ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00466</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO15</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;Grande Reportagem "Histórias de Rodoviárias" Narrativas Cruzadas de Bento Gonçalves e Caxias do Sul</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;Lucas Araldi (Universidade de Caxias do Sul); Ronaldo Bueno (Universidade de Caxias do Sul); Leyla Maria Coimbra Thomé (Universidade de Caxias do Sul)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Radiojornalismo, Rodoviárias, Grande reportagem, , </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo deste relatório é apresentar a grande reportagem  Histórias de Rodoviárias , elaborada na disciplina de Radiojornalismo II, no 1º semestre de 2016, na Universidade de Caxias do Sul (UCS). A narrativa é composta por pessoas comuns, que convivem no espaço das rodoviárias de Bento Gonçalves e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a partir de histórias cruzadas de ambos os repórteres. Como resultado, temos um retrato antropológico das cidades e muitas histórias para contar. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">As rodoviárias seguem a mesma dinâmica: os bares que alguns senhores se reúnem para tomar café, comer pastéis e conversar sobre a vida; o espaço de compra de passagens e suas filas marcadas pela ansiedade de quem vai partir; o pátio dos ônibus, onde as pessoas esperam com suas mochilas, malas e passagem na mão, até que o momento previsto chegue. Independentemente do lugar, sempre há personagens marcados, que por vezes soam como caricaturas de si mesmos e convivem com aquele espaço com a mesma naturalidade de casa, porque frequentam o mesmo lugar, sentam no mesmo banco e conversam com as mesmas pessoas há décadas. Sem dúvidas, rodoviária é um lugar de histórias que se cruzam e se repetem, de novas histórias que se elaboram e de sujeitos que carregam consigo suas vidas na bagagem. Foi pensando nesse complexo cenário que chegamos à ideia do trabalho  Histórias de Rodoviárias . Como moramos em cidades diferentes, pegamos o ônibus no mesmo horário, o Lucas, em Bento Gonçalves e o Ronaldo, em Caxias do Sul. As duas cidades são vizinhas, divididas por 50 quilômetros e pelo município de Farroupilha. Os ônibus se cruzaram no trajeto e, da mesma forma, as histórias que ouvimos. Enquanto Ronaldo retornava de Bento Gonçalves com destino à Caxias do Sul, Lucas já estava no ônibus voltando para Bento Gonçalves. Nesse tempo-espaço conversamos com o motorista que enfrentou dificuldades com estradas de chão, a moça da limpeza que se sente segura ali, o taxista que dá dicas de passeios, o senhor que conheceu Brizola e o cantor que rodou a América na era de ouro do rádio. Também ouvimos muitos  não . Uma senhora que embarcou em Farroupilha com destino à Caxias do Sul pensou que a entrevista seria um golpe para roubar seu dinheiro no banco. Outros se limitavam ao  não tenho tempo . Isso tudo deu origem e sustentou a narrativa da grande reportagem  Histórias de Rodoviárias , elaborada para a disciplina de Radiojornalismo II, com orientação da professora Leyla Thomé. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O objetivo deste trabalho foi construir uma grande reportagem para a disciplina de Radiojornalismo II a partir de histórias de pessoas que circulam pelas rodoviárias, a partir de um olhar sensível e que foge da abordagem tradicional da grande imprensa, uma vez que buscamos personagens e relatos humanos para construir a história, evitando fontes oficiais e modismos das notícias duras do dia-a-dia. Desta forma, saímos a campo sem sequer ter ideia de quem encontraríamos pelo caminho, se as pessoas seriam receptivas e se conseguiríamos cumprir o objetivo do trabalho. Como objetivos secundários, é possível pontuar a tarefa de escolher os personagens - que se deu ao acaso -, construir a narrativa a partir dos relatos ouvidos no decorrer dos trajetos e editar o material de forma que se tornasse compreensível ao público. Para isso, utilizamos os conhecimentos adquiridos em sala de aula, sobre técnicas de construção de roteiro e elaboração de uma grande reportagem para o rádio, e, também, o que aprendemos ao longo do curso de jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS).