma família, dormi na casa de Larissa em Bauru, tomei cerveja com os colegas da república dela; cozinhei almoço e sobremesa, estendi roupa junto da Priscila e depois levamos as filhas dela para tomar sorvete. Me senti e me fiz membro da família, sempre tomando cuidado para deixar meu papel meu claro e me preocupando em absorver as histórias sem encaixá-las em qualquer moldura que eu já tivesse pré-concebido na idealização do livro.਀ Me preocupei também em não ‘sumir’. Naturalmente eu voltava a ligar para as famílias, enquanto escrevia o livro, para tirar uma ou outra dúvida no que concerne à detalhes das histórias, confirmação de datas, ordem dos acontecimentos, etc. Além disso me preocupava em dar satisfações sobre o trabalho de tempos em tempos. ਀ CAPÍTULOS਀䄀 瀀爀椀渀挀瀀椀漀 愀 椀渀琀攀渀漀 攀爀愀 昀爀愀最洀攀渀琀愀爀 愀猀 栀椀猀琀爀椀愀猀 攀洀 昀愀猀攀猀 搀愀 瘀椀搀愀 搀攀 洀漀搀漀 焀甀攀 漀 挀愀瀀琀甀氀漀  ㄀ 愀戀漀爀搀愀猀猀攀 愀 椀渀昀渀挀椀愀Ⰰ 樀甀渀琀愀渀搀漀 搀攀 琀漀搀愀猀 愀猀 渀漀瘀攀Ⰰ 洀攀猀挀氀愀渀搀漀 愀猀 瀀漀挀愀猀 攀 挀漀渀琀攀砀琀漀猀⸀ 伀 猀攀最甀椀渀琀攀Ⰰ 愀戀漀爀搀愀爀椀愀 愀 愀搀漀氀攀猀挀渀挀椀愀 攀 愀猀猀椀洀 瀀漀爀 搀椀愀渀琀攀⸀ 一攀猀猀攀 瀀氀愀渀漀Ⰰ 攀爀愀 渀漀 挀愀瀀琀甀氀漀 搀愀 洀愀琀攀爀渀椀搀愀搀攀 焀甀攀 漀猀 氀愀漀猀 猀攀 昀漀爀洀愀爀椀愀洀Ⰰ 爀攀瘀攀氀愀渀搀漀 焀甀攀洀  洀攀Ⰰ 攀 焀甀攀洀  昀椀氀栀愀 搀攀 焀甀攀洀⸀ ਀一漀 攀渀琀愀渀琀漀Ⰰ 愀 愀戀漀爀搀愀最攀洀 瀀攀渀猀愀搀愀 渀漀 昀甀渀挀椀漀渀漀甀 焀甀愀渀搀漀 椀洀瀀氀攀洀攀渀琀愀搀愀⸀ 䄀猀 栀椀猀琀爀椀愀猀 爀攀猀甀氀琀愀爀愀洀 洀甀椀琀漀 昀爀愀最洀攀渀琀愀搀愀猀Ⰰ 挀漀渀昀甀渀搀椀渀搀漀 漀 氀攀椀琀漀爀 攀 搀椀昀椀挀甀氀琀愀渀搀漀 愀 挀爀椀愀漀 搀攀 氀愀漀猀 挀漀洀 愀猀 瀀攀爀猀漀渀愀最攀渀猀 愀瀀爀攀猀攀渀琀愀搀愀猀⸀  ਀䄀 猀攀最甀渀搀愀 瀀爀漀瀀漀猀琀愀 昀漀椀 洀攀 瀀愀甀琀愀爀 瀀攀氀愀 搀椀瘀椀猀漀 昀愀洀椀氀椀愀爀Ⰰ 渀愀 焀甀愀氀 攀甀 洀愀渀琀椀瘀攀 甀洀愀 氀椀渀攀愀爀椀搀愀搀攀 瀀愀爀挀椀愀氀⸀ 䄀 栀椀猀琀爀椀愀 椀渀椀挀椀愀瘀愀 攀洀 甀洀 搀愀搀漀 洀漀洀攀渀琀漀 攀猀挀漀氀栀椀搀漀Ⰰ 愀 琀爀愀洀愀 瀀爀漀最爀椀搀攀 瀀愀爀愀 漀猀 攀瘀攀渀琀漀猀 昀甀琀甀爀漀猀 攀 爀攀琀漀洀愀 漀猀 愀挀漀渀琀攀挀椀洀攀渀琀漀猀 愀渀琀攀爀椀漀爀攀猀 瀀漀爀 洀攀椀漀 搀攀 洀攀洀爀椀愀猀 焀甀攀 猀甀爀最攀洀 攀洀 漀挀愀猀椀攀猀 攀猀琀爀愀琀最椀挀愀猀 攀 挀漀攀爀攀渀琀攀猀⸀ ਀吀愀洀戀洀 昀漀椀 渀攀挀攀猀猀爀椀漀 猀攀氀攀挀椀漀渀愀爀Ⰰ 攀洀 挀愀搀愀 昀愀洀氀椀愀Ⰰ 甀洀愀 瀀攀爀猀漀渀愀最攀洀 焀甀攀 