ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XXIV CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span style="color: #335b82"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00818</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;CA</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;CA04</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Cacos</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Ana Carolina Felix Garrana Freijanes (Universidade Veiga de Almeida); Evângelo Leal Gasos (Universidade Veiga de Almeida); Lucas Machado Ribeiro (Universidade Veiga de Almeida); Beatriz Soares da Costa (Universidade Veiga de Almeida); Ana Beatriz Belfort de Saules (Universidade Veiga de Almeida)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span style="color: #335b82"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;, , , , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A obra  Cacos foi desenvolvida como parte avaliativa da disciplina  Produção Publicitária para Audiovisual , ministrada pelo professor Evângelo Gasos, no curso superior de Publicidade e Propaganda da Universidade Veiga de Almeida, do Rio de Janeiro. O grupo que se formou dentro da sala de aula, de maioria feminina, teve a preocupação de garantir o protagonismo das mulheres, uma vez que é de comum conhecimento a predominância masculina nos âmbitos do cinema e do audiovisual, assim como tantos outros, o que torna extremamente difícil  salvo em festivais e eventos específicos  encontrar uma equipe composta, somente ou em sua maioria, por mulheres. Dessa forma, foi possível retratar a mulher em as suas minúcias, evitando a propagação de estereótipos tão comuns nas projeções feitas por homens. Logo, ao colocar as mulheres em foco, conseguiu-se que elas assumissem a autoria de suas próprias histórias, atravessando questões que vão além da arte para um viés político e sociocultural. Essas motivações culminaram na escolha de uma banda formada apenas por mulheres. A jovem  Vindas de Vênus teve seu nascimento em outubro de 2017, após o encontro ocasional das integrantes em um evento feminista. Sua formação é composta por Carolina Mazza, Isabella Jansen, Luiza Vieira e Tai Nae: quatro musicistas que transformam a experiência musical em algo único, devido às suas diferentes influências e vivências, mas, também pela união através do feminismo e de seus latentes talentos musicais. Por causa da identificação com a mensagem passada pelo conjunto, a produção procurou desenvolver essa parceria tanto como forma de incentivar e apoiar projetos independentes de mulheres, quanto para propagar a mensagem do trabalho autoral, espalhando para um público ainda maior sementes de reflexão, de empoderamento e de sororidade. A música que embala a narrativa do clipe chama-se  Cacos e baseia-se em experiências dolorosas vivenciadas por integrantes da banda. A letra, que conduz uma narrativa através dos pensamentos de uma mulher fictícia, ganha ainda mais força quando somada à melodia sombria e à potente e bela voz da vocalista. É, então, em tom igualmente melancólico que o clipe toma forma: baseado, principalmente, em obras como  Frankie & Alice , filme de Geoffrey Sax;  O Segundo Sexo , de Simone de Beauvoir; e  O Papel de Parede Amarelo , de Charlotte Perkins Gilman, a obra trata, a partir dos vieses psicológico e feminista, da violência que as mulheres sofrem uma vez submergidas em uma cultura essencialmente machista e misógina. A premissa é retirada do livro de Beauvoir:  não se nasce mulher, torna-se . Isso porque ser mulher é muito mais performático que biológico, afinal, o estereótipo feminino é revestido de valores e padrões violentos às quais as mulheres são submetidas. O Estado e a sociedade têm, ainda, valores conservadores e que contribuem para o cerceamento não só do corpo feminino, mas também de suas vidas. Tal encarceramento, porém, não se dá apenas no âmbito pessoal, como também nas relações e no exercício da cidadania, uma vez que as mulheres sempre foram historicamente isoladas tanto da vida social quanto da profissional. Foi, então, como uma forma de repúdio e também como um grito de socorro que o clipe  Cacos foi criado: uma mulher fragmentada em cinco; cinco mulheres sofrendo dentro de uma e, depois, encontrando a salvação dentro de si mesmas e em umas nas outras. Sendo assim, o trabalho tem com o objetivo denunciar, sem desesperançar, a situação das mulheres na contemporaneidade, deixando como mensagem a importância da sororidade e da auto aceitação a despeito dos estigmas e traumas que a sociedade implica.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As questões que perpassam o clipe são produtos tanto da problemática expressa na crítica feminista quanto no próprio cotidiano contemporâneo em que estamos inseridos. As alarmantes estáticas de feminicídio e de violência contra a mulher foram influências diretas para a idealização do clipe. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, somente entre janeiro a julho de 2018 a Delegacia da Mulher  registrou 27 feminicídios(...) [e] 547 tentativas de feminicídios. No mesmo período, os relatos de violência chegaram a 79.661, sendo os maiores números referentes à violência física (37.396) e violência psicológica (26.527) . Os números continuam crescendo espantosamente: de acordo com o jornal O Globo, entre janeiro e o início de março deste ano (2019) foram registrados 200 casos de feminicídio no país, o que resulta em cerca de 3 assassinatos diários. A situação política brasileira também é palco de violências contra a mulher, uma vez que o próprio presidente já incitou o machismo e a misoginia diversas vezes em seus discursos. Este é um fato preocupante, uma vez que esse posicionamento é reflexo do pensamento comum da sociedade e, por isso, tais falas são amplamente aplaudidas e acolhidas no imaginário popular. Somado a isso, não é possível negar o endurecimento do Estado para as medidas