ÿþ<html><head><meta http-equiv="Content-Type" content="text/html; charset=iso-8859-1"><title>XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul</title><link rel="STYLESHEET" type="text/css" href="css.css"></head><body leftMargin="0" topMargin="0" marginheight="0" marginwidth="0"><table width="90%" border="0" align="center" cellPadding="1" cellSpacing="1"><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td width="20%"><span class="quatro"><b>INSCRIÇÃO:</b></span></td><td width="80%">&nbsp;00482</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>CATEGORIA:</b></span></td><td>&nbsp;JO</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>MODALIDADE:</b></span></td><td>&nbsp;JO03</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>TÍTULO:</b></span></td><td>&nbsp;ÚNICO - Favela da Beira: a história contada por ex-moradores.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>AUTORES:</b></span></td><td>&nbsp;EVANDRO RAFAEL CLAUDIO (Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí); SÔNIA REGINA DA SILVA (Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí); DAUANI TAINARA SCHMITZ (Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí)</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td><span class="quatro"><b>PALAVRAS-CHAVE:</b></span></td><td>&nbsp;Favela, Jornalismo, Jornal Laboratório, Resgate Histórico, Sociedade</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>RESUMO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Jornal Laboratório Único foi desenvolvido pelos acadêmicos da 6ª fase do Curso de Jornalismo da Unidavi, em Rio do Sul (SC). Com projeto gráfico e editorial renovados, a 8ª edição trouxe o tema  Identidades para resgatar as memórias perdidas dos ex-moradores da Favela da Beira, comunidade que marcou a História do Alto Vale do Itajaí. Unindo diversas disciplinas, os acadêmicos tiveram o desafio de produzir um jornal laboratório que permaneça atual, em uma experiência que recriou o cenário das grandes redações desde a elaboração da pauta até a distribuição. Com nítida relevância histórica e cultural para a região, a construção deste veículo de comunicação engrandece e estimula a prática acadêmica, além de conferir aos futuros profissionais de Jornalismo a responsabilidade de preservar a história para as gerações posteriores. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>INTRODUÇÃO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Jornal Laboratório Único surgiu em 2004 e apresenta-se como uma plataforma de ensino onde os acadêmicos do curso de Jornalismo do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí - Unidavi, podem colocar em prática o conteúdo lecionado em sala, entre as áreas de planejamento gráfico, redação, jornalismo impresso, fotojornalismo e jornalismo literário. O trabalho consiste na produção de um jornal informativo que, com periodicidade regular, também demonstra academicamente como as técnicas jornalísticas passam por modificações e modernizações. A 8ª edição do Jornal Laboratório Único é resultado da disciplina Jornal Laboratório, ministrada pela professora Sônia Regina da Silva em 2016, mas integrada a conhecimentos de diversos âmbitos. O material é fruto de aulas práticas com simulação da rotina jornalística nas redações, reproduzindo um ambiente de trabalho semelhante àquele que o acadêmico irá encontrar no exercício da profissão. Além disso, contempla todas as fases da produção jornalística, desde o estabelecimento do plano editorial até a distribuição gratuita do jornal, por exemplo, em instituições públicas de ensino da região do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina. O tema escolhido para esta edição foi Identidades, pois a publicação resgata a história da antiga Favela da Beira, contada por alguns de seus ex-moradores. A Favela existiu entre os anos de 1920 e 1980 às margens do Rio Itajaí-Açu, na cidade de Rio do Sul, e deu lugar a então Fundação Educacional do Alto Vale do Itajaí - Fedavi, hoje Unidavi. Esta também foi a primeira vez em que o Único ganhou uma versão online, com conteúdo multimídia exclusivo produzido pelos acadêmicos e disponibilizado por meio da Agência Experimental de Notícias SIM, outro veículo de comunicação idealizado e desenvolvido pelo Curso de Jornalismo. O resultado final foram 24 páginas de reportagens apuradas, escritas, revisadas e diagramadas pelos acadêmicos.