愀猀猀甀洀椀猀猀攀 漀 瀀爀漀琀愀最漀渀椀猀洀漀Ⰰ 樀 焀甀攀Ⰰ 愀 琀攀渀琀愀琀椀瘀愀 搀攀 攀猀挀爀攀瘀攀爀 愀猀 栀椀猀琀爀椀愀猀 搀愀渀搀漀 瀀攀猀漀 椀最甀愀氀  琀漀搀愀猀Ⰰ 渀漀 琀攀瘀攀 戀漀渀猀 爀攀猀甀氀琀愀搀漀猀 渀愀 洀攀搀椀搀愀 焀甀攀 愀 氀椀渀栀愀 渀愀爀爀愀琀椀瘀愀 猀攀 昀爀愀最洀攀渀琀愀瘀愀 攀 愀氀最甀渀猀 愀挀漀渀琀攀挀椀洀攀渀琀漀猀 瀀愀爀攀挀椀愀洀 搀椀猀瀀攀爀猀漀猀Ⰰ 搀攀猀挀漀渀攀挀琀愀搀漀猀⸀ ਀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀ऀ㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀  㠀戀搀㈀∀㸀㰀戀㸀䐀䔀匀䌀刀䤀윀쌀伀 䐀伀 倀刀伀䐀唀吀伀 伀唀 倀刀伀䌀䔀匀匀伀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀ 愀氀椀最渀㴀∀樀甀猀琀椀昀礀∀㸀䔀匀吀刀唀吀唀刀䄀 䔀 䐀䔀匀䄀䘀䤀伀匀 䐀伀 倀刀伀䌀䔀匀匀伀 À parte da estruturação, algumas dificuldades se apresentaram no momento da escrita. Uma delas foi a conciliação entre histórias de mães e filhas. Muitas versões não coincidiam. A mais exemplar delas é o exemplo a seguir:਀ Priscila conta que não queria casar com o namorado, mas o fez por causa da mãe e da avó. A mãe não deixava que ela dormisse na casa dele e, um dia, namorando no portão, ela e o namorado falaram, de brincadeira, que casariam escondido, assim a mãe não poderia mais impedir. Segundo a Priscila, a avó teria ouvido a conversa pela metade e teria contado à mãe. Dois dias depois, supostamente, mesmo revoltada com a decisão da filha, a mãe teria comprado uma geladeira, a tia, um conjunto de armário para cozinha. Isso, sem que a garota tivesse ideia do rebuliço que estava acontecendo pelos telefones em decorrência do casamento ‘de mentira’. Com tudo comprado, Priscila até tentou desistir do casamento, mas a avó foi quem exerceu a pressão dizendo que, à essa altura, a Priscila não poderia sair por ai falando que fora tudo invencionice da avó, seria um desrespeito tremendo da parte dela. ਀ Lola, mãe da Priscila, por sua vez, apresenta uma versão completamente