ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #008bd2"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;01450</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;PT</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;PT11</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Revista Applause: A comunidade LGBT+ nos dispositivos móveis</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Marcos Aurélio Cardinalli (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho); Paula Keiko Nishi (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho); Maximiliano Martin Vicente (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #008bd2"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;dispositivos móveis, interatividade, jornalismo especializado, LGBT+, revista digital</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Applause é produto de um trabalho de conclusão do curso de Jornalismo. A concepção da revista surgiu das disciplinas Jornalismo Impresso III e Planejamento Gráfico-Editorial III, em 2016, a partir da qual foi criada uma versão impressa. No ano de 2017, contudo, a ideia da revista amadureceu e, levando-se em consideração as novas tecnologias, foi desenvolvida uma edição digital da revista Applause, configurada para a leitura em dispositivos móveis. Com as possibilidades que a tecnologia digital oferece, a revista, além de um conteúdo com relevante importância social, se destaca pela interatividade, que faz com que o público tenha uma experiência para além da simples leitura. A linguagem utilizada também é um diferencial do produto, que utiliza de memes, humor e diversas referências sem prejudicar a seriedade de seu conteúdo, mesclando entretenimento, notícia, conhecimento e militância.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Ministério de Direitos Humanos (SDH) lançou, em 2016, o terceiro relatório com dados oficiais sobre a violência contra a população LGBT+. De acordo com o documento, a homofobia vai além das violências tipificadas pelo código penal, o que inclui a qualificação do outro como inferior ou anormal, excluindo-o de sua própria humanidade. A noção de homofobia é mais complexa do que a repulsa por casais homossexuais. Está ligada às questões de gênero e ao machismo, tendo a mesma matriz na qual se estrutura o conceito de masculino e feminino, relacionando-se com as normas de gênero, hierarquias opressivas e mecanismos discriminatórios e reguladores (JUNQUEIRA, 2012). Entre os dados apresentados no relatório do SDH, um que se destaca é sobre os locais em que as vítimas de homofobia sofrem agressão. Conforme registrado pelo Disque Direitos Humanos (Disque 100), 36,1% dos casos denunciados ocorreram dentro de casa, sendo 25,7% na casa da própria vítima. Os casos de violência registrados na rua somam 26,8% e os registrados em outros locais, como delegacias, escolas, hospitais, igrejas e locais de trabalho, somam 37,5%. Esses percentuais refletem a insegurança em que vivem os LGBT+ no Brasil, inclusive dentro de suas próprias casas e em locais públicos. Considerando que grande parte dessa violência é cometida por familiares da vítima e pessoas que compõem seu círculo social e profissional, como empregadores, professores, agentes públicos e colegas de trabalho ou de classe, torna-se urgente a educação contra a homofobia, seja nas escolas, nas empresas, nos locais públicos e até mesmo dentro dos lares. A mídia torna-se, desse modo, uma poderosa ferramenta, pois além de ser instrumento capaz de dar voz e colocar em pauta questões de culturas marginalizadas e de minorias sociais, interferindo na opinião pública, tem potencial para  entrar onde outras instituições não conseguem com tanta facilidade: as residências e a vida particular dos indivíduos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Revista Applause se propõe a ser uma revista digital especializada e voltada para o público LGBT+, mas não de forma exclusiva, possibilitando a leitura e entendimento dos temas e pautas da comunidade LGBT+ por pessoas que não fazem parte desse público, mas que têm interesse em sanar suas dúvidas e conhecer a realidade da comunidade. Levando em consideração o desenvolvimento de novas tecnologias e a necessidade de representatividade das pessoas LGBT+ em uma mídia que lhes confira maior visibilidade, a Applause pretende ser não apenas mais um veículo de comunicação, mas uma ferramenta de interação com seu público e de reconhecimento do mesmo nas páginas virtuais da revista, encontrando coerência em seu conteúdo e formato. Além de uma nova perspectiva interativa promovida pelas mídias digitais, o espaço virtual criado pela internet não mais se acanha aos limites geográficos existentes entre seus usuários. Assim, essa nova disposição contribui para um maior engajamento social em lutas e debates.