ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #008bd2"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00882</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO15</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Um cantinho para chamar de lar</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Suellen Pessanha Guedes Rocha (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Gabrielle Almeida de Araujo (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Marieta Keller Ramos da Silva Santos (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Lucas Passos Jacomim (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); José Cardoso Ferrão Neto (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Refugiados, Intolerância, Emigrante, Diversidade, Culturas</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O documentário apresentado tem o objetivo de adentrar no universo dos refugiados no Brasil. Explorar e connhecer a cultura desses indivíduos e o impacto que é para eles estar em um país completamente diferente do seu de origem. O projeto visa compreender o que é ser um refugiado no Brasil, seus medos, anceios e conquistas. Trabalhando com cidadãos de diversos países, conseguimos captar um pouco das demandas de cada um e o focamos no modo como cada etnia é recebida no Brasil.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Nosso projeto foi pensado inicialmente a partir de um episódio de violência que ocorreu no dia 28/07/2017, em Copacabana. Um refugiado Sírio teve sua barraca de comidas árabes quebrada, após ser alvo de xingamentos e intolerância por parte de um brasileiro. Na ocasião o homem profere as seguintes palavras: "saia do meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bombas que mataram, esquartejaram crianças, adolescentes. São miseráveis". A partir desse fato, pensamos em retratar as experiências de um refugiado no Brasil. Na produção foi preciso um recorte geográfico para buscar as fontes - principalmente devido a logística dos estudantes, onde todos residem na baixada fluminense. Desta forma, foram entrevistados refugiados que moram atualmente no estado do Rio de Janeiro. Todos os recursos financeiros foram dos próprios autores. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O grande objetivo do documentário é conhecer a causa dos refugiado no Brasil, abordando e respondendo questões que são cruciais tanto para os pedintes do refugio quanto para os que dão abringo a essas pessoas. As principais questões retratadas são: Por que o indivíduo escolheu o Brasil; Como foi a recepção dos cidadãos brasileiros; Se o refugiado já havia sofrido rejeição no país de refugio; Indagações sobre o choque cultural; Dificuldade em aprender o português e reflexões cotidianas sobre moradia, trabalho e família.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O número de refugiados aumenta a cada ano no Brasil. Segundo dados divulgados pelo CONARE no relatório  Refúgio em Números , o Brasil reconheceu, até o final de 2017, um total de 10.145 refugiados de diversas nacionalidades. Desses, apenas 5.134 continuam com registro ativo no país, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. Os sírios representam 35% da população refugiada com registro ativo no Brasil. De acordo como CONARE, um em cada quatro refugiados no país são sírios. Esse cenário é consequência da guerra da Síria. Com isso, a maioria dos refugiados no Brasil são refugiados de guerra. A partir dessa conjuntura e do episódio do sírio Mohamed Ali, em Copacabana, decidimos retratar e aprofundar o assunto dentro das possibilidades que nosso grupo tinha de fazê-lo. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> A disciplina de Mídia Sonora enriqueceu totalmente todos os alunos que passaram por ela. A simplicidade da linguagem usada no rádio encantou até aqueles que gostavam de rebuscar o vocabulário na hora de falar. Entendemos que o rádio é a mídia da clareza e que, quase sempre, temos que partir do pressuposto que o ouvinte realiza outras tarefas enquanto está escutando programas, noticiários, radionovelas, entre outros. Esse veículo obriga o locutor a ser objetivo e, ao mesmo tempo, redundante. O motivo da objetividade é o fácil entendimento, já que esse ouvinte não terá outros mecanismos de compreensão, como na TV, com as imagens. A redundância é outra ferramenta usada para o melhor entendimento do espectador, já que partimos do pressuposto que o ouvinte está realizando outras tarefas ao mesmo tempo, então, reforçar alguns aspectos importantes da notícia é crucial para esse receptor. Balsebre (2005, p. 