diferente. Segundo a mãe, a escolha teria sido da filha com o namorado. Inclusive, ela fora quem informou a mãe, pessoalmente, sobre o casamento. Lola teria conversado com a filha sobre, tentado dissuadi-la da ideia, mas a garota insistia que era isso mesmo que ela queria, e que precisava traçar seu caminho e cometer os erros por si só. Lola confirma que, posteriormente, Priscila tentou desistir do casamento, mas que, acabou aceitando o matrimônio depois que o noivo voltou chorando. ਀ Numa segunda confrontação Priscila negou veementemente que ela tenha informado a mãe do casamento e disse que jamais teve alguma conversa em que a Lola tentou dissuadi-la do matrimônio.਀ Por mais que eu tentasse confrontar as histórias e encontrar um meio termo, onde a os fatos tivessem coerência, e as divergências ficasse apenas nos pontos de vista, não foi possível alcançar esse consenso. Essa situação se repetiu em outras histórias, ainda que de maneira menos divergentes. Refletindo sobre minhas opções, pensei na possibilidade de que seria interessante escrever todas as duas versões e deixar que elas se confrontassem na trama, mostrando não só um conflito, bem como as diferentes formas que uma tem de enxergar a história da outra.਀ No entanto, me pareceu que colocar o fato de tal forma, mostrando que cada uma tem uma forma de enxergar e de contar suas histórias, de modo a se colocar na posição que mais lhe convém, denotaria análise, o que não me proponho a fazer no livro. Escolhi em apenas passar pelos fatos, sem muitos detalhes, mencionando que houve divergência. ਀ Outra dificuldade foi tirar a história da narrativa factual de sequência. Eu gostaria