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>OBJETIVO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O principal objetivo do jornal laboratório é proporcionar ao acadêmico a experiência de produzir um noticiário, tanto nas diretrizes do impresso quanto do online, desde a formulação da linha editorial à distribuição, articulando teoria, prática e experimentação de novas formas de linguagem, conteúdo e apresentação. Para isso, o projeto promoveu a interdisciplinaridade, a simulação da rotina jornalística, a formação humanista e a articulação entre Ensino, Pesquisa e Extensão, além de estabelecer, entre os acadêmicos, o conceito da flexibilização curricular, que leva todos a conjugar valores conceituais, técnicos, éticos e normas que correspondem à atividade profissional como um todo. Em meio à construção da pauta, houveram reuniões para que fosse atingido o propósito de conhecer, avaliar e reelaborar o projeto editorial e também gráfico do Único, adicionando à publicação conceitos atualizados de conteúdo jornalístico e mercadológico. Através do tema Identidades buscou-se um produto jornalístico que sirva como meio de comunicação, contribuindo para que a sociedade local e regional conheça sua História e personagens do seu cotidiano. Com as funções acima desempenhadas e com o dever social cumprido, o Jornal Único se estabelece como uma experiência prática extremamente necessária para os matriculados no Curso de Jornalismo da Unidavi, onde eles aprendem a trabalhar em equipe - e a depender de um grupo, além de obterem o primeiro contato com as atividades que poderão desempenhar nessa linha do mercado de trabalho. </td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>JUSTIFICATIVA</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Resgatar a história da Favela da Beira, desde a criação ao processo de desocupação, por meio de entrevistas com ex-moradores, vai ao encontro do discurso frequente de que a teoria deve se relacionar com a prática para o preparo do estudante de Jornalismo. Ainda, apresentar a vida social da época contextualizando com os dias atuais é um importante exercício de compreensão cultural, social e econômico, que faz com que os acadêmicos possam atender, além da comunidade acadêmica, diretamente à necessidade da população. Como explica Noblat (2008), Um jornal é ou deveria ser um espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado espaço de tempo. Um espelho que reflete com nitidez a dimensão aproximada ou real dessa consciência. E que não tema jamais ampliá-la. Pois se não lhe faltarem talento e coragem, reflita tão somente uma consciência que de todo ainda não amanheceu. Mas que acabará por amanhecer. (NOBLAT, 2008, p. 21). Assim, nas páginas do Jornal Laboratório Único, todos os acadêmicos tiveram a oportunidade de falar sobre a vida, as tradições e a cultura de uma comunidade formada por migrantes - negros, brancos e pardos, que abrigou cerca de 90 casebres com quase 400 pessoas ao longo de sua existência. As pautas tornaram-se histórias intrigantes e curiosas, que receberam amplo destaque na mídia regional. Esse efeito ocorreu devido à produção da Edição Especial Identidades ter suscitado a discussão sobre uma região cuja História havia sido esquecida, e perdeu-se no tempo em meio ao crescimento de Rio do Sul. Essa consciência acerca do papel social aqui representado sempre esteve presente entre a equipe envolvida na produção do jornal laboratório e norteou o desenvolvimento desta publicação. De acordo com Alsina (2009),  uma realidade é uma construção. A realidade social não existe independentemente dos agentes e das teorias que a conformam e da linguagem que permite sua conceituação e sua comunicação . Dessa forma, as bases para a construção do Único contrariam a proposta persistente de submeter o Jornalismo a uma prática de comércio, tomando como uma bandeira que a informação seja definida como bem de consumo. Essa situação, que mantém a notícia sujeita à fugacidade e superficialidade, menospreza o Jornalismo enquanto Instituição, quando este procura a construção da realidade e o bem social. Até mesmo o tema desta edição do Único partiu de uma iniciativa popular. A escassez de informações sobre as contribuições da Favela da Beira na memória cultural, social e econômica de Rio do Sul instigou um dos ex-moradores, José Miguel da Costa, que viveu a infância, adolescência e juventude dentro da comunidade, a procurar o Curso de Jornalismo para contar essa história. A missão foi, então, relatar  a verdadeira história da Beira através dos seus moradores , um velho sonho daquele historiador e bancário aposentado, que virou realidade devido ao trabalho dos acadêmicos. Além disso, discutir, avaliar e definir estratégias para a criação de um jornal impresso como o Único contribuiu para que o estudante tivesse a tarefa difícil de construir um periódico que enfrenta desafios constantes para se renovar e permanecer relevante na sociedade. Como compreende Lopes (1989),  as atividades voltadas para a produção [do jornal laboratório] permitem maior reflexão sobre a prática jornalística e sobre a utilidade da atividade para a sociedade . Portanto, além de sair da base teórica compreendida em sala de aula e partir para a prática, o Curso de Jornalismo teve a oportunidade de envolver-se socialmente com o objetivo da pauta e preservar essa história para as próximas gerações.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">O Jornal Laboratório Único - Identidades foi desenvolvido através de aulas em que eram simuladas as características da rotina jornalística das grandes redações, reproduzindo um ambiente de trabalho semelhante ao que o acadêmico encontra no mercado. Coordenada pela professora Sônia Regina da Silva, a disciplina de Jornal Laboratório foi norteada pela distribuição de cargos e tarefas para cada um dos acadêmicos, a fim de se chegar no produto final. A avaliação foi realizada com orientações individuais e por equipes, em que foram avaliados a atuação em grupo e a produção de conteúdo, bem como todo o caminho traçado pelo estudante. Para cumprir o objetivo da disciplina, os acadêmicos trouxeram como bagagem os elementos que compreenderam em matérias preparatórias para esta, como Jornalismo Impresso, Jornalismo Especializado I, II e III, Planejamento Gráfico I e II, Fotojornalismo I e II, Jornalismo Comunitário e Jornalismo em Profundidade. Definido um cronograma para a execução das atividades em sala ao longo do 2º semestre de 2016, por meio das reuniões de pauta realizadas toda quarta-feira, o primeiro passo foi estudar a reelaboração do projeto editorial do Único. A equipe, então composta por editores-chefes, repórteres, diagramadores e revisores, comprometeu-se com o deadline previsto. Nessa etapa, os acadêmicos analisaram as edições anteriores produzidas no curso e outras publicações regulares para buscar a melhor forma de trabalhar a parte visual do jornal. Obtido o resultado desta reelaboração, o tema era praticamente certo, pois a história da Favela da Beira chamou a atenção de todos quando foi apresentada ao grande grupo. Discutida a pauta e elaborado um pequeno roteiro preliminar com as informações que seriam pertinentes ao tema, o próximo capítulo deste desafio foi a organização do I Encontro dos Ex-Moradores da Favela da Beira, evento social realizado pela Coordenação e acadêmicos do Curso de Jornalismo nas dependências da Unidavi, em 27 de agosto. Um dia extremamente emocionante para todos os envolvidos, também registrado nas páginas do Único, em que os personagens principais dessa história puderam se encontrar, justamente na mesma terra em que moraram juntos, e transmitir aos acadêmicos as vivências da época. A principal técnica empregada neste momento foi a entrevista, elemento tão rico da prática jornalística. Como define Oyama (2008), Saber conversar é diferente de saber entrevistar. [...] O bom entrevistador é aquele que, antes de tudo, sabe ouvir. E saber ouvir implica, antes de tudo, ser curioso. Quando o repórter tem genuína curiosidade sobre o entrevistado ou sobre o assunto do qual ele trata, isso fica evidente na maneira com que ele se comporta, reage, fala - e isso estimula o entrevistado a expor-se cada vez mais. (OYAMA, 2008, p. 28). O fotojornalismo foi outro método aplicado pelos acadêmicos no trabalho, embora também tenha contado com voluntários para captação de imagens (devido a alta demanda de conteúdo a ser registrado). Considerada a parte principal da disciplina, a produção de pelo menos uma reportagem era essencial para cada acadêmico. Com o material em mãos, os próximos meses foram de pesquisa de informações, redação e titulação. Durante todo esse período, eram frequentes as discussões com a Professora Orientadora do Projeto Editorial, Sônia Regina da Silva, ou com os editores, a fim de corrigir possíveis estruturas de texto confusas ou falhas na apuração de informações. Ao trabalhar com entrevistados, em sua maioria, na terceira idade (e, portanto, com muita bagagem a transmitir), os acadêmicos tiveram que