XXIV CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE


INSCRIÇÃO:	00621

CATEGORIA:	JO

MODALIDADE:	JO12

TÍTULO:	Drag Queen – Muito além da diversão

AUTORES:	Pollyana Maria Cuel da Silva (Faculdades Integradas do Espírito Santo); Maria Zanete Dadalto (Centro Universitário FAESA)

PALAVRAS-CHAVE:	, , , ,

RESUMO
“Drag Queen – muito além da diversão” é um trabalho de jornalismo-fotográfico realizado para o trabalho final da disciplina Fotojornalismo II, orientado pela professora especialista Zanete Dadalto, em 2018/1. É importante ressaltar que antes de qualquer conceito, segundo os personagens deste trabalho, ser drag queen é uma forma no qual as pessoas lutam por uma ideologia. Este trabalho conta visualmente a transformação de Caic Goulart Pissineli e Marlon Corrêa dos Santos Andrade, ambos estudantes de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Faesa, 22 anos, em drag queens. Caic se monta desde 2015, e sua drag se chama Brisa Pussynail. Já a drag de Marlon existe desde 2016 e é chamada de La’Tirza, um nome latino cheio de referências do mundo pop. Para este trabalho, ambos trabalharam como DJ’s na boate Fluente, localizada no bairro Jardim da Penha, em Vitória. O objetivo do ensaio fotográfico foi mostrar que, apesar do preconceito atrelado pela sociedade, as drag queens possuem um espaço no mercado de trabalho no Espírito Santo, evidenciando a sua importância para determinados grupos. Ademais, ressaltar que ser uma drag vai muito além do que apenas se montar por beleza e alegria, é uma alternativa profissional, um modo de possuírem renda ou um extra - que é o caso dos personagens do ensaio. Em sua maioria, as performistas trabalham como DJ’s e performer em boates e bares noturnos. No caso de Caic e Marlon, ambos trabalham como drags nas boates em Vitória, Espírito Santo. O ato do homem vestir-se de mulher não é recente. Segundo Igor Almanjas, no Artigo Drag Queen: um percurso histórico pela arte dos atores transformistas “desde a Grécia clássica até os dias atuais, homens personificam a imagem feminina em diferentes aspectos, da maneira mais realista ao total estilizamento da forma”. Segundo o site que retrata a cultura japonesa, ‘Vida de Tsuge’ (http://vidadetsuge.com.br/), o ato de vestir-se como mulher de forma exagerada surgiu em 1629 com o teatro japonês, Kabuki. Fundado por uma mulher em 1603, o Kabuki falava sobre o cotidiano de forma cômica e possuía danças sensuais, e isso, associada à prática à prostituição. Em 1629 as mulheres foram proibidas de se apresentar no teatro, o que fez os homens interpretarem os papéis femininos, quebrando os tabus e estereótipos da época. Os tempos mudaram, e a arte de se montar como drag queen, adotada pela comunidade LGBT, se tornou uma forma de trabalho. A imagem fotográfica neste trabalho foi utilizada como forma de comunicação e serviu para documentar, captar as expressões e momentos únicos que não se repetem. Por meio dela, foi possível mostrar de forma cronológica, a montagem das drags, registrando o antes e depois. Cada fotografia revela um momento particular, os detalhes, a delicadeza e o cuidado com a montagem da personagem. Depois, já na boate, o intuito é mostrar a seriedade e determinação no ambiente de trabalho. O processo de produção desde a maquiagem, a escolha da roupa, foi feito na casa de Caic (Brisa), em Vitória. A duração da montagem foi de aproximadamente cinco horas. Em seguida, a boate Fluente, em Vitória, foi cenário do trabalho de DJ realizado por Caic e Marlon. As imagens capturadas selecionadas foram editadas criando uma narrativa visual composta de doze fotografias que, associada às legendas, resultaram no presente ensaio fotojornalístico.