que o livro tivesse, além dos fatos, elementos simbólicos e dissertações sobre os sentimentos e questões internas de cada uma. Muitas vezes, dependendo da quantidade de detalhes que a entrevistada naturalmente me apresentava, isso foi possível, como, por exemplo, na história da Lola. Em outros momentos, perceber esses simbolismos e fluxo de conflitos internos de cada uma, foi uma dificuldade.਀ IDENTIDADE VISUAL E ASPECTOS TECNICOS਀伀 氀椀瘀爀漀 昀漀椀 椀洀瀀爀攀猀猀漀 瀀愀爀愀 猀攀爀 愀瀀爀攀猀攀渀琀愀搀漀 挀漀洀漀 吀䌀䌀 攀 瀀漀爀琀愀渀琀漀Ⰰ 昀漀椀 攀搀椀琀漀爀愀搀漀 猀漀戀 愀 氀最椀挀愀 搀漀 洀愀琀攀爀椀愀氀 椀洀瀀爀攀猀猀漀⸀ 倀攀渀猀愀渀搀漀 猀漀戀爀攀 愀 椀搀攀渀琀椀搀愀搀攀 瘀椀猀甀愀氀Ⰰ 攀甀 琀椀渀栀愀 愀氀最甀渀猀 搀攀猀攀樀漀猀 攀 渀攀渀栀甀洀愀 椀搀攀椀愀⸀ 䜀漀猀琀愀爀椀愀 焀甀攀 瀀愀猀猀愀猀猀攀 愀 猀攀渀猀愀漀 搀攀 愀氀最漀 愀挀漀渀挀栀攀最愀渀琀攀Ⰰ 焀甀攀 爀攀洀攀琀攀猀猀攀 愀 ᰀ挠愀猀愀 搀攀 瘀ᴀⰠ 瀀爀攀昀攀爀椀愀 焀甀攀 愀猀 挀漀爀攀猀 昀甀最椀猀猀攀洀 搀漀猀 氀甀最愀爀攀猀 挀漀洀甀渀猀 挀漀洀漀 漀 䰀椀氀猀 搀愀 戀愀渀搀攀椀爀愀 昀攀洀椀渀椀猀琀愀 攀 漀 爀漀猀愀Ⰰ 瘀攀爀洀攀氀栀漀 攀 瘀椀渀栀漀Ⰰ 焀甀攀 挀漀猀琀甀洀愀 瘀椀爀 愀猀猀漀挀椀愀搀漀  猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 昀攀洀椀渀椀渀愀⸀ 吀愀洀戀洀 渀漀 焀甀攀爀椀愀 瀀爀攀猀攀渀琀攀 愀猀 氀攀琀爀愀猀 椀琀氀椀挀愀猀Ⰰ 挀漀洀 爀漀挀漀挀猀Ⰰ 焀甀攀 爀攀洀攀琀攀洀  氀攀琀爀愀 搀攀 洀漀Ⰰ 瀀漀爀 愀挀爀攀搀椀琀愀爀 焀甀攀 攀猀猀愀 猀椀洀戀漀氀漀最椀愀 爀攀昀漀爀愀 漀 攀猀琀攀爀攀琀椀瀀漀 搀攀 焀甀攀 洀甀氀栀攀爀攀猀 猀漀 挀漀洀瀀氀攀砀愀猀Ⰰ 挀栀攀椀愀猀 搀攀 瘀漀氀琀愀猀 攀 挀愀瀀爀椀挀栀漀猀⸀  ਀刀攀挀漀爀爀椀 愀 甀洀愀 攀猀琀甀搀愀渀琀攀 搀攀 樀漀爀渀愀氀椀猀洀漀 挀漀洀 戀愀猀琀愀渀琀攀 挀漀渀栀攀挀椀洀攀渀琀漀 攀洀 搀椀愀最爀愀洀愀漀 瀀愀爀愀 洀攀 愀甀砀椀氀椀愀爀 渀攀猀猀攀 焀甀攀猀椀琀漀 琀挀渀椀挀漀⸀ 䄀 瀀愀爀琀攀 椀渀琀攀爀渀愀 挀漀爀爀攀猀瀀漀渀搀攀甀 愀 琀漀搀愀猀 洀椀渀栀愀猀 攀砀瀀攀挀琀愀琀椀瘀愀猀㨀 琀椀瀀漀最爀愀昀椀愀 愀挀漀渀挀栀攀最愀渀琀攀Ⰰ 挀漀渀瘀椀搀愀琀椀瘀愀Ⰰ 洀漀搀攀爀渀愀 洀愀猀 爀攀昀攀爀攀渀挀椀愀渀搀漀  猀攀爀椀昀愀 搀愀猀 洀焀甀椀渀愀猀 搀攀 攀猀挀爀攀瘀攀爀㬀 愀猀 挀愀瀀愀猀 搀漀猀 挀愀瀀琀甀氀漀猀 琀愀洀戀洀 昀漀爀愀洀 戀攀洀 猀甀挀攀搀椀搀愀猀 攀洀 瀀愀猀猀愀爀 猀椀洀瀀氀椀挀椀搀愀搀攀 攀 洀椀渀椀洀愀氀椀猀洀漀㬀 漀 挀漀渀琀爀愀猀琀攀 挀漀洀 漀 瀀爀攀琀漀 椀渀瘀攀爀琀椀搀漀 昀愀稀 爀攀昀攀爀渀挀椀愀 愀 ᰀ洠漀猀琀爀愀爀 甀洀 漀甀琀爀漀 氀愀搀漀 搀愀 栀椀猀琀爀椀愀ᴀⰠ 攀 洀攀 瀀愀爀攀挀攀甀  甀洀 挀漀渀樀甀渀琀漀 搀攀 猀洀戀漀氀漀猀 愀搀攀焀甀愀搀漀猀Ⰰ 瀀漀爀 渀漀 爀攀挀漀爀爀攀爀攀洀 愀 猀攀渀猀愀挀椀漀渀愀氀椀猀洀漀猀 漀甀 氀甀最愀爀攀猀 挀漀洀甀渀猀⸀ ਀䄀 挀漀渀昀攀挀漀 