estabelecer um cuidado especial com a forma de conferir informações para que nenhum dado incorreto fosse adicionado ao material. E, foram vários casos em que informações não bateram uma com a outra. De acordo com Bahia (1990), A apuração é o mais importante para a notícia, da mesma forma como a notícia é o mais importante para o jornalismo. Elemento essencial no processo da informação, a apuração em jornalismo quer dizer o completo levantamento dos dados de um acontecimento para se escrever a notícia. É o processo que antecede a notícia e que leva à formulação final do texto. (BAHIA, 1990, p. 40). Para checar corretamente as informações, então, o trabalho de pesquisa acerca destes testemunhos foi minucioso. Em decorrência desse processo, a diagramação começou ainda com alguns textos sendo revisados, com base nas definições estabelecidas pelo grande grupo e nas indicações do Professor Orientador do Projeto Gráfico, Jean Gilberto Caetano. Para isso, foram utilizados os programas de edição CorelDraw e InDesign. Todo o processo de diagramação desta edição especial do Único também obedeceu ao objetivo social da publicação, que foi projetada especialmente como um veículo de comunicação que agradasse visualmente tanto aos jovens quanto aos idosos - estes últimos que, geralmente, lidam com problemas de visão e interpretação de texto no formato impresso. Durante a produção das páginas, os acadêmicos puderam notar como é importante se ater ao projeto gráfico em vigor para que todas as reportagens se mantenham em uma mesma linha. Afinal, os próprios redatores puderam optar por fotografias e recursos - como o olho e o glossário, que melhor ilustrassem e servissem ao texto. Entretanto, mesmo que tenham fórmulas diferentes, a essência de todas as páginas deveria obedecer a uma certa harmonia na hora do fechamento da edição. Vale destacar que, paralelamente aos últimos passos da produção do jornal laboratório, os acadêmicos também puderam desenvolver os conteúdos voltados para a web sobre o assunto, em um esforço que resultou na produção de vídeos e documentários. Após a revisão final e de receber os últimos ajustes, o fechamento da 8ª edição do Jornal Laboratório Único ocorreu em 23 de novembro. Transcorrido esse processo, todos os estudantes haviam se envolvido com diversas áreas de conhecimento e, faltava ainda o cumprimento de um desafio final na disciplina: a organização do evento de lançamento do jornal impresso. Reunindo acadêmicos, autoridades, imprensa e os ex-moradores da Favela da Beira, a cerimônia ocorreu em 02 de dezembro. Durante o período que antecedeu o evento, os acadêmicos ocuparam-se com a divulgação do trabalho nas redes sociais e na imprensa local, da qual participaram efetivamente como colaboradores do processo comunicativo. Com a publicação, os estudantes partiram para a avaliação dos resultados finais desta atividade e a definição de estratégias para a distribuição e arquivamento do produto jornalístico impresso. A partir dessas delimitações, o projeto que começou com o Único segue em andamento ainda em 2017, como um esforço contínuo na busca pelo resgate da História e memória local.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr> <td colspan="2"><span class="quatro"><b>DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2" align="justify">Desde o início do Curso de Jornalismo, o Jornal Laboratório Único foi apresentado pela Coordenação como um dos diversos Projetos Experimentais que seriam elaborados de forma avaliativa. Desenvolver esse periódico exigiu, primeiramente, o estudo e a análise das edições anteriores do Único, bem como de outras publicações impressas no mesmo formato. Isso provocou entre os acadêmicos um debate sobre o que poderia ser trabalhado como forma de reformulação, afim de trazer o jornal para os tempos atuais e criar uma publicação atemporal. Essa metodologia fez com que os estudantes desenvolvessem o interesse em fazer um trabalho diferente e que tivesse destaque na comunidade. Por isso, o formato e as características gráficas diferem bastante das edições anteriores. A capa da 8ª edição traz um registro bem curioso, feito durante o I Encontro de Ex-Moradores da Favela da Beira. Um dos entrevistados para esta publicação, o ex-morador Santolino de Oliveira, retirou da carteira o documento de identidade durante a entrevista, afim de mostrar que o nome dele, um pouco incomum, era aquele mesmo. Essa situação, aliada também ao propósito de construção do projeto, que