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As questões acerca de sexualidade e gênero ganharam destaque tanto nas discussões sociais quanto na mídia, sendo frequentemente pauta política e social. Ainda que os veículos de comunicação passem a ceder maior representatividade aos LGBT+, é feita de forma tímida e, muitas vezes, repleta de estereótipos e conceitos errôneos sobre a diversidade sexual. Com o avanço da tecnologia e o surgimento de novas mídias, a comunidade LGBT+ busca na internet um espaço democrático de autoafirmação e reconhecimento, onde possa afirmar sua identidade e desmistificar sua imagem estereotipadamente construída. A internet, ainda que não seja absolutamente democrática e acessível para toda a população, é um espaço onde há maior liberdade de discurso. Assim, as mídias digitais se destacam perante a mídia tradicional. O documento da SDH constata o aumento de notícias sobre homofobia veiculadas na mídia de massa, principalmente devido à visibilização que  a democratização do acesso à internet e o consequente aumento da produção de informação garantem a essas pautas (BRASIL, 2016). Apesar da noção de homofobia como um grave problema social vir sendo apontada pelos mais diversos agentes para além da mídia, como a educação, a justiça, a saúde e a cultura (JUNQUEIRA, 2012), é um paradoxo falar de respeito à diversidade sexual no Brasil, pois ao mesmo tempo em que se tem conquistado direitos e representatividade, há um grave e contínuo quadro de discriminação e violência contra os LGBT+. Ser parte dessa comunidade representa uma situação de risco (BRASIL, 2016). A homofobia pode ser considerada como a imposição de um padrão heteronormativo: tudo que foge a essa regra deve ser considerado anormal, promíscuo e sujo, o que justifica a violência e discriminação. "A sexualidade é, então, cuidadosamente encerrada. Muda-se para dentro de casa. A família conjugal a confisca. E absorve-a, inteiramente, na seriedade da função de reproduzir. Em torno do sexo, se cala. O casal, legítimo e procriador, dita a lei. Impõe-se como modelo, faz reinar a norma, detém a verdade, guarda o direito de falar, reservando-se o princípio do segredo. No espaço social, como no coração de cada moradia, um único lugar de sexualidade reconhecida, mas utilitário e fecundo: o quarto dos pais. Ao que sobra só resta encobrir-se; o decoro das atitudes esconde os corpos, a decência das palavras limpa os discursos. E se o estéril insiste, e se mostra demasiadamente, vira anormal: receberá este status e deverá pagar as sanções." (FOUCAULT, 1977, p. 6) Além dos crimes de ódio, é comum a homofobia institucional, que consiste nas  formas pelas quais instituições discriminam pessoas em função de sua orientação sexual ou identidade de gênero presumida , e costuma ser agravada por outras formas de violência e exclusões, como as baseadas na idade, religião, gênero, cor, deficiência ou situação socioeconômica (BRASIL, 2016). Com o advento da internet e sua facilidade de acesso pelos dispositivos móveis, abre-se um novo caminho para o jornalismo, que encontra na mídia alternativa uma potencialidade para abordar esses assuntos ainda tratados com bastante cautela pelos veículos tradicionais. É na internet que as minorias sociais encontram espaço para manifestar suas pautas e modificar a opinião pública. Contudo, o acesso à internet é feito cada vez mais por dispositivos móveis, como aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), em que o percentual de brasileiros que, em 2015, usaram apenas celulares e tablets para acessar a internet foi de 28,2%, contra os 10,9% que usaram unicamente o computador. Entre os grandes diferenciais dos dispositivos móveis, estão a experiência de leitura, a mobilidade e a capacidade interativa que proporcionam ao usuário (CANAVILHAS, 2012). Deste modo, a revista digital especializada e configurada para dispositivos móveis mostra-se um produto inovador, tanto no seu conteúdo quanto no uso da interatividade como uma nova forma do público consumir a notícia.