搀愀 挀愀瀀愀 昀漀椀 甀洀 瀀漀渀琀漀 搀攀 挀漀渀昀氀椀琀漀Ⰰ 樀 焀甀攀 攀甀 攀 愀 搀椀愀最爀愀洀愀搀漀爀愀 渀漀 挀栀攀最愀洀漀猀 攀洀 甀洀 洀攀椀漀 琀攀爀洀漀⸀ 䔀渀琀攀渀搀攀洀漀猀 焀甀攀 漀 洀攀氀栀漀爀 攀爀愀 瀀攀搀椀爀 焀甀攀 漀甀琀爀愀猀 瀀攀猀猀漀愀猀 昀椀稀攀猀猀攀 攀猀猀愀 瀀愀爀琀攀 搀漀 琀爀愀戀愀氀栀漀⸀ 一漀 攀渀琀愀渀琀漀Ⰰ 瀀漀爀 挀愀甀猀愀 搀愀 洀甀搀愀渀愀⸀ 漀猀 搀攀琀愀氀栀攀猀 昀椀渀愀椀猀 搀愀 搀椀愀最爀愀洀愀漀 昀漀爀愀洀 昀攀椀琀漀猀 猀 瀀爀攀猀猀愀猀⸀ ਀䄀 挀愀瀀愀 愀琀甀愀氀 爀攀瀀爀攀猀攀渀琀愀 洀椀渀栀愀 椀搀攀椀愀 椀渀椀挀椀愀氀 瀀漀爀 琀攀爀 愀 琀攀砀琀甀爀愀 搀攀 愀稀甀氀攀樀漀猀Ⰰ 爀攀昀攀爀攀渀挀椀愀渀搀漀  琀爀愀搀椀漀 攀  ᰀ挠愀猀愀 搀攀 瘀ᴀ⸠ 䄀 瀀愀氀愀瘀爀愀 䄀洀甀氀栀攀爀愀爀ⴀ猀攀 渀漀  洀甀椀琀漀 挀漀渀栀攀挀椀搀愀 攀 猀甀愀 昀爀愀最洀攀渀琀愀漀 搀椀昀椀挀甀氀琀愀 愀椀渀搀愀 洀愀椀猀 愀 氀攀椀琀甀爀愀⸀ 一漀 攀渀琀愀渀琀漀Ⰰ 搀椀愀渀琀攀 搀愀猀 漀瀀攀猀 搀攀 挀愀瀀愀Ⰰ 愀焀甀攀氀愀 挀漀洀 愀 氀攀椀琀甀爀愀 洀愀椀猀 搀椀昀椀挀甀氀琀漀猀愀 洀攀 瀀愀爀攀挀攀甀 愀 攀猀挀漀氀栀愀 挀漀爀爀攀琀愀 渀愀 洀攀搀椀搀愀 攀洀 焀甀攀 漀 瀀爀漀挀攀猀猀漀 搀攀 攀渀琀攀渀搀攀爀 攀 搀攀 猀攀 琀漀爀渀愀爀ⴀ猀攀 洀甀氀栀攀爀 琀愀洀戀洀 漀 ⸀ 䔀砀椀最攀 琀攀洀瀀漀Ⰰ 爀攀昀氀攀砀漀Ⰰ 搀攀戀愀琀攀⸀ 䄀猀猀椀洀 挀漀洀漀 愀 挀愀瀀愀Ⰰ 瀀攀搀攀 甀洀 漀氀栀愀爀 洀愀椀猀 挀甀椀搀愀搀漀猀漀 瀀愀爀愀 焀甀攀Ⰰ 攀渀琀漀Ⰰ 愀 瀀攀爀挀攀瀀漀 搀漀 琀琀甀氀漀 猀攀 爀攀瘀攀氀攀Ⰰ 愀漀猀 瀀漀甀挀漀猀Ⰰ 愀琀 漀 洀漀洀攀渀琀漀 攀洀 焀甀攀 猀攀 琀漀爀渀愀 渀琀椀搀漀⸀
 
CONSIDERAÇÕES
No dia seguinte da minha apresentação, tive uma triste notícia. A Lola havia falecido. Durante as entrevistas eu já sabia que ela vinha enfrentando um câncer, mas conforme os exames que me mostrava, suas expectativas eram otimistas. Infelizmente, três semanas antes, começou a sentir dores na coluna e soube que era sinal de metástase atingindo o sistema nervoso central. Ela não resistiu e faleceu aos 42 anos de idade.਀ Foi só depois de concluir esse trabalho, eu pude perceber alguns dos processos que me acometeram durante todo o processo: A alteridade e o diálogo, o outro enquanto acontecimento. Cada uma dessas mulheres, e cada uma dessas histórias foram acontecimentos na minha vida que alteraram o meu ser e não me permitiram voltar para o mesmo espaço que eu ocupava no começo da pesquisa.