ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIV CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #335b82"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00445</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO13</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;O tropeiro que tinha medo de ser esquecido</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Thalia Aparecida Gonçalves (Universidade Federal de Ouro Preto); Tamires Ferreira Coêlho (Universidade Federal de Ouro Preto/Universidade Federal de Ouro Preto)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"> O tropeiro que tinha medo de ser esquecido é um perfil jornalístico escrito para o livro  Mãos que contam histórias: vida e obra de artesãos cachoeirenses , desenvolvido durante o Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). O produto é um livro de perfis de cinco artesãos de Cachoeira do Brumado: Cassiana Ferreira Nunes, pioneira na arte de tecer os tapetes de sisal; Artur Pereira, que iniciou a produção das esculturas em madeira no distrito e renomado artista popular; Adão de Lourdes, escultor de madeira e discípulo de Artur Pereira; Geraldo José Teixeira, o produtor de panelas de pedra-sabão mais idoso ainda em atividade na comunidade; e Mário Ramos Eleutério, artesão, ex-tropeiro cachoeirense e personagem do perfil selecionado neste trabalho. Cachoeira do Brumado é um distrito da cidade de Mariana - MG, localizado a cerca de 27 km de distância da sede municipal. Além da queda d'água que nomeia o local, o distrito é também conhecido por sua prática artesanal em pedra - sabão, especialmente, as panelas, as esculturas de madeira e os tapetes de sisal. No entanto, não há muitos registros sobre a história do distrito, suas tradições ou personalidades. Além disso, essas memórias são narradas, majoritariamente, de forma oral. Portanto, correm o risco de se perder, já que as pessoas que detêm desses conhecimentos, especialmente, as mais idosas, poderão vir a falecer. Ainda, é preciso enfatizar que a motivação da autora em escolher o distrito como  cenário para essas histórias e o artesanato como gancho, é porque a autora é cachoeirense e tem uma relação próxima com a produção artesanal. Dessa forma, objetivo do produto é entender como as experiências individuais, relatadas através dos perfis jornalísticos, se relacionam à memória local e à prática artesanal da comunidade. Além disso, a proposta de registro dessas memórias poderá ser potencializada com a publicação e distribuição do livro. A escolha do perfil como formato textual para retratar essas histórias é justificada uma vez que Maurice Halbwachs, em seu livro  A memória coletiva (Centauros, 2006), afirma que mesmo as nossas memórias individuais são também coletivas. Segundo o autor, isso acontece porque jamais estamos sozinhos e também ao contarmos sobre essas experiências e lembranças para outras pessoas, elas passam a ser da esfera do coletivo. Sendo assim, mesmo o perfil sendo focado em um personagem, é possível conhecer, a partir da sua narrativa, alguns aspectos do contexto e experiências coletivas em que o personagem está inserido. Para Amanda Tenório Pontes da Silva, no artigo  A vida cotidiana no relato humanizado do perfil jornalístico (2010, p. 406), isso seria possível, pois,  através desse formato, sem dúvida, podem ser construídos verdadeiros retratos jornalísticos baseados na vida cotidiana, configurando-se num bom revelador do estilo da época e dos atores que elaboram o conhecimento coletivo . Portanto, o perfil exerceria o papel de uma ponte entre passado e presente, à medida que os fatos são narrados e atualizados no texto. O perfil  O tropeiro que tinha medo de ser esquecido , mais especificamente, aborda a narrativa do artesão e ex-tropeiro Mário Ramos Eleutério. O cachoeirense teve uma atuação muito marcante no distrito por ter desempenhado diversas funções como ter sido tropeiro, ter feito panelas de pedra-sabão, ter sido comerciante, seleiro, açougueiro, padeiro, sapateiro, vendedor e vereador da cidade de Mariana-MG por três mandatos. O texto buscou abordar de forma literária e poética a história de Mário, tendo como fio condutor as suas atividades relacionadas ao artesanato, que é o recorte do produto como um todo, sobretudo abordando a sua vida nas tropas e a produção de panelas de pedra-sabão. Por Mário ter falecido em setembro de 2017, o perfil foi escrito a partir do que me foi narrado pelos seus familiares e das minhas próprias memórias sobre o personagem.