buscou evidenciar as personagens que fizeram parte desta história, levou a definição do tema Identidades para a publicação. Identidades porque a principal preocupação dos acadêmicos envolvidos no processo foi relatar em detalhes a História dessa região a partir do ponto de vista dos ex-moradores, que nunca tiveram voz ou vez nos grandes veículos de comunicação ou em livros didáticos. A Favela da Beira ocupou um terreno com 37.814 metros quadrados, localizado às margens do histórico Rio Itajaí-Açu, que corta a região do Vale catarinense. Ali, as pessoas viviam intensamente entre a pobreza de alimentos, saneamento e moradia, e a riqueza da intensa convivência social e cultural. O local foi desapropriado a partir da década de 1960 para a construção da primeira Instituição de Ensino Superior, hoje o Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí - Unidavi. Entretanto, algumas questões históricas sobre esse processo haviam se dissipado no tempo e na memória local. Ao contrário de publicações periódicas, as reuniões sobre planejamento editorial levaram a equipe a optar por não incluir editorias nesta edição do Único, justamente por se tratar de um número especial. O foco principal das matérias são as personagens desta história - os ex-moradores da Beira. Assim, a modalidade jornalística utilizada foi o perfil, formato que havia sido discutido anteriormente pelos acadêmicos na disciplina de Gêneros e Formatos Jornalísticos. Conforme elucida Dias (1998), o perfil apresenta-se como uma forma de  criar uma apresentação descritiva do personagem enfocado, possibilitando a compreensão do seu comportamento diante da sociedade . Ao aliar essas definições do perfil jornalístico ao Jornalismo Literário, os textos proporcionam uma maneira de fugir da prática rotineira das grandes redações, para proporcionar ao leitor do Único um olhar bem mais amplo sobre o assunto. Dessa forma, ao utilizar esses recursos para contar a história da cada entrevistado, os acadêmicos de Jornalismo também deram um passo adiante no entendimento da própria subjetividade da situação vivida por essas pessoas durante o crescimento e a desocupação da Beira. Através disso, os textos ganharam ares de compreensão do semelhante, conferindo ao público-leitor um contato bastante estimulado pela emoção. Nas primeiras páginas do Jornal Laboratório Único foram mantidos aspectos mais comuns à maioria das publicações impressas, com Editorial, Expediente, Depoimentos e Crônica. Estes, mantiveram os aspectos inerentes ao seu formato. A proposta da Crônica, por exemplo, foi relatar de uma maneira lúdica o reencontro dos ex-moradores da Beira, momento especial que, conforme já mencionado, reuniu pela primeira vez as pessoas que vivenciaram a desocupação da Favela nas décadas de 1960 a 1980. Muitas destas são, hoje, moradoras de outras regiões catarinenses, como Litoral e Médio Vale do Estado. Devido à nítida relevância histórica da Favela da Beira para a região, duas reportagens especiais foram incluídas na edição final do Único: a primeira relata um pouco do processo histórico que levou ao povoamento da região, tendo início pela ocupação na década de 1920 por intermédio dos trabalhadores remanescentes após o término da construção da Estrada de Ferro Santa Catarina e da extração de madeira no município de Trombudo Central; por sua vez, a segunda reportagem trata de uma descoberta em meio aos relatos: a forte efervescência cultural dentro da Beira deu origem às tradições do Carnaval na região do Alto Vale do Itajaí, unindo grupos sociais diferentes em uma época em que o preconceito era forte na sociedade. A partir daí, vieram à tona histórias esquecidas como a de Eugênio Elias, exímio pandeirista catarinense que fundou a Escola de Samba É com essa que eu vou, e do Grupo Sambeira, formado por descendentes da Beira e reconhecido ainda na década de 1980 pelo então Deputado Estadual Nodgi Pellizzetti. Nas últimas páginas do Único, o leitor encontra duas seções voltadas a fatos notórios que permeiam a região. A primeira, Causos de Beira de Rio, foi desenvolvida com o propósito de trazer à luz histórias curiosas e até mesmo lúdicas que aconteceram dentro da Favela da Beira. Já a proposta da seção Recortes foi elaborada para trazer  o que se perdeu no tempo e o que o tempo nos deu , isso é, narrativas sobre os aspectos sociais relevantes na época comparados com os dias atuais. A seção final, portanto, faz uma diferenciação entre passado e presente relatando