਀ Se abrir para o outro e para toda a sua complexidade é um desafio porque é pessoal, porque afeta ambas as partes em instâncias das mais íntimas e, ao mesmo tempo, é necessário. A postura fria e distante, encarada como sinônimo de seriedade, não garante a objetividade dos fatos e ainda afasta o relato da verdade pessoal de quem o vivenciou, coloca barreira a empatia do público e desumaniza as trajetórias humanas que são em si cheias de nuances, perspectivas, dúvidas e contradições. ਀ Eu espero que este trabalho possa servir como inspiração e como facilitador do diálogo intergeracional, como retrato e como lupa para que possamos refletir essas outras e às nossas próprias trajetórias na construção da sexualidade e no diálogo familiar. ਀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀☀渀戀猀瀀㬀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀㰀猀瀀愀渀 猀琀礀氀攀㴀∀挀漀氀漀爀㨀 ⌀  㠀戀搀㈀∀㸀㰀戀㸀刀䔀䘀䔀刀쨀一䌀䤀䄀匀 䈀䤀䈀䰀䤀伀䜀刀섀䤀䌀䄀匀㰀⼀戀㸀㰀⼀猀瀀愀渀㸀㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀琀爀 眀椀搀琀栀㴀∀㤀 ─∀㸀㰀琀搀 挀漀氀猀瀀愀渀㴀∀㈀∀㸀䬀伀䌀䠀Ⰰ 匀琀攀瀀栀攀渀⸀ 伀昀椀挀椀渀愀 搀攀 䔀猀挀爀椀琀漀爀攀猀⸀ 圀䴀䘀 䴀愀爀琀椀渀猀 䘀漀渀琀攀猀㨀 䈀爀愀猀椀氀Ⰰ ㈀  㠀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䠀䔀䤀䰀䈀伀刀一Ⰰ 䴀愀爀椀愀 䰀甀椀稀愀⸀ 伀 愀瀀爀攀渀搀椀稀愀搀漀 搀愀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀⸀ 刀攀瀀爀漀搀甀漀 攀 琀爀愀樀攀琀爀椀愀猀 猀漀挀椀愀椀猀 搀攀 樀漀瘀攀渀猀 戀爀愀猀椀氀攀椀爀漀猀⸀ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀㨀 䜀愀爀愀洀漀渀搀 攀 䘀椀漀挀爀甀稀Ⰰ ㈀  㘀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀刀䄀䴀䤀刀伀Ⰰ 䰀切挀椀愀Ⰰ 攀琀 愀氀⸀ 䔀搀甀挀愀漀 猀攀砀甀愀氀Ⰰ 挀漀渀栀攀挀椀洀攀渀琀漀猀Ⰰ 挀爀攀渀愀猀Ⰰ 愀琀椀琀甀搀攀猀 攀 挀漀洀瀀漀爀琀愀洀攀渀琀漀猀 渀漀猀 愀搀漀氀攀猀挀攀渀琀攀猀⸀ 刀攀瘀⸀ 倀漀爀琀⸀ 匀愀甀⸀ 倀甀戀⸀Ⰰ 䰀椀猀戀漀愀Ⰰ 瘀 ㈀㤀Ⰰ 渀⸀㄀Ⰰ 瀀⸀ ㄀㄀ⴀ㈀㄀Ⰰ 䨀愀渀⸀ ㈀ ㄀㄀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀 㰀栀琀琀瀀㨀⼀⼀眀眀眀⸀猀挀椀攀氀漀⸀洀攀挀⸀瀀琀⼀猀挀椀攀氀漀⸀瀀栀瀀㼀猀挀爀椀瀀琀㴀猀挀椀开愀爀琀琀攀砀琀☀瀀椀搀㴀匀 