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Em conversas com alguns moradores do distrito, percebeu-se que há uma carência de dados e registros sobre Cachoeira do Brumado, as suas tradições, o estilo de vida de seus moradores e dos próprios cachoeirenses, refletindo também em uma demanda da comunidade em relação ao registro dessas histórias. Essa escassez de dados afeta diretamente a nossa relação com o  ser o cachoeirense e o pertencimento das futuras gerações, pois, como afirma Michel Pollak em Memória e Identidade Social (1992, p. 204),  a memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si . Foi a partir dessas conversas com os moradores que a escolha dos perfilados foi baseada. No entanto, o nome de Mário é uma das poucas exceções em termos de ausência de registros. Ainda durante a escrita do projeto de Trabalho de Conclusão de Curso, já considerava o nome dele como um dos personagens do meu livro porque, assim como muitos dos cachoeirenses, vejo nele uma pessoa de referência na comunidade. Mesmo possuindo registros e sendo uma pessoa relativamente famosa no distrito, há alguns aspectos para além da vida pública do ex-tropeiro e artesão: seus medos, sentimentos, memórias, receios e seu olhar sobre a relação entre a vida e a morte, podem ser citados dentre outros. Embora Cachoeira do Brumado seja uma comunidade reconhecida por sua produção artesanal, a subjetividade e a vida dos artesãos costumam ficar em segundo plano nas matérias e produtos jornalísticos feitos em âmbito local e regional. O artesanato é uma prática da cultura popular que, segundo a Base Conceitual do Artesanato Brasileiro (2012, p. 12), é toda produção predominantemente feita de trabalhos manuais que alinhe técnicas, criatividade, habilidade e valor cultural. No entanto, percebe-se que há aí uma visão purista e inexistente do que é o saber-fazer artesanal. Não se pode desconsiderar as relações e significados atribuídos pelo artesão à sua obra. Um exemplo disso são as panelas de pedra-sabão em Cachoeira do Brumado que, por utilizar máquinas, especialmente o  torno , e outros instrumentos, não seriam consideradas como artesanato. Por isso, para compreender a prática artesanal, não se pode estar preso apenas às concepções teóricas, mas buscar enxergar o artesanato com o olhar do artesão e buscar entender as relações que são estabelecidas entre ele e sua obra. Segundo Teixeira (2011, p. 150), o artesanato é um modo de representar a identidade de uma comunidade, pois, através das suas características pode-se identificar a sua origem cultural. Mais que isso, neste produto faz-se importante abordar jornalisticamente também as pessoas que moldam e ajudam a construir essa representação. Por trás de técnicas, há narrativas sobre, por exemplo, como a atividade foi desenvolvida, por quem, em qual contexto, para qual finalidade. Assim, conhecer as histórias de quem faz/fez o artesanato é também entender sobre a prática e o significado que é atribuído a ele por um indivíduo ou grupo, o que justifica a escolha do gênero perfil no TCC. O perfil é um gênero jornalístico interpretativo que tem como intuito apresentar um personagem. Diferente de uma biografia, é uma narrativa fragmentada, destaca apenas partes da vida e vivências do personagem. Assim, não tem como objetivo dar conta da totalidade de um sujeito, mas retratar algumas de suas facetas. Segundo Vilas Boas (2003), diferentemente das hard news, a escrita do perfil é desenvolvida a partir das observações e percepções do repórter diante do perfilado, pois é ele o  fio condutor do texto. A linguagem é mais subjetiva e, por vezes, utiliza-se de recursos literários, uma vez que  sem o Literário, no entanto, o perfil não hipnotiza (VILAS BOAS, 2003, p. 12).