INTRODUÇÃO
Para o jornalismo, a fotografia prova que o fato realmente aconteceu. Ela é capaz de documentar e reportar um acontecimento, gerando comoção no leitor. Segundo Marília Scalzo, no livro Jornalismo de Revista (Contexto, 2003), as “fotos provocam reações emocionais, convidam a mergulhar num assunto, a entrar numa matéria. Por isso, ter fotos boas em mãos é fundamental. Elas devem excitar, entreter, surpreender, informar, comunicar ideias ou ajudar o leitor a entender a matéria”. O fotojornalismo tem a função de informar mas é necessário um texto para complementá-lo devido ao caráter polissêmico das imagens. Por isso, neste ensaio foram utilizados dois tipos de legenda: a legenda enigma, conceituada Nancy Newall citada por Jorge Pedro Sousa na sua tese de Mestrado Fotojornalismo performativo - o serviço de fotonotícia da agência lusa de informação (1977), como aquelas compostas por “frases casadas com uma imagem forte que concentra em primeiro lugar a atenção do leitor; essas frases são, geralmente, extraídas de um texto e convidam o leitor a interessar-se pelo texto; e legenda lead completa, incluída por Jorge Pedro Souza em sua tese em 1997, ela responde as perguntas “quem?” “o quê?”, “quando?”, “onde?”, “como?” e “porque?”. Segundo as autoras Beatriz Fiuza e Cristina Parente, no artigo O conceito de ensaio fotográfico (Discursos Fotográficos - UEL, 2008), "é através do ensaio que o fotógrafo pode expressar com mais intensidade sua visão sobre determinado tema, e é importante que se sinta a singularidade que a presença do ponto de vista do autor permite ao trabalho". A construção da narrativa fotográfica é importante para dar sentido ao ensaio. Segundo Maria Short no livro Contexto e Narrativa em Fotografia (GG Brasil, 2013) têm alguns conceitos associados à linguagem e a comunicação, como emissor, mensagem, público, discurso narrativo, signos, símbolos e metainformação, que contribuem para o entendimento da comunicação visual. Neste ensaio, a sequência de imagens foi editada para que a narrativa visual pudesse ter coerência e consequentemente contasse uma história. Para edição e sequencia de imagens foram considerados os critérios de Lauriano Bennazi no artigo Informação, técnica e estética: os valores da imagem fotojornalística (Intercom, 2010). Segundo ele, o valor informativo é o mais importante dos três valores. Ele é objetivo e responde o lead completo tais como “o quê”, “quando”, "quem" e “onde”. O valor estético ou valor artístico é, segundo Benazzi, quando o fotógrafo demonstra de forma consciente ou inconscientemente as diversas linguagens propiciadas pela fotografia. A intenção desse valor é mostrar o impacto visual que a imagem é capaz de gerar pela intencionalidade do fotojornalista. Os quatro aspectos principais são a plasticidade, a harmonia dos planos, a estética da imagem e a beleza da imagem. O valor técnico está ligado a diretamente a utilização do equipamento fotográfico, ele se refere aos aspectos como nitidez da imagem (foco), fotometria, velocidade do obturador, abertura do diafragma, sensibilidade à luz (ISO), entre outros. “Uma imagem aparentemente borrada, captada utilizando-se velocidade baixa por meio de um panning ou efeito similar, pode ter aparente “defeito” para alguns, mas pode carregar a intenção que o fotógrafo buscou" segundo Benazzi. A partir desse dessa citação, foi realizado o ensaio, observando os três valores, lembrando principalmente do fator subjetivo e a intencionalidade sobre as fotos. Ainda sobre edição de imagens, Keneth Kobre no livro Fotojornalismo: uma abordagem profissional (Elsevier, 2011), aborda os critérios usados no jornal Washington Post, que são divididos em quatro categorias: informativa, graficamente atraente, emotiva e íntima. Esses recursos ajudam o fotógrafo ir além da sua rotina, cabendo ao editor perceber essas características na foto. Kobre confirma que o que importa na fotografia é a emoção que ela irá passar.