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A Applause é uma revista digital que tem como características-base a interatividade, o formato próprio para dispositivos móveis e o conteúdo especializado para o público LGBT+. Por meio de análise de mercado, concluiu-se que esse público representa um consumidor em potencial, devido ao aumento de discussões sociais sobre homofobia e diversidade sexual, além da falta de representatividade efetiva na mídia. Uma pesquisa de mercado realizada online, no período de 14 de março de 2017 a 07 de julho de 2017, apontou o caminho a ser seguido para elaboração das pautas e do conteúdo editorial. Foram entrevistadas pessoas de 13 a 58 anos, estando a maior parte no grupo entre 17 e 25 anos. Apesar de a revista Applause ser pautada nos interesses da população LGBT+, seu conteúdo não se limita a assuntos específicos a essa temática. Um dos seus objetivos é disponibilizar informação de qualidade e de forma acessível, com linguagem clara e direta, a quem possa interessar. Essa consideração vai de encontro às respostas dos entrevistados na pesquisa, que, apesar de 95,5% dos entrevistados considerarem importante a existência de uma revista especializada no público LGBT+, a maioria, 66,7% dos entrevistados, apontou o desejo de que os assuntos abordados sejam diversos e não exclusivos à temática LGBT+. A pesquisa constata que, apesar do conteúdo especializado, a revista Applause poderá abordar assuntos de interesse comum a todas as orientações sexuais, apoiando-se nos critérios de interesse público para valoração da informação.  Se a mídia é, simultaneamente,  uma indústria, um serviço público e uma instituição pública , percebe-se, pela subscrição de códigos deontológicos, que o maior valor de um veículo é a informação de interesse público  temas, fatos, declarações, revelações que todo dia interessam a todos em um mundo inter-relacionado, pois podem beneficiá-los ou prejudicá-los. Em consequência existe o direito legítimo de todos terem acesso ao imediato, trazido à cena pública pela mediação profissional jornalística. (KARAN, 2004, p. 91) Além do conteúdo, foi pensada também a composição visual e conceitual da revista. Tanto o seu nome quanto a concepção do projeto gráfico e editorial, bem como uso das fontes e linguagens, surgiram de conceitos da Semiótica Peirceana, através da análise e interpretação de signos, de modo que o público se identificasse com cada parte da revista e com todo o seu conceito, e não apenas o textual. O nome da revista tem inspiração em uma música da cantora americana Lady Gaga, conhecida por defender a comunidade LGBT+ e ser bastante prestigiada por esse público. A música Applause é uma de suas canções mais famosas, e sua letra remete ao orgulho, à cultura pop e à arte. Em português, a palavra significa aplauso e carrega o significado metafórico contido no som e no ato de aplaudir.  Tomemos um grito, por exemplo, devido a propriedades ou qualidades que lhe são próprias (um grito não é um murmúrio) ele representa algo que não é o próprio grito, isto é, indica que aquele que grita está, naquele exato momento, em apuros ou sofre alguma dor ou regozija-se na alegria (essas diferenças dependem da qualidade específica do grito). Isso que é representado pelo signo, quer dizer, ao que ele se refere é chamado de seu objeto. Ora, dependendo do tipo de referência do signo, se ele se refere ao apuro, ou ao sofrimento ou à alegria de alguém, provocará em um receptor um certo efeito interpretativo: correr para ajudar, ignorar, gritar junto, etc. Esse efeito é o interpretante . (SANTAELLA, 2002, p. 8) Já a partir do nome da revista, a equipe editorial quer aplaudir e ovacionar a cultura LGBT+, ao mesmo tempo em que o leitor, ao ter contato com seu conteúdo, tenha orgulho de si e de sua sexualidade. Seguindo o conceito do nome da revista ser relacionada a uma música que remete à comunidade LGBT+, a revista Applause é composta em oito editorias, divididas pelos assuntos e temas que abrangem e identificadas também por nomes de músicas importantes na cultura LGBT+. Além disso, cada editoria é caracterizada por uma paleta de cores monocromática. A escala de cores aplicada na revista foi definida com base na ferramenta Adobe Color CC e foi definida a regra de cores monocromática por esta remeter, com mais clareza, à identidade de cada editoria e ao conceito de cores apresentado pela Applause. Cada uma das oito editorias é representada por uma cor base, de acordo com a ordem cromática