XXIV CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE


INSCRIÇÃO:	00448

CATEGORIA:	CA

MODALIDADE:	CA07

TÍTULO:	Retratos da Guaicurus

AUTORES:	TAYNÁ GOMES MOURA (CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA); Breno Rodrigues da Silva (Centro Universitário Newton Paiva); Ayrá Sol Soares Coelho (Centro Universitário Newton Paiva); Eduarda Carvalho Gonçalves (Centro Universitário Newton Paiva); Thaislaine Santos Batista (Centro Universitário Newton Paiva); Lamounier Lucas Pereira Junior (Centro Universitário Newton Paiva)

PALAVRAS-CHAVE:	, , , ,

RESUMO
O projeto “Retratos da Guaicurus” é uma extensão do documentário produzido por alunos do terceiro período do curso de Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, do Centro Universitário Newton Paiva. A fotografia em movimento é produto final da disciplina de Textualidades Alternativas, realizada no quarto período, ministrada pelo docente Lamounier Lucas Pereira Junior e tem o objetivo de informar e humanizar as vivências das profissionais do sexo, na maior zona de prostituição de Belo Horizonte, a Guaicurus. Promover a discussão coletiva sobre as mulheres em situação de prostituição e sua relação com o meio social - a cidade. A escolha pelo formato de fotografia em movimento foi feita pela congruência entre texto, imagem e áudio, e a facilidade de estímulo que o audiovisual permite nos dias de hoje. Pensando no impacto causado com o receptor da mensagem, o choque com a realidade das profissionais do sexo, proposta pelo grupo através das fotografias e diálogos; pois, de acordo com o jornalista Felipe Pena em Jornalismo literário (2006, p.13), “O jornalismo literário significa potencializar os recursos do Jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamente a cidadania, romper as correntes burocráticas do lead, evitar os definidores primários e, principalmente, garantir perenidade e profundidade aos relatos”. A pauta surgiu através da percepção coletiva da invisibilidade dada pelos órgãos responsáveis para região da Guaicurus e a marginalização das pessoas que atuam ali, em especial as profissionais do sexo. Apesar do grande fluxo de pessoas e a ampla área de comércios presentes na Guaicurus, a discrepância na manutenção das construções em uso pela população da região e a discriminação e estigma social voltados para as profissionais do sexo, em contraponto ao restante da cidade, motivou a produção das fotografias. O produto traz por meio de retratos o cotidiano de Jade, uma personagem real, com uma narrativa fictícia, que vive no Hotel Magnífico, o maior e mais conhecido da região prostíbula de Belo Horizonte. Outro ponto trabalhado foi a busca pela humanização da personagem principal, Jade, que apesar de contextualizada dentro da capital mineira, que possui uma história unida a uma das áreas mais famosas da cidade, não possui de fato, uma inserção no cotidiano da cidade. A invisibilidade sofrida pela personagem e as situações vividas pelas mulheres na mesma situação de prostituição. Isso tudo, em virtude de uma correlação de subsistência entre a cidade e a região da Guaicurus, que é silenciada pelo tabu existente sobre sexo e prostituição. A construção social e cultural por trás da prostituição diz sobre a forma como a sociedade trata as profissionais do sexo, como retrata Luzia Margareth Rago em Os prazeres da noite : prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930), (1991, p. 172), “A prostituição tinha como função social canalizar os resíduos seminais masculinos, como os lixos e excrementos nos esgotos, sendo inevitável em qualquer aglomeração de homens. Não se tratava, evidentemente, da necessidade de responder a exigência feminina, já que a mulher, segundo o pensamento médico e jurídico do período, primava por uma baixa intensidade de instinto sexual [...] As mulheres se dispunham a desempenhar papel tão negativo e aviltante só poderiam ser comparadas aos receptáculos dos detritos sociais, pensavam eles”. A produção imagética tem o objetivo de trazer a sexualidade, a mulher e o comportamento psicológico das profissionais do sexo, que são, em sua maioria, estereotipadas. Dessa maneira também, minimizar o estigma social, e humanizar essas profissionais, que são sujeitos ativos da sua própria história.