㠀㜀 ⴀ㤀 ㈀㔀㈀ ㄀㄀   ㄀    ㌀㸀 䄀挀攀猀猀漀 攀洀  ㈀ 搀攀 昀攀瘀攀爀攀椀爀漀 搀攀 ㈀ ㄀㜀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀匀䄀唀䜀伀Ⰰ 䬀琀椀愀 刀愀焀甀攀氀⸀ 䄀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 渀愀 䄀搀漀氀攀猀挀渀挀椀愀㨀 唀洀愀 瀀攀爀猀瀀攀挀琀椀瘀愀 搀漀猀 瀀愀椀猀⸀ 䄀搀漀氀攀猀挀渀挀椀愀 渀愀 䴀漀搀攀爀渀椀搀愀搀攀Ⰰ ㈀ ㄀㈀⸀ 䐀椀猀瀀漀渀瘀攀氀 攀洀 㰀栀琀琀瀀㨀⼀⼀眀眀眀⸀爀攀搀攀瀀猀椀⸀挀漀洀⸀戀爀⼀㈀ ㄀㈀⼀ 㠀⼀㌀ ⼀愀ⴀ猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀ⴀ渀愀ⴀ愀搀漀氀攀猀挀ⴀ渀挀椀愀ⴀ甀洀愀ⴀ瀀攀爀猀瀀攀挀琀椀瘀愀ⴀ搀漀猀ⴀ瀀愀椀猀⼀㸀 䄀挀攀猀猀漀 攀洀 ㈀㈀ 搀攀 搀攀稀攀洀戀爀漀 搀攀 ㈀ ㄀㘀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䠀䔀䤀䰀䈀伀刀一 䴀䰀 ⠀漀爀最⸀⤀⸀ 䘀愀洀氀椀愀 攀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀⸀ 䴀愀爀椀愀 䰀甀椀稀愀 䠀攀椀氀戀漀爀渀⸀ 䔀搀椀琀漀爀愀 䘀䜀嘀Ⰰ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀Ⰰ ㈀  㐀 Ⰰ ㄀㔀㌀ 瀀瀀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀匀䄀嘀䔀䜀一䄀䜀伀Ⰰ 匀⸀ 䐀⸀ 伀⸀Ⰰ ☀ 䄀爀瀀椀渀椀Ⰰ 䐀⸀ 䴀⸀ ⠀㈀ ㄀㘀⤀⸀ 䄀 愀戀漀爀搀愀最攀洀 搀漀 琀攀洀愀 猀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 渀漀 挀漀渀琀攀砀琀漀 昀愀洀椀氀椀愀爀㨀 漀 瀀漀渀琀漀 搀攀 瘀椀猀琀愀 搀攀 洀攀猀 搀攀 愀搀漀氀攀猀挀攀渀琀攀猀⸀ 倀猀椀挀漀氀漀最椀愀㨀 䌀椀渀挀椀愀 攀 倀爀漀昀椀猀猀漀Ⰰ ㌀㘀⠀㄀⤀㨀 ㄀㌀ ⴀ㄀㐀㐀⸀ 搀漀椀㨀㄀ ⸀㄀㔀㤀 ⼀㄀㤀㠀㈀ⴀ㌀㜀 ㌀  ㄀㈀㔀㈀ ㄀㐀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䘀伀唀䌀䄀唀䰀吀Ⰰ 䴀椀挀栀攀氀⸀ 䄀 栀椀猀琀爀椀愀 搀愀 匀攀砀甀愀氀椀搀愀搀攀 䤀㨀 䄀 瘀漀渀琀愀搀攀 搀攀 匀愀戀攀爀⸀ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀㨀䔀搀椀攀猀 䜀爀愀愀氀 䰀琀搀愀Ⰰ ㄀㤀㤀㤀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䈀䔀䄀唀嘀伀䤀刀Ⰰ 匀⸀ 搀攀⸀ 䈀漀砀 漀 猀攀最甀渀搀漀 猀攀砀漀⸀ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀㨀 一漀瘀愀 䘀爀漀渀琀攀椀爀愀Ⰰ ㈀ ㄀㘀⸀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀䠀䔀刀䴀䄀一一Ⰰ 一愀搀樀愀⸀ 䄀 焀甀攀猀琀漀 搀漀 漀甀琀爀漀 攀 漀 搀椀氀漀最漀⸀ 刀攀瘀椀猀琀愀 䈀爀愀猀椀氀攀椀爀愀 搀攀 䔀搀甀挀愀漀Ⰰ 瘀漀氀⸀ ㄀㤀Ⰰ 渀切洀⸀ 㔀㜀Ⰰ 愀戀爀椀氀ⴀ樀甀渀椀漀Ⰰ ㈀ ㄀㐀Ⰰ 瀀瀀⸀ 㐀㜀㜀ⴀ㐀㤀㌀⸀ 䄀猀猀漀挀椀愀漀 一愀挀椀漀渀愀氀 搀攀 倀猀ⴀ䜀爀愀搀甀愀漀 攀 倀攀猀焀甀椀猀愀 攀洀 䔀搀甀挀愀漀⸀ 刀椀漀 搀攀 䨀愀渀攀椀爀漀Ⰰ 䈀爀愀猀椀氀㰀戀爀㸀㰀戀爀㸀ऀ㰀⼀琀搀㸀㰀⼀琀爀㸀㰀⼀琀愀戀氀攀㸀㰀⼀戀漀搀礀㸀㰀⼀栀琀洀氀㸀