sociais que contemplam especificamente a parcela feminina da população: em fevereiro deste ano, o parlamentar Márcio Labre, do PSL, apresentou um projeto de lei que propôs extinguir o uso dos anticoncepcionais. Seus argumentos comparavam o uso dos preventivos com o aborto, uma vez que estes impediam a geração de vidas. Tal tentativa evidencia a arcaica ideologia de que as mulheres são propriedades e que servem apenas para procriar e satisfazer os homens. É, então, como tentativa de denúncia das barbáries a que as mulheres estão sujeitas e, também, como um apelo para que elas se unam e se aceitem, que o clipe em questão foi pensado e produzido. Sobre os conhecimentos teóricos, tanto a equipe de produção quanto a banda possuem referências comuns que foram aplicadas na feitura do clipe. As obras  O Segundo Sexo , de Simone de Beauvoir;  O Papel de Parede Amarelo , de Charlotte Perkins Gilman;  O Calibã e a Bruxa , de Silvia Frederici ;  O Conto da Aia , de Margaret Atwood;  Garota, Interrompida , de James Mangold; e  Frankie & Alice , de Geoffrey Sax; contribuíram e deram margem para a criação do roteiro e narrativa da peça audiovisual. Os clipes  Perfume do Invisível , da banda Céu,  Desses Nadas , da banda Mulamba, e  Falo , da banda Carne Doce, também foram referências para a formação estética do filme. Os livros de Beauvoir e de Frederici foram cruciais para o embasamento teórico e para a construção do pensamento histórico-social das mulheres.  O Calibã e a Bruxa é uma crítica às teorias de Marx e de Foucault e, ainda, conta com um relato histórico que remonta desde a época feudal até a caça às bruxas, o que serviu para fortalecer o discurso político da narrativa do audiovisual. Já as obras ficcionais foram fortes referências para a construção do arco dramático do clipe. Algumas foram explicitamente referenciadas, como  Frankie & Alice  que conta a história de uma mulher que tem rupturas de personalidade originadas por traumas sofridos  ,  O Papel de Parede Amarelo  um clássico feminista que relata as doenças psicossomáticas desenvolvidas por uma mulher que se encontra em uma situação de encarceramento doméstico ordenada pelo seu marido  e o aclamado contemporâneo,  O Conto da Aia  uma distopia sobre um Estado altamente religioso e patriarcal que usa os fundamentos do Velho Testamento para estuprar e objetificar mulheres. Já a questão da estética do filme foi pensada para evidenciar a solidão social em que a mulher se encontra e as dissociações causadas por eventos violentos. Ao final do clipe, há uma quebra desta concepção imagética, pois, tal qual na letra da música, acontece um momento de auto aceitação e de união. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Com objetivo de impactar o espectador e de gerar uma reflexão crítica, procurou-se usar do sombrio e melancólico que perpassa a produção. Esse é o universo onde a protagonista está inserida: sentada no canto de um quarto escuro, apática, fumando um cigarro de forma depressiva. Ela, assim como muitas, é uma mulher tentando vencer suas lembranças mais dolorosas enquanto percorre um claustrofóbico corredor mental que a força a olhar dentro de si mesma. O que torna a história diferente é que, apesar de ser apresentada como apenas uma personagem, esta mulher está fragmentada em cinco. Esta concepção possibilita duas interpretações: as diferentes personalidades e traumas que habitam o âmago de uma mulher submergida em uma cultura machista, bem como uma pequena amostra do ponto em comum da grande maioria das mulheres, a violência sofrida, que pode ser convertido em sororidade, apoio mútuo e luta. Para implicar o conflito mental a que a personagem sucumbe inicialmente, foi idealizado um claustrofóbico corredor, em que, em vez de paredes, há homens perfilados em posição quase militar. Essa imagem causa extremo desconforto, pois projeta a constante vigilância patriarcal a qual as mulheres estão submetidas  fenômeno intensificado quando há uma disparidade numérica favorável aos homens  , uma vez que é comum da sociedade não só criticar e coibir certas atitudes e comportamentos quando exercidos por uma mulher, como também culpá-la quando vítima: o que é exatamente o caso desta narrativa. Por se tratar de um clipe que acontece basicamente na mente da personagem, a produção optou por uma apresentação mais conceitual e performática, exagerando nos efeitos a fim de amplificar a sensação de estranhamento ao público e, também, gerar certo desconforto. Nesse sentido, há uma progressão de efeitos de glitch, que vão aumentando com o decorrer do filme. Procurou-se esse estilo de linguagem a partir do clipe de referência  Perfume do Invisível , da banda Céu, sendo apropriado para evidenciar a fragmentação de pensamento e de personalidade da personagem. Após o longo e doloroso percurso pelo corredor, entrecortado e pontuado pelas recordações dos traumas sofridos, a protagonista consegue, finalmente, livrar-se da sensação de culpa e do repúdio que sente por si mesma e adentra uma sala em que confronta a si mesma e as outras mulheres que nela habitam em simbiose. Na sala espelhada e com cores em tons de vermelho, tal qual o cerne do corpo humano, o coração, a mulher consegue alcançar a auto aceitação e se lança ao prazer de se amar e de ser ela mesma sem precisar se preocupar com as críticas ou ódio a ela remetidos. O final do clipe, porém, volta à realidade em tom melancólico, uma vez que tudo não passa de um sonho ou de um devaneio. O que fica para o espectador é a semente da luta, plantada a partir sensação de desconforto frente às violências apresentadas, como também o doce sabor da esperança, que, assim como na realidade, foi precocemente retirada dos olhos do público. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify"></td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span style="color: #335b82"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2"> </td></tr></table></body></html>