do arco-íris. Este conceito remete à bandeira LGBT (composta por 6 cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta), acrescentadas mais duas cores: a cinza, que simboliza os indivíduos assexuais, e pink, que na concepção editorial da Applause representa todas as identidades que acabam sendo minimizadas. A proposta de dividir a revista em oito editorias e remetê-las à bandeira LGBT+ tem nos conceitos da Semiótica a sua base. O objeto dinâmico ao qual se refere a bandeira do orgulho LGBT+ é a luta da comunidade contra a violência, o preconceito e a homofobia. A relação entre as cores, seus códigos hexadecimais e as editorias é a seguinte: - Born This Way  Vermelho (FF0000) - I Will Survive  Laranja (FF7F00) - All The Lovers  Amarelo (FFFF00) - Flawless  Verde (008000) - Money, Money, Money  Azul (0000FF) - Vogue  800080  Violeta - Like a Prayer  Pink (FFC0CB) - I Want to Break Free  Cinza (808080) A partir das cores-base, exemplificadas acima, outras tonalidades da paleta monocromática poderão ser definidas para os elementos da publicação, como títulos, linhas-fina, boxes, aspas e outros. Quanto ao design gráfico, a revista Applause inspirou-se nos projetos gráficos de revistas como a Summit, prioritariamente no que diz respeito à diagramação. A disposição dos textos e imagens de forma simples, leve e funcional são fatores essenciais na concepção do projeto gráfico-editorial. Para a capa, usou-se como referência a revista Billboard, que tem sua capa composta por uma imagem ocupando todo o espaço, além de poucas chamadas. Outra revista que inspirou o conceito da Applause é a V Magazine, devido às chamadas da capa estarem dispostas em listas, destacando as matérias como retrancas. A capa da revista Applause é composta integralmente por uma fotografia ou ilustração, lembrando também as das revistas Piauí e Rolling Stone. A cada edição, uma nova arte é escolhida. Na edição apresentada, a arte da capa foi desenhada e pintada à mão pelo artista Felipe Leite. A arte final foi digitalizada para compor a revista Applause. De modo artístico e conceitual, a pintura apresenta uma pessoa LGBT que tem seu rosto tapado por uma mão que segura um espelho. O objeto reflete uma face que não pertence à personagem apresentada. A composição em preto e branco dos elementos invasores simboliza a tristeza e a violência causadas por uma sociedade preconceituosa que tira da pessoa sua própria identidade e humanidade. Já para o logo da revista, usa-se o próprio nome da publicação, composto pela fonte manuscrita Gloss and Bloom. A escolha pela fonte se dá pela sensação visual proporcionada por sua forma: fluidez de informações com um toque de humanidade. O objetivo é fazer com que o público se depare com o valor humanístico do produto. Além disso, a variedade de estruturas da fonte demonstra uma falta de padrão, simbolizando a diversidade, pano de fundo de todo o conceito da revista.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Segundo o que Ito e Ventura (2016) apontam, há uma necessidade indispensável de adaptação do jornalismo para com os conteúdos digitais. Seguindo essa linha, a revista Applause foi totalmente configurada para a leitura através dos dispositivos móveis, seja por meio da escolha das fontes, layout, disposição dos elementos gráficos e textuais, interatividade e o próprio conteúdo, escrito de forma clara e objetiva.  Uma vez que o tamanho da tela e a capacidade de processamento de dispositivos móveis são diferenciados em relação ao computador, necessariamente deve-se adaptar determinadas dimensões da mensagem, como a linguagem, a extensão textual e o layout. Assim, surgem preocupações novas no processo de produção, com o objetivo de oferecer a informação adequada ao contexto de consumo do usuário. Além das particularidades técnicas  tamanho de tela e processamento  encontram-se relacionadas especifidades do momento de acesso: a leitura feita via computador é uma leitura que pode comportar textos e vídeos mais longos, exatamente por ser feita em um momento de maior dedicação do usuário diante de um conteúdo mais sosticado. Já a leitura via smartphone pode estar vinculada a momentos cujo acesso é breve e até mesmo, entrecortado por interrupções, exigindo, assim, mensagens mais curtas e diretas . (ITO; VENTURA, 2016, p. 150) Quanto à disposição dos elementos, a Applause tem seu conteúdo disponibilizado em apenas uma coluna por página, que conta com duas grades de margens, sendo