</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A rodoviária foi o cenário escolhido porque é um local de passagem, visto que as pessoas a utilizam em momentos que precisam se deslocar para outras cidades, seja a trabalho e a passeio, mas, ao mesmo tempo, é um local para ficar, como os diversos personagens que ocupam os tradicionais bares que têm nestes locais. Isso faz com que o espaço se torne uma representação sócio-cultural da região onde está inserido, de forma que diversidade e manifestações culturais encontram-se inseridas ali. Se o trabalho fosse realizado em qualquer outro dia, as histórias encontradas seriam outras, as pessoas que cruzariam nossos caminhos seriam outras e o resultado poderia ser completamente diferente. A dinâmica das relações se dá de forma pulsante, viva e complexa, o que faz com que seja um espaço imprevisível e dinâmico, funcionando como uma espécie de rede de comunicação. Essa analogia como rede transmissora de informação se encontra presente na obra de Caiafa (2016), que entende o metrô como meio de comunicação que transporta passageiros, matérias e informação. O metrô faz circular também mensagens de toda sorte, visuais e sonoras, a partir de fontes humanas e maquínicas, para diversos destinatários. Para funcionar como rede, o metrô depende tanto do suporte físico de linhas que se encontram em pontos chave, e que o próprio projeto construtivo estipulou, quanto da produção desses circuitos comunicacionais pelos operadores que estabelecem regulações e pelos viajantes que o frequentam. (CAIAFA, 2016, p.10). Apesar de a rodoviária se diferenciar do metrô em termos de tecnologia, o objetivo dos meios de transporte é o mesmo: levar pessoas, mensagens e matérias de um lugar para outro. Ou seja, a interface permanece presente, como uma espécie de meio de comunicação que abriga em si a diversidade sócio-cultural e traços da realidade de determinado espaço. No caso de  Histórias de rodoviárias os fluxos comunicacionais se cruzaram na rota, com a diferença da intervenção dos repórteres, que ampliaram a transmissão da informação através do meio radiofônico. Ao longo dos trajetos, o olhar apurado aos detalhes e às pessoas foi imprescindível para a construção da narrativa. A não-entrevista se tornou entrevista e o silêncio, informação. Além disso, tivemos preocupação com ouvir várias fontes, uma vez que o gênero proposto em sala de aula para a concepção do trabalho foi a grande reportagem. Segundo Ferraretto (2014), como gênero, a grande reportagem situa-se entre a reportagem cotidiana e o documentário, assumindo a narrativa característica do jornalismo interpretativo. Em rádio, além de fontes, é de suma importância que haja elementos sonoros que caracterizam o ambiente, como forma de contextualizar o ouvinte sobre o espaço no qual o repórter está inserido. Para Ferraz (2012), a grande reportagem se caracteriza por formas criativas de explorar os recursos radiofônicos. A possibilidade de redescobrir as inumeráveis narrativas do rádio e executar formas criativas de informar devem nortear avanços, em um terreno árido pela imposição de uma velocidade que não necessita ser constantemente acelerada. A informação no rádio pode alternar ritmos e sons, utilizando para isso os vários elementos sonoros que compõem possíveis narrações: palavra, efeitos, vozes dramatizadas, sons produzidos, música. Teremos então a peça radiofônica reportagem. (FERRAZ, 2012, p.72). Desta forma, entendemos que em  Histórias de Rovodiárias realizamos uma grande reportagem que dialogou com o experimentalismo e cumpriu com os objetivos propostos. Mesmo não recorrendo aos efeitos sonoros e músicas, a presença constante do som ambiente cumpre o papel de contextualizar o ouvinte quanto ao cotidiano do cenário . A escolha do tema, bem como o contato direto com o ambiente, foram essenciais para trazer ao ouvinte um pedaço da realidade e contribuir para a construção de um modelo de jornalismo que contrapõe àquele adotado nas notícias diárias. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O trabalho foi realizado com base na teoria explorada em aula e na utilização da técnica de elaboração de roteiro, bem como na utilização do programa Audacity para edição. Para escrevê-lo, retomamos todo o material captado e anotações realizadas ao longo do trajeto, tendo por objetivo construir um texto descritivo e informativo. Após a ida à campo, ouvimos atentamente as entrevistas, que por vezes se tornaram longas e seguiram o ritmo de uma conversa, para extrair o que consideramos relevante para a elaboração da grande reportagem. Por isso, o processo de escrita do roteiro foi bastante fluído, uma vez que nos detemos ao relato das viagens, dos personagens e do cotidiano da rodoviária. Também nos valemos de técnicas de locução, aprendidas ao longo da disciplina, e optamos por gravar o material juntos, a partir dos personagens e histórias captadas por cada um. Acreditamos que a técnica utilizada aproxima o ouvinte da realidade abordada pelos repórteres, uma vez que somos nós contando o que vimos e vivemos no espaço das rodoviárias.