327) declara que  (...) existe linguagem quando tem- se um conjunto sistemático de signos que permite certo tipo de comunicação . Para o autor, no caso do rádio essa linguagem é definida como  (...) o conjunto de formas sonoras e não sonoras representadas pelos sistemas expressivos da palavra, da música, dos efeitos sonoros e do silêncio, cuja significação vem determinada pelo conjunto de recursos técnicos/expressivos da reprodução sonora e o conjunto de fatores que caracterizam o processo de percepção sonora e imaginativo-visual dos ouvintes (2005, p. 329). Sendo assim, o rádio é composto, não apenas pela exploração da fala, mas também pelos elementos compostos por ela, inclusive o silencio, a pausa da respiração, o som do ambiente. Todos esses componentes são cruciais para criar um conteúdo imagético para o ouvinte. Para Arnheim (2005, pp. 62-64)  (...) a essência do rádio consiste em oferecer a totalidade somente por meio sonoro O que torna a linguagem radiofónica uma  composição sonora invisível da palavra, música, ruído e silêncio, enunciada em tempo real (MEDITISCH, 1999, p. 127).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O tema refugiado é vasto e engloba diversas questões. Necessidades, motivos do refúgio, questões étnicos-raciais, entre outras particularidades provindas de cada cultura. Falar sobre todos os aspectos dessa problemática tornaria nosso trabalho gigante em tempo e superficial em conteúdo. Nos atentamos, então, a falar de questões fundamentais e aprofunda-las. Esse processo nos possibilitou conhecer diferentes perspectivas de cada indivíduo retratado. Cada refugiado falou por seu povo, sobre como eram tratados e como foram recebidos no Brasil. Vimos que etnias diferentes possuem tratamento e receptividade diferente. O documentário foi criado com muito cuidado e zelo por cada entrevistado. Tivemos como objetivo de criação produzir um documentário que respeitasse todos esses diferentes pontos de vista. Mostrando todos os lados das histórias que nos foram contadas. Outro aspecto essencial priorizado no trabalho foi a não manipulação de áudios e entrevistas. Deixamos nossos entrevistados livres para contar a sua história e fizemos perguntas gerais. Assim, pensamos ser a forma mais justa de trabalhar, como já afirmava o autor Edgar Morin,  desmanchar a comédia, rasgar a máscara, arrancar o entrevistado da sua reserva, forçá-lo nas suas trincheiras, ora, pelo contrário, deixá-lo falar e calar-se (MORIN, 1973, p.13). Nenhuma questão foi abordada com o intuito de direcionar uma pauta pronta. Esse último ponto nos surpreendeu bastante, pois antes de iniciar o documentário, tínhamos outra ideia do que era ser refugiado e conhecemos, de forma positiva, o outro lado da narrativa. As histórias foram alocadas por assuntos. Sonoras com assuntos relacionados foram colocadas próximas. Entre esses relatos, foram colocadas passagens explicando o contexto de cada situação. No final do produto adicionamos informações mais objetivas sobre cada tipo de refugiado. Acreditamos que essas informações são cruciais para o entendimento do ouvinte, principalmente brasileiro, sobre os motivos que fazem um indivíduo sair de sua terra natal para migrar para outro país. Tentando aproximar o ouvinte da realidade do refugiado, como explica Jorge Ijuim:  Construir narrativas deve envolver uma contextualização precisa e profunda, fruto de uma observação/percepção cuidadosa dos fenômenos sociais. Para as narrativas contextualizadas há que se contemplar os nexos, as significações desejáveis à audiência, de modo que esta perceba os sentidos das mensagens a sua vida (IJUIM, 2007). Toda construção do projeto foi pensada de forma a trazer reflexão sobre o assunto para os cidadãos brasileiros, fazendo eles enxergarem que esses povos precisam de ajuda para se reerguer. Com isso, pensamos em aclarar o objetivo do nosso documentário com músicas que fizessem referencia a diversidade e aceitação do diferente. Ilustramos nosso trabalho com as seguintes cançoes:  Diversidade , de Lenine,  Ser diferente é normal , de Gilberto Gil e Preta Gil,  Diaspora , dos Tribalistas,  Imunização Racial , de Tim Maia,  Pra não dizer que eu não falei das flores , de Geraldo Vandré e Stand By Me, na versão do grupo Playing For Change. A edição contém também diversos efeitos sonoro. Utilizamos recortes de reportagens sobre o tema refugiados e sobrepomos esses recortes em uma vinheta de  alerta/suspense para impactar o ouvinte sobre a importância da causa, esse áudio foi empregado na introdução. Adicionamos também um som de avião decolando, para simbolizar a