a maior para o texto, alinhado à esquerda, e a menor para elementos visuais. Na margem direita e inferior de cada página encontra-se a paginação. Como a leitura da revista, através da interatividade, não se faz de modo linear, ou seja, o leitor define sua própria sequência de leitura, cada matéria possui sua paginação específica. Na última página, há uma indicação de que aquele conteúdo terminou, com um link para voltar ao índice, possibilitando uma próxima leitura. Na margem esquerda, há uma faixa na cor da editoria, com exceção da última página de cada matéria, cuja faixa encontra-se na margem direita. A disposição da faixa concede uma linearidade àquela matéria. Quanto ao conteúdo editorial da Applause, este é dividido entre as oito editorias da revista. O nome de cada editoria, sua descrição, tipo de temática que abrange e as matérias e reportagens elaboradas para essa edição apresentada são indicados nos parágrafos que se seguem. Born This Way é a editoria dedicada às entrevistas perfil. É um espaço para apresentar uma personalidade relevante e que promova um debate saudável acerca da temática LGBT+. Foi inspirada na música de mesmo nome da cantora Lady Gaga. Para a edição protótipo, foi realizada uma entrevista com Fernando Araújo, conhecido como Mola. Jornalista e youtuber, é o fundador do canal ''O Lado Bom do Mundo''. O objetivo da entrevista foi mostrar de que forma o YouTube pode ajudar na militância e luta pelos direitos da comunidade LGBT+, além abordar as novas políticas de publicidade da plataforma. A editoria I Will Survive é dedicada às questões sociais, políticas, culturais e comportamentais. Seu nome vem da música da cantora Gloria Gaynor. A edição protótipo conta com duas matérias para essa editoria. A primeira reportagem busca discutir a questão do preconceito contra pessoas que se identificam como bissexuais. No meio LGBT+, existe uma divisão de opiniões. Enquanto alguns acreditam que a bissexualidade se traduz em ''indecisão'' quanto à própria orientação sexual, outros afirmam sofrer com o preconceito e falta de conhecimento das pessoas sobre o assunto. LGBTs em situação de vulnerabilidade social é a segunda matéria da editora I Will Survive. A matéria aborda pessoas que, além da homofobia, sofrem com a vulnerabilidade social. Como terceira editoria, All The Lovers é especializada em saúde, sexo e bem-estar, e é inspirada na música da cantora australiana Kylie Minogue. Também conta com duas matérias. Doação de sangue por homossexuais e transgêneros é o assunto da primeira matéria dessa editoria. Proibida no Brasil e em aproximadamente 50 países, indica a existência de um preconceito estrutural, no qual se associa a homossexualidade com a transmissão de HIV. A reportagem busca desconstruir essa crença apresentando dados que a refutam, além de demonstrar o quanto essa regra afeta o bem-estar e a saúde da população. A segunda matéria da editoria é sobre pílulas anticoncepcionais. Seu objetivo é contextualizar o surgimento da pílula e sua relação com a independência sexual feminina, além de abordar os efeitos colaterais do seu consumo e o seu papel como método contraceptivo. A música que deu nome à editoria dedicada a ensaios fotográficos é Flawless, da cantora Beyoncé. Para essa edição, o ensaio  O Tirar dos Antolhos , tem como tema a estereotipização de pessoas LGBT+. Em analogia ao objeto utilizado em cavalos para que o animal tenha sua visão viciada, a fotografia em 360°, possível no meio digital, sugere que o leitor saia da sua zona de conforto e interaja com a tela, para adquirir uma visão do todo. Esse ensaio, apesar da cena montada, é real em sua metalinguagem. Money, Money, Money, música do grupo sueco ABBA, dá nome à quarta editoria da revista Applause. É dedicada a temas relacionados ao mercado de trabalho e à economia. A matéria da editoria que compõe a edição protótipo é sobre publicidade LGBT. Traz uma reflexão sobre a publicidade voltada para minorias sociais e sobre sua evolução. Além disso, uma convidada da área discorre sobre o assunto. A quinta editoria é Vogue, nome dado pela música da cantora Madonna. Especializada em tendências contemporâneas, inclui assuntos ligados a entretenimento, arte, cultura e moda. Uma de suas matérias é sobre a representatividade trans no entretenimento. Em destaque devido à abordagem em uma novela do horário nobre da Rede Globo, a matéria destaca esse avanço da representatividade na mídia e sua importância