INTRODUÇÃO
Para a construção do produto, o principal método utilizado para a coleta dos dados e depoimentos foram as entrevistas pessoais com as personagens centrais, ou seja, um método de pesquisa em comunicação qualitativo. Todas as entrevistas foram realizadas no Hotel Magnífico, na Rua Guaicurus, no Centro de Belo Horizonte. O que nos permitiu a captação de detalhes e características pessoais das personagens e uma pesquisa de campo do local e das profissionais que ali residem e trabalham. Ao todo, foram realizadas cinco visitas à zona de prostituição, durante as visitas houve a coleta de materiais como fotos e relatos de outras personagens. A entrevista principal foi realizada com Fátima Muniz, conhecida como Jade, que é profissional do sexo e faz parte da Central Única de Trabalhadoras e Trabalhadores Sexuais (CUTS), o segundo entrevistado foi Flávio Dornas, Gerente do Hotel Magnífico, personagem histórico da região e José Manuel Uriol, coordenador do projeto Diálogos pela liberdade, uma central de apoio às profissionais do sexo, com cuidados médicos e psicológicos. As pesquisas realizadas nortearam a produção, de forma que, com as informações e dados, pode-se traçar o perfil das personagens. Segundo o documentário Tabu Brasil: prostituição (2012), exibido em 2013 pelo National Geographic Channel – Brasil, aproximadamente 7% das mulheres na América Latina tem a prostituição como fonte de renda substancial. Outra pesquisa realizada foi a de regularização da profissão enquanto profissional do sexo, pois, no Brasil, a prostituição é identificada como ocupação profissional desde 2002 pelo Ministério do Trabalho. Dados da Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) revelam que o Brasil tem aproximadamente 1,5 milhões de pessoas, entre homens e mulheres, que vivem em situação de prostituição. As técnicas utilizadas foram as do fotojornalismo, que se define por captar a verdade e a realidade diante de si de maneira simples e clara. Contendo um fato um momento certeiro de captação da imagem. aliado a sensação estética da foto que a confere uma atmosfera de momento único, tornam-se possíveis inúmeras novas interpretações conforme os signos que são transmitidos através do posicionamento da fotografada. De acordo com Luis Humberto em Fotografia, a poética do banal (2000) “O fotojornalismo que é uma ramificação da fotografia digital que visa em seu conceito à captação da imagem de forma clara e objetivo, de total acordo com a realidade vivida a frente do fotógrafo. As particularidades do fotojornalismo determinam um tipo de linguagem bem diferenciado que, ordena de forma consciente, pode resultar em algo significativo e interessante, capaz de, ao vencer as razões imediatas que lhe deram origem em um momento, torna-se herança para os outros olhos, em outros tempos.”. De acordo com a professora Rago, uma das pesquisadoras mais renomadas na área dos Estudos Feministas e de Gênero relata que: “No bordel, assim como no teatro, nenhuma identidade é fixa. A prostituta,਀猀攀洀攀氀栀愀渀琀攀  愀琀爀椀稀Ⰰ 愀猀猀甀洀攀挀漀渀猀琀愀渀琀攀洀攀渀琀攀瀀攀爀猀漀渀愀氀椀搀愀搀攀猀搀椀昀攀爀攀渀琀攀猀Ⰰ 焀甀攀猀攀愀搀攀焀甀愀洀愀漀猀搀攀猀攀樀漀猀搀漀瀀切戀氀椀挀漀⸀ 䄀氀椀Ⰰ 攀氀愀椀渀琀攀爀瀀爀攀琀愀漀焀甀攀氀栀攀  攀渀挀漀洀攀渀搀愀搀漀Ⰰ 猀攀渀搀漀洀愀椀猀甀洀愀 ᰀ瀠爀漀樀攀漀搀漀昀爀攀最甀猀ᴀ†搀漀焀甀攀甀洀椀渀搀椀瘀搀甀漀挀漀洀愀甀琀漀渀漀洀椀愀 ⠀刀䄀䜀伀Ⰰ ㄀㤀㤀㄀Ⰰ 瀀⸀ ㈀㜀⸀ 䄀爀琀椀最漀䤀渀琀攀爀挀漀洀 ⴀ 倀爀漀猀琀椀琀甀椀漀攀漀椀洀愀最椀渀爀椀漀猀漀挀椀愀氀⸀⤀