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O perfil  O tropeiro que tinha medo de ser esquecido apresenta ao leitor o personagem Mário Ramos Eleutério, que foi um ex-tropeiro e artesão cachoeirense. A narrativa do texto iniciou com a apuração, que ocorreu de três formas distintas. Primeiramente, foram realizadas entrevistas com seus familiares em 2018, uma vez que o protagonista faleceu em 2017. Entre os entrevistados estão a sua esposa, Maria Alves Bezerra Eleutério, a sua filha Juracy Bezerra Eleutério Machado e a sua neta Kelly Eleutério Machado Oliveira. Conversar com elas foi essencial para a escrita, uma vez que a entrevista  tornou-se uma etapa fundamental na elaboração do perfil, pois através dela como instrumento metodológico, foi possível angariar o espaço necessário para o jornalista buscar aproximação e narrar densamente o encontro com o seu entrevistado (SILVA, 2010, p. 408). Essas entrevistas, mais do que uma fonte de informação sobre o protagonista, foram também uma fonte de inspiração para a escrita. Quando iniciei o primeiro rascunho do perfil de Mário, havia pensado em começar pela morte dele, por ter sido um episódio marcante devido ao seu velório ter sido atípico para o jeito que a morte e a despedida de um ente querido costuma ser no distrito. Por mais que se trate de um momento de luto e perda, havia ali a presença do Congado a dançar e as tropas acompanhando o caminho da sua casa até o cemitério local. Alguns dias após ter iniciado a escrita exatamente pelo falecimento de Mário, fui conversar com a sua neta Kelly. Para a minha surpresa, foi exatamente pelo momento da morte do avô que ela sugeriu que eu iniciasse a escrita do meu perfil. O que também me guiou para pensar a narrativa dessa forma foi uma frase de um vídeo que Juracy compartilhou comigo. No vídeo, Mário dizia:  o mundo é muito bão, mas o tempo muito ingrato: traz tudo e leva tudo. Quando eu morrer vocês vai ter muita foto minha, vai ter muita lembrança [...] O homem vai, mas o nome dele fica . A partir disso, fiquei pensando nos paralelos entre a frase e o nome de Mário após a sua morte, no receio que ele tinha de ser esquecido, como Kelly me contou. Por isso, iniciar a escrita do perfil é muito simbólico, pois o que significa a morte para quem tem medo de não ser lembrado após a sua partida? Além disso, realizei uma pesquisa em documentos dos Cartório de Notas e Registro de Cachoeira do Brumado e no Arquivo da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Cachoeira do Brumado para verificar se dados como datas de nascimento, de casamento e de óbito estavam corretos. Por último, foi realizada uma busca em conteúdos disponíveis na internet sobre Mário, para que auxiliassem na escrita do perfil e trouxessem algumas falas e opiniões dele para o texto. Isso só foi possível pois Mário tinha um status de celebridade no distrito, tendo participado diversas vezes de programas televisivos como o Terra de Minas. No entanto, acredito que o grande diferencial para a escrita do perfil foi o fato de que conheci Mário, já havia realizado trabalhos de cunho biográfico sobre ele durante o Ensino Fundamental e estive em seu velório. Recorrer às minhas próprias memórias e ao material que havia produzido sobre ele foi importante para sustentar e ilustrar algumas passagens do seu perfil. Além disso, o exercício de observação foi primordial, já que foi através dele que pude trazer elementos que enriqueceram o texto como a descrição minuciosa do velório e da homenagem póstuma na 13ª Festa da Panela, em 2018. Essas três etapas formam o que seria o tripé da apuração jornalística proposto por Maciel (2006, p. 7 apud MARIANO, 2015, p. 195), para quem as fontes humanas, juntamente com as documentais e a observação, seriam a base para obter informações e verificá-las. Para além do perfil, foi escrito também um texto para acompanhá-lo, onde falo sobre as minhas percepções e situações marcantes durante o processo de escrita do perfil de Mário Ramos Eleutério.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>