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">A reportagem de 10 5 contou com nosso relato e sonoras de seis personagens, além da utilização de sons ambientes, como brincadeiras entre amigos, a voz da moça do guichê que vende passagens e o saudosismo do senhor que cantou Solamente una vez. Os personagens que compõem a grande reportagem são apresentados a seguir, em ordem de aparição: Valter Toniolo: trabalha na Bento Transportes desde 1960, empresa que não tem psicólogo para testar motoristas, função que é exercida por Valter com orgulho. Ele fala sobre como a situação das estradas era terrível nos anos 60 e 70 e como se deslocava de Bento Gonçalves até Porto Alegre por estradas de terra. Maria Ironi dos Santos: trabalha há nove meses na limpeza da estação rodoviária de Caxias do Sul e diz conhecer muitas pessoas pelo seu trabalho. Ela diz ainda não ter problemas com segurança na rodoviária, pois nunca foi exposta a situações violentas. No entanto, tem medo de andar na rua. Silmar de Souza: é taxista há 14 anos e atende transeuntes na rodoviária de Bento Gonçalves. Fala que está acostumado a atender  pessoas de fora e que a maioria dos moradores de Bento não são naturais da cidade. Marto Luis Almeida: frequenta um bar da rodoviária de Caxias do Sul desde que o estabelecimento tinha outro dono. O proprietário mudou, mas Marto continua a frequentar. Ele desperta brincadeiras dos demais frequentadores e dos motoristas que estão de passagem, em função do seu amor ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Se define como brizolista e, inclusive, conheceu o líder político. Acredita que ninguém quer dar continuidade ao projeto dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), do falecido Leonel de Moura Brizola. Marinete Selles: trabalha na venda de bilhetes interestaduais em Bento Gonçalves e diz que  vê muita coisa por trabalhar com pessoas, além de achar a tarefa difícil. Se espanta com imigrantes que pedem passagens para Santa Catarina, que é um estado e não uma cidade. Vilson Rigon: frequenta a rodoviária há 33 anos e rodou a América na época de ouro do rádio. Conheceu artistas como Vicente Celestino e Nelson Gonçalves. Com saudosismo, ele canta Solamente una vez e fala sobre a técnica de cantar. É torcedor fanático do Cruzeiro de Porto Alegre, time que, segundo ele, ganhou o maior torneio do mundo. Nós tomamos cuidado para manter os personagens de acordo com a ordem do encontro e cruzamos as histórias na edição, para cumprir com o objetivo do trabalho e representar as idas e vindas de ônibus entre as rodoviárias. Além disso, consideramos a não-entrevista, as abordagens com respostas negativas e o ambiente que nos cercou. Tudo isso entrou no roteiro como personagens secundários, que complementaram a narrativa e sustentaram as descrições e ambientes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Para estudantes de jornalismo, ir à campo é sempre um desafio. Quando vamos a campo sem entrevistas marcadas e sem qualquer previsão do que iríamos encontrar, o desafio se torna ainda mais intenso. De início já consideramos que talvez teríamos que tentar mais de uma vez, pela complexidade de abordagem e pela imprevisibilidade na execução. Tudo deu certo na primeira tentativa. Além disso, o veículo rádio nos ajudou pela simplicidade em captar os áudios e pelo fato de ser menos invasivo do que a imagem. Consideramos também que se a reportagem fosse concebida somente em texto e fotos, perderíamos em detalhes, como tons de voz, silêncios, momentos registrados para ambientar o ouvinte e a saudosa música interpretada por Vilson Rigon. O formato grande reportagem deu conta dos objetivos propostos inicialmente e, com pouco mais de aprofundamento, teríamos material para expandir e transformar o trabalho em documentário radiofônico, pois o tema permite tal abordagem. A partir de uma leitura teórica, a grande reportagem  Histórias de Rodoviárias dialogou com a antropologia e com interfaces comunicacionais improváveis, porque aprendemos que é possível pensar a rodoviária como um fluxo comunicacional composto por informações e histórias que circulam de ponto a ponto, sempre em movimento. Também percebemos que contar uma história é deixar de contar outra e assim sucessivamente, porque todo mundo tem algo a contar. Da perspectiva da antropologia, a rodoviária é o retrato da cidade, é um espaço que representa de forma literal o cenário urbano e exprime nas relações as nuances sócio-culturais de determinada região. Por isso, nossos personagens são Caxias do Sul e Bento Gonçalves em seus traços mais marcantes. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">CAIAFA, Janice. O metrô de São Paulo e o problema da rede. In: XXV Encontro Anual da Compós, 2016, Goiás. <br><br>FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: teoria e prática. São Paulo: Summus, 2014. <br><br>FERRAZ, Nivaldo. Possibilidades criativas da reportagem radiofônica. Revista Novos Olhares. São Paulo, v.1, n.2, 62-73, 2012. <br><br> </td></tr></table></body></html>