OBJETIVO
O conjunto imagético de narrativas audiovisuais de ficção foram pensados para retratar e construir, de forma mais próxima possível, o cenário de um quarto de uma profissional do sexo, pensando a estética e a iluminação da imagem em movimento, e propor diferentes olhares para a fotografia. Como exemplifica Míriam Leite Proust em Desafios da imagem; fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais (2001, p. 37-49), “A transposição da fotografia para a memória empresta-lhe o movimento contínuo do pensamento, que é o que se torna necessário fazer para que a foto isolada exprima o seu conteúdo latente e não explícito”. A partir do material coletado, deu-se início o processo de construção do roteiro com o perfil de cada personagem, com a cidade natal, idade, contexto familiar, personalidade, além da construção dos diálogos e adequação na forma de expressão, a partir dos pontos citados acima. Todas as cenas, cenários e falas foram diretamente relacionados com a rotina das profissionais do sexo, com destaque para suas relações com os clientes, que possuem diferentes perfis, como também, a relação de irmandade presente entre as profissionais. Além disso, a ligação familiar é o ponto chave trabalhado no desfecho da narrativa, visto que, a fotografia mostra em plano fechado o bilhete do seu filho e deixa implícito os esforços de Jade para fornecer o sustento financeiro da sua família. Para destacar humanização das personagens, foram utilizadas trilhas densas e dramáticas que enfatizaram a ideia de fadiga e medo, que perpassam o dia a dia das profissionais do sexo. Planos fechados foram usados quase sempre, com o intuito de aproximar o espectador daquela realidade, sem causar desconforto. As profissionais do sexo em primeiro plano. Nestas cenas, a câmera ficava parada na maioria das vezes; a intenção era levar o espectador até lá, para que este se sentisse observador passivo. O cenário se constitui de pouca luz e presença da cor vermelha, no intuito de passar a sensação de um ambiente sexual, o quarto da Jade, onde acontecem quase todas as cenas. Além disso, a escuridão nos retratos, traz implicitamente a forma como as profissionais do sexo se sentem de forma psicológica, na maioria das vezes sozinhas. O tom vermelho e quente do quarto só se dá no momento em que a personagem está em plano conjunto a outro personagem. A edição do material foi feito em duas etapas, primeiro a edição das imagens no software Adobe Photoshop Lightroom Classic. Terminado o processo de organização do material, iniciou-se a edição do filme, onde foram encaixados os clipes, sincronizadas as trilhas de áudio, efetuados os cortes e aplicação de efeitos de transição e, por último, a construção dos diálogos, no software Adobe Premiere Pro CC. Segundo Armando Sant’anna em Teoria, técnica e prática (1998, p. 218), “Com efeito, a palavra e a vista são os meios de comunicação mais importantes, aqueles que são mais fáceis de empregar para persuadir ou sugerir e também para demonstrar qualquer coisa a alguém”. Os equipamentos utilizados para construção da fotografia em movimento foram uma softbox, com uma gelatina na cor vermelha que foi posicionada a frente da luz artificial, que possibilitou o efeito desejado. Para captação das imagens, duas câmeras Canon T3i, as lentes teleobjetivas usadas foram duas Canon EF 50mm f/1.8. As imagens foram feitas a partir de dois fotógrafos sempre em ângulos diferentes e opostos, segurando as câmeras na mão. Em um ambiente escuro e mesmo com teleobjetivas com abertura do diafragma de f/1.8, com maior a abertura, a nitidez de algumas fotografias foi prejudicada. Os figurinos foram alinhados com as características de cada personagem e as peças foram lingeries. Os personagens que representaram os clientes alternaram estilos de roupas e acessórios, para transmitir a ideia de quantidade e movimento, visto que, o fluxo de circulação de pessoas varia de mil a cinco mil pessoas por semana, em informações dadas por Flávio, gerente do hotel.

JUSTIFICATIVA


MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS


DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO


CONSIDERAÇÕES


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS

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