algumas diferenças, por exemplo, em âmbito educacional, religioso e cultural. Nota-se que, ao final, o Jornal Laboratório Único proporciona uma noção de homogeneidade entre as páginas que leva o leitor a caminhar por uma linha cronológica implícita durante a leitura da publicação. Por fim, vale destacar alguns cuidados éticos e inerentes à profissão jornalística que foram pertinentes durante a produção, especialmente no âmbito que trata da desocupação da Favela da Beira. As terras ocupadas pela comunidade, uma propriedade da Prefeitura de Rio do Sul, foram doadas para a construção da então Fundação Educacional do Alto Vale do Itajaí (Fedavi), mas as poucas informações acerca das indenizações e da retirada dos moradores eram controversas e contraditórias. Portanto, os diferentes lados envolvidos nesse processo tiveram de ser ouvidos pelos acadêmicos, respeitando a política de construir um jornal imparcial, sem tendências políticas e formulado através do exercício ético da profissão. O processo de trabalho foi um desafio construído e vencido semanalmente, desde as primeiras decisões de pauta até a diagramação e veiculação. E, para isso, a prática do deadline e a divisão em funções e equipes mostraram-se essenciais para o desenvolvimento do projeto, além de uma ótima forma de preparar-se na prática para o mercado de trabalho.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>CONSIDERAÇÕES</b></span></td></tr><tr width="90%"> <td colspan="2" align="justify">Mais do que uma plataforma onde os acadêmicos do Curso de Jornalismo puderam desempenhar teorias interdisciplinares por eles compreendidas, e diversas funções na prática - como repórter, editor, diagramador ou fotógrafo, a produção da Edição Especial Identidades do Jornal Laboratório Único possibilitou uma reformulação editorial e visual notável do título. Idealizada pelos próprios estudantes, essa experiência foi essencial para criar futuros jornalistas que tenham e busquem tendências avaliativas e estratégias inovadoras para trabalhar com o impresso. Ao proporcionar o resgate real da História da Favela da Beira, relatada por quem a conheceu de forma efetiva, os estudantes puderam provar da satisfação de ver um trabalho coletivo impresso em mãos. Um trabalho que foi construído com dedicação, muitos estendendo-se além da carga horária obrigatória para aperfeiçoar o seu desempenho. Os perfis dos ex-moradores, além dos depoimentos de moradores vizinhos e demais dados pesquisados com a comunidade, dão vida ao Único de uma forma que tornou-se motivo de orgulho para os acadêmicos. A avaliação final realizada na disciplina acerca do alcance social desta publicação demonstrou que o resgate dos benefícios culturais, sociais e econômicos resultantes da existência desta comunidade no passado riossulense foi a semente necessária para suscitar a discussão sobre o assunto. O Único serviu como plataforma para difundir os impactos sociais ocasionados durante a desocupação e cumpriu seu papel para com a proteção e valorização desta parte da História de Rio do Sul e da região do Alto Vale do Itajaí. Por estes fatores, o Jornal suscitou outras discussões e deu vazão a novos projetos sobre o tema no futuro.</td></tr><tr><td colspan="2">&nbsp;</td></tr><tr><td colspan="2"><span class="quatro"><b>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS</b></span></td></tr><tr width="90%"><td colspan="2">ALSINA, Miguel Rodrigo. A construção da notícia. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009. <br><br>AMARAL, Luiz. A objetividade jornalística. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996. <br><br>BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica: as técnicas do jornalismo. São Paulo: Ática, 1990. <br><br>DIAS, P. R. et al. Gêneros e formatos na comunicação massiva periodística: um estudo do jornal Folha de S. Paulo e da revista Veja. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 21., 1998, Recife.<br><br>LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Editora Record, 2001.<br><br>LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escola ao compromisso com o público leitor. São Paulo: Summus, 1989.<br><br>NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. Editora Contexto, 2006.<br><br>OYAMA, Thaís. A arte de entrevistar bem. São Paulo: Contexto, 2008.<br><br>SCHMITZ, Aldo Antonio. Fontes de notícias: ações e estratégias das fontes no jornalismo. Florianópolis: Combook, 2011. <br><br> </td></tr></table></body></html>