saída do país. Anexamos no projeto a música  Awimawe cantada por uma banda de refugiados congoleses, formada aqui no Brasil, como forma de exemplificar o trabalho deles. Um grande desafio e aprendizado foi fazer a tradução simultânea com a sonora de um entrevistado que só conseguia se expressar bem em inglês. No final usamos o recurso da repetição. A frase  Todos nós somos iguais foi dita por todos os entrevistados e alguns outros refugiados que não quiseram dar a entrevista completa por já estarem comprometidos com outros produtos. O documentário radiofônico tem duração de 21 minutos e 32 segundos. Os locutores e apresentadores Suellen Guedes, Marieta Keller e Gabrielle Araújo se revezam na exposição das situações. As traduções foram realizadas e faladas por Lucas Jacomim. O produto foi uma oportunidade para que os alunos do quarto período de jornalismo na UFRRJ pudessem colocar em prática os conteúdos teóricos aprendidos durante o semestre acadêmico. Compartilhar conhecimento cultural com pessoas de diferentes lugares do mundo e estabelecer uma relação de intercâmbio foi muito gratificante. Sendo uma experiência benéfica para a formação pessoal e profissional destes estudantes. Durante as conversas, observou-se a necessidade de criar um conteúdo que fosse contrário a representação dos refugiados pela mídia hegemônica, onde constantemente são retratados de modo caricato, apenas baseando a sua narrativa em políticas assistencialistas. É notório, contudo, que se faz preciso um maior zelo por parte da equipe de jornalismo em ampliar a história de cada emigrante. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Em primeiro lugar, o contato com esses indivíduos não foi fácil. Eles, em maioria, tem o perfil desconfiado, aparentando medo de uma suposta deportação a qualquer momento. Especulamos também que com os constantes ataques de intolerância, esses indivíduos tornam-se mais retraidos a qualquer contato com a mídia. Com isso o grande desafio é conquistar a confiança de cada um deles e entender suas necessidades e pontos de vista. Assim como já afirmou Cremilda, sobre a multiplicidade do processo de comunicação  situação psicossocial, de complexidade indiscutível (MEDINA, 1995, p.29) Pode-se citar também o vasto aprendizado que esse tipo de contato com o outro traz. Esse trabalho nos possibilitou a oportunidade de trabalhar com sírios, haitianos, venezuelanos, árabes e paquistaneses. Foi incrível observar a forma como cada cultura pensa, a forma como cada um se adequou no Brasil e o jeito que foram recebidos. Uma das considerações mais importantes foi o auxílio do professor José Ferrão da disciplina de Mídia Sonora. Além da assessoria em todo o processo, ele sempre foi solicito em tirar todas as dúvidas e apontar os erros de forma a nos fazer aprender com eles. Sendo o maior incentivador de um produto final de excelência. Para o José Ferrão, da UFRRJ, deixamos a fala de Eduardo Meditsch:  Quem se dedica a ensinar os outros a escrever para o rádio sabe o quanto a simplicidade é difícil de alcançar. Expressar pensamentos e situações complexas de uma forma simples é tarefa que exige um esforço extraordinário de abstração. Fazer isso bem feito é uma habilidade pouco comum. Charles Chaplin a identificava com as mais elevadas formas de arte (MEDITSCH, 1995).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ARNHEIM, Rudolf. O diferencial da cegueira: estar além dos limites dos corpos. IN: MEDITSCH, Eduardo. (org.). Teorias do rádio: textos e contextos  Vol I. Florianópolis: Insular, 2005.<br><br>BALSEBRE, Armand. A linguagem radiofônica. IN: MEDITSCH, Eduardo. (org.). Teorias do rádio: textos e contextos  Vol I. Florianópolis: Insular, 2005<br><br>IJUIM, Jorge Kanehide. Jornal e vivências humanas: um roteiro de viagem. São Paulo. ECA/USP. IN: SANTOS, Regiane. A humanização da notícia.<br><br>MEDITSCH, Eduardo. Sete meias-verdades e um lamentável engano que prejudicam o entendimento da linguagem do radiojornalismo na era eletrônica, Palestra, 1995<br><br>MEDITSCH, Eduardo. A nova era do rádio: discurso do radiojornalismo com produto intelectual eletrônico. IN: DEL BIANCO, Nélia e MOREIRA, Sonia V. (orgs). Rádio no Brasil: tendências e perspectivas. Rio de Janeiro e Brasília: EdUERJ e Editora da UnB, 1999. p.109-130<br><br>MORIN, Edgar. A entrevista nas Ciências Sociais, no rádio e na televisão. In: MOLES, Abraham A. et al. Linguagem da Cultura de Massa. Petrópolis: Editora Vozes, 1973.<br><br>MEDINA, Cremilda de A. Entrevista: O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1995.<br><br> </td></tr></table></body></html>