OBJETIVO
A escolha do tema surgiu no Projeto de Extensão de Rádio, o Radiação, do Centro Universitário FAESA, onde o tema do podcast era drag queen. O programa foi realizado pela autora e pelo colega Rafhael Pardin, com a orientação do professor Felipe Dall'Orto. O estudante Caic Goulart, um dos entrevistados do programa, disse que o ambiente das drag queens é muito mais amplo do que as pessoas conhecem. Isso foi fundamental para a decisão da escolha do tema do ensaio e, por meio deste, foi possível mostrar que é um trabalho artístico, além de uma alternativa profissional. O ponto de partida para a realização do trabalho foi a construção da pauta, a partir de pesquisas na internet, apuração e entrevistas com os dois personagens escolhidos. A pauta foi feita no dia 7 de junho de 2018 após o depoimento de Caic e Marlon. O foco foi contribuir para a visibilidade e valorização do trabalho da drag queen no Espírito Santo, atividade ainda criticada por parte da sociedade. No dia 11 de junho foi enviado para os produtores da boate Fluente um pedido de liberação para Caic e Marlon tocarem no local. No dia 12 de junho foi confirmada a apresentação das drag queens na boate para o dia 20 de junho, na festa Copa Vale, às duas horas da madrugada para Marlon (La'tirza) e às três horas, para Caic (Brisa). No dia 20 de junho, na casa de Caic, em Vitória, foram realizadas as fotos da montagem dos dois. A transformação durou aproximadamente cinco horas. O processo consistia em preparar a pele, maquiar, arrumar a peruca e montar o figurino. Após isso, o destino era a boate Fluente no bairro Jardim da Penha, em Vitória (ES), para a realização dos registros das apresentações. Todas as fotos foram realizadas com a câmera Nikon D7200, cedida pela FAESA Centro Universitário, utilizando a lente 50mm para melhor registrar os detalhes da maquiagem e das expressões, e uma lente zoom 18-140mm, para os planos gerais. As imagens foram capturadas no formato JPEG no maior tamanho de arquivo para gerar imagens com qualidade para impressão ou exposição.Foram feitos enquadramentos horizontais e verticais, para dar opção para edição, e os planos de imagem variaram de plano de detalhe e plano geral, de acordo com o que se queria destacar e mostrar diferentes ângulos dos personagens. E o movimento foi congelado, em alguns casos a intenção era mostrar a movimentação, por isso, alguns borrados nas mãos. Depois na boate o intuito era mostrar a seriedade e determinação no ambiente de trabalho, usando a 50mm com a abertura em 2.0, o ISO entre 400 e 800, e a velocidade aproximadamente em 1/60”. Foram registradas 850 fotos para construir a narrativa e selecionadas 12 fotos para o ensaio. A sequência das imagens foi feita seguindo a ordem cronológica dos fatos. No programa Adobe Bridge foram realizadas as identificações dos arquivos, inseridos os metadados referente a autora, aviso de direitos autorais e termo de uso. No campo descrição foram inseridas as legendas enigma e lead completo. A legenda da primeira foto do ensaio foi a frase"Eu me amo, mas me amo ainda mais quando dou vida a minha imaginação", do personagem Caic Goulart. Essa frase instiga o leitor a querer descobrir em que eles irão se transformar. Na quinta imagem, os personagens são apresentados ao leitor através de uma legenda lead completo. O ensaio finaliza com uma foto em P&B, trazendo de volta a realidade e demonstrando a seriedade do trabalho, acompanhada da frase "Acredito que a maior recompensa pelo nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma. Não há conquistas fáceis. São as estradas sinuosas que nos levam ao caminho certo", do poeta Alexander Man Fu. As legendas foram em parte por falas dos personagens retratados, estudiosos e poetas como Manoel de Barros. Finalmente, as fotos foram tratadas no programa Photoshop e Adobe Camera Raw (ACR), para ajustes de contraste, cor e nitidez.

JUSTIFICATIVA


MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS


DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO


CONSIDERAÇÕES


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS

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