social e artística. Outra matéria da Vogue dessa edição é sobre casamento, e buscou uma abordagem mais leve e descontraída, através de depoimentos de casais homoafetivos que estão planejando ou já planejaram seus próprios casamentos, compartilhando com o público as suas experiências durante esse momento especial. A terceira matéria da editoria, e que deverá estar presente em todas as edições é uma resenha cultural. Para essa edição, foi escolhida a história do livro Crônicas Vampirescas, que deu origem ao filme Entrevista com o Vampiro. Sucesso de vendas, a saga é analisada a partir de seus personagens pansexuais. Like a Prayer é a editoria dedicada a assuntos relacionados a fé, crenças e espiritualidade, e sua inspiração também vem de música de Madonna. Na edição protótipo, a editoria apresenta uma reportagem sobre a criação do projeto Inclusão, grupo fundado por membros da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) que busca uma igreja mais inclusiva e acolhedora para pessoas LGBT+. Como última editoria, referenciando a Queen, banda britânica de rock, I Want To Break Free consiste em um espaço para a publicação de trabalhos variados, como poemas, ilustrações, quadrinhos e outras criações autorais. A editoria sempre contará com uma crônica e com um artigo de opinião. Nessa edição, a crônica trata, de forma lúdica, o processo de autoconhecimento e aceitação de uma pessoa assexual. O texto foi escrito com base em entrevistas realizadas pela cronista com pessoas assexuais. Já a coluna de opinião, o autor convidado apresenta um artigo que busca elucidar a importância da Parada da Diversidade no combate ao preconceito e na busca por direitos da comunidade LGBT+.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Todo o processo de produção da Revista Applause foi enriquecedor. Não só em seu conteúdo com relevância social, mas também na construção de um produto inovador e em conformidade com as novas tendências do jornalismo digital, enriquecido pela tecnologia. O produto aqui apresentado possui relevância mercadológica, especialmente por indicar um novo caminho para o jornalismo, que precisa se inovar em caráter de urgência. A importância desse trabalho se intensifica ao relacionar o uso da internet e dos meios digitais como espaço democrático que possibilita que minorias sociais tenham voz e representatividade, tão negadas na mídia tradicional. Ao planejar seu conteúdo, a equipe editorial se submete a um processo de ensino-aprendizagem, ao buscar uma visão holística para compreender aquilo que é diferente de suas próprias experiências e interpretações, colocando-se no lugar do outro. Essa experiência traduz-se na diversidade da comunidade LGBT+, da qual deve ser motivo de união, apoio e reconhecimento de suas diferenças, a começar pelos editores e repórteres e depois, mas igualmente relevante, para o público leitor, seja LGBT+ ou não.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #008bd2"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">BRASIL. 2016. Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil: ano de 2013. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/assuntos/lgbt/dados-estatisticos/Relatorio2013.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2017.<br><br>CANAVILHAS, J. Jornalismo para dispositivos móveis: informação hipermultimediática e personalizada. Actas do IV CICLCS, 2012. Disponível em: <http://bocc.ubi.pt/pag/canavilhas-joao-jornalismo-para-dispositivos-moveis.pdf>. Acesso em: 5 jul. 2017.<br><br>FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: A Vontade de Saber. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1977.<br><br>ITO, L. de L.; VENTURA, M. de S. Interactive Multimedia Reports: Innovation, Production and Advertising Revenue. Brazilian Journalism Research, 2016. v. 12, n. 3, p. 134 151.<br><br>JUNQUEIRA, R. D. Homofobia: limites e possibilidades de um conceito em meio a disputas. Bagoas-Estudos gays: gêneros e sexualidades, 2012. v. 1, n. 1. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/2256>. Acesso em: 28 jun. 2017.<br><br>KARAM, F. J. A ética jornalística e o interesse público. São Paulo: Summus, 2004.<br><br>PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS (PNAD) 2015. Disponível em: <http://downloads.ibge.gov.br/downloads_estatisticas.htm>. Acesso em: 04 jul. 2017.<br><br>SANTAELLA, L. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.<br><br> </td></tr></table></body></html>